Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

TODAS AS PUBLICAÇÕES DE:

Deivid Pazatto

Deivid Pazatto

Banda Marcial Manoel Ribas em desfile no final da década de 1950 na Rua do Acampamento. (Foto: Arquivo pessoal de James Pizarro).

Final dos anos 1950. Jogos da Primavera. Em frente ao Colégio Centenário, 200 componentes da Banda do Maneco, assim carinhosamente chamada, se preparavam para marchar na Rua do Acampamento. Na sacada dos edifícios mais altos da avenida, entre eles o Taperinha, dezenas de alunos, do Colégio Manoel Ribas, esperavam para jogar papéis picados. “Maneco! Maneco!”, ao descer a avenida, assim era recebida a banda comandada pelo mestre Binatão, relembra James Pizarro, ex-componente, que nos contou diversas história numa tarde chuvosa.

Pizarro se emociona ao falar da Banda. (Foto: Mariana Olhaberriet/ LABFEM).

Pizarro, 76 anos, se emociona ao falar a história da Banda do Maneco, a qual ingressou no ano de 1957 e permaneceu por seis anos. O ex-componente relembra os momentos em que tocou flauta pífaro na banda que pertence ao colégio de mesmo nome. Pizarro começou a estudar no Colégio Manoel Ribas, quando ele ainda se chamava Grupo Escolar João Belém.

A Banda Marcial Manoel Ribas, foi fundada em 20 de outubro de 1956, a mais antiga em atividade no Rio Grande do Sul. Para participar da banda naquela época, era exigido que os alunos tivessem boas notas. O ex-componente da banda, conta que o então diretor, Padre Rômulo Zanchi, conferia o boletim dos integrantes e em caso de notas abaixo da média, o aluno deixava a banda.

Pizarro relembra um desfile na Rua do Acampamento. Na banda, ele tocava pífaro. (Foto: Mariana Olhaberriet/ LABFEM).

Em 62 anos de história, já trouxe muita alegria para a cidade de Santa Maria em seus tempos áureos. Durante muito tempo foi considerada a banda referência no Estado. Pizarro relembra que, o diretor, Padre Rômulo Zanchi, entrou em contato com dois componentes da Banda dos Fuzileiros Navais (RJ) , a maior do país, para que viessem até Santa Maria ensaiar com a Banda do Maneco.

Além de ensaiar com os componentes da Banda do Maneco, a Banda dos Fuzileiros Navais também era referência. Pizarro conta que a evolução que mais agradava ao público, era a mesma tocada pela banda do Rio de Janeiro. Além disso, a Banda do Maneco desfilava formando uma grande âncora, que ocupava uma quadra inteira na rua.

A Banda Marcial Manoel Ribas se tornou referência no Rio Grande do Sul e era convidada para viajar por diversas cidades do estado. Em Santa Maria, era presença confirmada em qualquer festividade. Ao relembrar um momento marcante, Pizarro conta a primeira vez que a banda formou a palavra “Maneco”, no campo de futebol do Riograndense. “As arquibancadas estavam lotadas e aquele momento comoveu a todos. Alunos, pais, professores, todo mundo amava a Banda do Maneco”, diz Pizarro. O ex-componente acompanha até hoje os desfiles da banda e se emociona a cada vez que vê uma apresentação.

A Banda ainda faz bonito

Os anos passaram e a tradicional Banda do Maneco não parou no tempo. Após viver seus tempos áureos com grandes apresentações, começou a participar de campeonatos de bandas marciais e de fanfarras, onde fez, e ainda faz bonito. Referência no Rio Grande do Sul, o grupo vem colecionando premiações em diferentes concursos disputados pelo estado, brigando sempre pelas primeiras colocações.

Composta por 140 instrumentistas e 30 balizas, maior corporação do estado, a banda se prepara para uma competição em casa – o 27º Campeonato Estadual de Bandas e Fanfarras, em novembro deste ano. E para dar conta de um grande grupo, a Banda do Maneco conta do quatro coordenadores. José Paulo Rorato é o coordenador geral da banda, junto dele estão outros três, que fazem trabalho voluntário, Geison Nielsen, Daniel Santos e Nátura Mayer.

A Banda chegou a desfilar com 200 componentes no fim da década de 1950. (Foto: Arquivo pessoal de James Pizarro).

