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XV InLetras: o futuro da literatura em debate

A discussão sobre o futuro da literatura dominou as discussões na terceira noite do XV InLetras, durante a mesa temática das doutoras  Fabiane Verardi Burlamaque (Universidade de Passo Fundo), Ana Claudia Munari (Universidade de Santa Cruz do

Seminário debate o desafio do multiletramento

Pela 15ª vez o Centro Universitário Franciscano sedia o InLetras, neste ano, com o tema Múltiplas Linguagens e Letramentos. O evento iniciou na última terça-feira (28) com a proposta de promover reflexões sobre as diversas linguagens

XV InLetras inicia e marca os 60 anos do curso de Letras da Unifra

Na noite desta terça-feira, 25 de agosto, mais precisamente as 18horas, com uma abertura cultural,teve início no Centro Universitário Franciscano (Unifra) o XV Seminário Internacional em Letras (InLetras) que discute a temática das Múltiplas linguagens e letramentos/

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Foto: Fernando Rodrigues Cezar, Lab. Fotografia e Memória.

A discussão sobre o futuro da literatura dominou as discussões na terceira noite do XV InLetras, durante a mesa temática das doutoras  Fabiane Verardi Burlamaque (Universidade de Passo Fundo), Ana Claudia Munari (Universidade de Santa Cruz do Sul) e a norte-americana Jennifer Sarah Cooper (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).  A mediadora da mesa temática foi a professora Vera Elizabeth Prola Farias, do Centro Universitário Franciscano.

A abertura ficou por conta da professora Fabiane Verardi Burlamaque, que falou sobre a importância de apresentar precocemente os livros às crianças, para que tenham prazer em ler desde cedo. A doutora em teoria literária incentivou os colegas presentes mostrando a importância do professor frente à sala de aula para ensinar o que chamou de a “arte da literatura”.

Fabiane também afirmou que cabe à escola incentivar seus alunos à leitura, porém, acredita que as instituições não estão cumprindo o seu papel. A professora defendeu que há diversas formas de ensinar nessa era de multiletramentos, por exemplo, com séries, jogos, aplicativos de celular, entre outras plataformas. Como exemplo, citou o Skoob, rede social de leitores, que possibilita que os usuários criem uma estante virtual de livros com comentários pessoais sobre a obra, visando o compartilhamento de experiências; e os Booktubers, como são denominados os leitores que criam canais de vídeos na internet com o objetivo de comentar obras literárias.

Enquanto muitos alunos não querem ler as obras obrigatórias para o vestibular, o livro Game of Thrones bate recorde de vendas. Essa questão também esteve presente no debate. Sobre isso, Fabiane disse que as leituras de dentro e de fora da escola diferem, porém, ambas são de indispensáveis para o aprendizado.“Precisamos utilizar dessas estratégias para falar sobre os textos que os alunos estejam lendo. Pode ser que não sejam os textos preferidos do professor, porém, a partir dessa obra é possível chegar até algum texto que se deseja ensinar”, finalizou a professora.

A segunda parte da noite foi conduzida por Ana Claudia Munari, doutora em Letras. O tema abordado por ela não poderia faltar: o futuro do livro. Para deixar claro sua posição, em letras garrafais, em um dos slides apresentados, a frase “o livro não morreu” fazia professores e alunos sorrirem no auditório. Ela afirmou também que a obra em papel nada mais é que uma história sem fim. Ana Claudia defendeu sua posição ao dizer que a cada surgimento de uma nova mídia ameaçando o livro, uma nova linguagem também se cria. Disse ainda que com o surgimento dos Ebooks, rumores da extinção dos livros também começaram. Porém, conforme a professora, a internet ajudou na disseminação das obras de papel, já que lojas virtuais, publicidades, book trailers encurtaram o caminho do leitor. A professora acredita que a mudança na literatura não é de agora. Esse processo estaria acontecendo desde que ela surgiu. Ela acredita que a literatura também se transforma quando o mundo muda.

“E para onde vai a literatura? O comportamento do leitor é o que vai dizer o que vai acontecer com ela. Mas, uma coisa é certa. Pode ser que lá no futuro vamos ter alguma coisa que não será igual a hoje, porém, com certeza, continuaremos contando histórias” concluiu a professora.

A norte-americana Jennifer Sarah Cooper teve o compromisso de encerrar a terceira noite de InLetras. Com um sotaque carregado, ela tentou explicar a importância do professor na inserção da literatura no ensino de língua inglesa. “Esse é o grande desafio” disse. Ela defendeu que de todos os sistemas que uma cultura tem para se representar, a língua é a mais completa e gratificante.

