A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Teorias apontam que a relação do homem com os animais de estimação acontece há cerca de 10 mil anos. Antes o animal auxiliava na caça; hoje, costumam encantar adultos e crianças e encher os lares de alegria. Porém, ter um bicho de estimação em casa não é algo simples. Muitas vezes, eles crescem mais do que o previsto, necessitam sempre de cuidados e geram gastos. Em algumas situações, o temperamento não é exatamente como o esperado pelo dono. E esses e outros motivos levam ao abandono. Cães e gatos são soltos nas ruas porque não corresponderam às expectativas, porque viraram um problema.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam mais de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Nas cidades de grande porte, para cada cinco habitantes, há um cachorro. E destes, 10% vivem nas ruas.
Uma pesquisa online realizada pelos autores desta reportagem entrevistou 150 pessoas na faixa etária de 16 a 50 anos. Os dados obtidos apontaram que 5,3% dos entrevistados já abandonaram algum animal e 48,7% dos que responderam às perguntas conhecem alguém que abandonou.
Motivos que contribuem para o abandono
“Na minha opinião, a falta de responsabilidade das pessoas está diretamente ligada ao abandono. Se tu não tens conhecimento dos prós e contras de ter um animal em casa, tu és uma pessoa que pode abandonar. Porque, às vezes, o animal cresce demais, fica doente ou as pessoas saem para viajar e não tem com quem deixar. Tudo isso pode levar ao abandono”, relata a estudante Valquíria Rodrigues Cortez, de 20 anos, do Curso de Veterinária da UFSM e bolsista da clínica de pequenos animais do Hospital Veterinário Universitário (HVU).
Além da posse responsável, citada por Valquíria, outra atitude que pode levar ao abandono é o comércio de animais. Em feiras e pet shops, os filhotes viram mercadoria e são expostos em vitrines, exercendo fascínio sobre adultos e crianças. Quem não se encanta com um filhote? Mas se deixar levar pela beleza ou pela “fofura” do bichinho pode levar a uma compra por impulso. E, assim, cachorros e gatos são comprados e, mais tarde, descartados como objetos que não servem mais.
Outro problema grave é que filhotes destinados ao comércio normalmente são provenientes de uma reprodução em série – um alarmante número de ninhadas de uma mesma fêmea, que mal tem tempo de se recuperar fisicamente das crias anteriores – o que pode desencadear problemas comportamentais e de socialização. É o que afirmam as pessoas que são contra o comércio de animais. Como explica Valquíria: “normalmente os animais destinados à venda são gerados a partir de cruzamentos consanguíneos, podendo originar filhotes fora do padrão, ou seja, agressivos, medrosos e antissociais”.
Uma das pessoas que responderam à pesquisa online relatou de forma anônima o caso de uma fêmea que foi abandonada depois de ser usada para procriação, “no ano passado, adotamos uma cachorrinha que no seu antigo lar era vítima de maus tratos e forçada a sempre dar cria para que pudessem vender seus filhotes, depois que ficou velha a largaram na rua. Ficamos sabendo da história por uma vizinha. Infelizmente, a cachorrinha já estava doente e pudemos tê-la conosco por apenas um ano, mas vale para conscientizar as pessoas do quanto os animais sofrem nessa indústria de filhotes”.
A importância da castração
Além de evitar o abandono, a castração traz outros benefícios. Diminui drasticamente o risco de doenças nas vias uterinas, câncer de mama, útero, próstata e testículos; elimina a gravidez psicológica, comum em algumas fêmeas; ameniza o risco das fugas e brigas; entre outros. É possível fazer a castração de três maneiras: ovariohisterectomia (retirar o útero e ovários), orquiectomia (retirar os dois testículos) e vasectomia (interrupção da passagem dos espermatozóides, o animal acasala, mas não é fértil).
Segundo a estudante de medicina veterinária Valquíria Cortez, a reprodução indiscriminada contribui para o aumento do número de abandono. Como mostra a pesquisa realizada, muitas pessoas acham importante a castração, mas na prática elas ainda tem resistência ao procedimento, por desconhecerem seus benefícios, pelo custo ou ainda por acreditarem que o animal castrado sofre.
