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As mudanças na busca constante pela informação

Durante a 14ª Edição do Fórum de Comunicação, realizado pela Universidade Franciscana, Marcelo Silva Barcelos, doutorando em Jornalismo, levou ao público presente uma nova realidade que já nos cerca, com sua palestra “Eu, robô ou robô

Cuidados ao comprar carne bovina

Não é somente a qualidade que é preciso ser levada em consideração na comprar carne bovina. O Brasil é um dos principais consumidores e exportadores do produto e a partir da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia

Alimentos transgênicos: consumir ou não consumir? 

Hoje, ao acordar, a primeira coisa que fiz foi ir em direção à cozinha. Ora, não é nada redundante afirmar que este é o percurso padrão de boa parcela das pessoas, afinal de contas comer é

Pet shops estão em alta em Santa Maria

A população de animais de estimação cresce proporcionalmente ao número de pessoas. O Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos do mundo, que conquistam espaço nos lares das famílias. Isto ocorre porque o

A brincadeira deve recomeçar com a troca de brinquedos

Baús lotados de brinquedos e lares temporariamente decorados por crianças são uma realidade. Esse cenário levanta uma questão importante, tratada na primeira parte da reportagem: será que não tem apelos ao consumo demais velados nessa decoração figurada por “Peppa Pig”,

Brincar de consumir é coisa séria: veja o que diz a regulamentação

No último dia 20 de novembro foram comemorado os 55 anos da Declaração Universal dos Direitos das Crianças. Poucos dias antes, a publicidade infantil foi escolhida como tema da redação do Enem a partir dessa matéria de autoria das jornalistas

Produtos vencidos darão direito a outro sem custo para o consumidor

A partir de amanhã, quarta (25), passa a vigorar a Campanha Validade em Dia, promovida do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sindigêneros) e do Procon/SM. Por conta disto, o consumidor que encontrar no supermercado

Desacelerar provavelmente é uma das coisas mais difíceis hoje. E não estou falando de correr contra as 24h do dia. Pisar o pé no acelerador para chegar na hora no trabalho ou acelerar ainda mais para chegar o quanto antes em casa. A questão aqui é mudar a velocidade da produção mental, do pensamento e, por que não, da prisão do Novo. Desacelerar é respeitar os processos naturais.

Como uma pessoa mentalmente acelerada, prazer, me cobro muito a necessidade de estar sempre criando. Já entrei em alguns processos desagradáveis de produção frenética. E é esperado que eu entre em parafuso quando naturalmente não consigo produzir, mesmo que minha cabeça continue à mil. Passei os últimos vinte dias surtada pela estagnação. Me desesperei pois não teria pauta para essa coluna e para outros textos que deveria entregar. A situação só se resolveu quando percebi que o problema não estava na falta, mas no excesso. Eram muitas pautas, textos e reflexões desorganizadas. Isso já aconteceu antes e com certeza vai acontecer de novo no futuro – aguarde cenas dos próximos vinte dias. Momentos assim fazem parte do meu processo, mas também são reflexo da quantia absurda de informações que recebo todos os dias. Uma realidade que não é só minha. Todos estamos sendo bombardeados com informação o tempo todo.

Demorei um tempo para compreender que o que parecia um problema localizado e privado, na verdade, é coletivo. Um trecho do livro “No enxame”, do filósofo Byung-Chul Han, diz que “hoje não somos mais destinatários e consumidores passivos de informação, mas sim remetentes e produtores ativos”. Ou seja, além de recebermos informação nova constantemente, não nos basta ser apenas o destino da mensagem. Sentimos necessidade de comunicar nós mesmo. (E não é o que estou fazendo aqui?). O autor conclui o pensamento dizendo que esse comportamento, o “duplo papel”, aumenta enormemente a quantidade de informação.

Não basta estar atualizado sobre as notícias locais e do mundo. Não basta acompanhar as peripécias políticas que tomaram conta do país. Até por que, vamos combinar, isso ninguém consegue. Se você não está confuso, ouso dizer que você não entendeu nada. No fim ninguém entende mesmo. Mas vamos lá. Além de todas as notícias, tem aquele artigo i-n-c-r-í-v-e-l que você precisa ler. Uma música que todos estão ouvindo. Aquela série importantíssima lançada há duas semanas por aquela famosa plataforma de streaming – assistam “Coisa mais linda”. Deu conta de tudo? Na verdade, não. Enquanto você assistia a um episódio da série mais um Ministro foi demitido. Outro artigo viralizou. Mais um meme está bombando no Twitter. O Laranja vendeu mais dois carros. E a Bettina está trilhardaria.

Queria poder trazer soluções para lidar com a sensação de atraso, o peso e o desgaste gerados por essa enxurrada de informação que nos caça e consume durante os dias. Mas acredito que ainda vá levar algum tempo para que a gente encontre meios e rotinas mais saudáveis de consumir informação. Um primeiro passo talvez seja aceitar que não vai dar para saber de tudo o tempo todo. Já começou difícil – mais para alguns do que para outros. Vamos conversar sobre FoMO (Fear of Missing Out – medo de estar por fora, perdendo algo) nos próximos meses.

O método que eu tenho encontrado para desacelerar a produção é escrever a mão. Não é sempre que funciona, mas tem dado certo nos momentos mais críticos do último ano. Foi assim que eu escrevi boa parte do trabalho final de graduação – mais de sessenta páginas (risos nervosos). O processo de transportar ideias para o papel ao invés de uma tela ajuda meu pensamento a desacelerar. É como se minhas mãos falassem diretamente com meu cérebro. “Colega, você vai ter que desacelerar aí, senão a gente vai perder um monte de coisa boa. Vai com calma!”. Funcionou com esse texto.

Mas como trabalhar com informação, querer comunicar sobre tudo, gerar conteúdo o tempo todo e não colaborar com o esgotamento mental de outras pessoas? Perenidade, permanência, durabilidade. Optar por produzir textos que permanecerão relevantes daqui dois dias, três meses e até anos. E consumir conteúdo de datas passadas. Nessa cultura do “pra ontem”, esquecemos que existem coisas importantes no hoje da semana passada.

