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Mobilidade Urbana

Os buracos da cidade são velhos conhecidos

Que os buracos não são mais novidade, todos os santa-marienses sabem. Esse assunto faz parte do cotidiano há muitos anos. Se pesquisarmos pelos sites e jornais da região, veremos que esse assunto é um velho conhecido.

Santa Maria inova no transporte público

O aplicativo Urmob, desenvolvido pela i3 Tecnologia a pedido da Secretaria de Mobilidade Urbana, foi apresentado ao público na última quarta-feira, dia 17, no Hotel Itaimbé, em Santa Maria. O APP visa ajudar quem utiliza as linhas do transporte público para a

Nova frota de ônibus terá veículos com ar-condicionado

Os usuários do transporte coletivo de Santa Maria poderão contar, a partir desta segunda-feira, 22, com 16 novos ônibus que integram o Consórcio do Sistema Integrado Municipal (SIM) de Santa Maria. Todos são equipados com elevadores

O risco nas faixas de pedestre em Santa Maria

“Idoso é atropelado na faixa de segurança em Santa Maria”, (Diário de SM). “Idosa morre ao ser atropelada na faixa de pedestres”, (G1). “Idoso é atropelado por um ônibus na faixa de pedestre”, (Diário da região). Estas

Ciclofaixas ganham espaço em Santa Maria

  No Dia Mundial Sem Carro, realizado nesta segunda-feira em todo país, novamente vem à tona um assunto que entrou de vez para o mapa das polêmicas nacionais, as ciclofaixas e ciclovias. Somente a cidade de

Que os buracos não são mais novidade, todos os santa-marienses sabem. Esse assunto faz parte do cotidiano há muitos anos. Se pesquisarmos pelos sites e jornais da região, veremos que esse assunto é um velho conhecido.

São buracos que foram abertos por conta de descuidos com a rua ou para manutenções. Quem não esquece deles são os moradores, que precisam conviver com o problema que afeta a rotina de todos na cidade.

Um exemplo de descaso foi na rua Demétrio Ribeiro, no bairro Duque de Caxias, onde os moradores pintaram com tinta branca 199 buracos, sinalizando-os como uma forma de protesto, chamando a atenção das autoridades para o problema. Eles têm protocolos abertos na prefeitura, mas sempre ficam sem respostas concretas de uma data para os reparos.

Os anos passam, a administração do município muda, mas os buracos continuam lá, apenas trocam de lugar ou de tamanho. Em uma entrevista concedida ao vivo no programa Jornal do Almoço no dia 17 de maio, aniversário de Santa Maria, o prefeito da cidade falou sobre os problemas de asfaltamento e as medidas que estavam sendo tomadas pela prefeitura para resolver esse problema.

Ele disse que a prefeitura trabalha na recuperação de diversas ruas. Tudo bem, podemos perceber os operários trabalhando pelas ruas. Mas, o que está sendo feito de forma emergencial, “tapando buracos”, irá resolver o problema?

Não é tão caro assim manter mais equipes e gastar um pouco a mais de massa asfáltica para manter as ruas em condições de trafegar. Existe a possibilidade de cortar verbas de outras áreas e até mesmo diminuir gastos com os Cargos em Comissão (CCs) para comprar mais asfalto.

Isso ajudaria a diminuir os danos materiais causados aos motoristas, como pneus estourados e rodas amassadas. As crateras podem causar sérios acidentes e colocar vidas em risco. De imediato irá ficar bom, mas com o tempo, as chuvas e o tráfego de veículos, abririam novas crateras, fazendo com que o trabalho realizado seja perdido e o dinheiro utilizado jogado fora. Não merecemos ostentar o título de cidade dos buracos, afinal de contas nós somos a Cidade Cultura, Cidade Universitária e Coração do Rio Grande.

Redação: Maristela Santos

Texto opinativo produzido para a disciplina de Jornalismo II sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke

Desde 2007, quando Steve Jobs lançou os primeiros Iphones em Cupertino nos Estados Unidos, a popularidade desses pequenos dispositivos alcançou índices nunca antes previstos. O fato é que, independente da marca, tamanho, modelo ou geração, os smartphones, como são chamados, atingiram a soma de 220 milhões de exemplares apenas no Brasil, segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esse índice já é maior do que o número de brasileiros e provoca inúmeras mudanças no comportamento e nas relações humanas.

