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Comissão julgadora define obra contemplada com a Lei do Livro 2018

Na manhã desta segunda-feira (19), a comissão julgadora do concurso literário Lei do Livro 2018 esteve reunida com o chefe de gabinete da presidência, Julio Cesar dos Santos. Na ocasião, a comissão apresentou o parecer sobre

Festa Literária começa nesse sábado em Santa Maria

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Sarau Literário do Curso de Letras ocorre nesta quarta-feira

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Obra de Clarice Lispector é tema de encontro literário

A ATOS, cultura e clínica em Psicanálise  realiza  dois encontros literários com apresentação de obras da escritora Clarice Lispector na programação deste ano. O primeiro encontro acontecerá amanhã, 01/09, sexta-feira, às 19 horas e trará a obra Água-Viva (1973),

Uma viagem pela literatura infanto-juvenil com o Ônibus da Leitura

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Feira Itinerante reúne artistas e atrai novos artesãos

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Comissão julgadora decidiu pelo livro O Memorial do Colégio Manoel Ribas: um diagnóstico para o planejamento museológico, de Maria Helena N. Romero. Foto: Camila Porto Nascimento

Na manhã desta segunda-feira (19), a comissão julgadora do concurso literário Lei do Livro 2018 esteve reunida com o chefe de gabinete da presidência, Julio Cesar dos Santos. Na ocasião, a comissão apresentou o parecer sobre as quatro obras inscritas. A obra contemplada, que será impressa pela Câmara, foi “O memorial do Colégio Manoel Ribas: um diagnóstico para o planejamento museológico”, de Maria Helena Nascimento Romero. A comissão foi composta por Denise Beatriz da Silva Reis, representante da Casa do Poeta de Santa Maria (Caposm), Haydée Hostin Lima, do Conselho de Cultura do Município, e Carlos Alberto Belinaso, da Academia Santa-Mariense de Letras.

Os avaliadores destacaram que a obra escolhida obedece aos critérios estabelecidos na lei, abordando um tema relevante e relacionado à história santa-mariense. E assim a definiram: “traz elementos importantes da história da cidade. Pesquisa bem elaborada que engloba o setor ferroviário e suas influências na cultura do município. O patrimônio que ficou como legado é de suma importância para a museologia. Fecha com os princípios da lei.”

A premiação inclui a impressão de 1000 livros, a serem distribuídos gratuitamente à comunidade, e a entrega de 100 livros para o autor. A expectativa é de que a obra seja lançada na Feira do Livro de Santa Maria de 2019.

O projeto “Lei do Livro” foi instituído pela Resolução Legislativa nº 22/04 e pela Resolução Legislativa nº16/09, e ampliado pela Resolução Legislativa nº 007/2013. O certame é promovido pela Câmara de Vereadores de Santa Maria e tem como objetivo publicar, anualmente, no mínimo, um livro com temas regionais ligados à cultura santa-mariense, podendo ser nos gêneros poesia, crônica, romance e história.

Texto e foto: Camila Porto Nascimento

Estrutura da Feira do Livro já começa a ser montada. Foto: Lucas H. Linck/LABFEM

A literatura invade a praça neste sábado. A cerimônia da abertura da Feira do Livro de Santa Maria  começa às 10 horas do dia 28 de abril, na praça Saldanha Marinho. Para a ocasião, está prevista uma apresentação da Banda Marcial Manoel Ribas e a presença do Patrono Valter Antonio Noal Filho, da professora homenageada Maribel Dal Bem, além de autoridades, convidados e representantes das instituições que compõem a Comissão Organizadora da Feira. O sobrinho-neto do Escritor Homenageado,  Felipe D´Oliveira,  estará em Santa Maria na tarde do dia 8 de maio.

Serão 16 dias de diversas intervenções literárias e culturais na praça. De acordo com a comissão organizadora, 120 livros estão agendados para as sessões de autógrafos e lançamentos. A novidade deste ano é a Casa da Leitura, um espaço com atividades durante a tarde, destinado à realização de oficinas e rodas de bate-papo informal.

