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Candidaturas Coletivas ganham força no interior

Uma forma de representatividade ganhou força nas eleições municipais de 2020. Apesar de não ser novidade, as Candidaturas Coletivas chamam atenção ao aproximar a população das tomadas de decisões, pautando maior legitimidade e aprimoramento da cultura

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Decepções e dúvidas marcam o primeiro turno das eleições 2018

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Candidaturas coletivas aproximam a população da tomada de decisões. Imagem: StartupStockPhotos por Pixabay

Uma forma de representatividade ganhou força nas eleições municipais de 2020. Apesar de não ser novidade, as Candidaturas Coletivas chamam atenção ao aproximar a população das tomadas de decisões, pautando maior legitimidade e aprimoramento da cultura política. No Brasil, ganharam expressão com a “Bancada Ativista”, que em 2018 conquistou uma cadeira na maior Assembleia Legislativa do país, e esse não é um mero detalhe: São Paulo é o maior estado da federação, o que naturalmente contribui para uma maior visibilidade. No interior do Rio Grande do Sul, ganharam proporção nas eleições de 2020, com candidaturas presentes na capital e no interior do estado, propondo a intervenção direta da população nas tomadas de decisões nos próximos quatro anos.

Mas como funciona um mandato coletivo? Bruna Gubiani, titular da Candidatura Coletiva pelo PCdoB, é presidente do DCE da UNIJUÍ, há 9 anos no movimento estudantil e acredita na política construída de forma coletiva. Para isso se uniu com Ana Carolina Monteiro, Luciana Bohrer, Tarcila  Padilha e Etienne Raseira,  quatro outras “co-candidatas”, de diferentes setores de atuação, que ingressaram no campo político pautadas pela responsabilidade social de participação popular. A ideia foi bem recebida na comunidade, apesar de ainda ser uma novidade para a maioria dos eleitores.

Pela constituição brasileira a candidatura é vista como um ato individual. Dessa forma, nem mandato e nem a candidatura coletiva existem oficialmente. Sendo assim, no modelo atual, as co-candidatas, se eleitas, participam no gabinete da parlamentar titular e lá atuam nos bastidores, nas discussões e debates políticos, além de reforçarem os elos com a comunidade. Cada coletivo divide as tarefas a sua maneira, estabelecendo estatutos, onde se organizam por acordos para tratar das divisões salariais e também das tarefas de cada membro.

No entanto, a ideia é vista com receio pelos que possuem um olhar mais pragmático do ofício legislativo. Pela ausência de previsão legal, apenas o titular, inscrito com seu CPF e imagem na urna eletrônica, pode discursar e votar no parlamento. Porém, segundo Bruna, o voto individual é apenas uma questão de responsabilização jurídica pois, independente disso, a decisão do mandato é tomada coletivamente. Nesse sentido, a PEC 379/17 é um projeto de emenda constitucional que visa legitimar os mandatos coletivos. Contudo, ela está parada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) desde 2017.

Crise de representatividade

O sentimento – e a necessidade – de renovação no espaço de debate público é bem conhecido entre os brasileiros na última década. Rafael Lapuente, mestre e doutor em História das Sociedades Ibéricas e Americanas e especialista em História Política do Rio Grande do Sul Republicano pela PUC-RS, faz uma análise sobre o cenário político que,  tomado por instabilidades e escândalos, acarretou, segundo ele, no descolamento entre a política “de gabinete” e a política “de rua”.

Parte desse descrédito com as instituições vêm das complexidades impostas para que os cidadãos possam exercer efetivamente a participação e a contestação exigidas em uma democracia saudável. As enormes dimensões continentais do Brasil fazem com que a representação indireta facilite a tomada de decisões em torno de leis e demandas relativas ao meio público: em vez de toda a população ter de participar do processo, um grupo muito menor fará isso por ela.  Entretanto, a comunicação horizontal alterou as formas de relação entre o Estado e a sociedade, emergindo a necessidade de maior presença da população no debate.

Nesse sentido, Lapuente comenta que esses acontecimentos acarretam no surgimento de movimentos que ocupam, em algum grau, o esvaziamento da representação partidária para uma parcela significativa da população, e que, por outro lado, busquem um método de fazer política concatenado com a demanda, já antiga, de “nova política”, mas fazendo disso um sentido mais concreto do que o tradicional, abstrato, que na prática não passa de um discurso vazio.

