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Santa Maria, RS, Brazil

O plano que promete mudar o trânsito de Santa Maria

Por Ariéli Ziegler e Franciele Farias

 

Congestionamento na av. Medianeira

Congestionamento. Essa é a palavra que define o trânsito em Santa Maria. E não só o trânsito de carros, mas o de pedestres também. O fluxo de veículos, especialmente nas regiões centrais e nos chamados ‘horários de pico’ (meio-dia e 18h), cresce todo mês.De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (DENATRAN/RS), são realizados em torno de 500 emplacamentos mensais de novos veículos na cidade. Outro dado surpreendente é o número de veículos que circulam, diariamente, na região central ao meio-dia: 50 mil. Já o número de pedestres que circulam diariamente na mesma região e horário é de cinco mil.

Mas qual seria a alternativa para o problema de mobilidade urbana em Santa Maria? Alguns apontam o Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PMDU) como a solução, no longo prazo, para os problemas de trânsito, do sistema de transporte público e privado e do sistema viário da cidade.

O PMDU tem provocado polêmica por suas proposições, pois as mudanças previstas por ele modificariam a rotina dos milhares de motoristas e pedestres de Santa Maria. O projeto traz uma série de propostas (até o momento foram 33, confira algumas delas abaixo) elaboradas após seis meses de pesquisa e levantamento de dados realizados por alunos dos cursos de Arquitetura e Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e técnicos da prefeitura.

Dentre esses pontos estão previstas mudanças na Rua do Acampamento, nas Avenidas Presidente Vargas e Medianeira, ampliação do calçadão, retirada de estacionamentos em vias centrais, entre outras.

Mas, ao analisar o contexto histórico percebe-se que o problema de mobilidade não é de hoje, vem desde os anos 70 e 80, ao copiarmos o modelo americano (apesar de termos estrutura física de cidades européias) de desenvolvimento urbano, com o aumento da capacidade viária. O que vem a ser capacidade viária? Nada mais é que o aumento, ampliação, alargamento de ruas. Com mais espaço, mais carros podem circular nestas vias, provocando um fluxo maior e, assim, congestionamentos. Décadas mais tarde, constatando os problemas de basear a estrutura de uma cidade nesta forma de desenvolvimento, percebeu-se a necessidade de estabelecer prioridades ao se pensar o projeto de mobilidade urbana de uma cidade. Percebe-se, neste momento, que a mobilidade urbana, o sistema de transporte, tanto coletivo como privado, e estrutura das cidades devem ser pensados de modo que priorize o pedestre; como a ideia que o arquiteto dinamarquês Jan Gehl apresenta em seu aclamado livro: Cidade para pessoas. Em seguida, na lista de prioridades figuram o transporte não motorizado (como as bicicletas), o transporte coletivo/público, o transporte privado e por último, o transporte de cargas.

Assim, ao invés de ampliação de vias, prioriza-se a ampliação e reforma das calçadas, parques, praças. E com meios de transportes públicos coletivos eficientes, suficientes para atender a demanda da população, com linhas frequentes, etc, seria menor a necessidade de se utilizar o veículo dentro da cidade para os afazeres diários.

Para esclarecer dúvidas sobre o PMDU, o especialista em Sistema de Transportes e também idealizador e colaborador do Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU), o coordenador do Curso de Engenharia civil da UFSM, professor Carlos Félix, explica a importância de um planejamento urbano e como essas alterações poderiam beneficiar a população.

Félix defende a necessidade de um transporte coletivo de qualidade e uma cidade onde as pessoas possam circular a pé sem ter que dividir espaço com carros a todo o momento.

Conforme estudo feito na cidade, foram apontados os principais problemas existentes e as zonas de maior concentração de pedestres que se deslocam diariamente. O levantamento aponta que diariamente circulam cerca de 100 mil carros na área central da cidade e, que para cidade comportar esse fluxo, deve haver vias alternativas, que no momento inexistem.

As chamadas zonas para pedestres (ZPPs) são locais que concentram grande fluxo de pedestres e, segundo diagnóstico apresentado no PMDU, são as seguintes: Centro, Camobi, Tancredo Neves e Santa Marta. Nessas regiões deve haver melhorias em calçadas, faixas e semáforos para pedestres. Félix chama atenção para quase inexistência deste tipo de semáforos na cidade.