No início de cada ano, os coordenadores se reúnem para escolher o enredo da banda, com o intuito de formar um alinhamento perfeito e tornar o resultado final agradável para todas as categorias. Daniel Santos, professor de sopro, evidencia o que poderá dar mais destaque no repertório. De forma geral, as músicas são escolhidas para contemplar a totalidade.

Nátura, além de fazer parte da coordenação, também é coreógrafa das balizas, e acredita que o concurso na cidade seja a oportunidade de ganhar visibilidade diante da comunidade santamariense. Ela, que passou de aluna à professora, viveu diferentes momentos junto à banda.

A coreógrafa entrou no Colégio Manoel Ribas no ano de 2003, e seu interesse pela dança fez com que escolhesse o clube nas aulas de Educação Física. Ainda como caloura, se tornou Mór – integrante responsável pelas balizas. Anos depois, entrou na faculdade de Educação Física, e durante seu primeiro estágio, voltou às origens para coordenar as coreografias da banda – onde trabalha de forma voluntária até hoje.

Seu trabalho junto às balizas rendeu sete prêmios desde 2010. Referência quando se trata de novidades, no último ano Nátura deixou sua apresentação às escuras, sem nenhuma divulgação na internet e surpreendeu a cada novo passo. “Se um dia a gente lança uma menina no ar, no outro dia está nas redes sociais, e quando chegamos nos concursos sempre tem alguma coisa parecida, por isso, tentamos guardar segredo e chegar com muitas surpresas”, declara a coreógrafa, que pretende usar a mesma tática para o campeonato desde ano.

Apesar de ser considerada uma banda tradicional, a Banda do Maneco abre espaço para novas possibilidades. O grupo das balizas, que sempre foi composto por meninas, agora abriu espaço para dois meninos. Depois de três anos tentando essa inclusão no corpo coreográfico, esta é a primeira vez que o grupo participará de um campeonato de forma mista. Marcelo Dorneles, 18 anos, um dos balizas, contou que sempre recebeu convites para entrar no  time da dança, no entanto, o receio de sofrer preconceito por parte de outros meninos nunca deixaram com que ele tomasse coragem. Durante seus dois primeiros anos com a banda, o estudante participou do grupo de percussão.

Desfile na Avenida Medianeira em 2015. (foto: Arquivo pessoal de James Pizarro).

Depois que começou a ensaiar com as meninas, o estudante percebeu que nada mudou no comportamento dos outros colegas. “Não to nervoso para participar desse concurso, já havia me apresentado junto à banda. Apesar de não ter tanto tempo nas balizas como as meninas, eu sempre estava assistindo os ensaios, então já sabia as coreografias de cor e estou bem tranquilo”, declara Marcelo.

A Banda do Maneco além de formar músicos, também atrai os que já tem essa formação. Fernando Trindade, Mór do Sopro, conta que está na banda desde de 2014. Ele relembra como momento marcante, o campeonato vencido pela banda em Quaraí, no ano de 2015. Trindade, que conheceu a banda ainda como aluno do Maneco, toca trompete e auxilia os novos integrante na execução das músicas.

Por já ter passado por vários momentos com a banda, Nátura se incomoda quando é abordada por pessoas que já estudaram no Maneco, e afirmam “que no tempo delas, era muito melhor”. Como ex-aluna, ela reconhece as evoluções da banda todos os anos. “Sempre fomos muito além que outras corporações do estado. Somos exemplo, muito visados, e hoje concorremos na categoria musical porque mudamos nosso instrumental para melhorar o arranjo. Colocamos saxofones e outros instrumentos que não são mais da categoria marcial, justamente pra continuar melhorando”, explica a professora.

“Precisamos de ajuda!”

Com os olhos cheio de esperança, Nátura afirma que naquele cantinho de Santa Maria, há uma grande potência, que muita pessoas não conhecem. A escola conta com o projeto da Lei Rouanet, enviado a aprovado pelo Ministério da Cultura, com captação de R$ 295 mil. No entanto, ainda não conseguiram uma empresa da cidade que converta a dedução de imposto de renda em forma de doação para a banda. Para a professora, algumas pessoas não sabem que podem contribuir, ou acreditam que o processo possa ser muito burocrático.