O velho e o novo

A formulação dos parlamentos atuais, estruturados nos partidos políticos e seus interesses, embarga dificuldades às propostas de aproximar as tomadas de decisão da comunidade. Bruna defende a criação de um aplicativo que possa colocar a população a par das questões que estão sendo votadas no âmbito legislativo. Nesse ponto, se ampliam as divergências com os interesses fisiológicos pois agremiações, que visam atuar de forma independente do partido, podem vir a ter problemas em partidos que visam construir um programa, uma linha de ação. No entanto, segundo o professor Lapuente, é um caso que parece ser diferente, pois a sintonia com o partido vem antes.

Ao ser questionado se as candidaturas poderiam ser algum mecanismo para angariar votos de um número maior de eleitores, além de serem formas de aproveitar a onda de rejeição à política tradicional, utilizando o coletivo como uma tática eleitoral, o professor afirma que “ao votar na candidatura coletiva, passa-se a impressão de que está se votando em um conjunto de pessoas que trabalharão juntas, e, além disso, o fator ‘novidade’ desse modelo também atrai a atenção dos eleitores. Porém, isso não pode ser visto como algo negativo. A luta política é uma luta por representação, por disputas de representação, e ser visto e reconhecido é um fator fundamental no campo político – portanto, nunca pode ser visto como ilegítimo”.

A vontade de participar

A difusão da internet, de alguma forma, contribuiu para a organização dos debates políticos. Podemos falar da questão da qualidade desse debate, entretanto, a presença dessas discussões é cada vez maior. O desafio, nesse sentido, é encontrar um meio em que a relação real política versus eleitorado não caia em outro problema, comum quando há esse descolamento, que é o do populismo.  No cenário atual, presenciamos uma política de baixa intensidade.

Prof. Lapuente lembra que os plebiscitos, tão usados na Europa, poderiam ser mais praticados no Brasil. Segundo ele, eles seriam uma forma de dividir o poder decisório do parlamento e do Executivo. Entretanto, é um mecanismo usado de forma absolutamente esporádica. O Brasil teve uma experiência riquíssima na década de 1990: o Orçamento Participativo. Por meio de plenários, a população definia, por região, onde o município alocaria verbas. Era a população, organizada, que participativa do Orçamento. Muitos asfaltos, escolas, obras de saneamento, regularização fundiária, entre outros, foram definidos pelo OP.

De fato, é necessário que haja alterações no Estado brasileiro, com vistas a entender as profundas mudanças na sociedade a emergência de novos indivíduos, mais conectados. As democracias contemporâneas tendem a ser um espaço coletivo de diálogo e deliberação, e não somente devem permanecer em um contexto formal de instituições das quais emerge uma “vontade geral”. Para que amplie a legitimidade do poder, é preciso que haja mais transparência na tomada de decisões, pois não basta apenas uma “vontade de todos”, mas sim a participação efetiva de todos os interessados nas soluções aos problemas do Estado e da sociedade.

Texto de autoria de Petrius Dias, produzido na disciplina de Produção da Notícia.

Conferência de Cultura elegeu novos membros do Conselho. Fonte: Comunicação PMSM

Na sexta-feira, 30, a Conferência Municipal de Cultura 2019, que reuniu dezenas de artistas e produtores culturais do município, chegou ao fim. O encerramento ocorreu a noite, com a nomeação dos novos membros do Conselho Municipal de Política Cultural.

A conferência proporcionou três dias de troca de experiência, palestras e workshops, tendo como objetivo promover uma capacitação aos artistas e produtores locais para que concorram em editais. O evento foi realizado no Salão Azul da Universidade Francisca (UFN) e, durante a noite de sexta-feira, foi realizado o painel “Captação de Recursos – Concepções e Práticas” com a gestora da empresa Cida Cultural, Maria Aparecida Herok.

A posse dos eleitos ao Conselho de Política e Cultura irá acontecer na noite de quarta-feira, 4 de setembro, no Theatro Treze de Maio. A Prefeitura de Santa Maria dará posse aos novos membros e também será realizada uma solenidade de encerramento do mês da cultura. Conforme o Poder Público, foram computados 210 votos.