A professora promoveu uma reflexão nos participantes do seminário para a promoção das literaturas tradicionais da região, que podem ser trabalhadas em aula. Como forma de exemplo, ela citou as linguagens Pidgins e Creoles e as literaturas pós-coloniais. Jennifer disse que no Brasil, as literaturas de cordel é um dos gêneros discursivos que mobilizam povos. Ela defendeu que uma outra forma de incluir o ensino do inglês é por meio da música, como em corais.

Em sua fala breve, a professora afirmou que é preciso redimensionar o que consideramos como literatura. “A partir das necessidades, do contexto social linguístico e cultural local precisamos trazer benefícios para um projeto que pretende utilizar literatura na aula de línguas estrangeiras de uma forma que dar conta das multiplicidades envolvidas e uma pedagogia relevante e critica” encerrou.

O evento encerra hoje com duas presenças internacionais. A conferência dos professores Charles Bazerman (Universidade da Califórnia em Santa Bárbara) e Carolyn Rae Miller (Universidade Estadual da Carolina do Norte) inicia às 19h.

Por Lucas Leivas Amorim, matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.

Pela 15ª vez o Centro Universitário Franciscano sedia o InLetras, neste ano, com o tema Múltiplas Linguagens e Letramentos. O evento iniciou na última terça-feira (28) com a proposta de promover reflexões sobre as diversas linguagens nos diferentes contextos da sociedade atual.

A mediação da mesa temática ficou por conta da doutora Angela Paiva Dionísio da UFPE. Fotos: Júlia Trombini, Lab. Fotografia e Memória.
A mediação da mesa temática ficou por conta da doutora Angela Paiva Dionísio da UFPE. Fotos: Júlia Trombini, Lab. Fotografia e Memória.

Com o Salão de Atos do Conjunto III cheio de alunos e professores, foi realizada a mesa temática sobre multiletramento, e que contou com as exposições de três importantes nomes da graduação de Letras/Inglês da Universidade Federal de Santa Maria: a Profª Drª Desirée Motta-Roth, a Profª Drª Gabriela Rabuske Hendges e a Profª Drª Luciane Kirchof Ticks. A mediação do tema ficou por conta da Profª Drª Angela Paiva Dionisio, da Universidade Federal de Pernambuco.

A primeira expositora da noite foi Désirée Motta-Roth, professora e doutora em linguística, que iniciou revelando alguns dados preocupantes: grande parte da população brasileira de 15 anos apresenta resultado insatisfatório no aprendizado de matemática, linguagens e outras ciências. Além disso, ela revelou que o conhecimento e interesse por letramento é mínimo nessa faixa etária. Dados apontam também que a consciência das consequências de se aprender novas linguagens praticamente inexistem.

Para que isso mude, Désirée defendeu durante sua fala que o consumo de textos em um universo acadêmico multilinguístico é muito importante, bem como a formação e atualização constante dos professores. “A licenciatura está sob ataque e isso precisa mudar” disse a professora. Ela também deixou claro sua defesa de que deve haver algumas uma revisão do modo como o ensino é feito dentro das salas de aula, já que passamos por uma época de discursos variados e linguagem plural.

Para comprovar esta teoria, a doutora Graciela Rabuske Hendges, segunda expositora da noite, aproveitou para dizer que vivemos em uma era em que surgem novas tecnologias rapidamente, gerando assim a possibilidade de novas relações entre professor-aluno. Segundo ela, as imagens e o audiovisual estão assumindo o lugar da comunicação tradicional e precisa ser reconhecida a diversidade linguística e cultural dentro das salas de aula. Gabriela apresentou algumas pontos que estão atravancando a implantação dessas mudanças no ensino.

Ela afirma que desde 1996, quando iniciaram os primeiro debates sobre Multiletramentos, o sistema educacional ignora as novas tecnologias e novas formas de comunicação. Além disso, professores são de outra geração e por não serem usuários das novas tecnologias, temem o uso na sala de aula. “A formação do aluno hoje deixa a desejar” afirmou a professora, que deu algumas dicas de como mudar esse cenário. Gabriela reconhece que o novo é difícil, mas diz que é necessário iniciar com pequenos projetos dentro de sala e não é obrigatoriedade da escola estar atualizada tecnologicamente.