Tecnologia oferta possibilidades de mobilidade na palma da mão. Foto: Denzel Valiente

Uma dessas modificações é o surgimento de aplicativos de mobilidade nas cidades. Entre eles estão o Uber, o 99Pop e os santa-marienses Garupa e Urmob.city. A universitária Patrícia Turchetti, 25 anos, usuária desses aplicativos, comenta que os utiliza, ao menos, duas vezes por dia. Para a acadêmica de Medicina da Universidade Franciscana (UFN), entre as vantagens desses suportes estão a comodidade, praticidade e o respeito dos motoristas.

A estudante do ensino médio do Colégio Marista, Mariana Vidal, 15 anos, relata que faz uso tanto do Garupa quanto do Uber para se locomover no trajeto entre casa e escola. Mariana conta que opta pelos apps por causa da agilidade dos motoristas e pela segurança. Para Kelvin Marques, 20 anos, estudante de Enfermagem na UFN, o Garupa e o 99Pop são os meios de locomoção mais usados seja para ir a faculdade ou até mesmo para voltar do mercado. Mas, para além dos que optam pelo uso de apps de carros particulares, os usuários das linhas de ônibus também contam com uma alternativa que facilita a sua locomoção.

Em 2018, a I3 Tecnologia lançou o aplicativo Urmob.city. Desenvolvido em Santa Maria, o Urmob auxilia no transporte público e na mobilidade urbana, como conta a gerente de mídias sociais Gabriela Werner, de 20 anos: “surgiu com essa ideia de rastrear os ônibus e com uma demanda da ATU (Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria) que, pra ter o aumento da passagem tinha que oferecer como contrapartida um aplicativo ou algo que ajudasse os usuários.”

Responsável pelo marketing do app, Gabriela descreve que a principal funcionalidade do aplicativo é  rastrear as linhas dos ônibus, mostrando em tempo real a movimentação deles e todas as rotas que eles fazem. Além disso, Gabriela revela que começarão a serem disponibilizadas novas rotas semanalmente dentro do app, que, até janeiro contava apenas com a linha até a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Outro dado importante é a aderência rápida do público ao Urmob.city, que já conta com cerca 10 mil usuários em 6 meses de funcionamento.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do aplicativo Garupa e até o final desta edição não obtivemos retorno.

APP Urmob está disponível para Android e iOS

O aplicativo Urmob, desenvolvido pela i3 Tecnologia a pedido da Secretaria de Mobilidade Urbana, foi apresentado ao público na última quarta-feira, dia 17, no Hotel Itaimbé, em Santa Maria. O APP visa ajudar quem utiliza as linhas do transporte público para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O Urmob é uma inovação, pois é o primeiro aplicativo referente ao transporte coletivo do município. A ideia estava em desenvolvimento desde 2017, quando houve reajuste das tarifas e a prefeitura exigiu estudo e prazo para instalação de GPS nos veículos e de um programa virtual para os usuários.

O titular da secretaria de Mobilidade Urbana, João Ricardo Vargas, falou a respeito da importância do desenvolvimento deste aplicativo e das expectativas para os próximos anos. “O Urmob é um grande passo para o transporte público de Santa Maria. Além de possibilitar o acompanhamento em tempo real dos ônibus, promove segurança ao usuário, que evitará esperar em paradas pouco movimentadas”, afirma. O secretário informa outras medidas na área. “Planejamos que, até o final do ano, todas as linhas estejam disponíveis no programa. Também será permitido às pessoas que possam inserir seus pontos de partida e chegada, fazendo com que o sistema mostre o melhor caminho utilizando o transporte público”, diz.

A i3 Tecnologia conta com a participação dos usuários em comentários e feedbacks a respeito do software para melhorá-lo, conforme explica Cristiano Silveira, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do aplicativo. “O Urmob utiliza a tecnologia ZELTS, plataforma de rastreamento veicular que a nossa empresa já desenvolve há anos”, informa. Ainda sobre as especificidades técnicas, ele explica: “Essa plataforma foi desenvolvida em C# e .net. Escolhemos essa linguagem porque somos Developer Partner da Microsoft e, também, por ser uma linguagem robusta e fácil de implementar, com integração completa com banco SQL Server”, reforça.

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

 

Os usuários do transporte coletivo de Santa Maria poderão contar, a partir desta segunda-feira, 22, com 16 novos ônibus que integram o Consórcio do Sistema Integrado Municipal (SIM) de Santa Maria. Todos são equipados com elevadores e três têm aparelhos de ar-condicionado.

