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Eduardo Biscayno

Eduardo Biscayno

Cinebiografia de Elton John lançada em março deste ano já está com DVD em pré-venda

Um trecho da canção Como Nossos Pais, escrita por Belchior e imortalizada na voz de Elis Regina, diz que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa. A premissa é verdadeira. Não é tarefa fácil resumir a vida de alguém em uma música, livro ou filme; ainda mais quando o retratado é uma personalidade conhecida, com milhões de fãs e ainda está viva. Rocketman é uma cinebiografia dirigida por Dexter Fletcher e lançada em 2019, que se propõe a contar um pouco mais sobre a vida do cantor britânico Elton John.

O conflito que faz a trama avançar aparece logo na primeira cena: o protagonista, já na faixa dos 40 anos, com a carreira consagrada e a conta bancária recheada de milhões chega com uma roupa extravagante numa sessão de terapia em grupo. Lá ele se define como alcoólatra, viciado em cocaína, sexo e compras. Diz que precisa de ajuda para melhorar e a terapeuta pergunta como ele era quando criança. O que vemos a seguir é uma sucessão de idas e voltas no tempo, pelos seus relatos sobre a infância, quando ainda se chamava Reginald Dwight, o início da carreira, da fama e dos relacionamentos.

Elton John e Taron Egerton, seu intérprete.

Confesso que, ao saber que Elton era um dos produtores do filme, fiquei preocupado. Eles têm um grande poder sobre a obra e o cantor de Candle in the Wind poderia vetar determinados temas e fatos para lapidar uma imagem mais limpa de si mesmo. Talvez esconder erros do passado a fim de atrair um público maior, que gere mais cifras na bilheteria. Não é o que acontece, pelo contrário. Em entrevistas, tanto Taron Egerton, seu intérprete na película, quanto Fletcher destacaram o quanto Elton lhes deu liberdade criativa para compor sua persona da forma que julgassem mais adequada.

Realidade e fantasia se misturam, mas não se confundem

A cena da piscina é um mergulho no inconsciente de Elton

Embora não creditado, foi Dexter Fletcher quem assumiu as gravações de outro filme sobre astros da música que foi lançado no ano passado, Bohemian Rhapsody. Ele entrou após a demissão do diretor Bryan Singer. Seu trabalho em Rocketman, ao contrário do filme que narra a trajetória da banda Queen, tem a ludicidade como um dos elementos mais marcantes. De fato, a persona de Elton John permite esse tipo de abordagem para representá-lo. O filme flerta muito com o surrealismo e tem um pé na psicologia. Cenas como a do camarim, em quem Elton confronta a si mesmo através de seu reflexo no espelho, ou dentro da piscina são um mergulho no inconsciente do personagem. Esses não são recursos novos no cinema, mas que nesta obra aparecem bem empregados e ajudam a ilustrar as inseguranças do cantor. 

E se Rocketman procura refletir a mente do personagem, a escolha do roteirista Lee Hall em apresentar a trajetória o biografado em uma narrativa não linear foi um acerto. A medida em que o protagonista é questionado pela terapeuta sobre seu passado, voltamos e avançamos no tempo junto com as memórias do biografado. Afinal, nossa mente não é linear. Passamos por momentos importantes de sua vida, como seus primeiros dedilhares no piano, quando consegue uma bolsa para estudar piano na Royal Academy of Music, ou ainda quando assume sua homossexualidade para sua mãe. Vemos sua busca pela própria identidade e como ele deixa de ser o pequeno e tímido Reginald Dwight para se tornar o superastro Elton John. Outro ponto forte é que, apesar de elogiar o talento de Elton, dá o crédito merecido ao seu amigo Bernie Taupin.

Um ponto forte da obra são as elipses, transições que indicam a passagem de tempo no cinema. Com tantas idas e vindas na história, esse recurso é empregado de maneira criativa sempre conectada com as ideias centrais da direção e do roteiro: a ludicidade e a não linearidade da história. A edição eficiente de Chris Dickens ajuda a tornar essas mudanças de tempo e espaço mais naturais ao espectador.

Bons intérpretes  e direção de arte dão vida a um mundo de fantasia

Três atores vivem Elton: Matthew Illesley na infância, Kit Connor na pré adolescência e Taron Egerton que o encarna dos 15 até os 40 anos. Todos se encaixam bem nas fases da vida do cantor, mas o grande destaque vai para Egerton, que conseguiu pegar trejeitos como a maneira de Elton sorrir. Entretanto, é bom destacar, ele não o imita. Cria sua própria versão do cantor, de uma maneira que não parece caricato. São os atores que interpretam todas as músicas do filme. 

Protagonista e parte do elenco de apoio posam para fotografia de divulgação

Como elenco de apoio temos Jamie Bell, lembrado como o protagonista de Billy Elliot (2001), cujo roteiro também foi escrito por Hall. Na cinebiografia, ele tem em uma performance sutil mas eficiente de Bernie, amigo e co-autor de várias músicas de Elton. Já Richard Madden, conhecido pelo papel de Robb Stark na série Game of Thrones, encarna o ambicioso produtor John Reid, com quem Elton teve um relacionamento. Bryce Dallas Howard vive Sheila, a mãe sincera e cruel do protagonista. 

Uma das características mais conhecidas de Elton John é o vestuário extravagante. Logo, sua cinebiografia não poderia deixar esse aspecto de fora. Com plumas, paetês, sapatos exóticos e uma gama variada de óculos em formatos e estilos diferentes, o figurinista Julian Day recriou trajes icônicos usados pelo cantor em shows e videoclipes, mas também imprimiu na película criações suas, ao estilo do protagonista.

O figurino extravagante é um dos destaques de Rocketman

Um exemplo é a roupa da cena de Goodbye Yellow Brick Road, canção que faz alusão à famosa estrada de tijolos amarelos do clássico O Mágico de Oz (1939). Day não deixou escapar a referência. O traje que Egerton utiliza nesta cena faz referência ao filme estrelado por Judy Garland. O chapéu remete ao Espantalho, a camisa prateada ao Homem de Lata, o casaco de pele ao Leão Covarde e os sapatos são de rubi, como os que Dorothy usa.

