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Bairro do Rosário

Projeto ComVIDA em exposição na Sala Angelita Stefani

Nessa quarta-feira,12, a sala de exposições Angelita Stefani abriu a portas para a exposição “ComVIDA”, um projeto de extensão do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Franciscana. A sala de exposições fica no prédio 14 do

O Pôr do Sol no bairro do Rosário

Contar histórias de um bairro de Santa Maria. Essa é a proposta da página do Facebook Pôr do Sol do Rosário, projeto criado no primeiro semestre de 2015 pelos alunos da disciplina de Jornalismo Online, no

Rosário, o bairro resiste entre chalés e edifícios

O bairro Nossa Senhora do Rosário – ou bairro do Rosário como é chamado pelos moradores – existe desde o final do século XIX e se desenvolveu em torno da igreja do mesmo nome; ela inclusive continua sendo

Um dos ambientes da exposição para os visitantes acompanharem as fotografias. Fotos: Mariana Olhaberriet/LABFEM

Nessa quarta-feira,12, a sala de exposições Angelita Stefani abriu a portas para a exposição “ComVIDA”, um projeto de extensão do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Franciscana. A sala de exposições fica no prédio 14 do conjunto III da UFN, e estará com a exposição até o dia 21 de Junho, durante as manhãs e tardes. No local estão expostas as ações que foram realizadas pelos alunos e professores, durante este primeiro ano de projeto.

Trabalhos desenvolvidos sobre o Bairro Nossa Senhora do Rosário. 

O projeto de extensão ComVIDA é uma iniciativa do curso de Arquitetura e Urbanismo, e conta com o apoio do curso de Design. O  projeto teve início em agosto do ano passado com a temática das cidades, vivenciando o ambiente urbano e ocupou o bairro Nossa Senhora do Rosário como objeto de trabalho.  Em um ano de trabalho foram desenvolvidos estudos sobre o bairro e realizadas atividades como a intervenção da Praça Hermenegildo Gabbi em dezembro. Neste ano de 2019 foi criado um concurso fotográfico, o #RosárioNovosOlhares, que  circulou pelo instagram e mobilizou a comunidade que tinha como objetivo divulgar fotos do bairro.

Painel com as fotografias escolhidas. 

A exposição traz a trajetória das atividades realizadas e a divulgação das 10 fotos que participaram do concurso e foram escolhidas através de um juri, além de fotografias que documentam a trajetória do projeto.

O projeto ComVIDA recebe o apoio de alunos de todos os semestres, que se voluntariaram e escolheram participar dessa ação junto aos seus professores. A coordenação éda professora do curso de Arquitetura e Urbanismo, Juliana Guma, com o apoio de Marina de Alcântara, também professora do curso.

 

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A farmácia Poupe Mais na esquina da Silva Jardim com a Serafim Valandro tem sido alvo de frequentes assaltos. Agora trabalha com as portas fechadas. Fotos: Fernando César Rodrigues. Lab. Fotografia e Memória

Que a insegurança em Santa Maria está cada dia maior, não é novidade. O número de assaltos referentes aos pontos comerciais da cidade aumentou 31% se comparado aos dados da Brigada Militar em 2015.

O bairro Nossa Senhora do Rosário, no centro da cidade, é um dos que mais registram casos de roubos e furtos, por isso moradores, estudantes, comerciantes e pessoas que trabalham no local estão assustados. O bairro tornou-se um alvo aos assaltantes pela ausência de policiamento e a grande concentração de pessoas em função do Centro Universitário Franciscano.

De acordo com a gerente da Farmácia Poupa Mais, Maira Mahfuz, alguns funcionários já pediram demissão por  medo dos assaltos, frequentes no local.

O alvo principal são estabelecimentos de pequeno porte, como farmácias, sorveterias e mercados familiares. Algumas das maneiras encontradas pelos proprietários para proteção e prevenção à roubos e furtos é utilizar câmeras de monitoramento. Em alguns casos, como da Farmácia Poupe Mais que neste ano já foi alvo de assaltos quatro vezes, a medida é extrema. O atendimento aos clientes é feito à portas fechadas, na busca por segurança. “Nós fechamos a porta e abrimos só quando algum cliente chega e aperta a campainha. É uma forma nos mantermos seguros e também preservarmos nossos clientes”, explica Maira.