Para ajudar a banda a arrecadar contribuições, um vídeo foi produzido pela Pastel Store Filmes e postado no Facebook da Banda do Maneco, pedindo o engajamento da sociedade santamarienses.

 

 

Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Cultural, no primeiro semestre de 2018, sob orientação do profº Carlos Alberto Badke.

Texto: Camila Fogliarini e Deivid Pazatto

o Ex-presidente Lula discursou para uma multidão na Santa Marta. Fotos: assessoria do PT

Após passar por Bagé e Santana do Livramento, na tarde de ontem, 20, o ex-presidente Lula esteve em Santa Maria. A comitiva da Caravana Lula Pelo Brasil começou a agenda visitando a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde se reuniu, às 14 horas com reitores e dirigentes de universidades e institutos federais. Durante a visita na UFSM, manifestantes fizeram protesto contra o presidente.

Por volta das 17h, militantes começaram a se reunir na área verde em frente a EMEI Sinos de Belém, no Bairro Nova Santa Marta, onde a Caravana faria a sua segunda parada na cidade. Antes da chegada do líder petista, em meio a gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”, diversos representantes de movimentos sociais de Santa Maria manifestaram o seu apoio, em uma festa comandada pela  presidente do PT santa-mariense, Helen Cabral.

A estimativa é de que aproximadamente 7.500 pessoas estiveram presentes na noite de ontem.

Às 19:30, o ex-presidente chegou ao bairro Nova Santa Marta, escoltado por militantes do Movimento Sem Terra (MST) e policiais. Junto a Lula, estavam a ex-presidenta Dilma Rousseff, o ex-governador do Rio Grande do Sul , Olívio Dutra, o pré-candidato ao governo gaúcho, Miguel Rossetto, a presidente nacional do Partido do Trabalhadores (PT) e também senadora, Gleisi Hoffmann, os deputados federais Paulo Pimenta, Marco Maia e Maria do Rosário e lideranças de Santa Maria.

Encontro com a acadêmica de jornalismo da Unifra, Thayane Rodrigues, na manhã de hoje, quando a Caravana se despedia da cidade de Santa Maria. Foto: arquivo pessoal

Em discurso, o ex-presidente reforçou sua vontade de voltar a concorrer à presidência em 2018 e fez duras críticas ao atual cenário político. Também reforçou os projetos desenvolvidos durante sua permanência como Presidente e fez referência a sua companheira, Marisa Letícia, já falecida.
Dilma Rousseff e Olívio Dutra também discursaram pedindo a volta do ex-presidente Lula.
Segundo a organização, cerca de 7.500 apoiadores de Lula se reuniram para o ato político.

Bandeira do Orgulho Trans (Foto: divulgação)

A cada 25 horas, um LGBT (lésbicas, gays, bissexuais,  transexuais e travestis) é assassinado no Brasil. Os dados alarmantes, fazem do país o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. O ano de 2016 registrou 343 homicídios contra essa população, que é vítima de LGBTfobia todos os dias. Os dados são do relatório de 2016 do Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga associação brasileira de defesa dos direitos LGBT. A pesquisa foi baseada em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais.

O ano de 2016 foi marcado por várias atrocidades contra os LGBT’s. Em agosto a jovem travesti Brenda, foi espancada e jogada de cima de uma passarela no Pará. Em dezembro, o ambulante Luiz Carlos Ruas, foi assassinado no metrô de São Paulo, quando tentava defender um gay e uma travesti perseguidos por dois lutadores. Também no final do ano, Itaberly Lozano, 17 anos, foi espancado, esfaqueado e carbonizado pela própria mãe.

Essas são algumas das mortes registradas no ano passado. O antropólogo Luis Mott, responsável pelo site “Quem a homofobia matou hoje”, ressalta os números alarmantes, e diz que são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue. “A falta de estatísticas oficiais, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, é prova da incompetência e homofobia governamental”.

O relatório divulgado pelo GGB, mostra que 2016 foi o ano mais violento desde a década de 1970. Além de enforcamento, pauladas, apedrejamento, muitas vítimas foram torturadas e  tiveram seus corpos queimados. São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro são os estados que mais mataram LGBT’s no ano passado.