A Feira vai contar com 39 barracas para a venda de livros. A estrutura já está sendo montada desde segunda-feira (23). Parte das lonas estão montadas e alguns dos estandes esperados já estão no lugar. O chafariz que receber destaque no selo desta 45ª edição da Feira, e estava desativado há meses. Teve manutenção da parte elétrica e do sistema hidráulico, restauração, pintura e limpeza. Segundo a prefeitura, a praça também recebeu varrição, corte de grama, ajustes na iluminação e limpeza dos monumentos.

Confira os horários

12h30: abertura da feira (sábados, 10h)
14h – 17h: programação infantil (lançamentos de livros infantis, apresentações de escolas, espetáculos no palco da praça)
14h – 19h: bate-papos  e oficinas na Casa de Leitura
17h – 19h: lançamentos de livros diversos
19h: Livro Livre (no palco da praça)

A Feira do Livro de Santa Maria é uma realização da Prefeitura Municipal, Câmara do Livro, CESMA, UFSM, UFN – Universidade Franciscana e 8ª Coordenadoria Regional de Educação. Financiamento: LIC-SM (Lei Municipal de Incentivo à Cultura). Apoio cultural: Eny, Fundação Eny, Chili e Monet Plaza Shopping.

Confira a programação atualizada e notícias em: www.feiradolivrosm.com.br

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Foto: imagem da internet

Pão, café e sabão. Três palavras chave da obra Quarto de Despejo de Maria Carolina de Jesus. O livro foi publicado em 1960, após uma descoberta de Audálio Dantas, repórter da Folha de São Paulo na época, que foi mandado para uma favela da capital paulista para conhecer aquele povoado que a cada dia crescia mais. Durante a sua reportagem, ele ouviu falar de uma mulher escritora que vivia naquele lugar. Era Maria Carolina.

Maria vivia no interior, foi presa injustamente por ter sido acusada de roubar cerca de 20 cruzeiros de um padre, e que depois de provar sua inocência, disse para si mesma que aquilo não era vida para ela, então mudou-se para São Paulo em busca de uma vida melhor. Ela engravida e é “jogada” em uma favela, vira catadora e recomeça a sua nova vida ali.

Mulher, negra, mãe de três filhos e solteira. Esses quatro fatores em uma época como os anos 1950 e 1960, já bastavam para existir preconceito, ignorância sobre ela, inclusive das próprias mulheres que viviam na favela. Mas Maria era sonhadora, batalhadora e mesmo com a dificuldade em que se encontrava, conseguia sobreviver a pobreza, ao esquecimento e principalmente a fome.

Mesmo com toda a dor, tristeza e sofrimento que passava, a autora ainda tirava um tempo para ler os livros encontrados em meio ao lixos que catava, e com os papéis e cadernos os quais se deparava, guardava e criava diários onde ela podia relatar toda a sua vida, escrever sobre sua luta, medo, dor e fome, principalmente a fome.

Assim nasceu Quarto de Despejo, livro que nada mais é do que a história de Maria Carolina de Jesus retratada em um diário. A obra rendeu cerca de 100 mil cópias e foi vendido em 14 línguas diferentes, tremendo sucesso este que provocou desconfiança da população na época, por que uma mulher pobre, da favela, negra, jamais poderia escrever algo tão incrível e comovente. O grande Manuel Bandeira, inclusive, fez uma reportagem no então Diário da Manhã, defendendo a autora, dizendo que “é impossível uma literatura tão sincera partir de alguém que não viveu aquilo”.

Na obra, a autora relata sobre violência doméstica, alcoolismo, ela como mulher, como é viver na favela, como as outras mulheres a xingam por ser solteira, o drama e superação que ela enfrenta e principalmente a fome, a qual é uma luta diária onde ela houve dos próprios filhos a fome que eles sentem e não ter como ajudar com aquilo. Na época ela conseguia juntar cerca de 15, 20 centavos por dia, o que naquele tempo era muito dinheiro, era o que Maria Carolina conseguia juntar por dia e com isso alimentar os seus filhos.

