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Santa Maria, RS, Brazil

Impressoras 3D são a resposta do futuro para as necessidades do presente

Imagine um futuro em que órgãos humanos artificiais são modelados em um computador e reproduzidos em impressoras 3D? Essa prática que parece ter sido retirada de um filme de ficção científica, já é realidade. Ainda não chegamos lá, mas os primeiros passos já estão sendo dados, inclusive no Brasil.

Impressoras 3D já são tendência em Santa Maria. Foto: Marcos Kontze

Com a tecnologia avançando rapidamente, membros do corpo humano, tomografias, ressonâncias magnéticas e ultrassons já começam a sair da tela do computador para o mundo real. O estudo já está presente em grande parte das pesquisas científicas na área da saúde. O que era impensável há 50 anos hoje já é possível graças a técnicas apuradas na área.

Embora ainda não tenha regulamentação da ANVISA para o implante deste tipo de objeto no Brasil, próteses cerebrais e até de vasos sanguíneos, já estão em fase avançada de desenvolvimento, e cada vez mais próximas de tornarem-se realidade com o uso de impressoras 3D.

“A máquina trouxe o futuro para o presente”, destaca o físico-médico de Restinga Seca, Márcio Fontoura, que atualmente atua na área de instrumentação e equipamentos de química analítica. “Ainda estamos em processo embrionário com o que essa tecnologia é capaz de fazer”.

Apesar de ter sido inicialmente implementada fora do país, o Brasil não fica de fora das pesquisas nesse campo. A Casa de Saúde São José, hospital de referência no Rio de Janeiro, é um dos pioneiros a usar a impressão 3D para planejar cirurgias em seus pacientes.

Na Unicamp, um projeto inédito de fabricação de próteses de titânio está sendo desenvolvido, e promete revolucionar ainda mais as cirurgias no crânio e na face.

A tecnologia 3D na Odontologia

Outra área da saúde que também tira proveito da tecnologia 3D é a Odontologia. A cada ano, novas formas de tratamento e restaurações auxiliam tanto os profissionais da área quanto os pacientes. Para o periodontista Rodrigo Ardais, o uso das tomografias 3D é o recurso perfeito para implantes nos pacientes. No entanto, Ardais acredita que a “prototipagem das áreas bucais ainda pode evoluir”.

Rodrigo Ardais é periodontista em Santa Maria ® Foto: Milena Berlese
Rodrigo Ardais é periodontista em Santa Maria ® Foto: Milena Berlese

Restaurações dentárias com design criado em softwares especializados são cada vez mais comuns nos consultórios. Com o passar dos anos, as próteses sofreram inúmeras modificações e hoje são praticamente indistinguíveis dos dentes naturais. “As restaurações projetadas em softwares 3D estão cada vez mais perfeitas”, garante o dentista.

Ardais também falou sobre a tecnologia CAD – Computer-aided Design, (desenho assistido em computador, em português), apesar do alto custo. “A tecnologia CAD também é interessante, mas o custo ainda é alto”, garante.

Santa Maria já conta com a nova tecnologia de ponta

Assim como o resto do país, Santa Maria não fica fora da nova tecnologia. Na cidade, além da Incubadora Tecnológica da Unifra e da Clínica de Radiologia Odontológica Medianeira já utilizarem diferentes modelos de impressora 3D em seus laboratórios, entusiastas da área da computação também já estão criando materiais tridimensionais.

Guilherme Nogueira, bacharel em Ciências da Comunicação revela que tinha grande curiosidade em investir na tecnologia, e desembolsou US$ 400 dólares em um modelo DIY (Do It Yourself) no ano passado. “Tudo pode ser configurado na impressora, desde a velocidade, o tamanho e a quantidade de matéria-prima usada nas impressões, sendo elas, ocas ou maciças”, explica.

Nogueira também falou sobre o material utilizado na sua impressora. “O que eu utilizo nas minhas impressões é um tipo de plástico ecológico chamado Poliácido Láctico, ou PLA. Ele é vendido em filamentos de 400 metros e custa em média de R$ 120,00 reais”.

Outro tipo de material que pode ser utilizado na impressora do santa-mariense é a Acrilonitrila Butadieno Estireno, conhecida também como ABS. “É um material mais barato, mas tem o inconveniente de soltar um cheiro muito forte”, constata Nogueira, que revelou na entrevista abaixo, sua pretensão em investir em um novo modelo de impressora como fonte de renda, com a venda de materiais de decoração.

No vídeo abaixo, uma demonstração do funcionamento da impressora de Guilherme, um modelo Geeetche I3 Prusa, importada da Austrália:

Com a escassez de órgãos humanos cada vez maior, a tecnologia 3D está revolucionando a medicina de uma maneira nunca antes imaginada. A realidade vista nos corredores dos hospitais é a de que muitas pessoas morrem enquanto esperam uma doação, enquanto outras precisam esperar novos óbitos para conseguir um órgão.

Estudos recentes feitos na Universidade de Harvard estimam que entre 10 a 20 anos a medicina já será capaz de resolver esse problema com o uso da tecnologia 3D. Imprimir um coração ainda está longe de se tornar realidade, mas cientistas já descobriram como imprimir células humanas tridimensionais e criar tecidos que emulam os batimentos das membranas do coração.

Além de salvar vidas, com o tempo, o avanço dessa tecnologia também será capaz de eliminar potencialmente o uso de animais em experimentos científicos. Ainda não vimos nada. A revolução de fato está apenas começando.

