Lorenzo Franchi Rodrigues apresenta-se publicamente como Lorenzo Franchi. Hoje é repórter e produtor do SBT para o interior do Rio Grande do Sul. Concluiu o jornalismo em 2018, na Universidade Franciscana. Para ele, a descendência italiana contribuiu para que a comunicação fosse um caminho profissional. Lorenzo relembra que o “ambiente comunicativo, com muito incentivo à leitura e ao estudo”, em família, foi um preparo para seguir a carreira jornalística.
Ao falar da família, buscamos a mãe Marisa Rodrigues, professora, e que aceitou deixar um relato sobre Lorenzo, o primeiro dos trigêmeos. “Desde cedo, o Lorenzo sempre foi comunicativo. Quando criança ele ganhava microfone e bola de futebol, fazia programas de auditório, palestras para os bonecos e ursos de pelúcia. Marcou bastante a conclusão do curso, com a apresentação do trabalho final. Recordo-me que ele baixou a cabeça e fez tudo em dois finais de semana. Na hora de apresentar, por um descuido, quase ele perde a data. Estávamos programados para acompanhá-lo na segunda-feira de noite, mas era para sexta-feira anterior. Eu acompanhei de camarote. Uma conquista emocionante. Hoje em dia, é sempre especial, quando alguém vem cumprimentar e falar sobre seu trabalho. É gratificante”.
Foi no esporte, em especial com a prática do futebol, que Franchi teve o contato direto com o jornalismo. Contou que “em um triangular final do campeonato estadual de 2008, disputado no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, fui entrevistado e passei a acompanhar a profissão com outros olhos. Recordo-me de ficar conversando com o repórter e perguntar sobre sua rotina e projeções.” Driblado pelo jornalismo, em 2009, decidiu afastar-se da carreira de jogador para praticar a graduação.
Ao ser indagado sobre ter pensando em outra escolha profissional, ele foi preciso: “sempre entendi o jornalismo como uma certeza, convicção, espécie de chamado. Desde o momento em que tive o contato com a profissão e busquei mais informações, nunca tive dúvidas”. Relato que veio entre risos. Lembrou, ainda, que “às vésperas de prestar vestibular pela primeira vez, em 2012, flertei com o Direito e a Administração, mas logo deixei de lado e me mantive convicto no Jornalismo. Não me arrependo. Aliás, só tenho a agradecer”.
Não chegou a realizar outro curso superior, mas confessa ter se interessado pela Publicidade e Propaganda. E vem mais memórias: “certa vez, provocado pelos professores Bebeto Badke e Cristina Jobim, iniciei os estudos na PP. Foi uma experiência fantástica. Aprendi a olhar a comunicação não só como meio (mídia), mas também como produto. Com a publicidade, busquei abrir minha cabeça para novos conceitos que me ajudaram a visualizar o todo”.
Depois de três semestres em PP, decidiu dedicar-se exclusivamente ao Jornalismo, percebendo na rádio, em 2008, um atrativo maior. Na instituição, participou de forma voluntária dos laboratórios de rádio (Rádio Web UFN) e da Agência Central Sul. O foco na época era “trabalhar em rádio e fazer coberturas multimídias”. Recorda da importância da prática na faculdade: “me abriu portas profissionais logo cedo”. Em 2014, atuou como estagiário na Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (Apusm), com promoção a auxiliar de comunicação um ano depois.
Na caixa de lembranças, Lorenzo revela guardar “no coração, a assessoria de imprensa, com o professor Bebeto. A disciplina era dividida em duas etapas, uma teórica, com planejamento, organização e outra 100% prática, com o desenrolar de ações e cobertura”. Isso acarretou a participação na Feira do Livro de Santa Maria, em 2015, assessorando e contribuindo para a definição do slogan Vire a página para virar realidade, além da identidade visual junto à turma de criação da PP, aqui orientados pela professora Cristina Jobim.
Sentiu-se tão envolvido com a cobertura da Feira do Livro de 2015, através das histórias contadas e oportunidade de conhecer pessoas, que atuou em mais duas edições até se formar. Estendeu seu envolvimento com o ambiente literário na primeira feira do livro realizada na quarta colônia, em São João do Polêsine, no ano de 2016. Foi assessor do evento.
Franchi acredita que por ter se dedicado nos laboratórios da universidade, desde o início do curso, a inserção ao mercado de trabalho se deu de maneira natural. Em seu primeiro estágio extracurricular, já teve como sequência a efetivação como assessor de comunicação na Apusm, onde permaneceu por 2 anos. Em seguida, ingressou como assistente de conteúdo no Grupo RBS, na redação integrada Diário de Santa Maria, RBS TV, Zero Hora e Rádio Gaúcha. A Rádio Imembuí veio em 2017, local onde o sonho de experienciar em rádio, “como sempre quis”, tornou-se realidade. Foi produtor, repórter e apresentador.
A mudança de cidade se deu em 2018, quando contratado pelo Sistema S de Comunicação, em Bento Gonçalves, assumindo como jornalista investigativo, repórter de geral e pauteiro no Jornal Semanário e Rádio Rainha. “Na metade daquele ano, por questões familiares, voltei para Santa Maria e abri, junto de um amigo, uma agência para assessoria de comunicação, na qual seguimos até hoje”. Em 2020, voltou ao “hardnews” na cidade de Santa Cruz do Sul, realizando reportagens policiais para a multiplataforma do Grupo Gazeta de Comunicação.
Devido à pandemia de Covid-19, retornou para Santa Maria. Depois, atuou no SBT/RS e na Rede Record, em Santa Catarina. Em março de 2022, define a ocupação atual como repórter e produtor no SBT, abrangendo a região central do Rio Grande do Sul, com o SBT Brasil e Primeiro Impacto. Como empreendedor, tem a agência Fluída Comunicação, que presta assessoria de comunicação para empresas.
Lorenzo Franchi percebe o jornalismo com “comprometimento, vocação e paixão. Dias difíceis, duros, com pautas sofridas, histórias tristes”, como a que acompanhou na cidade de São Gabriel, do caso Gabriel, um jovem de 18 anos morto depois de uma abordagem policial, em 2022. Ele acrescenta: “mas também haverá outros com conquistas épicas, encontros inesperados e pessoas calorosas. Não há jornalismo com vaidade. É bonito aparecer na televisão, falar no rádio, ter uma coluna no jornal ou ser o hype da rede social, mas jornalista precisa ser humilde para perguntar. Desfrute com sabedoria, com o máximo de leveza que puder”.
A reflexão de sua trajetória está em suas palavras finais nesta entrevista. “O ano de 2023 tem sido de muitos desafios e crescimento. A televisão não era minha preferência no início da graduação, mas se tornou uma grande paixão. Sou grato ao carinho e confiança dos colegas. Televisão é trabalho em equipe, mas para ser equipe é preciso ter empatia, deixar a vaidade e ego de lado. Isso só é possível quando entendemos que a nossa função social é fundamental para o bom funcionamento da sociedade”.
Perfil produzido no 1º semestre de 2023, na disciplina de Narrativa Jornalística, sob orientação da professora Sione Gomes.