Provavelmente vou precisar reler esse texto nos próximos vinte dias.

 

 

Arcéli Ramos é jornalista egressa da UFN. Repórter da Agência Central Sul em 2015. Com pesquisas na área jornalismo literário e linguagem, hoje também estuda “Pesquisa de tendências”. É colaboradora na New Order, revista digital na plataforma Medium, e produz uma newsletter mensal.

Durante a 14ª Edição do Fórum de Comunicação, realizado pela Universidade Franciscana, Marcelo Silva Barcelos, doutorando em Jornalismo, levou ao público presente uma nova realidade que já nos cerca, com sua palestra “Eu, robô ou robô e eu? – Tecnologias exponenciais e o homem hiperconectado num futuro que já é hoje”.

Na palestra, realizada no dia 14 de agosto, o pesquisador comentou diversos assuntos relacionados à tecnologia, desde a internet das coisas – realidade onde objetos e eletrodomésticos do dia a dia já estão conectados a rede – até um futuro não tão distante das cidades inteligentes.

Já na área da comunicação, não há como deixar de lado a maneira como se buscam as informações. O processo sofreu alterações, desde o jornal impresso, passando pelo rádio, posteriormente a TV, e que hoje busca a instantaneidade pela internet.

Segundo Marcelo, já temos uma nova procura, quando comentou sobre como as assistentes virtuais vem influenciando cada vez mais em nossa rotina. Sistema esse, que é capaz de conversar com seu “dono”, e inclusive lê as notícias diárias.

Na imagem acima, foto dos dois modelos da Alexa, assistente virtual da Amazon
“Alexa”, assistente virtual da Amazon. Imagem: Amazon/Reprodução

Enquanto que o processo de consumir informações por sistemas é algo inovador, por outro lado, gerou muita polêmica ao comentar brevemente sobre redações de jornais que já utilizam robôs, e que em um futuro próximo, os sistemas serão também os produtores das informações.

Para Francis Barrozo, estudante de Jornalismo, chegará ao ponto dos robôs substituírem os jornalistas. Há quem descorde, e diga que isso jamais vai acontecer. O que resta, é esperar o que este futuro tem para mostrar, que como o titulo diz, já é hoje.

Brasil é o maior exportador de carnes no mundo. Fotos: Juliana Brittes (arquivo ACS)

Não é somente a qualidade que é preciso ser levada em consideração na comprar carne bovina. O Brasil é um dos principais consumidores e exportadores do produto e a partir da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, foi colocada em dúvida a credibilidade na inspeção em abatedouros do Brasil.

A indústria da carne é umas das principais atividades econômicas do país. Em 2016, o Brasil foi apontado com um dos maiores exportadores de carne bovina no mundo. De acordo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país exporta cerca de 1,85 toneladas o que corresponde a 19,60% do mercado[1]. Já no que se refere ao consumo, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), o Brasil é o 5º país que mais consome carne bovina no mundo com uma ingestão de 39kg a cada habitante por ano.[2]

Principais países exportadores de carne vermelha

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)

Na quarta, 31 de maio, a Polícia Federal deflagrou a 2ª fase da operação que investiga irregularidades na fiscalização de frigoríficos. Foram cumpridos três mandatos de busca e apreensão e um mandato de prisão. Já a 1ª fase, deflagrada no final de março deste ano, cumpriu 309 mandatos judiciais em seis estados e mais no Distrito Federal. No total são 21 frigoríficos envolvidos na investigação, 18 no Paraná, dois em Goiás, e um em Santa Catarina.

De acordo com uma reportagem do jornal El País, as acusações da Operação Carne Fraca incluem o suposto uso de fraudes para ocultar o uso de carnes vencidas, tentativa de mudar a data de validade de embalagens, esquema de corrupção entre frigoríficos e fiscais para acelerar a liberação de produtos, suposto oferecimento de suborno para evitar suspensão de uma unidade, e entre outras irregularidades.

Sede do Ministério da Agricultura em Santa Maria. Foto: Pedro Piegas

Segundo a lei nº 7.889, de 1989, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), há três níveis de competências para exercer o serviço inspeção em abatedouros no Brasil: federal, estadual ou municipal:
Nível de inspeção federal: realiza a inspeção cujo os produtos tem como destino outros estados e países;
Nível de inspeção estadual: Os produtos tem como destino outras cidades dentro do próprio estado;
Nível de inspeção municipal: Os produtos tem como destino a própria cidade.
Em Santa Maria, o Mapa examina os frigoríficos que exportam seus produtos para outros países e estados. “Basicamente os três (níveis de inspeção) se correspondem, a diferença é que o federal é mais complicado, mais rígido, porque além de atender as normas internas do Brasil é preciso atender as normas dos países importadores”, esclarece Daniel Xavier de Melo, veterinário e auditor fiscal federal do Mapa de Santa Maria.

Selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) de responsabilidade do Ministério da Agricultura

Os produtos de origem animal sob responsabilidade do Mapa são registrados e aprovados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), que tem como competência artigos para exportações. Já o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) é em relação a circulação interna no país. Os serviços visam garantir produtos por meio de certificação sanitária e tecnológica. Segundo Edison Fernandes, que trabalha há 18 anos como açougueiro, o selo de qualidade e a data abatimento  são os primeiros cuidados que possui quando novos produtos chegam ao açougue em que é proprietário. “Com mais de três dias de abatimento eu não fico (com a carne), o pessoal tem o costume de ficar, mas eu não. Eu sempre acerto com o frigorífico de um dia para o outro. Abateu hoje, me entrega amanhã e aí eu tenho certeza que a carne é nova”, explica o açougueiro.

Da fazenda até o consumidor

É um longo percurso que a carne bovina leva até chegar a mesa do consumidor. Primeiramente toda propriedade rural precisa ter um programa de rastreabilidade para o MAPA ter o controle de cada animal. Esse controle é importante em casos de doenças contagiosas. Para sair da propriedade até o frigorífico, o proprietário rural precisa de Guia de Trânsito Animal (GTA). Sem esse documento o gado não pode dar entrada no abatedouro.