Reportagem desenvolvida na disciplina de Jornalismo Científico

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Uma resposta

  1. Que baita reportagem, muito bom poder conhecer um pouco mais dessa tão falada tecnologia. Parabéns Marcos.

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Imagine um futuro em que órgãos humanos artificiais são modelados em um computador e reproduzidos em impressoras 3D? Essa prática que parece ter sido retirada de um filme de ficção científica, já é realidade. Ainda não chegamos lá, mas os primeiros passos já estão sendo dados, inclusive no Brasil.

Impressoras 3D já são tendência em Santa Maria. Foto: Marcos Kontze

Com a tecnologia avançando rapidamente, membros do corpo humano, tomografias, ressonâncias magnéticas e ultrassons já começam a sair da tela do computador para o mundo real. O estudo já está presente em grande parte das pesquisas científicas na área da saúde. O que era impensável há 50 anos hoje já é possível graças a técnicas apuradas na área.

Embora ainda não tenha regulamentação da ANVISA para o implante deste tipo de objeto no Brasil, próteses cerebrais e até de vasos sanguíneos, já estão em fase avançada de desenvolvimento, e cada vez mais próximas de tornarem-se realidade com o uso de impressoras 3D.

“A máquina trouxe o futuro para o presente”, destaca o físico-médico de Restinga Seca, Márcio Fontoura, que atualmente atua na área de instrumentação e equipamentos de química analítica. “Ainda estamos em processo embrionário com o que essa tecnologia é capaz de fazer”.

Apesar de ter sido inicialmente implementada fora do país, o Brasil não fica de fora das pesquisas nesse campo. A Casa de Saúde São José, hospital de referência no Rio de Janeiro, é um dos pioneiros a usar a impressão 3D para planejar cirurgias em seus pacientes.

Na Unicamp, um projeto inédito de fabricação de próteses de titânio está sendo desenvolvido, e promete revolucionar ainda mais as cirurgias no crânio e na face.

A tecnologia 3D na Odontologia

Outra área da saúde que também tira proveito da tecnologia 3D é a Odontologia. A cada ano, novas formas de tratamento e restaurações auxiliam tanto os profissionais da área quanto os pacientes. Para o periodontista Rodrigo Ardais, o uso das tomografias 3D é o recurso perfeito para implantes nos pacientes. No entanto, Ardais acredita que a “prototipagem das áreas bucais ainda pode evoluir”.

Rodrigo Ardais é periodontista em Santa Maria ® Foto: Milena Berlese
Rodrigo Ardais é periodontista em Santa Maria ® Foto: Milena Berlese

Restaurações dentárias com design criado em softwares especializados são cada vez mais comuns nos consultórios. Com o passar dos anos, as próteses sofreram inúmeras modificações e hoje são praticamente indistinguíveis dos dentes naturais. “As restaurações projetadas em softwares 3D estão cada vez mais perfeitas”, garante o dentista.

Ardais também falou sobre a tecnologia CAD – Computer-aided Design, (desenho assistido em computador, em português), apesar do alto custo. “A tecnologia CAD também é interessante, mas o custo ainda é alto”, garante.

Santa Maria já conta com a nova tecnologia de ponta

Assim como o resto do país, Santa Maria não fica fora da nova tecnologia. Na cidade, além da Incubadora Tecnológica da Unifra e da Clínica de Radiologia Odontológica Medianeira já utilizarem diferentes modelos de impressora 3D em seus laboratórios, entusiastas da área da computação também já estão criando materiais tridimensionais.

Guilherme Nogueira, bacharel em Ciências da Comunicação revela que tinha grande curiosidade em investir na tecnologia, e desembolsou US$ 400 dólares em um modelo DIY (Do It Yourself) no ano passado. “Tudo pode ser configurado na impressora, desde a velocidade, o tamanho e a quantidade de matéria-prima usada nas impressões, sendo elas, ocas ou maciças”, explica.

Nogueira também falou sobre o material utilizado na sua impressora. “O que eu utilizo nas minhas impressões é um tipo de plástico ecológico chamado Poliácido Láctico, ou PLA. Ele é vendido em filamentos de 400 metros e custa em média de R$ 120,00 reais”.

Outro tipo de material que pode ser utilizado na impressora do santa-mariense é a Acrilonitrila Butadieno Estireno, conhecida também como ABS. “É um material mais barato, mas tem o inconveniente de soltar um cheiro muito forte”, constata Nogueira, que revelou na entrevista abaixo, sua pretensão em investir em um novo modelo de impressora como fonte de renda, com a venda de materiais de decoração.

No vídeo abaixo, uma demonstração do funcionamento da impressora de Guilherme, um modelo Geeetche I3 Prusa, importada da Austrália:

Com a escassez de órgãos humanos cada vez maior, a tecnologia 3D está revolucionando a medicina de uma maneira nunca antes imaginada. A realidade vista nos corredores dos hospitais é a de que muitas pessoas morrem enquanto esperam uma doação, enquanto outras precisam esperar novos óbitos para conseguir um órgão.

Estudos recentes feitos na Universidade de Harvard estimam que entre 10 a 20 anos a medicina já será capaz de resolver esse problema com o uso da tecnologia 3D. Imprimir um coração ainda está longe de se tornar realidade, mas cientistas já descobriram como imprimir células humanas tridimensionais e criar tecidos que emulam os batimentos das membranas do coração.

Além de salvar vidas, com o tempo, o avanço dessa tecnologia também será capaz de eliminar potencialmente o uso de animais em experimentos científicos. Ainda não vimos nada. A revolução de fato está apenas começando.

Reportagem desenvolvida na disciplina de Jornalismo Científico