Os cortes
Essa semana tivemos muitos cortes. Novamente. Mas, em específico, esses além de simbólicos também tiveram uma forma física aqui em Santa Maria. No domingo, o bairro Rosário perdeu a metade de suas árvores. Em seguida, moradores,
Essa semana tivemos muitos cortes. Novamente. Mas, em específico, esses além de simbólicos também tiveram uma forma física aqui em Santa Maria. No domingo, o bairro Rosário perdeu a metade de suas árvores. Em seguida, moradores,
Na madrugada dessa quinta-feira, 19, o estado foi atingido por um temporal que causou estragos em diversas cidades. Em Santa Maria, a queda de árvores, postes e, até mesmo, a fachada de prédios, ocasionou transtornos. A
Unifra cultiva diferentes espécies de árvores nos três conjuntos Não é de hoje que o Brasil desmata suas florestas. Desde a época do Descobrimento, quando o pau-brasil foi explorado pelos portugueses, o desmatamento é uma prática
O município de Santa Maria possui, segundo o Secretário do Meio Ambiente, Antônio Carlos de Lemos, em média 50 praças distribuídas. Uma dessas é a Praça João Pedro Manoel Bandeira, popularmente conhecida como Praça dos Bombeiros,
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Essa semana tivemos muitos cortes. Novamente. Mas, em específico, esses além de simbólicos também tiveram uma forma física aqui em Santa Maria. No domingo, o bairro Rosário perdeu a metade de suas árvores. Em seguida, moradores, grupos de estudantes, e pessoas da nossa cidade movimentaram as redes sociais com questionamentos e indignações. Outras pessoas também demonstraram afetação de não entendimento, de anarquismo e também de ignorância. Isto dito, me nego acreditar que alguém concorde com os cortes sem devida observação ou justificativa para serem feitos. Todos sabemos que algumas árvores realmente podem “prejudicar” o trânsito, a fiação da rua, enfim, outros tantos motivos que poderiam justificar tais atos se estes considerassem o espaço e respectivamente sua existência. Porém, não vejo o fato como um divisor de ideias, pelo contrário. Acredito que nunca estivemos tão perto desses cortes, morando no Rosário ou não.
Afinal, foram tantos cortes. O país vive um colapso inegável em diferentes contextos e realidades. Está em chamas aqui, e em todos os lugares. E 2019 está sendo um ano que todo mundo sente as mudanças no ar. Nos olhares que não se encontram no caminho. No próprio caminhar na rua. No pulso que acelera ao ler mais uma notícia “inacreditável”. Na batida do peito com a incerteza das próximas falácias que virão. Mas não podemos ver apenas as coisas negativas. Existem ações boas, momentos bons, como a senhora que parou ao me observar fotografando e disse “o verde pode ser também esperança”, ou nos movimentos que coletivos culturais fazem, as iniciativas de conscientização, as campanhas de prevenção as vezes silenciadas. Mas, caso não tenhamos muitos feitos bons, acredito que a soma é sempre melhor que a desinformação e o desconhecimento.
Aprendemos a importância das árvores diante da existência. Talvez não no mesmo ano de escola, nem no mesmo lugar, mas desde quando esquecemos a associação de natureza com a vida? As pesquisas científicas em todas as áreas do conhecimento apontam apenas para uma perspectiva: a arborização urbana como uma necessidade das cidades. Não somente pelas questões estéticas que as árvores trazem as vias, mas atrelado a esse benefício é pensado também perante o bem-estar e sobre a qualidade do ar oferecido para a vida humana, consequentemente o que reflete na nossa qualidade de vida. Podemos não ter lado algum. Não comentar sobre a rua que teve esses cortes. Mas, na situação atual, que a natureza nos pede socorro na nossa cara de tantas maneiras, não acredito que podemos, ainda, estar dentro e somente na zona de conforto. Afinal, apenas uma grande árvore pode providenciar muitas necessidades de oxigênio. E isso tem ligação direta para com nossa existência.
As mesmas árvores que possuem papel de dar “sombra” para o ser humano, e ajudam a reduzir em até 10% o consumo de energia por meio do efeito de moderação climática local. As mesmas que podem reduzir a incidência de asma, câncer de pele e doenças relacionadas ao estresse, pois ajudam a diminuir a poluição do ar, promovendo a possibilidade de um ambiente mais bonito e adequado para animais, como pássaros. Árvores reduzem poluição sonora e os ventos, mantendo umidade do ar e chuvas regulares, fornecem base para produtos como medicamentos e chás, além de frutas, flores, sementes. Também promovem saúde dos solos e evitam erosão com suas raízes. Desenvolvem um papel importantíssimo no ecosistema pois são elas as responsáveis por manter mais de 50% da biodiversidade. Apesar dessa ser uma realidade local e também factual, esse momento de corte bruto representa a perda de quanto a cidade já não se preocupa em mudar as ruas e espaços que não possuem muita arborização, e quem acaba perdendo isso dentro da cidade somos nós.
Na madrugada dessa quinta-feira, 19, o estado foi atingido por um temporal que causou estragos em diversas cidades. Em Santa Maria, a queda de árvores, postes e, até mesmo, a fachada de prédios, ocasionou transtornos. A cidade se recupera e a ACS foi ouvir o poder público sobre o trabalho de reorganização da cidade.
Com relação à queda de árvores, o Superintendente de Licenciamento e Controle Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Gerson Vargas, relatou primeiramente, que a maior demanda da Secretaria são os pedidos de podas de árvores. No entanto, o reduzido número de servidores dificulta o atendimento das solicitações. Neste momento, na cidade, apenas sete servidores estão trabalhando de forma operacional para recolher os galhos e troncos deixados pelo temporal.
