O grupo adulto de Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Bento Gonçalves, da cidade de Santa Maria, 13ª Região Tradicionalista, leva para o palco do maior evento artístico amador da América Latina, o Encontro de Artes e Tradições Gaúchas (ENART), o tema inclusão.
Com coreografias de Robson Cavalheiro e Bem-hur de Barros e músicas de Josemar Dias, com letras de Juliano Santos, o grupo promete emocionar o público que vai acompanhar as Danças Tradicionais Força A. Para trabalhar o tema inclusão, o grupo leva para o tablado dois dançarinos cegos.
Tiago Zambrano participa desde a infância do Movimento Tradicionalista Gaúcho. O tablado era sua segunda casa e seu ápice como dançarino foi realizado nos palcos do ENART, onde dançou por vários anos. Escutar as palmas e ver o público, o emocionavam. Mas o destino lhe foi traiçoeiro e lhe roubou um de seus maiores dons… a VISÃO.
Foi preciso reaprender a ver o mundo de outra maneira e a cada dia superar novos obstáculos, acreditando que ainda era possível ser feliz. Agora mais do que nunca o som tornou-se seu guia. A precisão do sapateado lhe ajuda a perceber outros movimentos.
A repetição das danças colabora para reencontrar uma nova rotina de passos. Foi preciso aprender a ver com os olhos do coração e perceber que há muita luz na escuridão, agora, guiado pelo som, ele tem a oportunidade de estar novamente em Santa Cruz do Sul no palco do ENART. A sequencia o faz acertar o passo, o som e o compasso.
Daverlan Dalla Lana teve deslocamento de retina aos oito anos de idade e desde então não enxerga, nunca teve contato com grupos de dança, até que foi convidado a conhecer a invernada adulta do CTG Bento Gonçalves.
Na entidade, ao escutar as músicas tradicionais e ouvir os sons dos dançarinos executando os movimentos dos sapateios e sarandeios, apaixonou-se pelo ritmo e embarcou junto na caminhada à Santa Cruz do Sul.
O grupo vai levar ao palco do ENART dois grandes guerreiros, duas lindas histórias de vida e duas pessoas que mostraram que todos os dias devemos acreditar nos nossos sonhos e que tudo é possível, mesmo vivendo na “escuridão”.
O idealizador do tema foi o integrante do grupo vocal, Felipe Leal. O grupo tem a responsabilidade técnica de André Kirchhof, Márcia Couto, Rodrigo Gil e Ana Morceli.
“Vazio de imagens que os olhos não veem, mas a música é mágica e nos mostra além…”. Agora, um grupo todo se deixa guiar pelo som, pelo coração.
Texto: Rodrigues Gonçalves, jornalista formado pela Unifra