– Hoje só há semáforo para pedestre no Calçadão e na Rua do Acampamento. Nós não temos travessia de pedestres na Rua Pinheiro Machado com a Acampamento e nem na Rua dos Andradas com a Avenida Rio Branco e esses são locais de intenso fluxo tanto de pedestre como de carros – comenta o especialista.

Em relação à ampliação do calçadão até a Rua Duque de Caxias, Félix defende que, para haver maior circulação de pedestres na área central, citando o exemplo de Curitiba – PR, onde houve a extensão do calçadão da cidade. Com isso, os motoristas teriam que andar por vias alternativas e/ou estacionar seus carros próximos para que pudessem circular no calçadão. Sempre lembrando que são projetos no longo prazo, ou seja, além da demora na implantação, é necessário que haja uma mudança de comportamento e de cultura do povo santa-mariense.

O prazo para entrega final do PDMU está previsto para o dia 15 de dezembro.

[dropshadowbox align=”left” effect=”lifted-both” width=”600px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Principais mudanças:

  • Fechamento da Rua do Acampamento para o público e veículos particulares, durante o dia. A via será exclusiva para ônibus, táxis e veículos de carga e descarga. À noite, o tráfego será liberado;
  • Ampliação do Calçadão, com mais quatro quadras;
  • Corredores de ônibus serão construídos nas avenidas Rio Branco, Medianeira, Presidente Vargas e Liberdade. Em Camobi, o corredor ficará na Avenida Rondônia, no acesso à UFSM. Outro será construído na Avenida Paulo Lauda, no Bairro Tancredo Neves;
  • As avenidas Nossa Senhora da Medianeira e Presidente Vargas terão sentido único. Na Medianeira, o sentido será bairro-Cento, e, na Presidente Vargas, Centro-bairro;
  • Regiões planas da cidade ganharão faixas para ciclistas.

Fonte: Prefeitura de Santa Maria
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[dropshadowbox align=”right” effect=”lifted-both” width=”270px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Alguns dados:

  • 25% das pessoas fazem deslocamentos de 600 metros (duas quadras) de carro;
  • 52,8% da população utilizam modais sustentáveis (transporte público, a pé ou de bicicletas), sendo que o ideal seria 66% da população utilizando esses meios de transporte;
  • O maior fluxo de veículos se desloca no sentido bairro-centro.

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Uma resposta

  1. Boa noite eu só quero saber como fica o horário de carga e descarga no centro pode entrar caminhão e qual o peso permitindo obrigado e agradeço se tiver uma resposta .

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Por Ariéli Ziegler e Franciele Farias

 

Congestionamento na av. Medianeira

Congestionamento. Essa é a palavra que define o trânsito em Santa Maria. E não só o trânsito de carros, mas o de pedestres também. O fluxo de veículos, especialmente nas regiões centrais e nos chamados ‘horários de pico’ (meio-dia e 18h), cresce todo mês.De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (DENATRAN/RS), são realizados em torno de 500 emplacamentos mensais de novos veículos na cidade. Outro dado surpreendente é o número de veículos que circulam, diariamente, na região central ao meio-dia: 50 mil. Já o número de pedestres que circulam diariamente na mesma região e horário é de cinco mil.

Mas qual seria a alternativa para o problema de mobilidade urbana em Santa Maria? Alguns apontam o Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PMDU) como a solução, no longo prazo, para os problemas de trânsito, do sistema de transporte público e privado e do sistema viário da cidade.

O PMDU tem provocado polêmica por suas proposições, pois as mudanças previstas por ele modificariam a rotina dos milhares de motoristas e pedestres de Santa Maria. O projeto traz uma série de propostas (até o momento foram 33, confira algumas delas abaixo) elaboradas após seis meses de pesquisa e levantamento de dados realizados por alunos dos cursos de Arquitetura e Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e técnicos da prefeitura.

Dentre esses pontos estão previstas mudanças na Rua do Acampamento, nas Avenidas Presidente Vargas e Medianeira, ampliação do calçadão, retirada de estacionamentos em vias centrais, entre outras.