TRANSFOBIA

Apesar de gays corresponderem a 50% das vítimas, quando se trata de vulnerabilidade, travestis e transexuais são as que mais sofrem violência. O GGB afirma que proporcionalmente, essa parte da população são as mais vitimizadas. O risco de travestis e transexuais serem assassinadas, é 14 vezes maior que um homem gay. Uma pesquisa realizada pela rede europeia Transgender Europe (TGEU), confirma que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Só no ano de 2016, foram 144 travestis e transsexuais mortas no país, segundo a Rede Trans Brasil, que faz um monitoramento do número desses homicídios.
Apenas no intervalo de janeiro a maio de 2017, houve 81 assassinatos de pessoas trans no País. O dado é do monitoramento da Rede Trans Brasil. Em fevereiro desse ano, o caso da travesti Dandara chocou o país. O vídeo que ganhou repercussão nas redes sociais mostra a jovem sendo brutalmente assassinada a chutes e pauladas por um grupo de jovens no Ceará.

A exposição a situações de violência física faz parte do cotidiano dessas pessoas. Vezes agredidas, encontram no sistema de saúde e delegacias mais violência, onde não respeitam suas identidades de gênero. A violência verbal não fica apenas nesse meio, permeando também muitos espaços públicos.

Martha Souza, Doutora em Ciência, militante e pesquisadora nas questões de igualdade de gênero, trabalha há mais de 20 anos com travestis e transexuais, além de produzir artigos que abordam a temática. Ela ressalta a forma como essa população é assassinada cruelmente. “Uma morte de travesti, nunca é um tiro, uma facada, são pedaços arrancados”.  Martha, em seu artigo “Violência e sofrimento social no itinerário de travestis de Santa Maria”, publicado em 2015, fez um estudo com 49 travestis, onde todas relataram ter vivenciado agressões físicas e xingamentos, muitos iniciados no contexto familiar.

As histórias de exclusão social e discriminação são reafirmadas a todo instante pela população trans. Após serem expulsas de casa e sofrerem rejeição familiar, resta as travestis e transexuais a busca por um local onde sejam aceitas. Em Santa Maria, o Alojamento Verônica faz o trabalho de abrigar travestis e transexuais na cidade. “O perfil da maioria das trans que chegam até aqui, são meninas que sofreram justamente a rejeição da família”, conta Verônica Oliveira, administradora do local.
O pensionato que tem 10 anos de existência, já abrigou mais de mil travestis e transexuais, segundo Verônica, que também milita pela causa trans. O pensionato funciona como um hotel, onde dispõe de quartos e área de lazer para quem passa por ali.

A dificuldade para encontrar moradia, acaba tornando os pensionatos destinados a pessoas trans, um local exclusivo. Ali se criam novos laços e novas conjunturas de família. As situações de opressão e discriminação, acabam dando espaço a relações de afeto.

Alojamento Verônica abriga travestis e transexuais em Santa Maria (Foto: Juliana Brittes/ LABFEM).

A população trans vivencia a discriminação desde a descoberta da sexualidade, principalmente quando suas mudanças corporais começam a se tornar mais visíveis. A feminilização ou masculinização de seus corpos, no caso de homens trans, acabam afastando essas pessoas do núcleo familiar. A desestabilização com a família e a opressão da sociedade, acabam levando muitas travestis e transexuais ao suicídio.

O despreparo social acaba por marginalizar travestis e transsexuais, o que resulta também no desemprego de pessoas trans. Verônica, dona do pensionato, ressalta o não reconhecimento da identidade de gênero dessa população. “Algumas meninas trabalham de manicure, cabeleireira… muitas acabam trabalhando na noite”. O preconceito ainda é evidente quando transsexuais tentam se candidatar a uma vaga de emprego. Segundo uma estimativa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 90% da população trans se prostitui no país.

Martha, que também é professora do Centro Universitário Franciscano (Unifra), relata a  necessidade de pautar questões de gênero em todos ambientes. “A gente precisa se perguntar: quem é que incentiva isso? Somos nós, sociedade, no momento em que não discutimos isso numa escola ou faculdade”.
Os insultos instigados por uma sociedade culturalmente machista, acabam respingando no núcleo escolar. Travestis e transexuais, assim com toda a classe LGBT, acabam sofrendo suas primeiras discriminações ainda na infância. A escola, tem como espaço exercitar a cidadania e reconhecer a igualdade, mas não é o que se vê em muitas instituições.

VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL

A maioria das pessoas trans no Brasil ainda vivem à margem da sociedade, sem acesso à educação, saúde e oportunidade de inclusão no mercado de trabalho. As delegacias especializadas de atendimento à mulher não são  preparadas para casos de violência contra travestis e transsexuais.
Após sofrerem agressões físicas e/ou verbais nas ruas, travestis e transexuais, passam por outras experiências de preconceito. As delegacias, locais onde essas pessoas deveriam ser amparadas, acabam por causar mais discriminação, devido ao despreparo dos “profissionais”.

Não bastasse o preconceito nas delegacias, após sofrerem agressão física nas ruas, travestis e transexuais, muitas vezes, precisam procurar um sistema de saúde, onde novamente sofrem discriminação. Pessoas trans acabam virando motivo de “chacota” nos espaços onde deveriam ser bem tratadas. Além disso, o desrespeito a identidade de gênero e ao nome social é recorrente causando constrangimento por quem passa pelos sistemas de saúde.
A acadêmica de Design de Moda, Maria Eva Bevilaqua, que é transexual, relata o caso de uma amiga que sofreu transfobia na Unidade de Pronto Atendimento de Santa Maria (UPA). “O nome social dela não foi respeitado, sendo tratada a todo instante no masculino”. Maria Eva ainda conta que após dizer que o médico seria filmado – devido péssimo atendimento – o profissional ameaçou não atender a paciente.

Uma das maiores lutas do movimento trans, além do tratamento e respeito à sua identidade de gênero, é o nome social. Em 2016, a então presidenta, Dilma Rousseff, assinou o decreto que permite transexuais e travestis a usarem seu nome social em todos os órgãos públicos. A obtenção da carteirinha social, demanda grande trabalho. São precisos laudos de psicólogos para comprovar para o Estado qual é o seu gênero.
A transfobia pode ser entendida como preconceito, discriminação, ou demais violências contra pessoas em função da sua identidade de gênero. No Brasil não há uma lei federal que ampare as agressões sofridas por essa população . O Projeto de Lei nº 122/2006 (PL 122), apresentado em 2006 na Câmara dos Deputados – que criminaliza a LGBTfobia – encontra-se arquivado no Congresso Nacional.
Estados como Paraíba, Piauí, São Paulo e Sergipe que visam à proteção de trans e homossexuais, contam com delegacias especializadas nesses crimes. Em março de 2017, o governo do Ceará autorizou o atendimento de travestis e transexuais nas delegacias das mulheres do estado. No Rio Grande do Sul, não existem delegacias especializadas em crimes de LGBTfobia.

ENTENDA AS DIFERENÇAS:

Transgênero
O termo é  uma criação social para englobar as travestis e transexuais.

Transexual

A identidade de gênero não corresponde ao sexo biológico. Não há relação direta com orientação sexual. O transexual pode ser tanto homossexual,  heterossexual ou bissexual.
Mulher Trans: biologicamente homem, mas se identifica com o gênero feminino;
Homem Trans: biologicamente mulher, mas se identifica com o gênero masculino.

Travesti
Pessoas que não se reconhecem como homens ou como mulheres, mas como integrantes de um terceiro gênero. Vivenciam e preferem ser tratadas em papéis femininos. Também não há relação com a orientação sexual.

 Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado III, do Curso de Jornalismo da Unifra, durante o primeiro semestre de 2017. Edição: Professora Carla Simone Doyle Torres.

“As gay, as bi, as trava e as sapatão tão tudo organizada pra fazer revolução!”. Entoando gritos de protesto e levantando cartazes, milhares de pessoas ocuparam as ruas de diversas cidades do Brasil contra a liminar concedida pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal. A decisão judicial permite que psicólogos ofereçam terapias de reversão sexual para LGBT’s.

Em Santa Maria, não foi diferente. Por volta das 14h30min, do dia 23 de setembro, manifestantes começaram a chegar na Praça Saldanha Marinho, o ponto de encontro para um ato público contra a “Cura Gay”. A manifestação foi organizada pelo Coletivo Voe, grupo de ativistas atuantes na cidade em defesa dos direitos LGBT’s.