O livro tem muito dessa questão, uma repetição diária de toda a luta que esta mulher vivia e que compartilhava consigo mesma toda a frustração, a fome e a crítica social daquela época, onde os políticos iam até a comunidade em busca de votos nas eleições prometendo várias melhorias, mas que nunca cumpriam, só ficavam na conversa.

Isso tudo faz o leitor se comover, ficar corroído com uma realidade, com a vida sem dinheiro, com uma fome gigante a qual só quem viveu algo parecido consegue sentir.

A autora acabou caindo no esquecimento com o tempo, voltou para sua cidade, adquiriu um sítio e passou o resto dos seus dias, mas sua obra ainda marca, trás a tona e mostra o quão viva Maria Carolina de Jesus ainda está na Literatura Brasileira e Mundial.

Confira o vídeo especial feito pelo LaProa mostrando um pouco mais sobre essa obra prima da Literatura.[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=N2ZlmqlWpHs”]

 

 

Nesta quarta-feira, 18, ocorre o 10º Sarau Literário do Curso de Letras do Centro Universitário Franciscano. O sarau foi criado para possibilitar um espaço de expressão artística e cultural que congregue alunos, professores e funcionários da instituição. O objetivo é que o momento possibilite diálogos entre cursos e discursos diversos, unindo a instituição em torno do desenvolvimento artístico.

O sarau será realizado no Salão Azul, no Conjunto I da instituição, às 18h30, e abrange diversas atividades como canto, dança, intervenção teatral, declamação, curtas, entre outros. Para participar, os interessados devem fazer inscrição até hoje, 16, pela página do facebook do curso de Letras da Unifra, preenchendo a ficha disponível. Os participantes receberão certificado.

O curso de Letras também disponibilizará espaço para doações de livros de literatura. As obras serão destinados ao Chico Letras, que promove leituras para pacientes do Hospital São Francisco de Assis.

“Eles Não Usam Black-Tie” é um dos livros selecionados para o Vestibular da Unifra 2017 e merece a atenção dos candidatos. É uma peça de Gianfrancesco Guarnieri que trata das greves dos trabalhadores industriais dos morros dos anos 1950. A trama tem como personagem principal Tião, um jovem ambicioso e individualista que trabalha na fábrica ao lado do pai Otávio, um dos líderes sindicalistas.

A narrativa é em forma da peça de teatro e tem linguagem informal. É mais uma das características da obra que marcam as características do morro, além de tornar a leitura mais leve e divertida.

A proposta social

Traz uma tradicional família de classe baixa que enfrenta as circunstâncias da vida como podem e, apesar de tudo, unidos e amorosos. A figura da família pobre, sofredora, mas que leva a vida aproveitando as pequenas felicidades está sempre presente. Essas características se mostram fortemente na personalidade de cada um dos personagens.

A questão da luta de classes mostra em Otávio e Bráulio a intimidade familiar e o cotidiano de trabalhadores que vivem esta realidade, as dificuldades de famílias inteiras que vivem com um capital muito baixo.

O conflito principal

Quando descobrem a gravidez de Maria, o casal logo faz a festa de noivado, a qual é retratada na história. No início, escondem de todos, e as revelações acontecem ao longo da trama. O conflito central reside em meio às dúvidas de Tião em relação ao futuro. Quando surge a proposta de greve do sindicato, o rapaz tem medo de não conseguir o futuro desejado à família. Atormentado pelo medo, começam as indecisões sobre qual posição tomar afinal.

As personagens

Romana, a mãe de família, talvez tenha as características mais marcantes enquanto personagem da obra. Trabalha em casa, além de dona do lar, como lavadeira. Firme com os filhos para das os “puxões de orelha” necessários e pronta a apaziguar discussões entre o marido e os filhos. Uma mãe claramente dedicada, que não mede palavras quando precisa dizer algo e que sabe conversar para convencer qualquer um à suas ideias. Prevê o futuro nas cartas e se preocupa com o marido na luta de classes. É a primeira a acordar pela manhã para preparar o café para a família.

Maria, noiva de Tião, é uma menina apaixonada, trabalhadora e humilde, que quando se vê grávida encontra segurança no noivo para ser pai de seu filho. Com coragem, apoia a luta de classes, e faz questão que o noivo lute pelo futuro dos dois e do filho e trabalha também em uma fábrica de tecidos. Maria vive com a mãe muito doente e o irmão João, simpático com todos e sempre compreensivo, namora Dalva.