Investimento em pastagens para maior rendimento do gado leiteiro. Foto: Maurício Nascimento (arquivo ACS)

O processo de abate no frigorífico é dividido em dois: ante mortem e post mortem. O ante mortem é muito importante, pois algumas enfermidades só são perceptíveis nos animais vivos. Outra questão significativa é o bem estar animal, que é um cuidado que precisa ter já no transporte da propriedade rural até o frigorífico. Logo quando chega no abatedouro, o gado precisa descansar e ficar em jejum de seis horas até um dia para esvaziar o estômago. “O animal estressado precisa ter um baixo nível de glicogênio muscular hepático, caso contrário a carne ao invés de durar uma semana, vai durar dois dias. No momento em que descansou, então é abatido. Para abater é obrigatória a presença de um auditor fiscal no frigorífico”, explica Daniel Xavier de Melo.

O trabalho dos agentes do MAPA é dividido por linhas de inspeção para conseguir dar conta do abate de centenas de animais por dia. Os auditores são encarregados de inspecionar cada víscera, de acordo com o padrão seguido nas linhas de inspeção. Caso for detecado algum problema é avaliado pelo auditor fiscal federal, que é obrigatoriamente um médico veterinário. Após a realização de todos os exames o auditor fiscal também é o responsável pelo carimbo de qualidade do produto e nele vai as específicidades de cada parte do animal. Antes de ser encaminhada para açougues e mercados, a carcaça é levada para o processo de resfriamento onde terá sua qualidade conservada.

Na hora da compra

Mesmo que a Operação Carne Fraca não se trata de carne vermelha in natura como carnes de bifes, carnes para churrasco ou peças inteiras de boi, e sim, de carnes processadas. É preciso estar atento quando se compra carne bovina em supermercados e açougues. A nutricionista Karstyn Kist Bakof Roggia explica que o produto deve ter a consistência firme e compacta, não amolecida, nem pegajoga, com odor característico e com a coloração vermelha brilhante, sem escurecimento ou manchas esverdeadas. Caso tenha gordura, ela deve ser branca ou amarelo pálida.

Foto: Pedro Piegas

É a partir da melhor escolha do produto, no armazenamento e até mesmo no preparo em que o consumidor pode garantir a melhor qualidade da carne. De acordo com Karstyn Kist Bakof Roggia produtos de origem bovina devem ser mantidos sob refrigeração entre as temperaturas de 0 a 4 °C por até três dias, o que significa que a carne é um produto extremamente perecível. Já carnes congeladas, em temperaturas como 18°C negativos, a melhor forma é preservar em embalagens à vácuo. Elas podem ser mantidas por até oito meses para carnes em pedaços; seis meses para bifes ou carne assada e três meses para carne moída. É preciso tomar cuidado, pois o congelamento após o descongelamento é prejudicial a qualidade da carne, por isso, uma vez descongelada é recomendável consumir o produto.

Benefícios da carne vermelha

O consumo de carne vermelha diverge opiniões a respeito dos benefícios e prejuízos à saúde. Muitas pessoas acreditam que a alimentação ideal deve ser à base de carboidratos, com pouca proteína e pouca gordura. Segundo Karstyn Kist Bakof Roggia, alimentos a base de proteína, como é o caso da carne bovina, são necessárias para a construção do músculo, órgãos e tecidos e também do fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, a dieta à base de carne vermelha, caso for consumida sem excessos,  “É rica em ferro, mineral presente na hemoglobina, que atua no transporte de oxigênio aos tecidos; zinco, mineral importante para o sistema imunológico e vitaminas do complexo B, especialmente B12, importante para a formação das células vermelhas do sangue e manutenção do sistema nervoso central”, elucida a nutricionista

Foto: Pedro Piegas

Pelos mais variados motivos, há cada vez mais adeptos ao vegetarianismo, regime alimentar baseado somente no consumo de alimentos de origem vegetal, ou seja, alimentos como cereais, vegetais, leguminosas, sementes e frutas. Karstyn Kist Bakof Roggia defende que antes de excluir a carne totalmente do cardápio é preciso ter orientação de modo a fazer as trocas nutricionais adequadas, da forma a evitar déficits nutricionais ou doenças, como por exemplo, a anemia. “O recomendado é seguir uma dieta saudável, variada, afim de ingerir todos os nutrientes necessários para a uma boa nutrição, com frutas, verduras, cereais integrais, gorduras de boa qualidade e proteínas”, defende a nutricionista. Alimentos leguminosos, como o feijão, lentinhas, ervilhas, folhas verdes escuras, cereais integrais, frutas secas e, principalmente a soja são ricos em proteínas.

Um alimento como a carne é muito importante para a saúde do ser humano, porém por ser um produto muito perecível o consumidor precisa ficar atento na procedência, no percurso, no armazenamento e no preparo da carne bovina. Qualquer ponto fora da curva pode ser motivo na proliferação de bactérias, fungos e acabar contraindo doenças.

Por Pedro Piegas. Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Científico

Grãos na lista da transgenia. Foto: Pixabay
Grãos na lista da transgenia. Foto: Pixabay

Hoje, ao acordar, a primeira coisa que fiz foi ir em direção à cozinha. Ora, não é nada redundante afirmar que este é o percurso padrão de boa parcela das pessoas, afinal de contas comer é uma necessidade fisiológica, e convenhamos, de manhã cedo bate aquela fome…. A questão é: você sabe o que tem ingerido ultimamente? Ou melhor, sem precisar ir tão “longe”, você sabe o que comeu no café da manhã de hoje?

É provável que não façamos vista grossa para alimentos cotidianos. Eu mesmo, hoje, degustei um pequeno pedaço de pão de centeio acompanhado de uma pequena quantia de margarina. É claro que também não faltou o costumeiro copo de leite de vaca. Café da manhã simples e prático. O que eu e você provavelmente não sabíamos é que eu ingeri, neste meu pequeno desjejum, alimentos geneticamente modificados.