A direção de arte consegue nos transportar com naturalidade para os diferentes períodos e momentos da vida de Elton. Algumas vezes identificamos a época em que a história se passa pelo figurino, corte de cabelo e objetos de cena. Aliás, a roupa com que Egerton entra na sessão de terapia reflete muito de seu estado de espírito naquele momento, com chifres, asas e uma gola imensa. Nesse momento, o protagonista vive uma de suas piores fases, repleta de demônios internos. À medida que vamos conhecendo mais sobre Elton, ele vai deixando elementos da roupa para trás, despindo-se de sua persona pública. É onde conseguimos desvendá-lo.

A obra contar a história do artista

Aqueles que forem assistir ao filme curiosos para ver os momentos e a maneira como as canções foram compostas poderão se decepcionar. Pois, à exceção de You Song, cujo ponto em que nasce é representado com fidelidade, o longa não se restringe a mostrar estes momentos. Rocketman se propõe a algo mais: usa a obra de Elton John como um meio de contar a história. Um acerto, pois suas músicas estão repletas de suas dores, amores e conflitos. São fragmentos de sua personalidade e ajudam a ressaltar um ser humano, repleto de fragilidades. 

Elton (Taron Egerton) grava Your Song

Vemos a música incorporada na diegese da narrativa, nas falas dos personagens. E esse uso das músicas de Elton não se aplica só ao protagonista. Em uma cena, vemos o pai, mãe e avó clamando pelo mesmo sentimento, na versão do filme para I Want Love. Essa escolha fez com que as letras e melodias ganhassem um papel maior, ligados de maneira intrínseca com a história e os personagens. Somos brindados ainda com a faixa inédita (I’m Gonna) Love Me Again, apresentada nos créditos finais e escrita por Bernie Taupin e Elton John, que a canta junto com Taron Egerton.

As músicas não são apresentadas em uma ordem cronológica de lançamento, o que pode incomodar os que conhecem muito sobre a trajetória de Elton. Ou ainda fazer com que alguns espectadores acreditem que as músicas foram lançadas em períodos diferentes. Algo perdoável porque cumpre o papel que se propõe: o de colocar a obra inserida dentro da vida do autor, ilustrando seus sentimentos e os daqueles que o cercam.

Rocketman é uma fantasia musical com um pé na realidade, onde Elton entra em suas lembranças, canta consigo mesmo e, no final, entende que precisa perdoar a todos mas o mais importante é reconciliar-se consigo mesmo para poder seguir em frente. O filme captura a essência de sua persona e mostra o homem por trás do ícone musical, com suas qualidades e defeitos. É preciso coragem para se assumir como alcoólatra, viciado em cocaína, sexo, além de expor uma tentativa de suicídio. O filme sofreu cortes em países como Rússia, numa tentativa de atenuar uso de drogas e eliminar referências a sua homossexualidade. Polêmicas a parte, o filme cujo DVD já está em pré-venda conta a história de um homem, que conquistou um dos postos mais altos de sua geração, mas que ao mesmo tempo não se sentia digno de amor. Vale conferir.

Nome: Rocketman.

Diretor: Dexter Fletcher.

Distribuidora: Paramount Pictures.

Ano: 2019.

Tempo: 2h.

País de origem:  Reino Unido.

Bilheteria: 185,5 milhões USD.

Onde encontrar: Saraiva.

O curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana(UFN) realiza na próxima quarta-feira, dia 20 de março, a partir das 9h35min, sua aula inaugural  que acontecerá no Salão de Atos do prédio 13, Conjunto III da instituição.
Mateus Piveta, egresso do curso e dono da empresa Surya – Gestão para um Mundo Digital,  ministrará a palestra Lead for Tomorrow: como estar preparado hoje para as transformações de amanhã. Piveta aborda postura que se deve ter frente ao impacto das tecnologias no mercado de trabalho, bem como a missão dos profissionais de comunicação de amanhã: de serem os agentes transformadores que as empresas aguardam com ansiedade. A entrada é franca.
Já pela tarde,  às 14h,  Piveta oferece a oficina Mindset Ágil: como enfrentar problemas complexos, ensinando a ver como métodos ágeis de trabalho estão mais ligados à mentalidade de um ser humano do que de qualquer computador ou programa, além de fazer uma introdução aos métodos ágeis de Mindset.
A oficina será na sala 609 do prédio 14, conjunto III.  Para participar da oficina é necessário se inscrever até o dia 19 de março, pelo turno da tarde no Laboratório Integrado de Comunicação (Linc), que fica na sala 607 do prédio 14 do Conjunto III, mediante a doação de materiais escolares para doação. São oferecidas 25 vagas para a oficina.

Dia 20/03, quarta -feira

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]9h35min – Palestra Lead for Tomorrow: como estar preparado hoje para as transformações de amanhã. [/dropshadowbox]

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]14h – Oficina Mindset Ágil: como enfrentar problemas complexos. [/dropshadowbox]

 

Rico ou pobre, o inverno está aí para todos. Não é preciso nem sair na rua para sentir a característica mais lembrada da época, o frio. Entretanto, o que motiva a escrita desse texto é um outro elemento que também incomoda nessa época do ano, o vento.

No final da tarde me arrumo para sair de casa, pois tenho aula à noite. Ao sair, estou equipado com a vestimenta adequada para a estação: luvas, cachecol e sobretudo. Tão logo ponho os pés para fora do prédio, sou surpreendido por uma aragem que anuncia a chegada do crepúsculo. Um filme passa em minha mente. Foi incrível! A natureza por si só é fascinante, mas o vento, para mim, tem um significado especial. Lembro-me da época em que era criança. Meu pai me levava para passear de moto. Na metade da década de 1990 em uma cidade do interior, andar com uma criança sem capacete era permitido. Não devia ter mais que cinco anos, já que ele faleceu nessa época.

Quando criança não temos a mente tão fechada. Nos permitimos sonhar mais; perceber, imaginar e dar significados às coisas com as quais entramos em contato. Lembro da sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, proteção do vento, que passava rapidamente pelo meu rosto. Acontece uma elipse e eu, com cerca de oito anos, vejo-me balançando em uma rede, na área dos fundos que ficava na casa de minha mãe. Nela, pude ser tudo o que queria: pássaro, agente secreto, super-herói, bruxo, entre outros.

Avanço mais alguns anos e sou adolescente, com quinze anos. Dessa vez é início de verão, não tão quente, mas sem o frio característico do inverno. Sigo a jornada diária da cidade onde morava para a cidade vizinha, onde estudava em uma escola particular. Desfruto da entrada do vento, acompanhado de uma música que escutava nos fones de ouvido. Alguns colegas preferem o ar-condicionado. Minoria vence e fecham-se todas as janela. Incrível como alguns membros de minha geração preferem o artificial ao natural.