Tião é um menino sonhador que gostaria de viver na cidade e “ser alguém na vida”. Quando morou com os tios, abastados, na cidade e servia de “pajem” para os primos, acostumou-se com a vida da burguesia e passou a não gostar mais do morro. Com medo de desagradar aos patrões, e querendo elevar seu cargo na fábrica, começa a pensar na possibilidade de furar a greve ao lado do amigo Jesuíno.

Otávio é um autêntico pai de família, firme nas palavras e apaixonado pelos filhos e esposa. Luta diariamente trabalhando na fábrica para garantir o sustento da família e faz parte da comissão do sindicato de trabalhadores, ao lado do amigo Bráulio, para batalhar por uma vida mais digna.

Chiquinho, o filho mais novo da família, namora Terezinha. Os dois são apaixonados e levam broncas dos pais do menino a todo instante.

O professor Felipe Freitag dá dicas sobre a obra “Eles Não Usam Black-Tie”. Foto: Jéssica Marian Labfem

Dicas de professor

É a única obra do gênero dramático pedida neste ano.

É constituída por diálogos e rubricas (os “dois pontos” antes das falas).

Ambientação: Leopoldina. Tempo cronológico (não é o tempo das personagens): quatro dias.

Linguagem informal: contexto sócio-cultural da época e ligação ao neo-realismo. Trata de temas sociais, greves eram presentes e o tema principal é a greve do operariado no Rio de Janeiro.

Questões existencialistas do pai Otávio e do filho Sebastião: Otávio faz parte das greves e Sebastião não tem esse posicionamento de coletividade.

Características da prova de literatura do vestibular Unifra:

Focar mais no enredo da obra do que em questões que tragam, de alguma maneira, um conteúdo reflexivo crítico de análise. Onde se ambienta (morro do RJ), que tipo de espaço existe (quatro dias) e ações dos personagens (o que acontece durante a obra).

Ações dos personagens: Ato I: Quadro I: Noite de chuva, toda a família no barraco. Otávio chega em casa avisando a possibilidade de uma greve. Quadro 2: Tião chega em casa falando que vai ser ator de cinema, signo de statos. Pai se posiciona a favor da greve e filho, contra. Ato II: Quadro I: Domingo de manhã. Filho culpa o pai por viver no morro. Quadro II: Domingo à noite. Tião afirma que quer morar na cidade e largar a vida do morro. Tião acaba não aderindo a greve porque tem um objetivo muito claro, se ele apoiar a greve não receberá o salário de seu trabalho. Segunda-feira de manhã: Bráulio, amigo de Otávio, aparece e conta à família que Tião furou a greve e que Otávio foi preso. Ato III Segunda à noite: Tião diz que vai abandonar a cidade para evitar retalhação dos colegas de trabalho, Otávio sai da prisão mas se mostra feliz em relação à greve, Tião perde a esposa por não ter aderido à greve. E o fechamento da peça: Chiquinho fala que Juvêncio (andarilho do morro) está tocando na rádio, mas a canção está com o nome de outro autor e então, a cena clássica de Romana catando feijão enquanto chora.

Temática geral: Luta pela sobrevivência X a luta pela ideologia.

O professor Felipe Freitag é graduado em Letras Português, mestre em Estudos Linguísticos e atua como professor de Literatura em Santa Maria.

Foto: Imagens Google.

 “Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.” Foi assim que Adélia Prado, um dos mais importantes nomes da poesia feminina brasileira do século XX, iniciou seu livro Bagagem. Com o poema “Com Licença Poética”, o qual se inspira claramente no poema “Sete faces” de Carlos Drummond de Andrade. Anuncia já no primeiro poema do livro seu objetivo com a obra: apresentar seus sentimentos em relação ao universo que a cerca, mesmo com todas as limitações impostas pela sociedade da época à mulher.  Adélia constrói seus poemas a partir de estruturas bastante simples, não costuma fazer uso de palavras rebuscadas nem emprega recursos formais muito sofisticados.