Como mudar a realidade do abandono
A conscientização da população acerca da guarda responsável de animais domésticos é o primeiro passo para diminuir os altos números de animais abandonados.
“Acredito que deveria existir mais conscientização sobre a adoção de animais, mais projetos de castração, mais campanhas e eventos que chamem a atenção da sociedade”. Depoimento anônimo, via pesquisa online.
Também faz parte da solução campanhas que visam à castração como uma medida efetiva para o controle populacional de cães e gatos. Deve-se também orientar quanto aos riscos da compra de filhotes, com estímulo à adoção, educando a sociedade em relação à responsabilidade que é ter um animal em sua casa. Todas essas medidas trariam resultados à curto e longo prazo.
“Meu gato foi resgatado da rua. Encontrei ele em uma noite, estava miando e desesperado de fome. Era raquítico, pura pulga e muito assustado. Levei para casa, o alimentei, tratei as pulgas e hoje ele está cada dia mais lindo”. Depoimento anônimo, via pesquisa online.
Onde adotar?
Pelo menos uma vez por mês acontece na cidade de Santa Maria uma feira de adoção promovida pelo Clube Amigos dos Animais. O Dia da Adoção Solidária acontece no segundo domingo de cada mês.
Para que os interessados em adotar possam levar os animais para casa, o clube faz uma série de exigências, entre elas, a de que o pátio onde o animal irá ficar seja fechado e tenha bastante espaço. No caso dos gatos, é exigido que se a pessoa mora em apartamento, as janelas e sacadas possuam redes protetoras.
“Verificamos as condições de bem-estar para o animal. Todos assinam um documento de adoção responsável. Fazemos, posteriormente, visitas no local para verificar se o animal não está sofrendo maus tratos e se o ambiente atende as exigências”. Afirma a diretora do clube, Marlene Nascimento.
Além do Clube Amigos dos Animais SM, alguns outros projetos visam a adoção de animais na cidade de Santa Maria. São eles:
Gabriel Leão e Juliano Dutra para o Jornal Abra
O novo currículo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano está em seu segundo semestre de implantação. Uma das novidades é a cadeira de Oficina de Mídias, que tem a finalidade de mostrar aos estudantes do primeiro semestre um panorama sobre as práticas em comunicação e os laboratórios do curso. Confira os depoimentos da segunda turma sobre esta cadeira:
Ana Luiza Deicke: A disciplina de Oficina de Mídias é incrível. Nela tive uma base sobre fotografia, audiovisual, rádio e digital. Me identifiquei muito com o audiovisual, adorei falar para a câmera, a tv sempre foi minha paixão. Para sermos bons jornalistas, precisamos escrever certo, tirar uma boa fotografia e falar adequadamente. E foi o que a disciplina nos mostrou de uma forma dinâmica e muito interessante.
Bruna Godoy Bianchin: É importante no primeiro semestre termos noção do que está por vir nos próximos anos. Assim já vemos se realmente nos identificamos com o curso e qual área nos agrada mais, mesmo que mudemos no futuro. A disciplina de Oficina de Mídias nos proporciona isso. Quatro aulas de fotografia são poucas para conseguirmos tirar fotos realmente boas, mas com certeza vamos melhorar durante a faculdade. Para a profissão de jornalista é importante ter uma boa noção de todas essas as mídias. Tenho ideia de seguir carreira no audiovisual e me identifiquei muito com a cadeira. Adorei fazer a crônica e assistir os trabalhos dos meus colegas, pois trouxeram temas muito tocantes. Também gostei das aulas de Rádio, pois gosto de trabalhar com a voz. A disciplina de Digital foi muito legal e divertida, e, na última aula, eu entendi a real importância dos gifs, memes e tags para publicações online. No geral, apesar do curto período de aulas, aprendi muito com as quatro disciplinas, elas com certeza me deram uma boa base para seguir daqui para frente.
Jean Paim: Participar dessa disciplina me possibilitou ter uma nova visão em determinadas áreas que eu não tinha antes. Destaco principalmente Introdução à Fotografia, pois é uma área que não conhecia profundamente e tive a oportunidade de explorar novas maneiras de se ver e produzir uma imagem. Também destaco Introdução ao Rádio, pois é uma área que me interessa bastante e pretendo seguir na área jornalística. A produção de vídeos com Introdução ao Audiovisual e criação de memes e gifs com Introdução ao Digital também me possibilitaram explorar novos métodos de interação que estão cada vez mais em alta para atingir o público.Por ser uma disciplina nova, senti-me muito feliz de fazer parte dela, pois acredito que será de grande ajuda e uma base forte para os próximos semestres.