Calma, não se assuste. Pode parecer, à primeira vista, algum roteiro de filme da década de 70. Aquelas ideias malucas de “coisas modificadas que ganham vida e tomam controle do seu corpo”. Mas, trata-se apenas de ciência, ciência e alimentos transgênicos. Relaxa que eu vou te explicar.

Você provavelmente já assistiu “X-Men”. A famosa série da Marvel que ganhou o mundo com a sua história de humanos mutantes com superpoderes pode perfeitamente servir como plano de fundo e explicar o que é um alimento transgênico.

Tomates estão na lista dos alimentos que mais sofrem com aplicação de agrotóxicos. Foto: Pixabay
Tomates estão na lista dos alimentos que mais sofrem com aplicação de agrotóxicos. Foto: Pixabay

Pense em um humano qualquer – pode ser você mesmo. Imagine que esta pessoa foi picada por um mosquito. Após, passou a sofrer efeitos colaterais, como febre, vertigem e desmotivação. Provavelmente a picada do mosquito infectou essa pessoa com algum vírus ou bactéria, debilitando-a. Imagine, agora, que milhares de pessoas foram vítimas da mesma espécie e tiveram sintomas iguais. Bom, se todas estas pessoas não tiverem tratamento médico adequado, é provável que possam falecer. Mas aí temos outro problema: precisamos de muitos profissionais da área da saúde, muitos medicamentos e igualmente leitos para que todos tenham recuperação e tratamento adequado. Mas tudo isso envolve muito dinheiro, seja público ou privado. Quer dizer, a não ser que todos estes homens ou mulheres fossem mutantes, e assim como os X-Men, tivessem algum poder especial para combater esse mosquito antes de serem picados, ou simplesmente possuíssem enorme resistência ao vírus ou bactéria do inseto.

Agora, pense novamente em tudo que foi escrito, mas substitua humanos por “frutas”, “legumes” ou “verduras”. O mosquito seria a metáfora para explicar a ação de pragas ou pesticidas em alguma plantação, e as questões financeiras são os problemas que cotidianamente o agricultor tem de lidar quando sua plantação é destruída pelos “mosquitos”. A grande questão da história é que, infelizmente, os X-Men só existem na ficção. Entretanto, alimentos que sofreram mutações laboratoriais para obter “superpoderes” e resistir a pragas e pesticidas são uma realidade e, para estes, é dado o nome de produtos transgênicos.

Nutricionista Cátia Stork. Foto: Patrese Lehnhart
Nutricionista Cátia Stork. Foto: Patrese Lehnhart

Agora que você já sabe o que é um alimento transgênico, deve estar se perguntando acerca da confiabilidade dos mesmos. Para isso, contamos com o auxílio de uma profissional da alimentação para nos explicar melhor. Conversamos com a professora Cátia Stork, do curso de nutrição do Centro Universitário Franciscano. De acordo com Cátia, o debate sobre os benefícios e malefícios de alimentos transgênicos é extenso, de modo que não há como se ter certeza plena acerca do seu consumo.

Os argumentos favoráveis são de que esses alimentos possuem valor nutricional maior do que outros que não sofreram esse processo. “Ele vai aumentar o teor de alguma vitamina especifica, de algum composto fotoquímico, destinado para pessoas com deficiência desse nutriente”, destaca Cátia.

Outro ponto benéfico desse tipo de alimento, segundo a professora, é que a produção pode ocorrer em escala maior, já que os transgênicos são colhidos com maior rapidez e com menor perda por serem resistentes a pragas e agrotóxicos. Uma boa solução, em tese, para a fome que o mundo passa.

Já os pontos contrários dão conta de que o consumo foi modificado para resistir a agrotóxicos, o que pode causar sérios prejuízos à saúde, além da biodiversidade. Adiante, pesquisas carecem de informações que deem conta de benefícios plenos dos transgênicos, servindo o próprio ser-humano como cobaia. Questionada sobre o fato de podermos ou não utilizar alimentos geneticamente modificados com segurança, Cátia foi sucinta: “Se for para um benefício nutricional, sou a favor. Mas com relação à resistência de agrotóxicos já fico em dúvidas, pois carece de estudo. É complicado se posicionar sem ter embasamento cientifico suficiente”, pondera a nutricionista

Pesquisa feita com roedores levantou riscos de câncer

Brasil é um dos maiores produtores de alimentos transgênicos. Foto: Pixabay
Brasil é um dos maiores produtores de alimentos transgênicos. Foto: Pixabay

Em setembro de 2012, uma pesquisa francesa, publicada pelo renomado periódico internacional Food and Chemical Toxicology (revista que publica artigos originais sobre os efeitos tóxicos de alimentos e medicamentos em humanos e animais), revelou os resultados de um estudo feito com ratos de laboratório, onde se constatou que após longo consumo de milho transgênico os roedores passaram a sofrer de câncer com três vezes mais frequência.

Coordenado por Gilles-Eric Seralini – professor da Universidade de Caen, na França, o estudo também observou que ratos alimentados com o milho transgênico morreram antes do previsto. Dos detalhes da pesquisa, destaca-se que o roedor alimentado com milho transgênico veio há falecer um ano antes do que a outra cobaia, que estava comendo produtos sem modificações genéticas.

Em outubro do mesmo ano, porém, uma comissão francesa rejeitou os resultados colhidos por Seralini. Segundo o Alto Conselho de Biotecnologia do país, o câncer que adquiriu os roedores da pesquisa não possui ligação alguma com o milho transgênico ao qual consumiram. Para o conselho – que pediu um estudo independente do caso-, o método aplicado por Seralini e sua equipe seria inadequado. O pesquisador rebateu, afirmando que o milho utilizado em suas pesquisas – de procedência de uma empresa chamada “Monsanto”, uma transnacional que produz transgênicos – deveria ser banido da França. Pontuou, porém, que vê com bons olhos a recomendação de se realizar um estudo independente do caso.