Na praça, os manifestantes confeccionaram cartazes e pintaram seus rostos. As seis cores do arco-íris coloriram o espaço público e deram início a uma caminhada pelas principais ruas da cidade. Entre um grito e outro, eles pediam por respeito. O apoio a causa era mútuo e foi a partir daí que o estudante Henrique Pivetta Viero, 20 anos, teve a ideia de comunicar o Coletivo Voe para o ato público. “Após ler a notícia, fiquei indignado. Logo fui para as redes sociais e escrevi um texto de repúdio, onde recebi muito apoio de outros LGBT’s”, comenta.

E não foi só o Henrique que ficou tomado por indignação com tamanho retrocesso. A homossexualidade foi despatologizada pela Organização Mundial da Saúde em 1990. De lá pra cá, a população LGBT ganhou e ocupou espaço, mesmo rodeado por preconceito. Durante muito tempo sofreu represálias e ainda continua sendo oprimida. “O homossexual é estimulado a se esconder desde cedo. Quando descobrimos nossa identidade, a sociedade vem e diz: vocês não podem ser assim”, diz o estudante. Henrique já sentiu a mesma dor que muitxs outrxs meninxs sofreram. A sociedade o disse que era errado ser quem realmente ele era.

Mas quem é essa sociedade para querer nos curar ou dizer quem devemos ser? É a mesma que mata a cada 25 horas um LGBT? Que assassinou cruelmente 343 pessoas em 2016, entre elas Dandara e Itaberly? Reprimiu, espancou, apedrejou? Os dados são do Grupo Gay da Bahia, a associação mais antiga do Brasil que luta pelos direitos LGBT’s.

Essa mesma sociedade agora tenta nos curar e também tentou nos calar, com o fechamento da mostra Queer Museu, sobre diversidade sexual, exposta no Santander Cultural, em Porto Alegre. A única cura que queremos é a do preconceito, pois não vamos mais aceitar opressão, muito menos ficar dentro do armário. Ocupamos espaços e resistimos! Quando colocamos a cara no sol, em lugares “não apropriados para LGBT’s” (leia-se: cheio de conservadores), mostramos que existimos e que somos pertencentes a uma comunidade.

Temos nossa própria história, qualidades, defeitos e estamos logo ali. Somos seu vizinho, amigo, colega, irmão, filho. Estamos em todos os lugares. Não quero ser aceito, eu quero respeito! Mas em tempos TEMERosos, de tanto desamor e preconceito, ainda há esperança de dias melhores. “É importante ele crescer sabendo que as diferenças são naturais, e que existem vários tipos de expressões, sejam elas de gênero ou religiosa”, contou a professora Marta Nunes, que levou o seu filho, Francisco, de 8 anos, para participar do ato público. Se toda a família fosse como a de Marta, talvez não seríamos tantas vítimas nesse país.

Em 1969, a revolta de Stonewall, em Nova York, mostrou que temos força. A partir de uma série de represálias da polícia contra LGBT’s, a comunidade se libertou e enfrentou a opressão. Sabemos que somos poderosxs, e não vai ser a “Cura Gay” que vai tirar o nosso brilho. Estamos aí: na TV, no rádio, na internet. Estamos em todos os lugares. Isso se chama: re-pre-sen-ta-ti-vi-da-de.

Pabllo Vittar arrastou milhares de pessoas para cantarem suas músicas num palco secundário do Rock In Rio, um dos maiores festivais musicais do Brasil. Além disso, foi a primeira Drag Queen a subir no palco principal – como convidada da cantora Fergie -, levando o público a loucura. A história de descoberta e transição de um homem trans é contada na maior emissora de televisão do país. Liniker, Johnny Hooker, Linn da Quebrada… Uma nova geração LGBTQ+ que veio para derrubar padrões. Parece pouco? Pra gente, não! Cada espaço ocupado pode não ser uma grande revolução, mas é um empurrãozinho para que sejamos percebidos e representados. Temos brilho próprio e estamos cada vez mais poderosíssimxs. Aliás, o nosso rainbow é power!

Deivid Pazatto, acadêmico do 6º semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano. Militante da causa LGBTQ.

Foto: Juliano Dutra. Laboratório de Fotografia e Memória.

A prova do Vestibular de Inverno 2017 do Centro Universitário Franciscano teve índice de abstenção de 9,78%.

Dos 3.333 candidatos inscritos, 326 não compareceram para realizar a prova.