Os novos veículos circulam nas seguintes linhas: Tancredo Neves, Vila Oliveira/Chácara das Flores, Universidade e Circular Sul. Já os veículos com ar-condicionado serão utilizados nas linhas Universidade e Tancredo Neves.  

Atualmente os passageiros contam com 248 ônibus convencionais e 12 executivos, os azuizinhos, que prestam serviços diariamente à comunidade santa-mariense. As empresas que compõem o SIM visam padronizar com ar-condicionado toda a frota urbana do município em até dez anos para garantir qualidade, conforto e segurança aos usuários. Atualmente, com os novos carros, são nove veículos climatizados. Também há nove com sistema de calefação de ar. 

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

Thayane Rodrigues e Lucas Amorim

13407633_1117227075006885_311724104_n“Numa cidade muito longe, muito longe daqui. Que tem problemas que parecem os problemas daqui”, cantou o rapper Marcelo D2. Em resumo: não importa o local, os problemas sempre existem e em Santa Maria isso não poderia ser diferente.

Fernando da Rocha, de 48 anos, pai de dois filhos de 15 e 19 anos, é marido de Silvana da Rocha, de 45. Ela trabalha em uma farmácia na Tancredo Neves, que fica á uns 25 minutos de caminhada de onde mora. A rua, que está com a maioria dos postes queimados há meses, já fez com que os moradores procurassem a prefeitura e a AES SUL para que o problema fosse resolvido, mas até então nada foi feito. Em decorrência disso, mesmo tendo que ir trabalhar só às 8h da manhã, Fernando acorda todo dia às 5 horas, junto com a mulher, os dois tomam café e Silvana sai para trabalhar, às 5h30min. Do portão Fernando avisa: “me liga assim que chegar lá, vou esperar. Bom dia!”.

Isso acontece porque a forma que o casal encontrou de manter um ao outro mais tranquilos sobre a própria segurança foi criar o hábito de entrar em contato toda vez que Silvana chega no serviço. “Funciona assim,” explica Fernando, “desde que a nossa rua ficou com esse problema de iluminação eu simplesmente não conseguia dormir direito, preocupado com a Silvana e os perigos que o escuro geralmente reserva para uma mulher andando sozinha na rua de madrugada. Foi então que eu tive a ideia de acompanhá-la até o trabalho. Fazíamos o trajeto até a farmácia juntos e depois eu voltava pra casa e esperava até a hora de ir trabalhar também. Mas em um dia desses, na volta eu caí em um buraco e acabei machucando a perna. Na hora fiquei pensando no que ia fazer com a Silvana, foi aí que decidimos contar o tempo que normalmente ela levava pra chegar até o trabalho. Feito isso, passei a deixar que ela fosse sozinha, com a condição de que quando desse o tempo, iria ligar pra confirmar se estava tudo bem. Isso acabou se tornando um hábito e até hoje sempre deu certo.”.

A história de Fernando e Silvana é, infelizmente, o reflexo de uma cidade abandonada. A infraestrutura de Santa Maria carece de atenção já faz muito tempo, e ultimamente, mais do que nunca esses problemas têm influenciado na vida dos moradores. As ruas escuras são os locais preferidos para a prática de furtos, e quem precisa passar por esses locais para voltar pra casa ou ir trabalhar se vê constantemente com medo até da própria sombra.

Mariana de Souza, estudante de cursinho, pretende fazer o ENEM esse ano pela primeira vez. Ela quer tentar uma vaga na área da saúde da Universidade Federal daqui de Santa Maria. “Eu não sei se nunca reparei antes, ou se só agora que ficou pior, mas a cidade está completamente abandonada. Durante a semana toda vou para o cursinho de ônibus, o caminho do centro até a parada é bem barulhento e movimentado, mas perto do meu bairro, Perpétuo Socorro, é bem diferente, não se vê ninguém na rua e o único barulho que se ouve é o do ônibus velho passando pelas ruas mal conservadas. Provavelmente porque é tudo muito escuro e perigoso hoje em dia… Acho que essa é a pior parte”, afirma a adolescente de 19 anos.

