Por Evelyn Paz
O meio ambiente e a saúde da população estão cada vez mais ameaçados pelo modo como o lixo eletrônico é descartado. Como comprova a pesquisa feita pela Organização das Nações Unidas, cerca de 50 milhões de toneladas foram produzidas no ano passado, e, tudo isso, jogado no lixo comum.
De acordo com matéria publicada no site do jornal a Folha de S. Paulo no ano passado, cada brasileiro produz 7 quilos de lixo eletrônico. Ressalta-se que podem ser considerados lixo eletrônico computadores, máquinas fotográficas e celulares.
Esse tipo de lixo vem crescendo de um modo alarmante, já que com a revolução digital os produtos eletrônicos estão mais descartáveis. Ainda há preocupação em relação ao descarte dos televisores de tubo, já que a partir deste ano, as lojas passarão a comercializar somente televisores de plasma ou LCD.
Em Santa Maria, no mês de junho, o Centro Universitário Franciscano promoveu a campanha Pra Quê Tanto Lixo? Onde a comunidade universitária pode descartar eletrônicos estragados ou que de alguma forma já não são mais utilizados. Todo o material arrecadado na campanha foi doado à empresa Maringá Metais.
A Maringá Metais começou a trabalhar com a reciclagem de componentes eletrônicos a partir de 2010. De acordo com a proprietária da empresa, Marciane Martins Fava, os equipamentos recebidos passam por uma triagem, onde cada componente é separado e recebe o destino correto de descarte. A empresa recebe diversos tipos de lixo eletrônico: computadores, monitores, vídeo cassete, televisores, equipamentos de telefonia móvel e fixa, eletrodomésticos, entre outros. Os materiais são enviados para empresas licenciadas que trabalham transformando os componentes em matéria prima. Ressalta-se que no ano passado a empresa descartou corretamente 48.035 Kg de resíduos eletrônicos.
Outra empresa que trabalha em parceria com a Maringá Metais é a Químea Soluções Ambientais. Conforme o diretor da empresa, Marçal Paim da Rocha, o empreendimento realiza a coleta de resíduos eletrônicos de forma voluntária em Santa Maria e região, mantendo também diversos pontos de coletas; além de realização de campanhas para arrecadar este tipo material. “Os resíduos são encaminhados para a empresa Maringá Metais para serem descaracterizados e encaminhados para empresas de reciclagem na região de Porto Alegre”, relata.
A empresa surgiu em 2003 com o intuito de prestar serviços em relação à água e ao meio ambiente. Mas em 2010, após observar a necessidade e a dificuldade de dar uma destinação correta aos lixos eletrônicos, a empresa resolveu também implementar este serviço de coleta deste tipo de resíduo.
Nos anos 2000, a Prefeitura de Santa Maria realizava campanhas para que a população descarte corretamente o lixo eletrônico. De acordo com um funcionário da Secretária do Meio Ambiente, foi a partir de 2005 que a prefeitura criou uma parceria com a empresa Químea Soluções Ambientais para que fizesse a coleta deste material. Atualmente há um pequeno espaço destinado para o recolhimento de eletrônicos no hall da prefeitura.
Há mais de 17 anos na cidade, a empresa Help! de manutenção de celulares é também um ponto de coleta de lixo eletrônico. Os resíduos eletrônicos são recolhidos de duas a três vezes por ano pela parceria com a Astel, uma empresa localizada em São Paulo.
Os fabricantes de celulares também possuem programas de logística reversa próprias que neste caso, é a Nokia (Microsoft). “Todas as peças utilizadas desta marca estão separadas isoladamente das outras marcas, pois eles se responsabilizam pela coleta” comenta a gerente da empresa Simone da Rosa. A Nokia possui um posto de coleta na entrada da loja Help. A gerente do estabelecimento relata que a empresa não coleta somente celulares com lixo eletrônico, mas também componentes de áudio e vídeo.
Projeto recicla eletrônicos usados
O ano de 2007 trouxe para Santa Maria uma nova forma de ver o que antes era jogado fora. O Centro Marista de Inclusão Digital (CMID) iniciou suas atividades promovendo a inclusão social através da inclusão digital de crianças e jovens da região oeste da cidade.
O lixo eletrônico é reaproveitado como ferramenta de ensino, como conta o coordenador do projeto, Algir Facco. “Utilizamos todo este material descartado nas oficinas oferecidas no CMID”. O material é aproveitado nas oficinas de meta arte, robótica livre e na montagem e manutenção e computadores. Os resíduos eletrônicos arrecadados são doados por empresas, órgãos públicos e também pela comunidade.
As oficinas de Robótica Livre fazem o uso de softwares livres como o Linux e utilizam deste como base para a programação. Sucatas de equipamentos eletrônicos e outros tipos de lixo são usados para a construção de kits alternativos de robótica pedagógica (kits construídos de lixo, para a de acordo com a realidade social de cada escola) e protótipos de artefatos tecnológicos (robôs, braços mecânicos, elevadores…).
As aulas de metarreciclagem permitem o reaproveitamento de materiais, por meio do recondicionamento de computadores. As sucatas viram obras de arte nas oficinas de meta arte. Todo material reciclado é doado e reaproveitado em todas as oficinas. No Centro Marista de Inclusão Digital, o processo da Meta Arte funciona utilizando as peças, que a robótica livre e a meta reciclagem não utilizam, como latas de CPU, monitores queimados viram aquários.
Ouça áudio sobre coleta de televisões
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REFERÊNCIAS
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/05/01/sociedad/1398896792_563023.html Acessado 17 de Jul 20:21
http://maringametais.com.br/servicos/ Acessado em 27 de Jul 20:30
http://quimea.com.br/ambiental/ Acessado em 29 de Jul 14:36