O vento é o que movimenta os outros elementos da natureza. E também nosso imaginário. O vento é poesia e também nome de prosa. Talvez por isso Érico Veríssimo  tenha dedicado a ele o título de sua obra prima. Foi por conta dele que a saia de Marilyn Monroe ergueu-se na icônica cena de O Pecado Mora ao Lado. E também em sua consequência que Dorothy conheceu o maravilhoso Mágico de Oz, sem falar na vida que traz para a bandeira de A Liberdade Guiando o Povo, obra prima de Delacroix. Ouso dizer que o vento pode comover de diferentes maneiras um ser humano. Para mim, muitas vezes de uma maneira positiva.

Hoje, devido o sempre corrido final de semestre, tenho esse tipo de sensação com menos frequência. Apenas em alguns momentos, quando fecho os olhos ouvindo Pavarotti, por exemplo. Mas hoje, nos quinze minutos em que fui de meu apartamento à faculdade, pude desfrutar da companhia de um velho conhecido. Obrigado vento!

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

Muito “roquenrou”. Assim pode-se resumir o que é o livro “Rita Lee, uma autobiografia”, lançado pela Globo Livros em 2016. Relato íntimo das vidas pública e privada da cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista. Mulher que mais vendeu discos no país, cerca de 55 milhões, e conhecida como a “Rainha do Rock Brasileiro”.

A obra nos transporta naturalmente ao passado de Rita, indo desde sua infância no subúrbio da capital paulista até a velhice, passando por diversas fases que marcaram sua vida pessoal e carreira. Podemos deitar e rolar com seus relatos espirituosos. A sensação é de que estamos sentados ao lado da autora, conversando com ela como se fosse uma de nossas amigas mais íntimas.

Nesse bate-papo, a auto-intitulada ovelha negra da família não faz discurso de Madalena arrependida, pelo contrário. Assume que, nos sessenta e nove anos relatados no livro, passou por praticamente todos os vícios em substâncias que poderia. Começando com o gosto pelo açúcar, quando criança, até chegar ao alcoolismo, que afirma ter sido a pior.

 

Nome: Rita Lee, uma autobiografia.

Autora: Rita Lee.

Editora: Globo Livros.

Ano: 2016.

Número de Páginas: 296.

País de origem: Brasil.

Onde encontrar: Livraria Saraiva.

Preço: 26,90.

Revela o fascínio por Peter Pan e James Dean, seus primeiros crushes, conflitos que levaram ao fim suas parcerias com as bandas “Os Mutantes” (1968 a 1972) e “Tutti Frutti” (1973 a 1978). Somos apresentados aos bastidores não apenas desses grupos musicais, ou da carreira solo de Rita, mas também ao contexto histórico, político e social que representou e sofreu a Tropicália. Importante movimento musical que surgiu durante a ditadura militar e da qual a cantora fez parte, juntamente com figuras do calibre de Gilberto Gil e Caetano Veloso, ambos exilados por um tempo na Europa.

Vemos uma declaração de amor à Hebe Camargo, bem como uma inesperada e sincera amizade com Elis Regina. Já se perguntou porque o nome da filha da pimentinha é Maria Rita? O relacionamento profissional e passional primeiro com Arnaldo Baptista e depois Roberto de Carvalho, o doce vampiro com quem é casada até hoje. Passagens como o abuso sexual que sofreu na infância e a prisão quando estava grávida do primeiro filho emocionam, mostrando, mais do que uma artista que abusou de drogas, uma mulher feminista, que não teve medo de se impor em um meio dominado por homens em uma época de repressão. Como chegou a declarar em entrevistas, ao ouvir que rock é coisa de homem, “peguei meu útero, meus ovários e fui fazer roquenrrou”.

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

Leticia Gonzalez dos Santos, tenista.

Não é apenas o badalado futebol que muda vidas. Alguns esportistas preferem trabalhar com bolas de dimensão maior, ou menor, redes que se situam na metade do campo, ou ainda, que derrubam uma série de pinos alinhados ao fundo de uma pista. O esporte destacado nesta matéria é o tênis, que não conta com um grande astro pop como Neymar, mas comove igualmente multidões de torcedores e atletas pelo mundo.

João Luiz Zillo, de 22 anos, que mora em Lençóis Paulista, interior de São Paulo, conta que começou a treinar aos 11 anos, junto com amigos da escola. Sobre a inspiração, conta que a avó, ex-tenista, o incentivou a treinar no clube em que era sócio e a participar de campeonatos: “a primeira vez que joguei num torneio foi com 13 anos. Estava muito nervoso. Mas, após o terceiro torneio, comecei a ir melhor até ser classificado como campeão na minha categoria”.

Já Cezar Augusto Zambarda, de 24 anos, estuda Publicidade e Propaganda e pratica tênis desde os quatro anos. Instrutor desde a adolescência, conta que começou a dar aulas no período em que morava nos Estados Unidos para ajudar nas despesas da casa. “Comecei dando aulas básicas para crianças e estudantes que tinham interesse”. Apaixonado, pelo esporte, conta que começou a praticá-lo brincando com a família, o que despertou um interesse. Foi incentivado pelos pais, que o colocaram para treinar com um professor particular e, depois, em uma equipe.

Em contraponto, o santamariense Rafael Ferrazza, de 21 anos, relata ter começado a praticar tênis tarde. “Foi aos 12 anos, quando ganhei uma raquete dos meus pais. No começo eu praticava no Clube Recreativo Dores. Depois, em busca de maior apoio, me encontrei no Avenida Tênis Clube”. Ferraza, assim como Zambarda e Zilo, afirma ter recebido apoio incondicional da família: “eles sempre foram meus maiores incentivadores”.

Rafael Ferrazza à esquerda e Cezar Zambarda à direita.

As mulheres também não ficam de fora. Leticia Gonzalez dos Santos, de 23 anos, é de São José do Rio Preto, mas reside nos Estados Unidos há 5 anos. Conta que começou a praticar tênis ao ver os irmãos treinando. “Eles jogavam, então quis aprender também. Eu tinha 8 anos, eles 11 e 12. Conta ainda que o apoio da família era incondicional: “meu pai era a favor de eu levar o esporte mais a sério e minha mãe também me apoiava. Eles sempre me incentivaram a jogar ”. Nos torneios, a atleta começou desde cedo. “Meu primeiro foi aos nove anos. Sempre fui uma pessoa muito competitiva, então os campeonatos sempre foram a minha parte favorita em jogar tênis”.