   Bagagem foi seu livro de estreia, lançado em 1976, é considerado um dos principais livros de poesia publicados por mulheres nas últimas décadas. Sua obra interessante e diversa é marcada pela simplicidade com que trata de temas do cotidiano. Ela foi descoberta por Afonso Romão de Sant’Anna, que apresentou a obra para Drummond, o qual achou muito interessante e quis que Adélia fosse conhecida pelo Brasil, pois sua obra é totalmente retratada com sua espontaneidade.

Adélia Prado, um dos mais importantes nomes da poesia feminina brasileira do século XX. Foto: Imagens Google.

A autora divide o livro em cinco partes: Modo Poético, com 66 poemas; Um Jeito e Amor, com 19 poemas; A Sarça Ardente – I, com 14 poesias; A Sarça Ardente – II, com 13 poesias; e Alfândega, com um poema. Retrata sua condição feminina várias vezes e em vários pontos. O amor é outra temática abordada, ele aparece de forma muito simples. Há também uma presença constante do cotidiano, cenas da vida corriqueiras que ganham um tom lírico, porque ela faz parte de um grupo de poetas mineiros que traz de volta o lirismo para dentro da poesia.

   As relações familiares, como o amor entre mãe e filho, a relação entre pai e filha, ou entre marido e mulher também são retratadas. Adélia escreve também sobre a questão da memória, relembrando acontecimentos vividos por gerações anteriores. Outro aspecto importante de destacar é a questão da religiosidade e relação com o sobrenatural.

De acordo com a professora de literatura, Adriana Aires, o livro tem uma importância totalmente especial porque a autora é uma dessas poetisas que traz muito forte questões de busca de igualdade entre gêneros, a busca do espaço da mulher de se ver como um ser capaz de ultrapassar algumas barreiras existentes. Não que ela vá vencer esses aspectos, mas que pode ser mãe, esposa, companheira, entretanto também ser aquela mulher que vai em busca dos seus objetivos.

“É muito necessário abordar essas temáticas femininas dentro de uma sociedade machista da década de 70. Ainda que em 2017 ainda exista bastante questões de machismo, abordar uma temática dessas em plena época de ditadura, onde ela apresenta vivências de mulheres, esposas, mães, dá voz a essas mulheres comuns, e ainda traz questões de amor e religiosidade, é realmente legal de ver o quanto esse empoderamento já era dado através da literatura e da poesia”, analisa a professora.

O Laproa produziu um comentário em vídeo sobre bagagem. Confira!

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Era Vargas, o preço do café, nosso principal produto de exportação, havia caído. A censura da ditadura Vargas estava presente pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Diversos participantes do então Partido Comunista foram perseguidos, torturados e presos, entre eles o autor desta obra, Graciliano Ramos.

Graciliano Ramos, o “continuador de Machado de Assis”, como é chamado, retrata em Angústia (1936) uma visão crítica das relações sociais, trazendo ao leitor uma visão pessimista, uma descrença nos valores humanos, em meio às ameaças e ao clima de perseguição, que ele, Graciliano, recebia e vivia, tanto que foi preso no dia em que entregou a obra para digitação.

O romancista na época era diretor público. Então escrevia a obra nos intervalos do trabalho, o que fez o romance ser escrito com muitas interrupções, e por isso, houve muita perturbação ao escrever.

Angústia retrata a história de Luís da Silva, funcionário público pessimista em relação a própria vida. Ele havia saído do âmbito rural muito cedo e nunca se adaptou ao meio urbano. Vivia com sua companheira, Marina, em uma casa no subúrbio, em um ambiente muito degradado, com muita sujeira e ratos por todo lado. Por esse motivo, Luís era atormentado pela ideia de ser um rato.

A história é toda contada em primeira pessoa, logo trazendo a subjetividade de Luís, o sentimento ao qual ele se encontrava. Todo o tempo a obra mostra a irritação, a estima baixa e como ele se sente insignificante, muito ajudado pelo ambiente sujo e pobre no qual vivia, pois a contaminação do lugar, junto dos ratos, contaminava o espírito de Luís.