Os dados foram divulgados pela Comissão do Vestibular, que considerou o índice baixo, comparado ao Vestibular de Inverno do ano passado. Em 2016, 2.865 candidatos se inscreveram para o vestibular e o índice de abstenção foi de 13,12%.

 

 

 

Capela do prédio 15 acolheu pais dos vestibulandos. Foto: Thayani Rodrigues. Lab. Fotografia e Memória.

Após o início do Vestibular de Inverno 2017 do Centro Universitário Franciscano(Unifra), familiares e responsáveis pelos vestibulandos foram convidados pelo Frei Valdir Pretto para um diálogo e oração. O ato aconteceu na Capela São Francisco, no prédio 15 do Conjunto III da Unifra.

Em conversa com os pais, Frei Valdir explicou o funcionamento da instituição. “É importante que o familiares tenham entendimento do local onde seus filhos serão acolhidos”,afirma o frei, que também é professor da Unifra.

A Reitora Irmã Iraní Rupolo esteve presente e também conversou com os familiares. “Todos os semestres recebemos muitos alunos, e a Unifra presta todo o suporte necessário para que tenhamos ótimos profissionais formados aqui”, destaca a reitora.

A conversa foi aberta para perguntas e os pais puderam tirar suas dúvidas. Por fim, o Frei Valdir realizou uma oração para os vestibulandos.

Ambulância é parte do trabalho de atendimento aos candidatos. Foto: Juliana Brittes. Lab. Fotografia e Memória

Equipe de atendimento do Vestibular de Inverno 2017 do Centro Universitário Franciscano irá prestar os primeiros socorros a vestibulandos e familiares que venham a ter mal-estar nos locais de prova. Até o momento da abertura dos portões, nenhum vestibulando ou familiar passou mal. No entanto, assim que a prova começou, um rapaz teve febre e náuseas e foi atendido pela ambulância da Cauzzo que faz plantão no local.

Segundo Adriana Machado, responsável pela Comissão Interna de Prevenção da Acidentes (CIPA), Brigada de Incêndio e membros dos cursos de Enfermagem e Medicina irão atender o público presente.

Juliana Colomé, professora do curso de Enfermagem, explica que 15 profissionais responsáveis pelo atendimento foram distribuídos nos diferentes prédios onde acontecem as provas do vestibular.

A Central de Atendimento funciona no prédio 13, no Conjunto III da Unifra.

 

Vestibulandos deixam   as salas após realizarem o vestibular (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Vestibulandos deixam as salas após realizarem o vestibular (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Depois de mais de três horas de prova, às 17h 30min foi dado o sinal para os vestibulandos deixarem as salas onde realizaram o vestibular de verão 2017 do Centro Universitário Franciscano. Ao saírem, a maioria estava cansada e, muitos, sem vontade de conversar.  Nesse momento, professores e familiares puderam saber as impressões de quem fez o vestibular.

Bianca Caldeira, 21 anos, vestibulanda de Arquitetura e Urbanismo. (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Bianca Caldeira, 21 anos, vestibulanda de Arquitetura e Urbanismo. (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Bianca Caldeira, 21 anos, veio de Manoel Viana, foi uma das primeiras vestibulandas a sair da sala de prova. Para ela,  “Não estava difícil a prova, o que mais complicou foi o tema da redação”. Bianca busca uma vaga no curso de Arquitetura e Urbanismo.

Iasmin Quevedo, 20 anos, prestou vestibular para Biomedicina. (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Iasmin Quevedo, 20 anos, prestou vestibular para Biomedicina. (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Iasmin Quevedo, 20 anos, diz que já esperava por esse tema na redação. “É o que a gente vive atualmente. O jogo está por todos os lados”, diz a estudante que prestou vestibular para Biomedicina.

Maria Manoela, 18 anos, veio de Rio Pardo para realizar a prova. (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Maria Manoela, 18 anos, veio de Rio Pardo para realizar a prova. (Foto: Bibiana Iop/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Já para Maria Manoela, 18 anos, natural de Rio Pardo, não esperava o tema da redação. “Foi uma boa prova, com uma temática diferente”.

O tema da redação do vestibular de verão 2017 da Unifra teve um caráter interpretativo. O texto de apoio que buscou refletir os impactos sociais do jogo Pokémon Go, foi complementado com um enunciado que pedia o desenvolvimento de uma proposta de intervenção social, visando o bem-estar coletivo.

