As enchentes que o Rio Grande do Sul enfrentou nos últimos 30 dias deixou mais de 170 mortos e colocou o estado sob alerta em razão do possível aumento de casos de leptospirose. Na última quarta-feira, 29 de maio, a Secretaria da Saúde confirmou o sexto e o sétimo óbitos causado por leptospirose no Rio Grande do Sul. Os registros são de dois homens, de 56 e 59 anos, residentes em Porto Alegre e Canoas. Os casos estão relacionados com as cheias que atingem várias cidades gaúchas. Na noite de sexta-feira, dia 31, foi confirmada a oitava morte no estado por leptospirose, conforme Secretaria da Saúde. O registro refere-se a um homem de 31 anos, morador de São Leopoldo. O governo investiga outros doze casos de óbitos para certificar se eles de fato foram em decorrência da doença. Ao todo, 148 pessoas foram diagnosticadas com a doença no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Outros casos e óbitos já haviam sido registrados antes do período de calamidade pública enfrentado pelo Rio Grande do Sul. De acordo com dados do Ministério da Saúde, até 19 de abril de 2024, ocorreram 129 casos e seis óbitos. Em 2023, foram 477 casos com 25 óbitos.
A contaminação com a bactéria Leptospira é transmitida através da pele, especialmente se estiver com lesões abertas. Com as enchentes, a urina de roedores e animais contaminados pode se misturar com a água, ocasionando a contaminação de seres humanos. A infecção provoca febre alta e tem, de acordo com o Ministério da Saúde, um risco de letalidade de 40% nos casos mais graves. Mesmo que seja uma doença endêmica, com circulação sistemática, episódios como alagamentos aumentam a chance de infecção. Os sintomas surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação, podendo chegar a 30 dias.
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita por parte de um profissional de saúde. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial. Nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. O uso do antibiótico, conforme orientação médica, está indicado em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas.
Nos locais que tenham sido invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água. Outras medidas de prevenção são: manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados e manter a cozinha limpa sem restos de alimentos.
A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, em vídeo divulgado nas redes sociais, orienta a população de como agir em casos de contato com água das cheias. Ela também comenta sobre a gravidade da doença e o que fazer nos primeiros sintomas.