Mas, ao analisar o contexto histórico percebe-se que o problema de mobilidade não é de hoje, vem desde os anos 70 e 80, ao copiarmos o modelo americano (apesar de termos estrutura física de cidades européias) de desenvolvimento urbano, com o aumento da capacidade viária. O que vem a ser capacidade viária? Nada mais é que o aumento, ampliação, alargamento de ruas. Com mais espaço, mais carros podem circular nestas vias, provocando um fluxo maior e, assim, congestionamentos. Décadas mais tarde, constatando os problemas de basear a estrutura de uma cidade nesta forma de desenvolvimento, percebeu-se a necessidade de estabelecer prioridades ao se pensar o projeto de mobilidade urbana de uma cidade. Percebe-se, neste momento, que a mobilidade urbana, o sistema de transporte, tanto coletivo como privado, e estrutura das cidades devem ser pensados de modo que priorize o pedestre; como a ideia que o arquiteto dinamarquês Jan Gehl apresenta em seu aclamado livro: Cidade para pessoas. Em seguida, na lista de prioridades figuram o transporte não motorizado (como as bicicletas), o transporte coletivo/público, o transporte privado e por último, o transporte de cargas.

Assim, ao invés de ampliação de vias, prioriza-se a ampliação e reforma das calçadas, parques, praças. E com meios de transportes públicos coletivos eficientes, suficientes para atender a demanda da população, com linhas frequentes, etc, seria menor a necessidade de se utilizar o veículo dentro da cidade para os afazeres diários.

Para esclarecer dúvidas sobre o PMDU, o especialista em Sistema de Transportes e também idealizador e colaborador do Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU), o coordenador do Curso de Engenharia civil da UFSM, professor Carlos Félix, explica a importância de um planejamento urbano e como essas alterações poderiam beneficiar a população.

Félix defende a necessidade de um transporte coletivo de qualidade e uma cidade onde as pessoas possam circular a pé sem ter que dividir espaço com carros a todo o momento.

Conforme estudo feito na cidade, foram apontados os principais problemas existentes e as zonas de maior concentração de pedestres que se deslocam diariamente. O levantamento aponta que diariamente circulam cerca de 100 mil carros na área central da cidade e, que para cidade comportar esse fluxo, deve haver vias alternativas, que no momento inexistem.

As chamadas zonas para pedestres (ZPPs) são locais que concentram grande fluxo de pedestres e, segundo diagnóstico apresentado no PMDU, são as seguintes: Centro, Camobi, Tancredo Neves e Santa Marta. Nessas regiões deve haver melhorias em calçadas, faixas e semáforos para pedestres. Félix chama atenção para quase inexistência deste tipo de semáforos na cidade.

– Hoje só há semáforo para pedestre no Calçadão e na Rua do Acampamento. Nós não temos travessia de pedestres na Rua Pinheiro Machado com a Acampamento e nem na Rua dos Andradas com a Avenida Rio Branco e esses são locais de intenso fluxo tanto de pedestre como de carros – comenta o especialista.

Em relação à ampliação do calçadão até a Rua Duque de Caxias, Félix defende que, para haver maior circulação de pedestres na área central, citando o exemplo de Curitiba – PR, onde houve a extensão do calçadão da cidade. Com isso, os motoristas teriam que andar por vias alternativas e/ou estacionar seus carros próximos para que pudessem circular no calçadão. Sempre lembrando que são projetos no longo prazo, ou seja, além da demora na implantação, é necessário que haja uma mudança de comportamento e de cultura do povo santa-mariense.

O prazo para entrega final do PDMU está previsto para o dia 15 de dezembro.

[dropshadowbox align=”left” effect=”lifted-both” width=”600px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Principais mudanças:

  • Fechamento da Rua do Acampamento para o público e veículos particulares, durante o dia. A via será exclusiva para ônibus, táxis e veículos de carga e descarga. À noite, o tráfego será liberado;
  • Ampliação do Calçadão, com mais quatro quadras;
  • Corredores de ônibus serão construídos nas avenidas Rio Branco, Medianeira, Presidente Vargas e Liberdade. Em Camobi, o corredor ficará na Avenida Rondônia, no acesso à UFSM. Outro será construído na Avenida Paulo Lauda, no Bairro Tancredo Neves;
  • As avenidas Nossa Senhora da Medianeira e Presidente Vargas terão sentido único. Na Medianeira, o sentido será bairro-Cento, e, na Presidente Vargas, Centro-bairro;
  • Regiões planas da cidade ganharão faixas para ciclistas.

Fonte: Prefeitura de Santa Maria
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[dropshadowbox align=”right” effect=”lifted-both” width=”270px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Alguns dados:

  • 25% das pessoas fazem deslocamentos de 600 metros (duas quadras) de carro;
  • 52,8% da população utilizam modais sustentáveis (transporte público, a pé ou de bicicletas), sendo que o ideal seria 66% da população utilizando esses meios de transporte;
  • O maior fluxo de veículos se desloca no sentido bairro-centro.

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