Os problemas da cidade podem ser classificados como crônicos, ou seja, eles não podem ser resolvidos rapidamente, pois carecem de uma atenção e estudo especialmente focados nas necessidades de cada região, coisa que não acontece. E ainda sim, continuam constantemente se multiplicando. Isso faz com que a população tenha que se adaptar com a realidade que é oferecida, completamente distorcida da que é prometida em períodos de eleição. Pode se dizer até que esse é um problema que fincou raiz por aqui, o desafio que fica para a próxima gestão municipal é grande: como diminuir a sensação de insegurança na cidade? Talvez começando pela questão de iluminação.

Iluminação, ou falta dela

Todo mundo já combinou com o pai ou parente de ligar avisando a hora que estava saindo da festa, casa do amigo ou faculdade, porque o fato das ruas serem escuras e perigosas à noite, principalmente para os jovens, é algo que vive preocupando a cabeça dos pais, que não descansam enquanto o filho não está seguro em casa.

É o caso de Emiliano Rosa, de 56 anos, seu filho, quase formado em história na UFSM ainda deixa o pai preocupado toda vez que sai de casa à noite. “Não importa a idade que eles tenham, a gente sempre vai se preocupar com a segurança e bem estar dos nossos pequenos”, afirma, “mesmo depois de grandes.” Emiliano mora com a mulher e o filho no bairro Camobi, em uma rua de difícil acesso quando chove. A situação piora ainda mais todo dia, quando anoitece. Isso porque a quadra toda não tem um poste de iluminação em funcionamento. Ele conta que diversas reclamações já foram enviadas para a secretaria de infraestrutura da cidade, mas a única coisa que é feita na região é uma ação que ele e os moradores chamam de “tapar o sol com a peneira”.

De tempos em tempos uma patrola é enviada para o local, geralmente durante a parte da tarde, “faz barulho, levanta poeira, joga um pouco de pedra e terra e vai embora. Uma semana depois que chove, tudo volta a ser do mesmo jeito de sempre”, conta Emiliano, que também disse que diversas reclamações à respeito dos postes sem luz já foram feitas, mas nada foi resolvido. “A gente fica com medo quando o filho sai de noite, mesmo sabendo que é uma pessoa responsável e que se cuida, tanto é que eu reconheço o som do carro dele vindo lá na esquina, e já saio pra fora pra ficar cuidando enquanto ele estaciona. Nunca se sabe os perigos que uma rua escura esconde”, conta o aposentado.

De certa forma, iluminação é um fator que afeta diretamente a sensação de segurança, ou não, que um lugar transmite para quem por ele passa. Uma rua escura e silenciosa, por exemplo, é o pior cenário que uma jovem vai descrever se for indagada sobre qual é o pior lugar em que ela consegue se imaginar, sozinha. Nada de florestas desertas, casas antigas abandonadas, sala de espera do dentista. O lugar que mais assusta é onde constantemente ouvimos histórias sobre pessoas que foram assaltadas voltando pra casa tarde da noite e sozinhas.

Contos de terror assustam, e muito, mas a realidade consegue ser ainda mais aterrorizante, pois é onde diariamente as pessoas precisam conviver. “Às vezes a Silvana olha pra mim antes de sair de casa e diz que vai ficar tudo bem, eu fecho os olhos e penso: amém”, conta Fernando da Rocha, que também diz que se sente pouco esperançoso de que a situação de sua rua melhore logo. “Talvez por estarmos em ano de eleições, vários dos candidatos passem aqui pelo bairro cantando promessas de uma cidade melhor, mais bonita e segura. E a gente que mora aqui vai acreditar, é o que dá pra fazer… Torcer pra que um dia realmente melhore”.

Capital dos Buracos

destaque
Moradores sinalizaram buraco na Rua Tuiuti esquina com a Rua Appel (Fotos: Thayane Rodrigues)

É como Heitor Miguel, taxista há mais de 20 anos na cidade considera o lugar que mora desde que nasceu. “Nunca saí daqui, cresci junto com a cidade, esse ano ela comemorou 158 anos e eu 60. É vergonhoso vê-la desse jeito, completamente abandonada, caindo aos pedaços. Dá a sensação de que trabalho dia e noite, pago impostos sobre tudo e esse dinheiro simplesmente some! Não se vê melhoria nenhuma na cidade”, conta ele. Heitor morou no bairro Patronato a vida toda, e nunca sentiu necessidade de se mudar por nenhum motivo, “é um lugar bom de morar, conheço todo mundo e não me lembro de ter tido problemas com iluminação. A única coisa que precisa de cuidado são as ruas, sejam elas pavimentadas, de paralelepípedo, ou de terra mesmo, pois estão péssimas”.