Confira os conselheiros eleitos:

Segmento Artes Visuais:
Stéfani Trindade Agostini

Segmento Artesanato:
sem conselheiro eleito

Segmento Audiovisual: 
Luciano de Monte Ribas

Segmento Circo:
Nathally Weber

Segmento Cultura Afro-brasileira:
Sandra Beatriz Aires dos Santos

Segmento Cultura Digital:
Maurício de Souza Fanfa

Segmento Cultura Indígena:
sem candidatos inscritos

Segmento Cultura Popular:
Paulo Ronaldo da Silva Martins

Segmento Cultura Viva:
Leila Ferreira de Souza

Segmento Dança:
Pâmela Fantinel Ferreira

Segmento Design:
Sem candidatos inscritos

Segmento Diversidade Sexuale de Gênero:
Marquita Quevedo

Segmento Instituições de Ensino Superior:
Carina Bohnert

Segmento Livro, Leitura e Literatura:
Jane Andiara Soares Zofoli

Segmento Moda:
sem candidatos inscritos

Segmento Música: 
sem candidatos inscritos

Segmento Patrimônio Arquitetônico:
Marcelo Pissutti

Segmento Patrimônio Histórico e Cultural:
Maria Candida da Silveira Skrebsky

Segmento Teatro:
Pablo Canalles

Segmento Tradição e Folclore:
Aline Zuse

 

Fonte: Superintendência de Comunicação Prefeitura Municipal de Santa Maria

Ato no centro de Santa Maria lembra um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco. Foto: Mariana Olhaberriet.

No dia 14 de março de 2018, Marielle Franco, vereadora carioca pelo PSOL, foi assassinada a tiros, juntamente com Anderson Gomes, motorista do veículo em que ela se encontrava, após participar de um evento na Casa das Pretas, no bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Após passado um ano sem resoluções, muitas pessoas ainda esperam por respostas.

Por isso, a última quinta-feira, 14, foi marcada por vários atos em memória de Marielle Franco pelo Brasil e em diversas cidades do mundo. Um desses eventos ocorreu na Praça Saldanha Marinho, organizado pelo PSOL de Santa Maria, e reuniu dezenas de pessoas que manifestaram o desejo de justiça e de responsabilização dos culpados pelo crime.

Maira Couto, 31 anos. Foto: Mariana Olhaberriet.

Uma das pessoas presentes foi a professora de 31 anos, Maira Couto, a qual falou um pouco para nossa equipe sobre a importância do ato. ”Isso tudo é para dar um alerta de basta. Porque todos os dias matam jovens, negros, e [esse ato] é  para não deixar  passar em branco. Tem um dado que fala que matam mais em favelas do que em guerras, então, na verdade, não é só pela Marielle, mas por todas essas mortes. É importante que isso não se transforme em algo habitual”, destacou.

Vinicius Moraes, 35 anos. Foto: Mariana Olhaberriet.

Vinícius Moraes, 35 anos, educador físico, também participou da manifestação. Ele trabalha com serigrafia em camisetas de movimentos ativistas com o intuito de expressar mais uma voz através da arte. Segundo ele, o caso da morte de Marielle é mais um em meio a tantos outros ativistas que são mortos por apenas expressarem suas vozes e buscarem por direitos iguais na sociedade. Ele destaca a importância do ato para mostrar que ninguém irá se calar para atrocidades como o caso do assassinato da vereadora carioca.

A equipe ACS entrou em contato com o PSOL de Santa Maria que não quis se pronunciar.

 

As eleições 2018 encerraram neste domingo, dia 28 de outubro, quando ocorreu o segundo turno para escolha de presidente e de governador em alguns estados. Fase que reforça tanto quanto mudam as ideias de algumas pessoas diante de sua escolha. Contudo, um fator que segue presente é a quantidade de votos brancos ou nulos. Neste pleito, mais de 11 milhões de pessoas, o equivalente mais de 9% dos eleitores, optarem pelo voto inválido.

Como se sabe, há uma diferença entre votar nulo e em branco. “O aculturamento e a educação fazem parte da consciência coletiva, junto à responsabilidade do indivíduo sob sua escolha. O entendimento de que o regime democrático faz do cidadão protagonista traz a responsabilidade a ele”, explica o advogado Péricles da Costa, da OAB de Santa Maria. Para o advogado, o voto nulo não é a melhor opção. “O desconhecimento do processo eleitoral é o fator que leva a essas escolhas”, comenta.