Em dezembro de 2009, Seralini – que faz parte de um grupo de pesquisas sobre segurança alimentar, o Criigen – já havia publicado um estudo semelhante, igualmente utilizando ratos como cobaia. Na época – utilizando a mesma metodologia, quando também alimentava os roedores com milho transgênico -, constatou-se que os animais sofreram de graves danos nos fígados e rins, assim como efeitos no coração, baço e glândulas supra-renais.

Cultivo da soja transgênica no Brasil. Foto: Pixabay
Cultivo da soja transgênica no Brasil. Foto: Pixabay

Brasil é segundo colocado mundial no cultivo de transgênicos

Segundo dados de um relatório feito pelo Isaaa (Serviço Internacional para Aquisição de Biotecnologia Agrícola) em 2014, o Brasil é o segundo país no mundo em área de cultivo de alimentos transgênicos, o que representa 23% do total mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contabiliza 40%.

O relatório – que diz respeito ao ano de 2013 – também revelou que os alimentos transgênicos representam 170 milhões de hectares de cultivo no mundo, destes, 40,3 milhões são do Brasil. O país também é o que mais cresce em produção, o que culminou em um amento de 10% quando comparado à coleta de dados referente ao ano de 2012.

A efeito de curiosidade, em 1996 a produção de transgênicos no mundo era de apenas 1,7 milhões de hectares. Os países em desenvolvimentos são os que representam a maior parte em termos percentuais.

Retrocesso informacional

T2Apesar dos constantes debates inconclusos acerca dos perigos ou não de alimentos transgênicos, uma coisa é fato: o consumidor merece dispor de informações do alimento que vai consumir. Apesar de óbvio, em maio do ano passado um retrocesso: projeto de Lei que elimina a rotulagem de alimentos transgênicos foi aprovado.

Tendo o deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP-RS) como autor, o Projeto de Lei 4148/2008, que tramitava na Câmara dos Deputados desde 2008, recebeu o voto favorável de 320 congressistas, antes 135 contrários. Como justificativa do parlamentar, Heinze afirmou que o projeto é necessário, pois, segundo ele, alimentos transgênicos são seguros. Além disso, afirma que a proposta não omite informações do consumidor.

A afirmação, porém, carece de maior embasamento, ao passo em que não há nenhum estudo que comprove de forma integral que alimentos geneticamente modificados são seguros ou não. Além disso, o consumidor só irá dispor da informação nos rótulos de comida se a presença de elementos transgênicos for maior que 1%. O projeto, porém, agora precisa ser aprovado pelo Senado Federal.

Ao passo em que países como Portugal proíbem o uso de transgênicos por falta de comprovação de se é ou não seguro, os parlamentares brasileiros aprovas medidas que omitem informações do consumidor.

As vantagens ou desvantagens que contornam os transgênicos podem ser ainda mais ampliadas conforme se estende o debate sobre o assunto. No passo em que novas pesquisas são realizadas a todo momento deve o consumidor ficar atento ao que consome, sempre na busca por uma qualidade de vida melhor.

Por Patrese Lehnhart, Iuri Patias e Lucas Schneider. Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.

A população de animais de estimação cresce proporcionalmente ao número de pessoas. O Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos do mundo, que conquistam espaço nos lares das famílias. Isto ocorre porque o perfil da família brasileira já não é mais o mesmo, e com as mudanças, os bichinhos ganharam um lugar cativo dentro das casas.

Quem mais ganha com esse novo cenários são as “pet shops”, lojas que oferecem atendimento veterinário a animais de estimação. O Brasil é o segundo maior mercado mundial de itens pet. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o setor faturou 15,2 bilhões de reais em 2013, um crescimento de 7,3% em relação a 2012. A meta para 2014 é ultrapassar a casa dos R$ 15 bilhões atingindo o patamar de R$ 20 bilhões até o ano de 2020.

Tabela 2

 

Sem título
O boom do mercado pet

O crescimento do setor teve sua explosão há alguns anos. Dezenas de “pet shops” foram abertos só em Santa Maria para atender a demanda de novos animais, especialmente nos serviços em alta no mercado: banho, tosa, hospedagem, medicamentos veterinários, sistema de busca e entrega dentre outros. Os produtos campeões de vendas são rações, ossinhos, bifinhos, palitinhos e biscoitos indicados para os pets.

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A veterinária e proprietária de uma clínica no Km3, Anelise Requia, 39 anos, evidenciou o grande salto  que o mercado pet deu nos últimos anos, deixando para trás as agropecuárias que detinham a exclusividade sobre este segmento. “A cidade de Santa Maria tem uma infinidade de profissionais e Pets especializados em banho e tosa”. Há quase 15 anos no mercado de trabalho, Anelise nos relatou que quando abriu seu negócio quase não aviam “pet shop” na cidade.

Outro segmento que vem se destacando é a hospedagem para cães e gatos. A veterinária nos relatou como teve esta ideia, “eu fui viajar e precisei de um lugar para deixar meu cachorro. Não encontrei nem um, foi então que na volta da viagem, veio a ideia de abrir um espaço para receber os bichinhos de estimação.

“Temos clientes que vão viajar durante 20, até 60 dias, e durante todo este tempo seus bichinhos ficam sob nossos cuidados”, conta Anelise.

Para os donos ficarem sabendo como seu animalzinho está sendo cuidado, algumas empresas enviam até fotos do animal no período. “Oferecemos via Facebook um contato com seu Pet, através de foto”, explica a veterinária.

Serviços mais procurados são banho e tosa

Felipe

É no segmento de serviços que o casal de empresários de Santa Maria, Felipe Zanella e Camila Garcia Bolzam, atua há quase 3 anos. Segundo Felipe, para abrir um “pet shop” não basta só ter dinheiro, mas sim gostar de animais, pois esta função requer um zelo e muita paciência do profissional. “A dedicação e o cuidado com os animais foram determinantes para impulsionar o nosso negócio”, conclui o empresário.

 

Como escolher a pet shop certa

gralça

Maria das Graças, 57 anos usuária deste tipo de serviço nos da dicas de como escolher um bom lugar para levar seu bichinho de estimação.