O taxista também conta que a única atitude que a prefeitura toma à respeito das reclamações feitas pelos moradores é enviar uma patrola para o local e fazer o desnivelamento das ruas, preenchendo assim os buracos, e em seguida, uma máquina nivela novamente a rua. O que acontece é que essa solução não resolve os problemas no local, apenas os disfarça por um curto período de tempo. “É a fábula da máquina de pavimentar ruas do prefeito. É como ele lida com os problemas dos que nele confiaram a tarefa de recuperar a cidade: ele joga um pouco de terra em cima, manda as máquinas tapa-buraco passar e quer que a gente acredite que ele está realmente resolvendo a situação, mas todo mundo sabe que não. A gente vê, os resultados estão aí pra quem quiser ver, esse método não funciona, algo sólido precisa ter feito!”.

Todo mundo tem, ou então conhece alguém cuja rua fica inacessível quando chove. A questão dos buracos na cidade é tão antiga quanto a tradição de visitar Santa Maria e ir ao shopping onde ficam os estandes dos antigo ‘camelôs’, ou a Vila Belga. Nunca a situação esteve tão ruim quanto atualmente, não se trata mais de apenas buracos, são ruas em péssimo estado de conservação, locais onde a pavimentação está se desfazendo. Passar por esses lugares de ônibus requer que o passageiro que está de pé se segure firme pra não cair e aquele que está sentado, se segure mais ainda, pra permanecer sentado.

Pra quem dirige, passar por ruas esburacadas é uma tarefa ainda mais complicada, pois exige que o motorista ponha em prática toda a sua habilidade em fazer baliza para desviar das piores crateras. De carro, todo buraco pelo qual o pneu passa sem que o motor bata no solo é acompanhado de um suspiro de alívio por quem está dirigindo. De moto é preciso atenção redobrada, do contrário, as chances de levar um tombo são enormes. Passar por uma rua esburacada pra quem dirige é calçar o pé no freio e dirigir com o dobro de cautela, afinal, qualquer descuido pode resultar em grande prejuízo.

O quê todas essas histórias têm em comum? Um casal de moradores da zona oeste da cidade com um sistema de segurança próprio, uma estudante, um militar aposentado que mora em uma rua escura na zona leste, e um taxista que conhece a cidade de ponta à ponta? Essas pessoas, das mais variadas profissões e idades acabam por ter algo em comum forte o suficiente para uní-las em prol de algo muito maior do que elas: o local onde vivem. “Não há lugar melhor que o nosso lar” é uma conhecida frase dita pela Dorothy no filme “O Mágico de Oz” de 1939. Unidos, é somente dessa forma que mudanças são exigidas e acatadas. Quando uma parte da população se une em torno de um assunto que carece de atenção e faz com que as autoridades responsáveis tomem conhecimento disso, é somente nesse momento que alguma coisa poderá ser realmente feita.

Agentes da transformação

Em 2011, um grupo de moradores do Bairro Camobi se uniu para formar a Associação Comunitária Caras do Bem. Conforme o presidente Reinaldo Maia Vizcarra, tudo começou com o santa-mariense que se mudou para morar no Jardim Berleze e teve que procurar serviços públicos de água e luz. Ele notou que seus vizinhos também tinham dificuldades para ter esses atendimentos básicos e então começou a ajudá-los. A partir destas ações, mais alguns residentes da região iniciam a mobilização de auxílio aos vizinhos.

Em novembro de 2015, atendendo uma reivindicação dos moradores da Cohab Fernando Ferrari, a Associação promoveu uma operação para tapar, com concreto, os buracos da Avenida Rodolfo Behr, na entrada da Cohab, em Camobi. A ação durou toda a manhã. Os recursos para tapar os buracos foram obtidos com o lucro de uma festa à fantasia, promovida pelo grupo em 10 de outubro do ano passado. Com a venda de ingressos, bebidas e lanches os Caras do Bem compraram cimento, areia e brita, para diminuir o problema dos buracos na via.

Ainda em maio de 2015, eles foram chamados à Rua L, na Cohab Fernando Ferrari, em Camobi. Lá o grupo encontrou uma ponte em más condições de conservação, com possibilidade de ceder a qualquer instante. Então, foi organizado um risoto e com o lucro das vendas, compraram os materiais para reconstruir a pinguela. A nova estrutura de madeira foi entregue à comunidade depois desta iniciativa, que repercutiu por Santa Maria.