O acompanhamento das candidaturas eleitorais é um fator determinante que pode ser motivo para que várias pessoas participem do segundo turno das eleições, mesmo sem se manifestarem na primeira etapa. O vereador Luciano Zanini Guerra, de Santa Maria, observa que pessoas que não votaram de forma válida na primeira etapa alegam escolher, o que chamam, de “candidato menos pior”.

A corrida eleitoral de 2018 trouxe muitas questões e adversidades, como as fake news. O cenário não é nada favorável. O Brasil enfrenta uma enxurrada de notícias falsas que circulam todos os dias na internet. A maioria delas aborda os candidatos à presidência no segundo turno, Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), e Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT). O que gera um desafio para a Justiça Eleitoral e para o Jornalismo. Nunca houve uma campanha eleitoral com tanta informação falsa no país, de acordo com a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Para a estudante Eduarda Raphaela de 18 anos, que votou pela primeira vez, as fake news influenciaram muito o voto da população. ‘’Eu sempre procurei a veracidade, mas meus familiares não. Eles compartilhavam muitas coisas sem saber se era verdade, acreditavam no que compartilhavam’’, comenta.

A justiça vem sendo muito cobrada para refrear esse tipo de ação na internet. Segundo a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, houve combate à  fake news, embora os resultados pudessem ser mais eficazes. Uma das principais ações feitas pela Comissão de Combate à Fake News, criada pela Justiça Eleitoral, foi a criação de uma página para rebater boatos e notícias falsas. Mesmo assim, a atuação do TSE tem sido criticada.

Para o professor Fernando Hoffman, do curso de Direito, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), ‘’esse posicionamento é meio fantasioso, vide as inúmeras ações do próprio Whatsapp e Facebook na retirada de diversos perfis e contas falsas, visando combater a proliferação de fake news”. O professor acrescenta que ficou claro o uso de notícias fraudulentas “por parte da campanha do candidato Jair Bolsonaro, o TSE não tomou as providências cabíveis, e agindo por meio de seus ministros de forma totalmente parcial com a retirada da propaganda veiculada pela campanha do candidato Fernando Haddad’’. Hoffman reforça que houve posicionamento da Justiça Eleitoral quanto às fake news, mas que, no entendimento dele, foi completamente falho, controverso e tendencioso.

Legislação quanto às fake news

O Código Eleitoral não prevê nada específico, inclusive utilizando o termo fake news. No entanto, a combinação dos artigos 222, 237, 323 e 324, tratam de situação que podem, ou, se enquadram no conceito de fake news. ‘’Ao meu ver, o mais claro é o artigo 323, do Código Eleitoral, que considera crime eleitoral a ação de “divulgar, na propaganda, fatos que se sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado”, pontuou o professor.

Em primeiro plano, mulher sentada de costas auxiliando outra mulher, em pé, a utilizar a biometria
Mesária realizando seu trabalho durante o segundo turno das eleições 2018 na escola Cândido Genro em Santiago. Foto: Emanuely Guterres

Aproximadamente 2 milhões de brasileiros foram convocados para trabalhar como mesários nas eleições de 2018. A participação do mesário no serviço eleitoral é importante, juntamente com os servidores da Justiça Eleitoral, tem a função de garantir a  segurança e normalidade da seção eleitoral, possibilitando ao eleitor se manifestar, de forma tranquila, livre e soberana seu direito de votar.

O mesário é o representante da Justiça Eleitoral que compõe a mesa receptora de votos. A administradora Carla Souza de Matos, 25, está na sua 4º eleição como mesária, junto com sua equipe de seção, na Escola Cândido Genro, em Santiago.O trabalho começou às 7h, com a busca das urnas e a organização do local para receber os eleitores das 8h às 17h.

Na sua seção em que atuou são quatro pessoas: o secretário, que organiza a fila e libera a entrada do eleitor; o 1º e o 2º mesários, que auxiliam o presidente ao identificar o eleitor e, o presidente, responsável por inserir os dados do eleitor no terminal conectado à urna.

Acresce-se a gratificação no exercício do mesário, desde os atos preparatórios, ainda nos encontros junto ao Tribunal Regional Eleitoral com as informações e conhecimentos recebidos, como na atividade propriamente dita desenvolvida no decorrer do dia das eleições. O trabalho culmina com a entrega do resultado da respectiva Seção Eleitoral, com a responsabilidade inerente a cada ato para atingir o resultado final. Esse trabalho autoriza que o resultado do pleito seja divulgado minutos ou horas após encerrada a votação, o que já é mais do que suficiente para enobrecer a tarefa.

