“O dia é das mulheres, mas a noite não” é o que diz a tirinha da página Cartumante no Facebook, sobre o Dia das Mulheres. Segundo a pesquisa feita pelo Datafolha, 536 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora no Brasil, em 2018. Também consta que 8,9% (4,6 milhões) foram tocadas ou agredidas fisicamente por motivos sexuais, o que representa 9 mulheres por minuto.
Enquanto 42% das vítimas apontam a casa como local da agressão, 29% sofreram violência na rua. São por esses motivos que, mais do que nunca, as mulheres têm buscado alternativas de proteção como aprender defesa pessoal. “A necessidade da defesa pessoal sempre me pareceu importante diante da sociedade machista e violenta em que vivemos, onde não sentimos segurança para sair na rua ou em festas e, enquanto mulher, até em relacionamentos amorosos pensamos que podemos estar vulneráveis de alguma forma”, afirma Luana Borges Lemes, mestra em História e praticante de artes marciais desde 2012.
É buscando por empoderamento que as mulheres tem transformado seus discursos em práticas sociais e investido em oficinas de artes marciais. A jornalista Maria Luisa Vianna conta que procurou por aulas de Muay Thai para ter uma noção de defesa pessoal e por ser uma ótima atividade física. “É uma atividade completa, tanto para o corpo quanto para a mente. Me proporcionou uma maior aceitação com meu corpo, melhorou minha saúde e fez eu me sentir mais confiante”, relata Maria Luisa. Já a estudante e professora de dança Esther Avila Schmidt relata que, após 3 anos de prática, se sente mais forte e capaz de lidar com uma possível situação de perigo, além de se sentir hábil para ajudar outras mulheres se for necessário. “Aprendi a trabalhar questões como o medo e o nervosismo, é empoderador”, completa ela.
A instrutora da Escola Pa Kua de artes marciais Laura Helena Paz fala da importância de se ter aulas ministradas tanto por homens como por mulheres. “No viés pedagógico, eu posso conversar e dar orientações de segurança que façam mais sentido para elas, mas por outro lado, é bom praticar com homens para colocar em prática os aprendizados, afinal, elas não vão encontrar um agressor de 45 quilos e 1,54 de altura igual a mim”, explica a instrutora.
Laura Helena ainda menciona que a Liga Internacional de Pa Kua está ofertando em todas as escolas do país uma grande aula aberta sobre defesa pessoal feminina no próximo sábado, dia 30. “Vai ser a segunda aula de defesa pessoal aberta que eu faço, mas tenho expectativas positivas, ainda mais por ser uma cidade universitária em que as mulheres tem mais essa coisa de se ligar com a defesa pessoal, acho que a demanda por isso sempre vai ser grande”, complementa.
“Eu tinha desejo de me sentir mais confiante”, relata Thamyres Guimarães Olympio, professora de dança. “As aulas me trouxeram vivências incríveis e melhoraram muito a minha autoestima, eu me sinto preparada para manter a calma e pensar com clareza se me deparar com alguma situação perigosa”, comenta. A instrutora Laura Helena também esclarece que “a defesa pessoal enquanto concepção é você tentar substituir uma reação instintiva de correr ou paralisar, por uma reação que é técnica e é consciente, mas, no fim, por mais que a gente treine muito, ainda não há garantia de segurança”, pondera Laura Helena.