“Uma visita como quem não quer nada, converse com os funcionários, com a equipe, veja como eles te recebem, como eles promovem seus serviços e, claro, a pesquisa de mercado é fundamental. Converse com clientes que já estão levando seus animais no pet e pergunte o que eles estão achando. Procure saber se a loja possui mais de um tratador, para que seu bichinho seja atendido por um de cada vez para se adaptar melhor”, enfatiza Maria das Graças.

Apesar do crescimento acelerado no ramo dos serviços prestados pelos Pets, a alimentação ainda corresponde por mais da metade do faturamento anual deste mercado.

Grafico 1

 

 Por Róger Haeffner, para a disciplina de Jornalismo Online

Baús lotados de brinquedos e lares temporariamente decorados por crianças são uma realidade. Esse cenário levanta uma questão importante, tratada na primeira parte da reportagem: será que não tem apelos ao consumo demais velados nessa decoração figurada por “Peppa Pig”, “Barbie”, “Galinha Pintadinha” ou qualquer outro personagem de desenho animado que “ganha vida” através dos brinquedos?

É provável que a resposta à essa pergunta seja sim e é mais provável ainda que alguns desses objetos façam parte da decoração da casa por mais tempo que deveriam. Isso quer dizer que ninguém brinca com eles há algum tempo.

A cultura do consumismo aliada à publicidade infantil abusiva e ilegal acabou com a magia da surpresa e da expectativa de ter em mãos aquele tão sonhado brinquedo, aquele boneco que vai substituir o outro que de tanto participar de brincadeiras está há meses sem braço e a pintura do rosto não existe mais. Agora é mais fácil: “pai-me-dá”, “mãe-me-dá” e pronto. É comum ver brinquedo ainda com cheiro de novo atirados em um canto.

Foto: Arquivo Pessoal
Ian Benjamim brincando no pátio da escola. Foto: Arquivo Pessoal

Acúmulos de objetos também  é uma forma de poluição. Pensando no impacto ambiental que o descarte de tantos brinquedos “velhos” causa e causaria à natureza, e com o objetivo em abrir um leque de possibilidades para as crianças irem além dos objetos eletrônicos, o Instituto Alana criou a Feira de Troca de Brinquedos. As feiras “são uma maneira engajada e divertida de repensar a forma como consumimos, envolvendo adultos e crianças na prática desta reflexão”,  de acordo com informações disponíveis no site.

 

Todo mundo pode organizar a Feira da Troca de Brinquedos

Desde 2012 foram mais de 50 feiras pelo Brasil afora. Em 2013, com a criação do site, passou a ser possível acompanhar os relatos das feiras passadas, descobrir a melhor forma de organizar uma feira e, adicionar cada evento no banco de dados do site.

A “feirinha” é totalmente autônoma e não é preciso estar vinculado a nenhuma organização ou instituição. O site disponibiliza, além do material para divulgação padronizado (voltado especialmente ao Dia da Criança), um guia padrão para a realização da feira.

Os brinquedos a serem trocados devem estar em bom estado de conservação e não devem ser feitas comparações de valor na troca. É importante que os pais se desapeguem disso na troca, uma vez que as escolhas são feitas pelos pequenos.

Para fugir da violação constante ao direito da criança de ser criança, a ideia de trocar algo que se tem por algo que se gostaria de ter ganha um significado todo especial, uma vez que ensina algo que sequer deveria ser esquecido: a brincadeira não pode parar.

“Novas experiências se criam em um espaço coletivo onde o que mais tem valor não é quanto custou o brinquedo, mas o quanto de outros sentidos pode ter esse brinquedo quando outra criança recebe e coloca ali um novo mundo diferente do dono anterior”, afirma a psicóloga.  Não são apenas as crianças que entram em universo e aprendem algo novo com essa experiência.

A psicóloga também declara que não há nenhum aspecto negativo nessa iniciativa de praticar o desapego de forma saudável. “É interagindo com outras crianças que pode nascer brincadeiras riquíssimas e muito especiais que farão parte da sua história”, complementa Fabiane. Os pais podem conversar entre si, pautando possíveis dificuldades com o tema em seus respectivos lares e… Brincar. “É fundamental para a relação que pais e filhos brinquem juntos. Com isso, as crianças podem ensinar muito a seus pais em espaços como esses”, elucida Fabiane.

Primeira edição em Santa Maria será em 2015

Em janeiro de 2015, ainda sem data prevista, ocorrerá a primeira edição da Feira de Trocas de Brinquedos em Santa Maria. Quem se interessar e quiser saber mais sobre a ação na cidade ou ajudar, acesse a página da comunidade no Facebook ou envie um e-mail para feiradetrocadebrinquedos.sm@gmail.com

Por Bibiana Campos, para a disciplina de Jornalismo Online

No último dia 20 de novembro foram comemorado os 55 anos da Declaração Universal dos Direitos das Crianças. Poucos dias antes, a publicidade infantil foi escolhida como tema da redação do Enem a partir dessa matéria de autoria das jornalistas Paula Adamo Idoeta e Mariana Della Barba, publicada no site da BBC Brasil em 25 de abril de 2014. Apesar de parecer nova, essa discussão acontece há anos e ainda não existe uma solução concreta, uma vez que a indústria trata as crianças como consumidores e não como cidadãos que são desde a Declaração, em 1959.

De acordo com a Resolução n. 163 da Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) publicada no Diário Oficial da União em 04 de abril de 2014, “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” é considerada ilegal perante ao Código de Defesa do Consumidor. A resolução proíbe o direcionamento de anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchandising, ações em shows e apresentações e nos pontos de venda ao público infantil.