Direitos

Boa parte dos mesários está regularmente empregada e, ao ser chamada pela Justiça Eleitoral, passa a ter alguns direitos previstos na Lei Eleitoral (Lei 9.504/97).Quem foi mesário nas eleições adquire um bônus em caso de empate em provas de concurso público e dois dias de folga no trabalho. Esses e outros benefícios servem para compensar o dia de trabalho. No entanto, segundo Carla, a maior vantagem é a contribuição com o processo eleitoral democrático, prestando um serviço à nação e contribuindo com a transparência.

Preparação    

A Justiça Eleitoral promove treinamentos na modalidade presencial e a distância para que os mesários desempenhem suas funções com excelência no dia da eleição. Para fazer o treinamento a distância é necessário uma chave de inscrição fornecida pelo cartório eleitoral. E, para facilitar, a atuação do mesário foi elaborado para auxiliar quanto ao fluxo de votos e para tirar dúvidas o Aplicativo Mesário, disponibilizado pela Justiça Eleitoral.

 Voluntariado

Para ser mesário voluntário basta entrar em contato com o TRE do Estado, por meio da internet ou pessoalmente. Mesmo que o TRE não tenha o programa Mesário Voluntário é possível se inscrever e se colocar à disposição, entrando em contato com o cartório eleitoral.

Ausência do mesário

Quando o mesário não pode atuar, segundo o art.  120,4º, do Código Eleitoral, tem o prazo de, no máximo, 5 dias após a convocação para alegar as razões de seu impedimento. Para isso, deve-se encaminhar a justificativa ao juiz da zona eleitoral em que está inscrito e aguardar a resposta que pode ser aceita ou não.

A polarização da eleição presidencial de 2018 alcançou diversas plataformas digitais de comunicação. O compartilhamento de notícias pelo aplicativo Whatsapp é recorrente entre os eleitores. A articulação de grupos nessa rede social pode ser vista por uma ótica positiva, já que possibilita discussões políticas, ou assumir um caráter negativo, já que torna-se uma rede de desinformação por meio da disseminação de notícias falsas. A influência do aplicativo nas eleições já é objeto de estudo das universidades brasileiras. Porém ainda não se efetivou uma regulamentação desse espaço virtual.

Maior discussão acerca do tema ocorreu após divulgação de reportagem da Folha de S.Paulo sobre prática ilegal na campanha de Jair Bolsonaro. O jornal revelou que empresas estavam comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o Partido do Trabalhadores (PT) no Whatsapp. Apesar do caso ser ilegal, porque a doação de campanha por empresas é vedada por legislação eleitoral, se torna também um alerta sobre como as autoridades brasileiras estão preparadas para lidar com as propagandas de campanha virtual.

Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se posicionou frente ao uso do Facebook e do Google durante as eleições. No entanto, quanto ao Whatsapp o órgão eleitoral ainda não apresentou regulamentação. Segundo Aline Gomes, advogada e professora de Direito, as propagandas eleitorais podem ocorrer por meio da internet, o que está regulamentado na Lei 9.504 de 1997. Também afirma que, segundo a lei, é proibido que a propaganda seja feita por meio de perfis falsos, a partir das chamadas fake news, que são notícias compartilhadas sem que se comprove a veracidade das informações.

No que se refere à criminalização, a professora salienta que o Código Eleitoral prevê a responsabilização pelos crimes de calúnia, injúria e difamação, quando estes estiverem atrelados às questões eleitorais. Contudo, para que haja a caracterização dos referidos crimes é necessário que eles sejam cometidos na própria propaganda eleitoral ou para fins de propaganda, o que dificulta a identificação, pois, muitas vezes, as fake news, são feitas por terceiros, de forma “despretensiosa” e disseminadas sem vinculação a um determinado candidato ou com objetivo direto de propaganda.