Logo, o romance pode ser definido com um longo delírio, este gradativo, que fica cada vez mais obsessivo e paranoico. Isto é explicado na própria visão pessimista em primeira pessoa, pois Luís passa toda sua frustração, revolta, rebaixamento diante das pessoas, suas perdas e derrotas, assim faz com que o leitor se sinta angustiado.

Graciliano Ramos trás por meio do período literário da época, o Modernismo, toda uma crítica social e um retrato da população da época, como grupos eram oprimidos pelo capitalismo, o êxodo rural, migração do campo para a cidade, a miséria, a traição. Tudo isso faz de Angústia, um dos principais romances modernos, que querendo ou não, a tornam um marco da literatura brasileira.

Confira o vídeo especial produzido pelo Laproa, contando um pouco mais sobre o romance.

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A obra de Clarice será debatida nesta sexta-feira em evento promovido pela Atos, cultura e clínica em psicanálise

A ATOS, cultura e clínica em Psicanálise  realiza  dois encontros literários com apresentação de obras da escritora Clarice Lispector na programação deste ano.

O primeiro encontro acontecerá amanhã, 01/09, sexta-feira, às 19 horas e trará a obra Água-Viva (1973), que será analisada por Sílvia Raimundi Ferreira, psicanalista e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA).

Já o segundo encontro está programado para o mês de outubro, dia 20, sexta-feira, também às 19 horas, quando será discutido o conto “Restos de carnaval”, texto de 1971, que compõe o livro “Felicidade Clandestina” .  É o último encontro literário deste ano, e terá a participação de Luciano Mattuella, também psicanalista e  membro da APPOA.

Ambos encontros serão realizados no Salu´s Casa Café na Rua Barão do Triunfo, 1613. O valor de inscrições para um evento é de R$30,00 e, para os dois encontros, R$50,00. As inscrições estão sendo realizadas pelo email da ATOS: atospsicanalise@gmail.com. As vagas são limitadas.

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Fotos: Luana Mello, acadêmica de Jornalismo
Ônibus da Leitura vai às escolas municipais. Fotos: Luana Mello, acadêmica de Jornalismo

Contar estórias, brincadeiras com fantoches e muita leitura é o que o Ônibus da Leitura transporta às escolas do município.  A iniciativa da Prefeitura de Santa Maria, por meio da Secretaria de Município da Educação, tem levado a literatura infanto-juvenil para as escolas do município. Na semana passada, o ônibus esteve nas escolas municipais  Santa Flora, na quinta-feira,17, e João Pedro Menna Barreto, na sexta-feira, 18. Ele completa o trabalho das escolas que desenvolvem, durante todo o ano letivo, os seus próprios projetos de leitura e, com a visita do ônibus, buscam levar aos seus alunos uma atividade diferenciada envolvendo a temática.

No caso da EMEF João Pedro Menna Barreto foi realizado o encerramento da sua VII Semaninha Literária, que neste ano abordou o tema “Portas”. “As portas se abrem e os alunos tem o mundo da leitura atrás delas e isso é muito importante, porque quando o aluno que lê, ele consegue sonhar, imaginar e ser feliz”, afirma a diretora da escola, Ilka Rejane Martins.

Fantoches e livros
Um ônibus cheio de fantoches e livros.

As crianças têm a oportunidade de explorar o ônibus, seus fantoches e livros espalhados pelos bancos, além de participar do momento de contação de histórias com a pedagoga Bruna Arend. Enquanto seus alunos prestavam atenção à história “O menino que morava no livro”, de Henrique Sitchin, a professora do 3º ano da EMEF Santa Flora, Maria Cristina Alagia, conta sobre o título a turma irá lançar no dia 30 de novembro.

O Projeto intitulado “Soldadinhos da Leitura” traz “causinhos” contados pelos alunos, que buscaram em seu dia a dia a inspiração para construir suas histórias. O livro conta ainda com a parceria da turma de 3º ano da EMEF Chácara das Flores, assim como de sua professora Viviane Leal.