 

Os abusos na prática da publicidade dos pequenos

Apesar da proibição, centenas de produtos licenciados de todos os personagens imagináveis em produtos que vão de material escolar a roupas de cama, além de brinquedos, estão por aí. Eles aparecem nos anúncios em intervalos comerciais, contrariando todos os aspectos que a Resolução considera abusivos na prática da publicidade infantil, tais como:

  • Linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores;
  • Trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança;
  • Representação de criança;
  • Pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;
  • Personagens ou apresentadores infantis;
  • Desenho animado ou de animação;
  • Bonecos ou similares;
  • Promoção com distribuição de prêmios ou brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil;
  • Promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

Quase oito meses se passaram desde que a resolução foi oficializada e é notável que pouco ou quase nada tenha mudado na prática. Enquanto a Associação Nacional de Jornais e outras associações reconhecem a legitimidade constitucional da resolução, a Abrinq (Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos) e a Abral (Associação Brasileira de Licenciamento) são contrárias à essa lei e emitiram em notas distintas que a proibição “tira da criança o acesso à informação” e que “o setor precisa unir forças e atuar conjuntamente para defender nossos interesses”, respectivamente.

O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), órgão responsável por policiar a publicidade no país, também se posicionou contra a medida da Conanda, alegando que a pesada decisão do Poder Legislativo é uma ofensa à liberdade de expressão e despreza o direito “que cada família tem de criar seus filhos da maneira que achar correta”. O Conar contraria um dos códigos da própria entidade, que “proíbe o apelo imperativo de consumo infantil e propõe que os anúncios devam refletir cuidados especiais em relação à segurança”.

 

A regulamentação da publicidade infantil pelo mundo

Veja a diferença entre o Brasil e outros catorze países sobre a regulamentação da publicidade infantil:

Créditos: Folha de São Paulo
Ao redor do mudo: a publicidade de alimentos para as crianças. Fonte: Folha de São Palo
  • SUÉCIA
  • Proibida a publicidade televisiva dirigida às crianças menores de 12 anos antes das 21h;
  • INGLATERRA:
  • Proibida a publicidade de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal dentro  durante a programação televisiva para o público menor de 16 anos;
  • BÉLGICA:
    Proibida a publicidade infantil nas regiões flamencas;
  • ESTADOS UNIDOS:
    Limite de 10 minutos e 30 segundos de publicidade por hora nos finais de semana e de 12 minutos por hora em dias de semana. Proibido o merchandising testemunhal;
  • ALEMANHA:
    Os programas infantis não podem ser interrompidos pela publicidade;
  • CANADÁ:
    Proibida a publicidade de produtos destinados às crianças em programas infantis. Em Quebéc, é proibida qualquer publicidade destinadas às crianças de até 13 anos em qualquer mídia;
  • DINAMARCA:
    Proibida qualquer publicidade durante os programas infantis e, ainda, por 5 minutos antes e depois dos programas;
  • IRLANDA:
    Proibida qualquer publicidade durante programas infantis na televisão aberta;
  • HOLANDA:
    Não é permitido publicidade dirigida às crianças com menos de 12 anos na televisão pública;
  • ÁUSTRIA:
    Proibido qualquer tipo de publicidade nas escolas;
  • ITÁLIA:
    Proibida a publicidade de qualquer produto ou serviço durante desenhos animados;
  • GRÉCIA:
    Proibida a publicidade de brinquedos entre 7h e 22h;
  • PORTUGAL:
    Proibida qualquer tipo de publicidade nas escolas;
  • NORUEGA:
    Proibida qualquer publicidade direcionada à crianças com menos de 12 anos. Proibida qualquer publicidade durante os programas infantis.

 

Presentes para compensar a ausência

Por passarem pouco tempo de qualidade com os filhos, alguns pais preferem fazer a vontade dos pequenos consumidores que, por vezes, ditam as regras de consumo em casa. Os pais não negam o acesso dos filhos a determinados “desejos” e chegam a se endividar. Os presentes não compensam a falta de tempo e ausência dos pais. É o que esclarece a psicóloga Fabiane Bortoluzzi Angelo: “O consumo exagerado não vai em absoluto saldar a necessidade de convívio, apesar de por alguns breves momentos possa essa sensação parecer existir”.

A psicóloga complementa que negar algo e expor os motivos pelos quais a criança não poderá ter acesso à determinado objeto é fundamental para a saúde psíquica e o desenvolvimento infantil. Presentes ganham valor ao invés de significado, muito se perde nesse câmbio irresponsável. Fabiane afirma que é possível ter, mas que é fundamental sabermos porque desejamos e por que podemos ou não ter algo. Esse comportamento é desenvolvido desde a infância e são os adultos que devem ensinar isso às crianças.

Considerando que as crianças brasileiras são as que mais assistem televisão no mundo (cerca de 5 horas e 20 minutos por dia) e que a a propaganda destinada ao público infantil é totalmente desregulada no país, os pequenos são bombardeados com desejos condicionados graças à prática da publicidade abusiva e ilegal.

Ao serem encorajadas pela publicidade abusiva a desejar sem motivo e a consumir, as crianças, ainda incapazes de discernir o precisar do querer, sequer sabem por que querem determinado brinquedo. Lentamente, esse comportamento substitui o natural (e esperado) que é brincar por uma competição acirrada de “quem tem mais” e uma sensação de poder, de sentir-se mais por ter mais, além de colaborar com a adultização, obesidade infantil e desenvolvimento precoce enquanto ainda são muito imaturos. E aí pode morar um perigo importante.

“Quando a inexistência ou ineficiência do brincar se apresenta, o risco de termos alguma dificuldade também se apresenta”, relata Fabiane. Isso acontece porque é brincando que a criança é exposta ao sentimento de frustração, por exemplo. Ela aprende a lidar com isso ao observar outras pessoas, sejam adultos ou outras crianças.

“No momento que uma criança pede exageradamente por algo, não é disso que ela está precisando. Um brinquedo pode faze-la passar algum tempo com ele, o que oferta essa falsa sensação de que todos fizeram sua parte”, explica a psicóloga.

O pediatra e psicanalista D.W. Winnicott, em seu vasto estudo sobre o brincar, aponta que um brinquedo em si não faz uma criança , de fato, brincar. O brinquedo é pensar e ter um desejo realizado enquanto o brincar é responsável pelo processo criativo, incentivando o desenvolvimento do pensar, conhecer e aprender.