Luciane Kirchof Ticks, doutora, durante a mesa temática. Foto: Júlia Trombini. Lab. de Fotografia e Memória.
Graciela Rabuske Hendges, doutora, durante a mesa temática.

Luciane Kirchof Ticks, professora e doutora, encerrou a primeira noite de mesa temática ligando essa última fala da professora anterior, quando apresentou um projeto de pesquisa realizado entre os anos de 2012 e 2014 em uma escola estadual de Santa Maria. Ela conta que foi desenvolvido a pedido da escola um projeto focando nas diferentes práticas de letramento envolvendo alunos do curso de Letras e cerca de 17 professores de diversas disciplinas. Foram propostas algumas atividades conjuntas a fim de pensar em soluções ou formas de auxiliar no aprendizado dos alunos.

A professora explica que foram propostas atividades alusivas à Copa do Mundo do Brasil, fazendo com que os docentes pesquisassem mais as diversas questões para lançar aos alunos de suas disciplinas com essa temática e ainda fazer o aluno se apropriar das informações que giravam à época sobre este tema.” Não basta saber ler e escrever” afirma Luciane.

As considerações finais da professora encerraram o primeiro dia de atividades do InLetras. O evento segue até sexta-feira (28) no Centro Universitário Franciscano. Hoje as exposições da mesa temática iniciam às 20h30 com o tema Multimodalidade. Leia mais no blog Noticiência.

Por Lucas Leivas Amorim, matéria produzida na disciplina de Jornalismo Especializado II.

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Solenidade de abertura do InLetras, no Salão de Atos do conjunto 3. Fotos: Victória Martins, Lab. Fotografia e Memória

Na noite desta terça-feira, 25 de agosto, mais precisamente as 18horas, com uma abertura cultural,teve início no Centro Universitário Franciscano (Unifra) o XV Seminário Internacional em Letras (InLetras) que discute a temática das Múltiplas linguagens e letramentos/ multiletramentos e linguagens, e coordenado pela  professora Najara Ferrari, do curso de Letras. O evento tem como objetivo promover reflexões quanto às múltiplas linguagens e multiletramentos em circulação nos diferentes contextos da sociedade contemporânea.

A primeira palestra da noite foi feita pela professora doutoura Roxane Rojo, da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, livre docente no Departamento de Linguística Aplicada  e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Formada em Letras Neolatinas Português-Francês/Língua e Literatura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com mestrado e doutorado em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,  Rojo apresentou  “Os novos multiletramentos na escola”, que trata da interação de novas tecnologias que ajudam na aprendizagem, como por exemplo, o Excel, o Word e o CorelDraw. Segundo a conferencista, cabe ao docente possuir letramentos múltiplos, multissemióticos e críticos, ou seja, exigências às quais o professor deverá se preparar para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, assegurando “a democratização do acesso aos bens culturais e aos letramentos, por meio das novas tecnologias”.

Roxane Rojo, doutora em linguística e livre docente na Unicamp fez a conferência de abertura do InLetras. Foto: Júlia Trombini. Lab. de Fotografia e Memória.
Roxane Rojo, doutora em linguística e livre docente na Unicamp fez a conferência de abertura do InLetras. Foto: Júlia Trombini. Lab. de Fotografia e Memória.

O conceito de multiletramentos, segundo a professora, se relaciona com outros dois “multis” que são, as multiplicidades de linguagens, semioses e mídias envolvidas na criação de significação para os textos multimodais contemporâneos e, por outro lado, a pluralidade e diversidade cultural trazida pelos autores contemporâneos.  Nesse contexto, Rojo usou um episódio da minissérie da Globo, Cidade dos Homens, para explicar melhor outro conceito muito importante para ela: a hibridação. O episódio em questão mostra os dois protagonistas, moradores de uma favela do Rio de Janeiro, em uma aula de história. A professora indaga aos seus alunos sobre o conteúdo da aula passada. Nenhum lembra, até que um dos alunos se levanta e pede para explicar, e mostra abordando os países como se fossem morros e a disputa, representada pelo poder do tráfico. A hibridização vem na mistura que se dá da realidade enfrentada pelo menino na favela, com a realidade explicada pela professora.

O XV InLetras teve início dia 25 de agosto e irá até o dia 28 de agosto. Durante os três dias, acontecerão diversas conferências, palestras e comunicações, divididos nos três turnos, e marca também os 60 anos do curso de Letras da Unifra.  Leia mais sobre a cobertura do evento no blog Noticiência Digital.

Por Guilherme Motta,  matéria produzida na disciplina de Jornalismo Especializado II