Reinaldo diz que há cinco anos o grupo trabalha para ajudar as pessoas a entenderem que elas têm que ser os agentes da transformação e nãoo ficarem esperando pelo Estado. “A ideia principal é disseminar o pensamento de que podemos retomar o poder de transformar, e deixar de sermos meros consumidores, assim voltando a sermos cidadãos” relata o jornalista. O presidente do Caras do Bem afirma que eles baseiam-se em três princípios constitucionais: o direito à segurança, o de ir e vir e a saúde.

 #AquiTemProblemaSM

       Moradores de Santa Maria foram convidados a participar da campanha pelo Facebook. A ação visa mapear os pontos de problemas na cidade, como buracos e falta de iluminação. Em menos de duas semanas, 60 pessoas apontaram locais com as mais diversas situações, incluindo trechos de assaltos recorrentes e esgoto a céu aberto. A campeã de reclamações foi a região centro, com 30 locais. Em segundo lugar ficou a região nordeste, com 14, seguida pela região leste com 12. Também tiveram apontamentos a região oeste, com três e a norte com uma.

       O mapa #AquiTemProblemaSM pode ser acessado abaixo. A partir desta iniciativa online, a intenção é entregar para as autoridades responsáveis o mapeamento das reclamações dos santa-marienses para auxiliar na solução dos problemas em Santa Maria. Durante construção desta reportagem, tentamos contato com a Secretaria de Infraestrutura, Obras e Serviços mas não obtivemos êxito.

 *Abra é um projeto interdisciplinar realizado pelos estudantes das cadeiras de Jornalismo I, sob a orientação da professora Morgana Machado, Fotografia de Imprensa, sob a orientação da professora Laura Fabrício, e Jornalismo I e Jornalismo e Mídias Sociais, ambas sob a orientação do professor Maurício Dias.

(Foto por: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória)
(Foto por: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória)

“Idoso é atropelado na faixa de segurança em Santa Maria”, (Diário de SM). “Idosa morre ao ser atropelada na faixa de pedestres”, (G1). “Idoso é atropelado por um ônibus na faixa de pedestre”, (Diário da região).

Estas e outras manchetes sobre o atropelamento de pessoas são comuns nos meios de comunicação. A faixa de pedestre, que deveria ser segura para se atravessar, torna-se um local de conflito entre transeuntes e motoristas. Há descumprimento das leis por parte dos condutores de veículos e das pessoas que percorrem a rua.

Para Rosane Abaz, estudante do Centro Universitário Franciscano, não há respeito na faixa de segurança. “Na esquina da Conde de Porto Alegre com a Rua dos Andradas, é praticamente impossível atravessar, pois nenhum carro para nas faixas da esquina”, denuncia Rosane.

Há pedestres, porém, que acreditam que depende da cidade e do meio. Oly Fagundes, estudante e militar, conta que em Brasília, os motoristas param quando avistam que alguém vai atravessar na faixa de segurança, diferente daqui em Santa Maria.

Ao contrário destes entrevistados, a professora Caroline Brum, do Curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário, sente-se mais segura na faixa de segurança do que atravessar sem a faixa. “Mas alguns pedestres atravessam sem olhar se os carros param ou não. Isso veio a partir de campanhas que o pedestre tem direitos e que os condutores são obrigados a parar”, nota a professora. “Entretanto, a prefeitura deve alterar as marcações, há faixas em esquinas e isso não é permitido segundo as leis de trânsito”, ressalta Caroline.

Segundo o diretor do Centro de Formação de Condutores (CFC) Padre Réus, João Guasso, em todas as aulas práticas de direção, os alunos são informados da parada na faixa de pedestre quando notam que alguém vai atravessar. “No exame é cobrado parar na faixa, obrigatoriamente. Eles também têm aulas teóricas específicas sobre a faixa de pedestre”

 Foto: Vitor Mirailh / Prefeitura
Foto: Vitor Mirailh . Prefeitur. Foto: Divulgação

 

No Dia Mundial Sem Carro, realizado nesta segunda-feira em todo país, novamente vem à tona um assunto que entrou de vez para o mapa das polêmicas nacionais, as ciclofaixas e ciclovias. Somente a cidade de São Paulo ganhou nos últimos nove meses 58,3 km delas, mantendo a meta da gestão do prefeito Fernando Haddad que pretende criar até o fim do ano 200 km das vias.