Sobre a relação com o esporte e o que ele representa em sua vida, Zambarra destaca as oportunidades que o tênis trouxe para sua vida: “me abriu várias portas. Graças a ele pude estudar nos EUA, competir em torneios pelo mundo, além de fazer amizades. Mas, o mais importante é que me ensinou a ser uma pessoa melhor, a respeitar os adversários, torcedores, treinar muito, acreditar em mim mesmo, ter mais responsabilidade e a cumprir horários”. Letícia atribui ao esporte muitas das oportunidades que obteve. “Por causa dele me mudei para os Estados Unidos, estudei inglês e, ao mesmo tempo em que o praticava, me formei em jornalismo”. Já Zilo prefere identificar o tênis como” o resumo da minha vida. Tive várias experiências e muitos dos meus melhores amigos conheci com o esporte”, revela.

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

“Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade”. A frase do jogador de hóquei Tom Fitzgerald encaixa-se de maneira perfeita com as palavras do músico,  produtor, fotógrafo, editor, empreendedor e estudante Rodrigo Souza. O acadêmico do curso de Publicidade e Propaganda, da UFN, deu uma entrevista para a equipe da Agência Central Sul, onde fala sobre como concilia o TFG com sua maior paixão: a música.

Explica também os processos de produção e criação para seu canal no Youtube: ‘Eu, Rô’, onde posta os vídeos, que também produz e edita, de covers de músicas conhecidas, músicas autorais e os ‘Eu Vlogo’, onde Rodrigo fala que todos podem aprender sobre música, sem ter nascido com um dom especial, sobre inspiração e os equipamentos que usa.

ACS: Quando surgiu sua paixão pela música?

RS: Foi bem cedo, quando eu tinha entre três e quatro anos e a minha família me presenteou com alguns instrumentos musicais, como tecladinhos. E, no decorrer desse aprendizado que é a vida, eu fui desenvolvendo gosto, não só pelo canto, mas também pelo violão, que eu comecei a aprender lá pelos dez anos de idade. Então, posso dizer que eu estou nessa carreira musical, de aprendizado, há pelo menos uns dez anos.

ACS: Você tem um carinho pela área do audiovisual. Fale um pouco sobre a sua história com ele.

RS: Quando eu ainda estava no ensino fundamental, algumas professoras começaram a pedir trabalhos que envolviam produção audiovisual. Enquanto os meus colegas pegavam o celular e faziam os trabalhos de uma forma mais improvisada, eu quis ir um pouco além. Pedi para o meu pai uma câmera filmadora. Ele topou. Com ela eu comecei a filmar, brincando, e foi assim que começou a minha jornada no audiovisual.

Eu entrei na faculdade e acabei deixando o audiovisual de lado por um tempo, me dediquei ao mundo fotográfico. Um pouco mais tarde, me redescobrir no audiovisual, que é o que eu gosto mesmo de fazer. E comecei a estudar tudo relacionado a linguagem: enquadramento, cor, história do cinema, etc.

ACS: Você costuma se posicionar claramente em assuntos políticos. Acha que faz parte do papel artista manter essas posições?

RS: Eu acho que é função do artista passar uma mensagem. E, com a minha música e com os meus produtos audiovisuais, eu gosto de deixar claro que eu sou uma pessoa que luta a favor de determinados direitos. Como a comunidade LGBT, direitos dos negros e mulheres. Gosto de me posicionar politicamente, falar ‘olha, sou um homem cis, branco, heterossexual e quero fazer algo com isso’, pois infelizmente tenho muitos privilégios que quero dividi-los com os outros que não possuem os mesmos direitos. Essa foi a maneira que eu encontrei de colaborar com o mundo. É algo hipotético tentar ajudar todo mundo, mas, acho que assim é um bom começo.

ACS: Fale um pouco sobre as suas composições.

RS: Tenho até então mais de dez músicas autorais. As quais umas cinco estão disponíveis no Youtube. Eu gostaria de me consagrar como um artista autoral. Faço covers, mas o meu propósito no mundo da música é falar olha, sou um artista que compõe músicas e quero que as pessoas cantem e conheçam o meu trabalho.

ACS: Quais as tuas maiores referências musicais?

RS: Eu gosto muito de compor e cantar em inglês. Então, a minha maior referência, de todas elas, é o Jason Mraz. Um cantor norte-americano que compõe músicas folk e pop. Inclusive eu tenho uma tatuagem, a ‘be love’,  mesma que ele tem, para me lembrar que compartilhamos a mesma ideologia: de respeitar todas as pessoas e agregá-las, se é o amor que queremos ver no mundo. E é por isso que ele é a minha maior inspiração.

Outro é o Avicii. Ele me fez entrar no mundo da produção da música eletrônica. Eu passei por uma fase onde eu explorava vários programas para fazer música eletrônica e que hoje me trazem diversos atributos para eu compor. Então, pode-se dizer, que a minha entrada na produção musical se deu pelo Avicii, que me impulsionou. Então, hoje eu tenho o conhecimento para produzir minhas músicas folk, tendo meu começo na produção de música eletrônica.

ACS: Como surgiu e qual a proposta do Eu, Rô?

RS: Como uma forma de apresentar ao mundo meu trabalho, postar obras audiovisuais bonitas, que mostrem minhas músicas autorais. Acredito que a minha proposta está dando certo. Um cover na terça e uma música autoral na quinta. Essa era a divisão que eu estava fazendo até que as músicas que eu tinha na reserva acabaram. E, devido a reta final do curso, com TFG, achei melhor ir com mais calma e fazer uma coisa de cada vez. Esclareci para o público que eu ia postar uma música nova a cada quinze dias, por exemplo. E nessas datas de postagem eu ia falando olha, hoje vai ser uma música autoral, hoje vai ser um cover. No momento dei uma pausa no canal, mas vou voltar em breve com vídeos novos a cada semana.

ACS: Você faz tudo sozinho?

RS: Não. Faço toda a captação de áudio, mas com a captação de vídeo, que não é estática, peço a ajuda da minha mãe da minha irmã, que colaboram muito e participam no sentido de impulsionar o meu canal e entender os meus propósitos. Acho isso muito bacana da parte delas. Esse é um projeto familiar, digamos assim. (risos)

ACS: Como é o teu processo de criação?