Já na esquina da rua Duque de Caxias com a rua Silva Jardim, a Tchê Farmácias foi assaltada nove vezes. Dois destes incidentes ocorreram a um mês e meio, e o prejuízo foi de pelo menos R$ 200,00. Segundo a funcionária Nathália Beckert, a forma encontrada pelos funcionários para aumentar a segurança do estabelecimento foi contratar um segurança e manter sempre dois funcionários no atendimento.

Na Sorveteria São João, próxima à esquina das ruas Conde de Porto Alegre e Silva Jardim,  a funcionária Marli Rosana diz que “não sabe como ainda está viva” após o último assalto sofrido à cerca de um mês.  Segundo ela, os assaltantes se fizeram passar por clientes e foram violentos ao anunciar o assalto. No estabelecimento são os próprios funcionários que fazem a segurança. “Um de nós fica no lado de fora para cuidar se tem algum movimento suspeito. Tá difícil para trabalhar”, salienta Marli.

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Moradores reclamam da falta de segurança no bairro do Rosário

De acordo com os donos de estabelecimentos e moradores do bairro Nossa Senhora do Rosário, o patrulhamento por parte da Brigada Militar e da Guarda Municipal é praticamente inexistente. Edson Batista Stribe, que possui um bar ao lado do Conjunto III do Centro Universitário Franciscano, acredita que a delegacia da Polícia Civil e a DPPA (Delegacia de Polícia de Primeiro Atendimento), localizados no bairro, não intimidam as ações de quem pratica assaltos e furtos na região. Para ter uma maior segurança, Stribe considera que “deveríamos ter um posto da Brigada Militar aqui no Rosário, afinal eles que são os responsáveis pelo patrulhamento”.

Além da insegurança constante, a população que frequenta o bairro reclama de ameaças sofridas por meio dos flanelinhas. Uma moradora que não quis ser identificada classificou o local como “Terra de Ninguém” e diz que, junto com os vizinhos e comerciantes, já encaminhou várias solicitações para que a Brigada Militar reforce a segurança do local. Até o momento o problema não foi solucionado. A reportagem constatou também o medo dos moradores e proprietários de comércio local de uma exposição na mídia. Muitos se recusaram a falar porque serem alvos de futuros roubos e furtos.

Contar histórias de um bairro de Santa Maria. Essa é a proposta da página do Facebook Pôr do Sol do Rosário, projeto criado no primeiro semestre de 2015 pelos alunos da disciplina de Jornalismo Online, no curso de Jornalismo da Unifra, e coordenado pelo professor Maurício Dias.

“Naquela época, a proposta era trabalhar com o jornalismo participativo, incentivando as pessoas a compartilharem fotos do pôr do sol no bairro do Rosário”, explica o professor. A proposta ampliou-se e a página começou a vincular pequenas reportagens do bairro feita pelos alunos. “A ideia foi colocar fotos e contar micro histórias de pessoas comuns, sair um pouco da história daquelas pessoas famosas ou pessoas proeminentes, contar histórias do cotidiano, trabalhar um pouco o lado humano que acho que é fundamental para a construção da formação do jornalista”, comenta.

A estudante Amanda Souza, 20 anos, foi uma das alunas que fez parte da criação do projeto. “Foi legal porque a gente não saia com uma pauta pronta, mas sim para escutar histórias que as pessoas tinham para contar. O Pôr do Sol do Rosário é importante para a região porque, além de eu ter conhecido muitas coisas do bairro, quem curtia a página ia conhecendo também”, ressalta. Para ela, o projeto ajudou a desfazer estereótipos. “O bairro tem uma ideia de ser um pouco perigoso, mas a página quebrou um pouco essa questão”, completa.