“É imprescindível analisar e exercitar a sensibilidade e o cuidado para com nossas crianças. Elas precisam e dependem de nós, adultos, para terem um desenvolvimento esperado e se tornarem adultos capazes de cuidar, amar e educar outras crianças”, encerra a psicóloga, relembrando algo que jamais deveria ser esquecido. A boa notícia é que existe uma maneira de amenizar essa situação.

Para assistir ao documentário “Criança, a alma do negócio”, clique aqui.

Leia mais: Parte II – A brincadeira deve recomeçar

 

Por Bibiana Campos, para a disciplina de Jornalismo Online

São tantas as preocupações cotidianas, que cuidar da saúde financeira do nosso bolso acaba se tornando uma tarefa complicada. Mas todo cidadão pode desenvolver habilidades para melhorar sua qualidade de vida e a de seus familiares, a partir de atitudes ou novos comportamentos que envolvam conhecimentos básicos sobre gestão de finanças pessoais aplicados no seu dia a dia.

Para auxiliar na educação financeira, o Centro Universitário Franciscano (Unifra) possui um projeto de chamado “Clínica de Finanças e Práticas em Psicologia”. O projeto nasceu a partir de estudos em  consumo, finanças e planejamento, do professor Alexandre Reis, com o objetivo de inserir os alunos do Curso de Economia diretamente dentro da sua área de atuação. Segundo o professor “a idéia era fazer que os alunos vestissem o avental de economista e trabalhassem na área”.

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O professor Reis em atendimento na “Clínica de Finanças e Práticas em Psicologia”. Foto: Roger Haeffner

Para criar o projeto, o professor buscou experiências realizadas em Portugal, que é um grande centro de referência em projetos de extensão que relacionam as práticas profissionais com a academia e a sociedade. Desde 2013, “Clínica de Finanças e Práticas em Psicologia” contempla três áreas – Economia, Psicologia e Direito – que se uniram com o propósito de ajudar a comunidade santa-mariense a sanar esta demanda.

“A questão não é apenas econômica, o endividamento acaba tomando uma amplitude muito maior, acarretando ao endividado problemas psicológicos e de cunho legal”, enfatiza Reis.

Consumidores bem educados financeiramente demandam serviços e produtos adequados às suas necessidades e desempenham papel relevante no monitoramento do mercado.

 

NOSSA RELAÇÃO COM O DINHEIRO

Desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações ligadas ao dinheiro. Para tirar melhor proveito, é muito importante saber como utilizá-lo da forma mais favorável a você.  Alguns comportamentos são básicos para evitar problemas. As pessoas precisam fazer escolhas cada vez mais conscientes, avaliar sobre suas reais necessidades e desejos de consumo e a viabilidade de transformá-los em realidade, organizar-se por meio de planejamento e evitar que os efeitos dessas escolhas afetem de forma negativa a qualidade de vida no presente e no futuro.

O aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos de educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão das suas finanças pessoais tendem a tornar sua vida mais tranquila e equilibrada. Os especialistas da Clínica sugerem algumas dicas práticas, como estas listadas abaixo, que fazem parte da Cartilha do Superendividado – disponível na própria Clínica, que também presta atendimento personalizado e consultorias:

 

OS 10 MANDAMENTOS DA PREVENÇÃO AO SUPERENDIVIDAMENTO:

1-    Não gaste mais do que você ganha.

2-    Tenha cuidado com o crédito fácil.

3-    Não assuma divida sem antes refletir e conversar com sua família.

4-    Leia o contrato e os prospectos.

5-    Exija a informação sobre a taxa de juros mensal e anual.

6-    Exija o prévio cálculo do valor do total da dívida e avalie se é compatível com sua renda.

7-    Compare as taxas de juros dos concorrentes.

8-    Não assuma dívidas em benefício de terceiro.

9-    Não assuma dívidas e não forneça seus dados por telefone ou pela internet.

10-Reserve parte de sua renda para as despesas de sobrevivência.

 Para ter melhores sugestões de como administrar suas finanças ou sanar sua preocupação financeira, procure o atendimento da “Clínica de Finanças e Práticas em Psicologia” do Centro Universitário Franciscano (Unifra), localizada na avenida Rio Branco número 639, junto ao prédio do PROCON.

Quer saber se está superendidividado? Faça o teste aqui.

Por Roger D Bonfanti Haeffner, para a disciplina de Jornalismo Online

 

 

 

 

 

 

 

 

A partir de amanhã, quarta (25), passa a vigorar a Campanha Validade em Dia, promovida do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sindigêneros) e do Procon/SM. Por conta disto, o consumidor que encontrar no supermercado qualquer produto fora do prazo de validade, terá o direito de receber outro com a validade em dia, sem precisar pagar pelo produto.  As regras valem para todos os estabelecimentos filiados ao Sindigêneros, que estarão identificados com os cartazes da campanha.

A iniciativa é pioneira no Estado do Rio Grande do Sul e contempla a participação dos fornecedores e consumidores no processo de educação para o consumo. “Muito mais do que identificar produtos fora da validade, os consumidores se reconhecem como sujeitos de direitos e passam a contribuir

O coordenador do Procon/SM, Vitor Hugo do Amaral Ferreira(centro) defende a fiscalização dos produtos. Foto: Guilherme Bicca

com a fiscalização das relações de consumo, ao passo que os fornecedores se tornam vigilantes com seus deveres”, defende o coordenador do Procon/SM, Vitor Hugo do Amaral Ferreira.

O coordenador adverte que o Código de Defesa do Consumidor prevê no art. 4º que a Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores; o respeito a sua dignidade, saúde e segurança; a proteção de seus interesses econômicos; a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo.  Com base nestes pressupostos, acrescenta Ferreira, a campanha proporciona a construção de uma ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor, agregando esforços no intuito de educar e informar fornecedores e consumidores quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo.

A campanha foi lançada nesta manhã, no Gabinete do Prefeito, pelo coordenador do Procon/SM, Vitor Hugo Ferreira e pelo presidente do Sindigêneros, Gilberto Cremonese.

Texto: Vera Jacques, jornalista da Prefeitura Municipal de Santa Maria