RS: Existe uma coloração bem famosa que é a laranja e ciano, que compõem diversos vídeos e é uma referência que levo para as minhas produções. Gosto muito desse estilo. Cada vez que eu gravo um vídeo, faço num formato que permita a edição. No mais, meus processos criativos se dão muito a partir dos meus gostos. Ouço muito a música que está rolando no momento. Então pego um pouco disso, adapto para o meu estilo, o folk, e faço a minha interpretação para postar os covers no canal.

Com relação às músicas autorais, minhas composições têm um cunho positivista. Procuro unir as pessoas. Acredito que cada composição minha fala um pouco disso e é o que eu tenho tentado fazer. Há algum tempo atrás eu compunha músicas que, digamos, começavam com A e terminavam com B. Acabei perdendo um pouco esse foco. Me preparei para compor músicas que começassem e terminassem falando sobre amar o próximo. Manter esse foco é o importante para mim.

ACS: Como é a sua rotina de produção para o Eu Rô?

RS: Quando eu postava dois vídeos por semana ela funcionava assim: era uma demanda muito alta, mas eu acabava produzindo tudo numa segunda-feira de noite para postar na terça e na quinta. Atualmente estou num processo de interrupção, mas pretendo voltar fazendo os vídeos num final de semana para ser postado em uma quarta. Vai me deixar menos atarefado, e poderei trabalhar com mais calma e mandar conteúdo para o canal semanalmente, já que o algoritmo do Youtube funciona por frequência. Ou seja, quanto mais tu postar vídeos, maiores as chances de aparecer para outras pessoas. A questão, na minha opinião, é sempre estar presente.

ACS: O que te levou a escolher o curso de Publicidade e Propaganda, não de música?

RS: A música por muito tempo foi só um hobbie para mim. Faz pouco tempo que me identifiquei como artista de verdade, mas já havia me visto como fotógrafo e produtor audiovisual, por exemplo. Foi nesse caminho que eu decidi seguir. E foi uma vontade minha seguir o aprendizado nesse âmbito. Esse foi um fator decisivo para eu não escolher a música. Então, me identifiquei com a publicidade e vim para a área da comunicação sem muita dúvida na escolha do curso.

ACS: Quais as suas expectativas para o futuro profissional?

RS: Eu tenho um plano A e um B para o ano que vem, quando eu me formar. O primeiro, e a minha família já está ciente disso, é me dedicar à música. Atualmente eu não tenho conseguido me dedicar 100% a nada. Não tenho composto o suficiente, nem estudo música o suficiente. Conversei com a minha família e disse: olha, se vocês me apoiarem, no ano que vem vou procurar fazer tudo voltado para a música. Eles acharam bacana. O plano B é continuar com a minha microempresa online, a 404 Produções, no Facebook, que fornece serviços fotográficos e de produção audiovisual. Fora isso, já recebi convites de algumas agências para trabalhar. O que está fora dos meus planos, mas é uma possibilidade.

ACS: Como você consegue conciliar todas essas vidas?

RS: Tem um gráfico na internet que mostra três círculos: um para a vida social, outro para estudos e o terceiro para dormir. Ele indica escolha dois. No momento eu estou com as opções dormir e estudos. A demanda da faculdade está alta, devido ao tfg. A vida social está de lado, mas não está me afetando por enquanto. Está tudo tranquilo. É só uma fase. (risos)

ACS: O que é a vida?

RS: Uma boa pergunta. Adoro me questionar sobre essas coisas. (risos) A vida é um processo simples, que nós complicamos bastante. Mas fazemos isso porque o próprio sistema da sociedade não facilita as coisas também. Acredito que, em um âmbito geral, nós temos muitas coisas fora do lugar e o ritmo acelerado dos nossos tempos acaba deixando as pessoas deprimidas e ansiosas. A vida, hoje, está um caos. Porém, ela é simples e é bonita. Por isso acho importante levar uma mensagem positiva através da minha música. No momento em que as minhas músicas autorais tocarem as pessoas de uma forma positiva, aí eu vou saber que cumpri o meu papel como artista.

ACS: Defina-se em uma palavra.

RS: Coragem. Pois eu acredito que sou uma pessoa que procura quebrar algumas barreiras, padrões e estigmas que são estipulados pela sociedade. E também em relação ao âmbito profissional, em relação à minha música, por colocar a minha cara a tapa e ir em busca desse sonho, não importa o que os outros digam.

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo Cultural, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

Ao se olhar no espelho, o que vê? Muitos reclamam de alguma imperfeição no nariz, uma ruga ou espinha indesejada. E se na verdade o que o que enxergasse no reflexo não fossem apenas problemas estéticos, mas, na verdade, algo diferente daquilo que você é? Muitas pessoas não se identificam com o sexo que nasce. Maria Eva Bevilaqua Rizzatti, aluna de Design de Moda é uma delas.

Ela é a definição completa da frase de Simone Du Beauvoir: não se nasce mulher, torna-se mulher. Seu desenvolvimento não foi apenas de uma personalidade, como é o caso da maior parte das mulheres. Teve que moldar seu corpo de nascença. Todos passamos por fases em diferentes momentos da vida. Sua transformação ocorreu aos poucos, naturalmente. Aos 12 anos começou a tomar hormônios escondido da família, aos 18, usar roupas femininas. “Passei por várias situações que as mulheres cis também passam”. Teve vergonha quando os seios começaram a crescer e marcar a camiseta. Para ela, o plot de virada do filme que é sua vida não se resume apenas à transformação. “Hoje também está sendo uma fase para mim”.

Após atingir a maioridade, para alcançar seus objetivos, seguiu um caminho maior: decidiu sair de casa e realizar as cirurgias plásticas que completariam sua metamorfose. Adotou o nome composto Maria Eduarda. Depois de um tempo, trocou o segundo por Eva, de origem hebraica e que significa viver. Levou dois anos para conseguir obter os documentos com o nome definitivo. “Já consegui trocar quase tudo. Só falta a carteira de motorista”.

A família sempre a apoiou. Pai, mãe e irmão. Ela conta que sempre se identificou como mulher. “Passei por mudanças, mutilei o meu corpo, para me tornar uma mulher. Mas, desde criança, sempre tive pensamentos de mulher”. O genitor é de quem mais é próxima. Falam-se todos os dias, nem que seja por telefone. Ele afirma que na infância não identificava o lado feminino da filha. “Na adolescência, percebi que ela gostava de usar cabelos longos e roupas femininas. Foi a partir daí que comecei a aceitá-la como uma mulher”. Os parentes próximos sempre a incentivaram a estudar.