Desse modo, o aplicativo é utilizado por muitos eleitores como fonte principal das informações sobre as eleições. Segundo pesquisa do Datafolha, 47% dos eleitores acreditam nas notícias que recebem pelo whatsapp. No mesmo levantamento, quando questionados sobre os conteúdos, 44% disseram que receberam material falando mal de Jair Bolsonaro e do partido dele no último mês e 47% disseram que receberam conteúdo falando mal de Haddad e do partido dele no último mês. A pesquisa foi realizada com 9.173 eleitores em 341 municípios. Em um estudo anterior, o instituto apurou que 61% dos eleitores de Jair Bolsonaro leem notícias pelo aplicativo e 40% compartilham notícias da plataforma. Com Fernando Haddad, a pesquisa identificou 38% e 22% respectivamente.

Em Santa Maria, três estudantes foram questionadas sobre o uso do Whatsapp durante as eleições. Jéssica Carvalho, psicóloga e estudante de Sociologia, 26 anos, afirma que recebe frequentemente mensagens relacionadas às eleições no aplicativo, e que apesar de sempre verificar a veracidade das informações, pensa que as mensagens que recebe não são verificadas e fundamentadas com cunho científico e verídico. Júlia Ciervo Zucchetto, estudante de Psicologia, 19 anos, diz que seus contatos encaminham diariamente mensagens políticas no Whatsapp, e também acredita que as mensagens não são checadas por quem as enviou. Cássia Selso Camargo, estudante de cursinho pré-vestibular, 22 anos, declara que já recebeu mensagens eleitorais, mas que estas não provocaram nenhuma percepção de mudança sobre os candidatos.

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a supervisão dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

Os eleitores brasileiros pouco têm o hábito pesquisar sobre os presidenciáveis,  ainda que parte do futuro do país dependa das escolhas feitas na eleição do dia 7 de outubro de 2018. Para saber mais sobre o posicionamento do público santa-mariense, a Agência Central Sul saiu às ruas para ouvir como as pessoas tem percebido o cenário político atual.

O estudante Gabriel Oliveira, 22 anos, está pesquisando os projetos dos candidatos, mas diz que ainda não apoia um partido em  particular. Ele está procurando aquele que possuir maior coerência em toda a campanha. “Acompanhar a política, diz Gabriel, “ é mais uma obrigação que a gente tem que ter’, e busca entender o que está em seu alcance. Sobre a manifestação do “ele não” ocorrido neste final de semana e da qual participou, Oliveira conta que achou o movimento muito “lindo”, maior que o “ele sim”,  e espera que isso tenha resultado nas urnas.

Jovani Cezar Vernier, 49, corretor de imóveis. Fotos: Thaís Trindade/LABFEM

Já o corretor imobiliário Jovani Cezar Vernier, 49 anos, conta que as pessoas de sua região Uruguaiana, estão pensando em uma mudança geral, por isso irão votar no candidato Bolsonaro do PSL. Para ele, isto se dá devido à decepção, “principalmente que o povo gaúcho teve  em relação ao ex-presidente Lula do PT. O que ele fez não está no mapa”,  afirma Jovani. Ele espera que se eleja um candidato sério, que não “roube”, pois acredita que o Brasil irá melhorar automaticamente se isto não acontecer, uma vez que o país é muito rico, mesmo depois de tudo que fizeram. O corretor irá se preparar para as votações ainda nesta semana. Ele diz não ter tempo para pesquisar seus candidatos, mas que irá prestar atenção na reta final..

Fernanda Copetti Müller, estudante de enfermagem.

A estudante de enfermagem Fernanda Copetti , 29 anos, ainda está indecisa em suas escolhas, pois acredita que nenhum dos candidatos a representa. Diz ter participado da manifestação “ele não” na praça Saldanha Marinho. Fernanda conta que foi gratificante e lhe deu esperança ver as pessoas reunidas, “mulheres e todas as comunidades se integrando e lutando pelo mesmo objetivo”, diz. Sua esperança é de que o candidato Bolsonaro do PSL não ganhe as eleições, apesar de ter grande chance. “Há muitas pessoas que o rejeitam”, complementa.

Vinícius Madeira, estudante de design.

“A gente precisa muito mais de um gestor do que de um político”, afirma Vinícius Madeira, 24 anos, estudante de design. Ele diz ser liberal de direita e que já tem definido seu candidato a presidente para as eleições deste ano -João Amoedo. O estudante diz que “gosta” dos projetos econômicos do candidato, como o equilíbrio dos gastos públicos e a privatização de estatais, além de também ser liberal. Vinícius pensa que é natural que manifestações como as ocorridas neste final de semana, 29 e 30, aconteçam pois estamos em um estado democrático de direito. Apenas acha “criticável” os atos de vandalismo e o atentado ao pudor.