Ele também explica que os entulhos foram levados para o aterro da Prefeitura (antigo lixão), onde estão sendo aproveitado para um sistema de recuperação de áreas degradadas. “Amontoando os galhos ocorre o restabelecimento da microfauna da região, pois a área do aterro precisa ser recuperada com urgência”, afirma Vargas.
O superintendente também explicou que “houve muitos plantios de forma inadequada para a área urbana, e uma das causas são as campanhas de plantio de árvores, nas quais as pessoas acabam plantando mudas sem nenhuma orientação de plantio, nem de que tipos de árvores se encaixam no contexto da cidade. E isso, hoje, é causa de problemas”. Segundo ele, é necessária uma avaliação técnica para qualquer tipo de manejo das árvores.
Questionado acerca do assunto, o professor Alexandre Swarowsky (coordenador do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Franciscano) ressaltou a necessidade de maior flexibilização do Ministério Público quanto às podas preventivas e maior autonomia da Secretaria do Meio Ambiente para poder realizar os trabalhos necessários.
Matéria em parceria com Elizabeth Lima
Não é de hoje que o Brasil desmata suas florestas. Desde a época do Descobrimento, quando o pau-brasil foi explorado pelos portugueses, o desmatamento é uma prática comum no país. A urbanização, o consumo de produtos fabricados a partir das árvores e a indústria de consumo tem feito do desmatamento um ato justificável para, segundo a lógica do mercado, efetivar o progresso.
A professora do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Franciscano, Noely Júlia Vasconcellos, esclarece que o desmatamento é necessário para atender à demanda de alimentos e abrigos para uma população crescente. “Contudo nós temos que respeitar as áreas protegidas, como, por exemplo, a mata ciliar. Devemos também, recuperar, por meio da revegetação, as áreas que são degradadas”, enfatiza.
Apesar das justificativas para o desmatamento, é necessário ficar atento para a quantidade de árvores derrubadas na vegetação brasileira. O Brasil, que tem a segunda maior cobertura vegetal do mundo, ficando atrás apenas da Rússia, derruba mais de 20 mil Km² de vegetação nativa por ano. Na época do Descobrimento, o país tinha uma grande extensão de florestas. Assim, os portugueses achavam que os recursos florestais da terra descoberta seriam infinitos, mas não são.
E as consequências?
Se o desmatamento continuar, animais e pessoas serão prejudicados de diversas formas, como no caso de alguns bichos que encontram abrigos nas árvores, como pássaros, macacos, entre outros. Com o desmatamento, o desabrigo é um dos problemas a serem enfrentados. Além deste, quando cortamos as árvores diminuímos o filtro natural de gases de efeito estufa e com isso, o aquecimento global aumenta.
Preservar as árvores é também ser responsável por uma das principais fontes de alimento. “Além de serem fontes de alimento, as árvores absorvem os contaminantes que são lançados pelo homem na atmosfera, como o monóxido de carbono, dióxido de carbono, dióxido de enxofre e outros poluentes produzidos pelo homem”, declara Noely. A professora explica, ainda, que as árvores devolvem um elemento essencial às nossas vidas, o oxigênio.
Em uma área urbanizada, as árvores têm a importante função de diminuir o impacto das ilhas de calor que se formam e, assim, manter o equilíbrio do meio ambiente, além de garantir a sobrevivência das espécies.
Fotos: Fernanda Gonçalves (Laboratório de Fotografia e Memória)
O município de Santa Maria possui, segundo o Secretário do Meio Ambiente, Antônio Carlos de Lemos, em média 50 praças distribuídas. Uma dessas é a Praça João Pedro Manoel Bandeira, popularmente conhecida como Praça dos Bombeiros, revitalizada há dois anos. O secretário afirma que os jardins da cidade são os principais locais de investimento ultimamente, mas que a prefeitura ainda não dispõe de um projeto específico na área ambiental para a população adotar áreas verdes.
Dezenas de ruas da cidade não tem árvores plantadas em canteiros e ao caminhar nas calçadas do bairro Itararé, por exemplo, a falta de árvores é notada, já que a maioria das copas vistas vem dos pátios das casas. Mas também há aqueles que já plantaram em suas calçadas.
Para a moradora Eleane Camilo Germani, que possui árvores na frente da sua casa, são vários os benefícios de ter plantado, como colaborar com a oxigenação, ter sombra e aproveitar as cores da natureza. “Todos deviam ter uma árvore, se não tivesse espaço no quintal, deviam colocar nas calçadas”, assegura Eleane aposentada da Universidade Federal de Santa Maria.
Para o Secretário, a iniciativa das pessoas, nem sempre é positiva. “Os moradores, no intuito de ter algum arbusto, plantam de forma indiscriminada as espécies sem ter ideia das plantas adequadas”, argumenta. Por outro lado, Antônio Carlos solicita a ajuda dos cidadãos para cuidar das praças e os arredores de suas residências.
A aposentada e dona de casa, Ivonete da Silva Haag, também moradora do bairro, diz que ama e odeia a árvore que tem em sua calçada. “Amo por causa da sombra e odeio pelos problemas que me trouxe entre elas o estrago na calçada” afirmou. Ivonete ainda ressaltou que não gosta de varrer as folhas da calçada. Em contraponto disso, o exercício faz bem até para a mente. “Varrer a calçada e limpar o jardim é uma terapia pra mim”, observa Eleane.
Segundo o site do jornal Gazeta do Povo, no panorama nacional, a cidade de Curitiba, capital do Paraná, é a quinta cidade mais arborizada do Brasil. As outras quatro cidades são Goiânia, Campinas, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, em ordem de arborização.
Por Bruna Germani