Sendo a única acadêmica trans no curso de Design de Moda, uma das poucas na instituição, expressa tristeza ao saber que não são todas que dispõem do mesmo privilégio. “Procuro aproveitar ao máximo. Sempre tento me enfiar onde os outros não imaginam encontrar uma trans. Aos poucos vamos indo. Quero mostrar que não somos o estereótipo marginalizado, que o senso comum tem”. Passou por situações de preconceito no mundo acadêmico. Teve que falar com os Direitos Humanos sobre uma professora que se recusava a tratá-la pelo feminino. “No final, deu tudo certo. Isso aconteceu no primeiro semestre”. Querida pelos colegas, está sempre rodeada de amigos, num clima de alegria e descontração.

Sobre o futuro? Explica que pensa em seguir os estudos, especializar-se e abrir a própria marca. Contudo, não planeja um futuro distante, prefere viver uma fase de cada vez, aproveitar os momentos da vida pois, no ar que respira, sente o prazer de ser o que é, de estar onde está. Agora, só falta o diploma.

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

 

O clima era chuvoso, mas a atmosfera era de acolhimento. O mau tempo desta sexta-feira, dia 20 de junho, não foi empecilho para o primeiro Vestibular de Inverno da UFN como Universidade. No pátio, lotado de alunos e professores, ouviam-se risos, viam-se abraços e sentia-se o cheiro confiante da vitória. Era fácil identificar os grupos de cursinhos pré-vestibular, bastava prestar atenção na maneira como se portavam, como uma irmandade, ligada por um único objetivo: hoje seria o dia de mostrar tudo o que aprenderam.

Guilherme Suman explica como preparou seus alunos. Foto: Lucas Linck/LABFEM.

Não se tratava do uniforme da seleção brasileira, mas professores e alunos ostentavam os moletons de seus cursos com orgulho no peito. Os times, treinados com antecedência, estavam prontos para o jogo. O professor de literatura Guilherme Suman, do Riachuelo, relatou que o preparo das turmas foi intenso. “O vestibular da UFN está em destaque no nosso calendário, então estamos focados na prova da instituição desde fevereiro”. Ressalta ainda a importância da presença dos professores no dia da prova.”Hoje estamos aqui para dar uma assistência muito mais afetiva que didática para os alunos. Eles precisam de um abraço para sentirem mais segurança nesse momento”, argumenta Suman.

O preparo antecipado também foi feito pelo Flemming Medicina. O professor Rodolfo Araújo, responsável pela disciplina de Inglês, argumenta sobre a importância de mostrar diversos ângulos abordados em instituições distintas. “Procuramos trabalhar com questões que envolvam os temas mais recorrentes em vestibulares do Rio Grande do Sul, tanto particulares quanto públicas, até para que os alunos percebam semelhanças e diferenças entre as instituições”.

Rodolfo Araújo prefere mesclar questões de instituições distintas. Foto: Lucas Linck/LABFEM.

Um de seus alunos, Augusto Colpo, tem 16 anos e busca pelo curso de Medicina. Seu ritmo de estudos é intenso. Somadas, são quase 12h por dia. “Temos aula até as 17h30min. Depois, costumo estudar até as 23h”. Relata que para esse vestibular não tiveram uma preparação específica. “Seguimos as atividades na época pré-vestibular, como simulados que contenham questões da instituição. Hoje acordei mais tarde, almocei e vim para cá”. Para ele, manter a tranquilidade é uma vantagem”. Não estou nervoso. Faço exercícios de respiração para manter a calma”.

A mesma tática é feita por Felipe Charão, de 18 anos e também vestibulando de Medicina, representante do time Totem Vestibulares. “Tento ficar tranquilo, pois o nervosismo só atrapalha na hora de fazer a prova. O próprio ambiente aqui contribui para isso. A presença dos professores, a maneira como nos recebem. Hoje vamos jogar em casa”. Conta ainda que fizeram várias revisões, em todas as matérias e principais temas que poderiam cair no vestibular. Um simulado no modelo da prova UFN também foi realizado. “Hoje acordei mais tarde que de costume, para estar bem descansado. Fiz algumas leituras, mas meu foco foi manter a tranquilidade”.

Totem fez simulado no formato UFN, diz André Bertoluzzi. Foto: Lucas Linck/LABFEM.

Seu professor de história, André Bertoluzzi explica que a preparação de sua equipe foi integral, “de todas as matérias retomando os principais conteúdos, como costumamos fazer”. Conta que, apesar da prioridade ser preparar os alunos para o ENEM, o vestibular da UFN tem foco importante dentro do Tótem. “Preparamos aulas com atividades que envolviam a resolução de questões de provas anteriores, não apenas da UFN, mas também de outras instituições. Além de um simulado específico no formato da prova”, revela.

A competição contou com times de outras cidades, como os integrantes do Metramedicina, vindos, em sua maioria, de Lageado. Brenda Dockhorn, de 20 anos, explica que contou com aulas específicas para se preparar. “Espero que a prova seja boa, que cobre conhecimento e não decoreba e que eu passe”, risos. Já seu colega Hélio Ibrahim, de 20 anos, precisou percorrer mais alguns quilômetros para chegar até Santa Maria”. Levantei às 5h30m, saí de Travesseio, cidade onde moro, e fui para Lajeado, onde faço cursinho. Saímos todos de lá às 7h da manhã. Chegamos aqui em torno de 10h30min da manhã, almoçamos aqui perto e viemos para a prova”. Conta que, em sua preparação pessoal, focou em algumas matérias como literatura e filosofia. É a segunda vez que  Ibrahim faz a prova na UFN. Por isso, relatou estar mais tranquilo. “Procuro me manter calmo, pois sei que o nervosismo atrapalha muito na hora da prova”.

Eduardo Andrade, de 20 anos, também integra o time Metromedicina. Contou que “a preparação foi tranquila. Fiz por minha conta provas anteriores da instituição”. Entretanto, na hora de responder qual o provável tema da redação, decidiu não arriscar. “É imprevisível”, comentou. Ibrahim, seu colega, acredita em um tema de importância social. “A instituição tem se voltado para temáticas dessa natureza nas últimas provas”. Já Bertoluzzi considera mais provável uma relação com Direitos Humanos. “Acredito que será ligado ao bullying”, relatou Colpo. Brenda acha mais provável algo relacionado com a Copa do Mundo.