 

Dione Lemos, psicólogo.

Dione Lemos, psicólogo,30 anos, se posiciona como de esquerda e já possui suas candidatas à deputadas, pois prioriza a paridade de mulheres. Diz ter apostado na experiência em candidatura e suas articulações. “ Para senador, eu preferi experiência, pessoas que já estão lá, porque é um local mais ríspido. O senado”, afirma ele, “é o lugar onde as últimas decisões são tomadas”.

Dione diz que para escolher seu candidato à presidência procurou fugir dos extremos e, portanto, irá votar no candidato Ciro Gomes, porque  acredita que ele terá maior diálogo para concluir o mandato de 4 anos. Por ser da área da saúde, Lemos deu prioridade a aspectos do projeto do candidato como investimento, ampliação ou não de serviços e a qualificação dos já existentes.

Carla Costa Felix – farmacêutica residente.

A farmacêutica residente em saúde mental, Carla Costa Felix, 25 anos, conta que está com os candidatos em aberto, e que irá acompanhar o debate para governador para definir seu candidato. Já para presidente, Carla diz estar pensando no segundo turno e aposta em uma estratégia para votar em um bom candidatoque tenha a possibilidade de vencer, pois não quer a candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro. “Os outros candidatos estão em aberto, mas eu não vou votar em branco. Ainda vou estudar direitinho”, afirma. A estudante diz que os candidatos Haddad e Ciro são parecidos em questão do investimento em cultura, educação, saúde e prevenção. Outro aspecto importante, segundo ela,  é a revogação da emenda que congela os investimentos por 20 anos.

“Olhei a proposta de todos e as que eu priorizo são de saúde”, expõe Maryana Gonçalvez, terapeuta ocupacional residente em saúde mental de 22 anos, contra a privatização. Maryana diz estar avaliando, mas que por enquanto o voto está em aberto. O seu único candidato definido é para presidente. Quanto aos movimentos  do final de semana ela pensa que eles têm que existir, pois o Brasil é uma democracia. Ela acha necessário, principalmente, o ato contra Bolsonaro.

Quem ainda tem dúvidas dá tempo de conferir as propostas dos candidatos no site do TSE neste link: http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/propostas-de-candidatos

 

As eleições do 2º turno são dia 30 de outubro. Foto: Caroline Costa/laboratório de Fotografia e Memória
As eleições do 2º turno são dia 30 de outubro. Fotos: Caroline Costa/Laboratório de Fotografia e Memória

Com a proximidade das eleições do segundo turno, a paisagem das ruas centrais de Santa Maria foi modificada. Quem passa pela Avenida Rio Branco  ou pela rua do Acampamento, a qualquer hora do dia, se depara com bandeiras coloridas a misturarem-se em meio aos carros e ônibus. As bandeiras verdes e vermelhas se movimentam em todas as esquinas, pelo Calçadão, pelas praças e quase cobrem a visão dos motoristas no túnel Evandro Behr.  PSDB e PT disputam a gestão da Prefeitura de Santa Maria que, pela primeira vez, tem um segundo turno.  E ao contrário do que a movimentação sugere – pessoas com os braços erguidos, ativos, erguendo a marca do partido -, as faces revelam pessoas cansadas, apáticas, algumas mais do que outras. A repetição do ritual das bandeiras tremulantes, presentes em campanhas anteriores, já não parece ter a mesma empolgação. Nem para quem as carrega, nem para quem transita pelas ruas. A equipe da ACS foi conversar com os militantes para saber como eles percebem e estão envolvidos na campanha. De modo inesperado, a maior parte das pessoas entrevistadas recusaram-se a revelar o próprio sobrenome.

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Militantes disputam as ruas de Santa Maria.

Duas moças com bandeiras do candidato Jorge Pozzobon não quiseram ser identificadas, mas acreditam que as propostas do candidato são boas para a cidade. Quando perguntadas sobre quais são as propostas do partido, elas argumentaram que não acompanham muito a política do candidato e que estão trabalhando ali porque não têm outra renda. Uma delas diz que não consegue trabalhar na cidade já há algum tempo, e precisava do dinheiro.  Ela foi até o comitê de propaganda do PSDB e se cadastrou recentemente para trabalhar nesse segundo turno.  Ao seu lado estava outra  militante que não quis se identificar e diz ter 17 anos. Ela também  afirma não saber muito sobre as propostas de Pozzobon  e diz que nunca conversou com ele.