“Como nós somos uma escola rural, eu tinha muita vontade que eles tivessem contato com uma escola da cidade, então nós fizemos esse intercâmbio com os alunos da escola Chácara das Flores. Eles criaram um e-mail, fizeram trocas de correspondência, eles nos visitaram e nós fomos até lá conhecer a escola também”, declara Maria Cristina.

Contação de estórias
Contação de estórias

Antes de produzir o livro, os alunos participaram de oficinas com a escritora Selma Feltrin, que falou sobre o processo de escrita. Além do texto, as crianças foram responsáveis também pela arte da capa. “Nós trabalhamos durante todos os meses com a imaginação, sempre desafiando os alunos a produzir, a pensar no texto”, conclui a professora. Essa atividade acontece dentro do Projeto A União Faz a Vida, do Sicredi.

O Ônibus da Leitura a Escola visitou a Escola de Ensino Fundamental Batista Paulo de Tarso na segunda-feira, 21; hoje, 23, está na Escola João Hundertmarck,  e amanhã, quinta-feira, 24, estará na Escola José Paim de Oliveira.

Fonte: Luana Mello, acadêmica de Jornalismo

O tema foi Halloween, e os artistas vieram fantasiados. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória.
O tema foi Halloween, e os artistas vieram fantasiados. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória.

A terceira edição da feira itinerante Tendéu, que acontece no Boteco do Rosário, bairro Nossa Senhora do Rosário, atraiu novos artistas e vendedores nessa sexta-feira, 28. Organizado por Luciana Minuzi, da página Contos de Obscurecer, em parceria com A Hora do Terror, conta que a montagem do evento é coletiva, todos que expõem ajudam a organizar e contribuem de alguma forma. Ela tem uma página de produção literária autoral, e vende livros em feiras, inclusive, no Tendéu. “Temos de 10 a 15 bancas, que vêm expor seus produtos aqui (na feira), entre artistas, artesãos, músicos. Quem quiser participar com sua banca pode se inscrever no formulário de inscrição que é aberto dias antes do evento”, explica Luciana. A ideia partiu da escritora porque ela conhece inúmeras pessoas que produzem e não têm onde mostrar seu trabalho. É sua forma de possibilitar uma exposição cultural e contribuir para a produção autoral na cidade. Ela não recebe nenhum patrocínio.
Alguns vendedores estão pela primeira vez na feira, como é o caso da Amanda Lima, que faz as trufas de Halloween. Ela faz os doces para vender e poder comprar materiais de pintura em telas, que é sua paixão, segundo a estudante. “Nunca vendi nem expus em nenhum lugar, e a feira me possibilitou isso, como dá oportunidade para muitos artistas mostrarem seu trabalho”, comenta. Ela diz que não é um evento seletivo, sempre tem algo interessante e diferenciado. As artes são variáveis. Amanda quer fazer Artes Plásticas e trabalhar com ilustrações, pinturas.

A feira tem bancas de venda de roupas, livros, cadernos, objetos, comida. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória
A feira tem bancas de venda de roupas, livros, cadernos, objetos, comida. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória

A dupla Eduardo Furlan, estudante de Letras na UFSM, e Eduarda Amaral, vestibulanda – ela quer cursar Artes Visuais, vendem seus cadernos há dois anos. Eles mesmos fazem os produtos, a encadernação, costura, pintura, a colagem de imagens, tudo à mão. Na primeira página de cada scrapbook há um poema autoral de Eduardo. A página FolkBooks é usada para divulgar o trabalho dos acadêmicos e também mostrar outras artes inspiradoras. Eles participam do Brique da Vila Belga e outras exposições. Eduardo considera importante a promoção dessas feiras culturais, para dar espaço aos artesãos e fomentar o mercado autoral. “Não há tantas iniciativas assim em Santa Maria, as pessoas são muito paradas, e quando há eventos assim, feitos por quem corre atrás, precisamos valorizar”, afirma. Para ele, feiras e encontros culturais combatem a manipulação e nos tiram do nosso mundo de conforto, nos coloca em contato com outras realidades. É um forma de fazer política, também.

Não há data programada para o próximo Tendéu, mas você pode acompanhar as informações na página do Facebook.