 

Crianças são parte do grupo de risco. Foto: arquivo ACS

Metade de 2018 e, entre oscilações climáticas,  enfrenta-se rápidas variações do frio ao calor. Haja saúde que aguente. A garganta começa a doer, o nariz amanhece trancado. E agora? A rotina não para. Ainda é preciso ir trabalhar e as crianças não podem faltar aula. O governo anuncia: vacinas já estão disponíveis em seus postos para os grupos prioritários. Em contraponto, grupos antivacinação são claros sobre sua posição. Não é a primeira vez que discussões a respeito da vacina tomam forma e, nos últimos anos, elas voltaram à tona.

Afinal, as pessoas estão tomando a Vacina Tríplice Viral menos ultimamente?

A vacinação é, historicamente, uma divisora de opiniões. O Brasil é considerado uma referência mundial no que tange à imunização, já que a maior parte da população do nosso país tem acesso a ela gratuitamente. Ao mesmo tempo, para muitas pessoas, ela é uma forma de controle da indústria farmacêutica, a segunda maior do mundo, e apresenta riscos à saúde que podem estar relacionadas a transtornos como o autismo e até a morte.

A Revolta da Vacina (1904)

Revolta da Vacina (1904), charge de Leônidas. Acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro (RJ).

Uma das primeiras e, talvez, a mais conhecida pelo público, a Revolta da Vacina ocorreu no início do século XX, no Rio de Janeiro. Foi um movimento popular que durou seis dias de vários conflitos urbanos violentos, com embates entre forças do povo, militares e policiais. O motivo? A campanha do governo comandada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, que estabelecia a imunização contra a varíola como obrigatória.

Grande parte da população era formada por camadas com menor poder aquisitivo e muitos analfabetos. Na época, desinformada, não conheciam o procedimento de uma vacinação ou sequer seus efeitos positivos, o que gerou uma onda de pânico e resultou em um numeroso grupo que se negou à imunização pública.

Prédios públicos foram depredados, trilhos de bondes, o principal transporte da época, foram arrancados  e várias pessoas feriram-se durante os embates. O governo decretou estado de sítio na capital carioca, e suspendeu a campanha. Pouco depois retomou-a, passou a investir em informação e esclarecimento prévio e, segundo dados oficiais, em um curto período a varíola foi erradicada do Rio de Janeiro.

O caso Wakefield (1998)

Em  1998, um ano após a ciência apresentar ao mundo a Ovelha Dolly, Andrew Wakefield, ex-cirurgião e ex-pesquisador britânico, publicou na revista The Lancet, especializada na área da medicina, o polêmico artigo MMR vaccination and autism, onde relacionava como efeitos colaterais da vacina tríplice, realizada para prevenir sarampo, caxumba e rubéola, com sintomas  que iam do desenvolvimento de uma síndrome intestinal até o surgimento de sintomas de autismo, em crianças.

No Brasil, a notícia também repercutiu e várias mães deixaram de vacinar seus filhos. Pouco tempo depois, a própria ‘The Lancet’ desmentiu o artigo. O autor, perdeu sua licença de exercer a profissão em 24 de maio de 2010, junto com seu colega e co-autor John Walker-Smith. Ambos foram condenados por má conduta profissional. Wakefield afirma que a cassação foi uma tentativa da indústria farmacêutica de silenciá-lo.

Século XXI: redes sociais e fake news

A internet facilitou muito a vida no século XXI. O surgimento das redes sociais aproximou pessoas em diferentes extremos do planeta e o smartphone permitiu ter computador, televisão, rádio e outros aparelhos em um único modelo que cabe no bolso da calça. Entretanto, contribuiu para que as rotinas de vida e trabalho se intensificassem. Permitiu também que qualquer um fizesse circular materiais que desmascaram grandes empresas ou governos corruptos, algo difícil de encontrar veiculado em grandes mídias tradicionais, como emissoras televisivas, por exemplo.

Mas também, abriu espaço para que pessoas mal intencionadas lançassem notícias pouco fundamentados, apuradas ou mentirosas que acabam por influenciar milhares de pessoas ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts  (MIT), atestou que as fake news se espalham cerca de 70% mais rápido que as verdadeiras. A partir de 2015 notícias falsas em relação a vacinação tem vindo a tona. Entre elas, um revival do artigo científico publicado por Andrew Wakefield em 1998. Usuários desavisados acabam por repassar para contatos antes de verificar a veracidade ou procedência da informação.

Em maio de 2017, o Estadão publicou em sua plataforma online uma reportagem que narra o quanto os grupos antivacinação têm ganhado força nas redes sociais. Só em cinco grupos do Facebook reunem mais de 13 mil pessoas. Todos eles são alimentados com o conteúdo de blogs, muitos deles, estrangeiros, que veiculam notícias cujo conteúdo associa com efeitos colaterais a doenças como o autismo.

Como alternativa para a imunização, sem precisar tomar vacina para a gripe, pais utilizam chás, óleos, homeopatia e demais substâncias e nutrientes encontrados em alimentos. Sobre isso, a enfermeira Ana Lúcia Motta, responsável pela Vigilância em Saúde Epidemiológica de Santa Maria, revela que os hábitos alternativos são saudáveis. Porém, não substituem a vacina tradicional. Ela chama atenção para a importância da vacinação. Em especial, para crianças e idosos.

Vacinações em Santa Maria (2018)
 

Campanha de vacinação segue até dia 22/06. Foto: João Vilnei/ arquivo ACS

As campanhas de vacinação em todo o território nacional priorizam anualmente os grupos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. São eles Crianças, entre 0 e 5 anos, trabalhadores da saúde, gestantes, puérperas, ou seja, mulheres que deram a luz há menos de 45 dias, indígenas, idosos e professores. A meta anual é imunizar pelo menos 90% de cada um dos grupos  até o inverno. Segundo a Vigilância em Saúde Epidemiológica de Santa Maria, os resultados locais do ano passado foram satisfatórios.

Os registros da campanha de vacina Tríplice Viral em Santa Maria, em 2017, marcam 94,11% dos trabalhadores de saúde como imunizados. Já as gestantes ficaram abaixo da média. Apenas 84,15%. As puérperas caem mais ainda nos resultados ao marcar 71,07%. Já os indígenas estão com 85,96%. O índice volta a subir com os idosos em 94,21% e ultrapassam a marca nos professores, que chegaram a  104,29%. Entre crianças de 0 a 5 anos o resultado não foi satisfatório, apenas 71,07%. Foram então abertas as vacinações para crianças de 5 a 9 anos, com 20.488 pessoas vacinadas e do sistema prisional, com 979 pessoas, entre detentos e funcionários.