Pais buscam a fé na Capela São Francisco de Assis. (Foto: Fernanda Gonçalves/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Pais buscam a fé na Capela São Francisco de Assis. (Foto: Fernanda Gonçalves/ Laboratório de Fotografia e Memória)

O sinal bate e os vestibulandos se acomodam em suas salas. É hora de realizar a prova do vestibular de verão do Centro Universitário Franciscano. Do lado de fora, pais ficam na expectativa e mandam boas energias para seus filhos. Enquanto alguns ficam pelo pátio, outros familiares foram até a Capela São Francisco de Assis, localizada do prédio 15, do conjunto III da Unifra. Ela foi mantida com as portas abertas para que vestibulandos e pais pudessem buscar na fé, a esperança da realização do sonho de seus filhos. É o caso de Luciane Cassol, que veio de Cachoeira do Sul para acompanhar a filha, Kaissa Cassol, 17 anos, que presta vestibular para Medicina. “Algumas sobrinhas já estudam aqui na Unifra, por isso a escolha da instituição”.

Já Aurea Piston veio de Chapecó, Santa Catarina, para acompanhar sua filha, Maria Julia Piston, 21 anos,  que está pela quarta vez buscando uma vaga no curso de Medicina. “Apoio total é o que eles precisam neste momento”, ressalta a catarinenese.

Família Matelli, que vieram de Gramado para acompanhar a filha Gabriela Matteli. (Foto: Fernanda Gonçalves/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Família Matelli, que vieram de Gramado para acompanhar a filha Gabriela Matteli. (Foto: Fernanda Gonçalves/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Pela primeira vez na instituição, Neiva Matelli, saiu às 5 horas de Gramado para trazer a filha, Gabriela Matelli, 17 anos, que também busca uma vaga no curso de Medicina. A caçula da família, Eduarda Matelli, 9 anos, também quer o mesmo sonho da irmã. “Quero ser médica pediatra quando crescer”, diz a pequena.

Jéssica Carine, 19 anos, faz curso pré-vestibular em Passo Fundo. (Foto: Fernanda Gonçalves/ Laboratório de Fotografia e Memória)
Jéssica Carine, 19 anos, faz curso pré-vestibular em Passo Fundo. (Foto: Fernanda Gonçalves/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Enquanto pais faziam suas orações, alguns vestibulandos que vieram de excursão, mas não realizaram o vestibular da Unifra, buscaram o silêncio da Capela para estudar. Jéssica Carine, 19 anos, natural de São Miguel do Oeste, Santa Catarina, veio com seus colegas de curso pré- vestibular. “Quando fui me inscrever para o vestibular da Unifra, as inscrições haviam terminado.” Jéssica tenta uma vaga no curso de Medicina e já foi aprovada do vestibular de inverno deste ano do Centro Universitário Franciscano. Ontem, 27, o grupo realizou prova na Universidade de Caxias do Sul.

pauta personagens_JuliaTrombini03
Seres místicos da floresta passam energias positivas aos vestibulandos. (Foto: Julia Trombini/ Laboratório de Fotografia e Memória)

Passado, presente, futuro e muitas energias dos seres da floresta. Em meio à tensão antes da prova do vestibular de verão 2017 do Centro Universitário Franciscano, o curso Pré-Enem & Vestibular Challenger, fez uma intervenção artística com três “criaturas” vindas da floresta encantada. Os personagens circularam entre os vestibulandos e as equipes que trabalham, interagindo com os estudantes e colorindo o ambiente.

O Mago oferece suas cartas e dá suas respostas (Foto: Julia Trombini / Laboratório de Fotografia e Memória)
O Mago oferece suas cartas e dá suas respostas (Foto: Julia Trombini / Laboratório de Fotografia e Memória)

O professor de Literatura, Alexandre Flores, conta que cada professor do curso deu 10 dicas para os alunos. As personagens trazem as principais questões que podem estar na prova, como é o caso do baralho do Mago.  “Para cada um há uma carta, e para cada carta há uma resposta”, finaliza o protetor da floresta, que  faz previsões do futuro por meio do seu baralho.

Os seres encantados da floresta, têm por lenda, proteger seu território e transmitir boas energias aos seres que o habitam.