Em Santa Maria também se comenta o assunto, principalmente com a ciclofaixa da Avenida Medianeira que completou quatro meses de funcionamento na última quinta-feira. Em seus 2,6 quilômetros de extensão, entre as ruas Cândida Vargas e Serafim Valandro, os ciclistas têm autorização de transitar nos domingos e feriados, das 8h às 17h.

Em maio, quando foi inaugurada, dividiu as opiniões da população da cidade, gerando debates nas redes sociais. Criticada principalmente pelos motoristas, que defendem que as vias atrapalham o funcionamento do trânsito, ou também por moradores da avenida, como disse a aposentada Maria Bastos, de 60 anos: “Nos domingos temos que fazer uma volta muito grande para realizar o retorno, pois temos que descer até a rótula no final da avenida, complicando a vida para quem usa carro.”

Já o Auditor Fiscal Rafael Júnior, de 56 anos, tem uma opinião favorável:  “Acho uma ideia muito boa, incentiva o uso das bicicletas e não chega a atrapalhar o trânsito, pois é apenas nos domingos e feriados, dias que o movimento é menor.”

A ciclofaixa faz parte do Projeto “Pedale Legal”, elaborado por técnicos do Escritório da Cidade, em parceria com a Secretaria de Município de Controle e Mobilidade Urbana. A intenção é instalar as ciclofaixas em mais de 20 quilômetros de vias no total.

Atualmente a cidade conta com apenas alguns quilômetros de ciclovias, como na Avenida do Exército e na Avenida Hélvio Basso. Também serão criados 2,4 km na UFSM, ligando o arco da universidade até a reitoria.

Entenda a diferença de ciclovia e ciclofaixa:

Ciclovias: Espaço fixo, exclusivo para o deslocamento de ciclistas, disponível 24 horas por dia, com finalidade a utilização da bicicleta como meio de transporte diário.

Ciclofaixas: Espaço reservado e demarcado em vias públicas, reservados para o lazer em determinados dias e horários.

 

Por Daniel Pillar, para a disciplina de Jornalismo Online

 

Máquina tem provado agilidade na reforma das ruas da cidade em poucos dias. Fotografia: Vítor Mirailh e João Alves.
Máquina tem provado agilidade na reforma das ruas da cidade em poucos dias. Fotografia: Vítor Mirailh e João Alves.

Não é de hoje que a situação das vias urbanas de Santa Maria é precária. Os buracos nas estradas estão em grande parte do município, e já danificaram veículos de muitos santamarienses. A Prefeitura reconheceu a necessidade de reforma nas ruas da cidade e estreiou, na última semana, um equipamento inovador – a máquina TBM 5000, batizada de “caça-buracos”. O equipamento promete tapar com eficiência e rapidez as rachaduras das vias. De acordo com o Diário de Santa Maria, o investimento foi de cerca de R$ 700 mil.

“Rally”, foi a palavra escolhida pelo Doutor em Educação e Professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Cláudio Rabelo, para descrever a situação do atalho que leva a UFSM. “As entradas para Cerrito pela Faixa Nova são aventuras. E o atalho para a UFSM em Camobi é um rally, bastante perigoso, que se reformado, poderia desafogar muito o trânsito”, declarou o professor.

A menos de uma semana de trabalho, o secretário de Infraestrutura, Obras e Serviços, Tubias Calil, supervisor da reforma, garante a competência. “Trabalhamos intensamente no fim-de-semana. Os dias com sol estão nos ajudando bastante e já se pode comprovar os primeiros resultados deste investimento”, disse ele.

Monike Schalenberger, 22 anos, representante de medicamentos, acredita que a ação é boa. “Eu já danifiquei algumas rodas do carro nas ruas de Santa Maria. Devido ao meu trabalho, passo o dia andando de carro, então acho extremamente necessária uma solução para o problema, para a minha segurança”, afirmou a cidadã santamariense.

Um dos principais benefícios da aplicação é o aproveitamento da equipe de asfalto (reduzida em comparação a tamanha demanda) para novos serviços. Por enquanto, a “caça-buracos” já atendeu vias como Rua Appel, General Neto e Riachuelo, e as Avenidas Dores e Diácono João Luiz Possobon.