“Não gosto muito de sair para almoçar pois me sinto muito irritada ao escutar gente mastigando perto de mim”, relata a professora de ensino fundamental, Fabiana Silva. Você sente isso também? Se sente irritado ao escutar alguém mastigando? Ou então fica desconfortável quando alguém espirra perto de você? Isso é um sinal de que você tem misofonia.
A misofonia é um distúrbio que pode causar aversão ou sensibilidade excessiva a sons, como mastigação, respiração, o passar de um giz no quadro, entre outros. A pessoa que sofre de misofonia pode sentir-se desconfortável, ansiosa ou extremamente irritada. Os sentimentos podem variar de pessoa para pessoa, assim como variam de som para som.
O que causa a misofonia? Antes de diagnosticar um paciente com misofonia é necessário considerar várias coisas, tais como fatores biológicos, genéticos, culturais e ambientais.
Os pacientes que sofrem dessa condição são hipersensíveis e apresentam sintomas de hiperestesia (alterações da sensopercepção no qual as pessoas apresentam excesso de desconforto a qualquer estímulo ambiental associado ao aumento de intensidade das sensações corporais).
Ao entrar em contato com um som que cause desconforto, devido a hiperestesia, o paciente acelera o ritmo psíquico causando então a ansiedade, medo e angústia, e assim o descontrole emocional que é um dos principais sintomas da Misofonia.
A professora do curso de Psicologia da Universidade Franciscana, Janaína Carlesso, comenta sobre a área da neurociências, que estuda as causas da misofonia: “Os indivíduos que têm misofonia processam o som de maneira diferente, reagindo de forma desproporcional aos sons captados do meio.” Ela também explica que, segundo alguns estudos, os fatores desencadeantes (ou gatilhos) quando captados pelo cérebro do paciente apresentam uma hiperatividade nos circuitos neurais trazendo uma maior atividade no hipocampo – que é responsável pela memória, na amígdala – relacionada às emoções e o córtex pré frontal – que está associado ao controle da impulsividade e controle inibitório do comportamento.
Existe tratamento? Sim! No tratamento o psicólogo busca aliviar o paciente, direcionando-o a focar em sons mais agradáveis e não no som que lhe causa ansiedade. Ouvir música durante uma refeição, ou prestar atenção nos sons da natureza enquanto uma pessoa espirra, são alguns dos redirecionamentos o aconselhados. Psicoterapia também é algo muito recomendado para pessoas que sofrem de misofonia, pois a aversão a algum ruído específico pode estar relacionado a algum trauma do passado do paciente.
Na maioria dos casos, as pessoas sentem-se apenas desconfortáveis com os barulhos, porém, quando o desconforto torna-se ansiedade ou raiva, causando dores no peito, maxilar ou estômago procure por um psicólogo especializado na terapia cognitiva comportamental para dar início ao tratamento.
Nesse sábado, 12 de novembro, acontece o dia nacional da conscientização sobre a Misofonia, através do Novembro Laranja, campanha que foi idealizada pela Dra. Tanit Ganz Sanchez. A campanha envolve diversas ações, a maioria delas é voltada para profissionais da área de fonoaudiologia e psicologia comportamental, que buscam ampliar seus horizontes acerca do assunto.
Para aqueles que tem interesse em participar da campanha, seja como telespectador da palestra que será ministrada ou como aluno de algum curso que será ofertado, todas as informações necessárias estão nos canais de comunicação do Instituto Ganz Sanchez.