Há militantes menos temerosos que seguem o partido desde cedo, como Joel Barcellos , de 49 anos. Ele afirma sempre ter estado ao lado do candidato durante as campanhas e atua como fiscal de rua. Diz participar das reuniões entre o comitê político e o grupo que faz o rodízio das bandeiras. Segundo o fiscal, os porta-bandeiras ganham em média 30 reais por dia, independente de quando começaram, vale-refeição, vale-transporte, e que o candidato vai até a praça conversar com eles, de vez em quando.

Já na campanha do candidato Valdeci Oliveira, o movimento de rua é feito pelos militantes mais antigos do PT. Eles levantam as bandeiras vermelhas e têm domínio das propostas do candidato. Duas petistas filiadas foram contratadas pelo comitê de propaganda do partido. Elas participarão da caminhada com Helen Cabral, candidata à vice-prefeita, pelo fim da violência contra mulher, amanhã, 22, na Praça Saldanha Marinho. Uma delas afirma acompanhar o partido fielmente, e conta que há conversas frequentes com Valdeci. A outra militante ouvida tem 39 anos, também apoia o partido e diz precisar da renda extra. Ela entrou em contato com o Comitê e, como tem outro emprego, trabalha na rua a partir das 14h.

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Militância ocupa as ruas da cidade.

Todas as pessoas com quem a equipe de reportagem falou, trabalham na praça desde o primeiro turno. Elas ganham em média 40 reais por dia (preço calculado a partir do salário total). Todos os militantes trabalham das 9h às 19h, com pequenas exceções. Ainda que alguns aleguem precisar do trabalho, outros dizem gostar de levantar as bandeiras porque acreditam nos partidos, e o fariam mesmo que não ganhassem nada.

Já para  os universitários da cidade, ouvidos pela reportagem, as campanhas de rua perturbam, tanto nos horários de aula, quantos no de lazer. Raquel Menezes e Luzia Lemos, acadêmicas de Medicina, consideram as campanhas uma “poluição sonora e visual”.

Ariel Dalla Vecchia, também estudante da Medicina, acredita que a propaganda musicada e veiculadas pelos carros de som podem funcionar, pois as músicas são ‘pegajosas’ e tocam muitas vezes durante o dia.  A mesma opinião é compartilhada pelos amigos e estudantes de Arquitetura e Urbanismo, Renan Cadó e Bernardo Escobar. Eles concordam que a propaganda sonora possa funcionar devido às repetições durante o dia, mas acreditam que os panfletos e bandeiras não tem utilidade alguma.

Campanha eleitoral começa a tomar as ruas em busca de votos. Fotos: Gabriel Oliveira (Lab. Fotografia e Memória)
Campanha eleitoral começa a tomar as ruas em busca de votos. Fotos: Gabriel Oliveira (Lab. Fotografia e Memória)

O início da semana nas ruas de Santa Maria já evidencia a mobilização em busca de votos.  Equipes de políticos faziam a panfletagem  e gravações de vídeo de campanha na praça Saldanha Marinho.

A ACS conversou com militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), que ressaltaram a importância dos panfletos – popularmente conhecidos como “santinhos” – na campanha política. “É um material que tem bastante significado para a campanha. A fixação do número dos candidatos para o dia de votação é o maior motivo da nossa panfletagem. É aquele momento em que o cidadão quer lembrar do número em que quer votar e leva consigo a “cola” – nesse caso, o santinho”, argumenta Célia responsável por uma das bancas na rua. Quando questionadas sobre como é a abordagem das pessoas que passam pela praça Saldanha Marinho, elas dizem que “é uma abordagem para a aproximação das pessoas conosco. Por exemplo, nosso candidato à prefeitura é o Valdeci Pereira, que já foi prefeito da cidade por dois mandatos. Trazemos às pessoas as ações dos mandatos passados, bem como as propostas para essa nova eleição”.

O argumento não é diferente nas bancas dos outros partidos. As eleições serão no dia 2 de outubro e a campanha eleitoral – que envolve panfletagens, propagandas na televisão, carros de som, entre outros – é permitida até às 22h do dia 1º de outubro.