“Aprendemos que a entrevista não é só fazer perguntas, mas é saber ouvir, que faz parte da empatia, se colocar no lugar do outro, não ficar toda hora querendo respostas rápidas. Às vezes, o que existe de mais interessante na entrevista não está nas duas primeiras perguntas, mas está no que ela vai contar que não se esperava”, destaca o professor e jornalista Maurício. Três semestres após a criação do projeto, o Pôr do Sol do Rosário conta com mais de 2 mil curtidas. Atualmente, é administrado pelos alunos da disciplina de Jornalismo Digital, que continuam em busca de memórias de um bairro tão querido pelos moradores do coração do Rio Grande do Sul.

Para quem quiser conhecer o trabalho dos alunos e compartilhar momentos do pôr do sol, basta acessar a fanpage Pôr do Sol do Rosário.

 

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O verde das árvores na Rua do Rosário. Fotos: Rodrigo Souza. Lab. de Fotografia e Memória

O bairro Nossa Senhora do Rosário – ou bairro do Rosário como é chamado pelos moradores – existe desde o final do século XIX e se desenvolveu em torno da igreja do mesmo nome; ela inclusive continua sendo a referência principal para quem quer se localizar na região. O “Rosário” não cresceu em extensão e ainda é  residencial em sua maior parte. Antigos chalés de madeira resistem ao tempo, enquanto outros cederam o lugar a pequenos edifícios ou a casas de alvenaria. Ainda assim, ele mantém sua identidade entre ruas, becos, ruelas, praça e vilas, constituindo sete unidades residenciais, como é possível ver no mapa.

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A construção de prédios de pequeno porte substituem os antigos chalés.

O Beco do Otávio, entre as ruas Uruguaiana e Visconde de Pelotas, também é popularmente conhecido como “o Beco das sete facadas”, em alusão a um crime ocorrido no local há muitos anos.

Ele vizinha com o loteamento Noêmio Lemos que se delimita ao norte, com a Rua Lucídio Gontan; ao leste, com a Rua Visconde de Pelotas; ao sul, com a Rua Silva Jardim e ao oeste com a Rua Otávio Lemos.

A Vila Bortola se comunica ao norte, com a antiga linha férrea da fronteira; a leste, faz fronteira com a Rua Barão do Triunfo; ao sul, com a Rua Ernesto Becker e ao oeste, com a Avenida Borges de Medeiros. Sua vizinha, a Vila Menna Barreto, também é delimitada ao  norte pela antiga ferrovia; a leste, faz divisa com a Vila Osvaldo Beck e a Rua Serafim Valandro; ao sul, com a Rua Silva Jardim; ao sudoeste, com a Rua do Rosário e ao oeste com o fundo dos lotes que confrontam a leste para as Ruas Conde de Irajá e São Francisco.

RosárioA  Vila Osvaldo Beck também acompanha ao norte a linha de ferrovia e tem ao leste a Rua Floriano Peixoto; ao sul, seus lotes são delimitados ao norte com a Rua Coronel Ernesto Becker; ao oeste, com a Rua Amélia Rodrigues e fundos com a Rua São José.

Já a Vila Oficina Ramos, também delimitada ao norte pela antiga linha férrea, tem ao leste a Rua Uruguaiana; ao sul, o fundo dos lotes que confrontam ao norte com a Rua Aristides Lobo; e a oeste a Avenida Borges de Medeiros. Por fim,  a unidade do Rosário propriamente dito,  que corresponde à área do perímetro do Bairro Nossa Senhora do Rosário sem denominação específica.

Segundo dados do IBGE (censo de 2010), o bairro é o 15º mais populoso de Santa Maria e o sexto mais povoado. Há  moradores com 100 anos ou mais e a população feminina. A proporção é de quatro moradoras para cada morador.

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Bares movimentam a noite no Rosário.

O bairro vizinha com o Centro Universitário Franciscano,  na rua Silva Jardim, o que torna a região movimentada e alvo das construtoras com foco nos alunos. Muitos prédios foram erguidos nos arredores, onde antes havia chalés. E quase na mesma proporção, bares  surgem no entorno, como ponto de referência da juventude. É o caso do Boteco do Rosário há mais de cinco anos funcionando em frente à igreja. Ao lado dele, o recém inaugurado “Meu escritório”, aberto no local onde antes ficava uma distribuidora de bebidas; e o Stribe, na esquina da Silva Jardim com a Duque de Caxias, sempre repleto de jovens que ali ficam ao saírem das aulas.