Vê-se que apenas três grupos prioritários  atingiram a meta de 90%. Entretanto, a categoria Professores ultrapassou o limite estipulado. Passa dos 100%. Consequência de professores de outras cidades que aproveitaram para realizar a imunização em Santa Maria. Foi possível também abrir a vacinação para outros grupos.

Já no ano de 2018, o ritmo da vacinação diminuiu, apesar da campanha. Os últimos resultados da vacinação  divulgados pela Vigilância em Saúde Epidemiológica no último dia 14 de junho indicam que a população procura os postos de saúde depois dos apelos e da prorrogação do prazo da vacinação que vai até o próximo dia 22.

Resultado da campanha de vacina Tríplice Viral em Santa Maria (2018), até o dia 14/06.

Grupos Vacinados
Trabalhadores da Saúde 87,27%
Gestantes 74,23%
Puérperas 111,06%
Indígenas 106,45%
Idosos 89,66%
Professores 72,10%
Crianças (0 – 5) 51,63%
Crianças (5 – 9) 16.949 pessoas.
Sistema Prisional 1.055 pessoas.

Segundo dados da Vigilância em Saúde, os postos estão recebendo pessoas de outras cidades, como no caso dos indígenas e  e das puérperas, que já ultrapassaram a marca dos 100%. Os números podem crescer, já que jornada deste ano não chegou ao fim. Um fato curioso é o de que, tanto no ano passado quanto neste, os trabalhadores da saúde aderiram totalmente à campanha. Com efeitos para o bem ou mal-estar, a vacina continua disponível gratuitamente pelo governo brasileiro. Tomá-la ou não é uma decisão pessoal.

Reportagem produzida na disciplina de Jornalismo Científico.

Simone Rosa fala sobre a exposição Reconfigurações, que acontece até o dia 9 de maio. Foto: Juliana Brittes/LABFEM

“Embora conte com obras de várias épocas, não é uma retrospectiva de minha carreira”, afirma Simone Rosa, designer e artista plástica com mais de 30 anos de carreira, sobre sua nova exposição: ‘Reconfigurações’, que está no Monet Plaza Shopping até o dia 9 de maio.

Ao conversar com a equipe da Agência Central Sul, a artista falou sobre seu estilo, influências, bem como a atenção que tem com os compradores e as técnicas que tornam seus trabalhos exclusivos. As obras estão disponíveis para pronta entrega e podem ser negociadas diretamente com Simone, que está no local de segunda à sexta, entre 17:00 e 20:00.

ACS: As obras têm características bem peculiares. Fale um pouco sobre o seu estilo.
Simone Rosa: Nesta exposição todas as obras são figurativas estilizadas. Elas não procuram ser realistas, possuem uma interpretação individual. Em outras séries realizo  arte abstrata, quando não identificaríamos que existem prédios antigos, mobiliários e figuras humanas femininas. Elementos característicos nas minhas obras. Só é possível perceber linhas, formas, cores e o  direcionamento do olhar que a composição sugere. Tanto nas obras figurativas estilizadas, quanto nas abstratas o que caracteriza o meu trabalho é a presença da linha, característica de quem tem formação em desenho.

ACS: De onde surgiu a ideia de reconfigurar?
SR: Trabalho com infografias desde 1999. Pesquisei e escrevi sobre isso, argumentando que esse é o nome que considero correto, embora tenham me aconselhado  a chamar de gravura digital, pois várias galerias denominam assim. Eu faço esse redesenho da linguagem gráfico manual da pintura para o digital, pois sempre achei que o meu trabalho deveria estar mais próximo das pessoas. Por exemplo, uma pintura é vendida por mais ou menos mil reais, enquanto a infografia fica em torno de cem. Houve uma época em que eu fazia a infografia seriada. Foi quando eu comemorei os meus 25 anos de carreira, há uns seis anos atrás. Nessa época eu fazia sete cópias de cada uma, pois é um número que as galerias consideram obras exclusivas. Mesmo assim, eu sentia que as pessoas, apesar de gostarem do preço acessível, queriam algo mais exclusivo. Então passei a fazer apenas uma cópia de cada e a desenhar por cima delas. Nessa aqui eu exagerei um pouco no desenho (risos).

ACS: As infografias são todas novas ou tem algumas antigas?
SR: Peguei algumas impressões antigas, que eu ainda tinha guardadas no meu ateliê, e desenhei por cima delas neste ano. Por isso que o nome da exposição é reconfigurações, pois fiquei por algum tempo preparando ela, desenhando em cima, não transformando o que antes era seriado. As que estavam guardadas eram impressões teste, que ainda não estavam assinadas ou numeradas. Procuro fazer os desenhos, para torná-los exclusivos. Nessa daqui, por exemplo, coloquei os anos 13 e 18 quando imprimi e quando eu desenhei por cima. As pinturas são todas antigas para esta exposição.

ACS: Considera essa exposição uma espécie de retrospectiva da carreira?
SR: Embora conte com obras de várias épocas, não é uma retrospectiva de minha carreira. Nem quando eu comemorei meus 30 anos trabalhando com arte, que chamamos de exposição itinerante, tanto eu quanto a curadora tomamos o cuidado para não usar a palavra retrospectiva. Para ser chamada assim, eu precisaria reunir obras de, pelo menos, uma periodicidade de no máximo cinco em cinco anos de trabalho. Obras desde o início da carreira, e eu comecei a expor em 1987. Os que tenho aqui são de 2010 até 2018. De alguns anos não tenho nenhum exemplar. Daqui algum tempo, quando eu ficar mais velha, se quisermos fazer uma retrospectiva vamos ter que ir atrás das pessoas que compraram as obras para que elas emprestem para a exposição.

ACS: Cite algum artista que seja referência para você.
SR: Eu não tenho. Há artistas que eu admiro, mas, como inspiração, nenhum. Pelo menos de forma direta, pois no momento em que percebo a existência de alguma, eu mesma me policio. Busco uma expressão individual, livre de referências diretas, embora saiba que o nosso inconsciente trabalhe paralelo, trazendo tudo que aprendemos e vivenciamos.