José Victor Zuccolo: A cadeira de Oficina de Mídias fez com que a gente pudesse ter um pouco de noção sobre o que faremos após o curso, mas também durante o próprio. Desde a oficina de fotografia até a de digital, foi importante para nos termos consciência de como agir desde em frente às câmeras até atrás de computadores. Não se pode dizer somente um ponto alto de toda cadeira, pois nela conseguimos extrair todo nosso potencial e criatividade. Do meu ponto de vista, gostei bastante da parte audiovisual, pois era algo que já me chamava atenção e pude ver que é algo que poderei seguir. Me chamou atenção a parte de mídias digitais, pois era algo que me interessava, mas não tinha grande conhecimento.
Juliana Brittes: Na disciplina de Oficina de Mídias, eu tive o privilégio de conhecer outras áreas vinculadas com o curso de comunicação (fotografia, audiovisual, rádio e mídias sociais) e ter um contato inicial do que vai me proporcionar em oito semestres. Um dos maiores motivos que optei a cursar Jornalismo é por ter como hobbie a fotografia, e felizmente tive a oportunidade no 1º semestre para ser voluntária do Laboratório de Fotografia e Memória, coordenado pela professora Laura Fabrício. Acho importante a cadeira, pois tem como o principal objetivo de mostrar para o aluno do que ele vai se aprofundar durante a graduação e mostrar a importância de conhecer um pouco de cada área.
Letícia Vieira: Oficina de Mídias é dividida em quatro etapas Fotografia, Audiovisual, Rádio e Digital. A disciplina é muito interessante, com aulas descontraídas e professores parcerias. Em todas elas, eu aprendi um pouco mais sobre a área de atuação de cada uma. As aulas sempre bem dinâmicas práticas e objetivas. Particularmente eu me apaixonei pela introdução ao audiovisual. Foi uma experiência maravilhosa a Rádio Web Unifra, com o professor Gilson Piber. Fotografia eu sempre gostei muito e, com a professora Laura, as aulas foram todas maravilhosas. Todas as disciplinas foram show. Nunca pensei em aprender a fazer memes e gifs. O professor Mauricio ensinou muito sobre a produção de conteúdo na internet, onde o mundo digital é fantástico. Valeu muito. Foi um aprendizado único e maravilhoso.
Lilian Streb: A disciplina Oficina de Mídias é bastante introdutória em relação a quatro campos da comunicação: fotografia, audiovisual, rádio e digital. Em quatro aulas de cada módulo foi possível que eu tivesse um grande conhecimento do que cada uma dessas áreas envolve, tanto na teoria quanto na prática. Em fotografia, foi possível ir além do conteúdo, como ter um olhar diferente sobre as coisas, ou melhor, sobre o que irá ser fotografado. Em audiovisual, a experiência foi acima do esperado. Som, câmera e texto em um só momento. A combinação da postura frente às câmeras, com a notícia e a voz. Sobre o rádio, suspeita para falar, em quatro aulas percebi minha paixão por este campo aumentar quatro vezes mais. O rádio é um meio de comunicação que dá voz à sociedade. Apaixonante é seu segundo nome. No módulo digital, temos a tecnologia e sua modernidade. Neste caso foi possível aprender sobre memes, gifs, código QR e muitas outras possibilidades de entretenimento que a internet proporciona, as quais, muitas vezes, eu consumia mas não sabia como produzir. Apesar de rápidas, as disciplinas abrangeram o conteúdo de forma proveitosa e intensa. Uma das melhores que já cursei. Um dos pontos em destaque durante o semestre foi a elaboração de um vídeo em audiovisual, contando uma história com imagens, através de uma crônica, e também, a gravação de noticias em rádio. No aprendizado que obtive em digital, a facilidade para produzir conteúdo foi algo que me surpreendeu bastante. Por fim, não posso deixar de mencionar o apoio e dedicação que recebi da professora Laura em fotografia. Os teus ensinamentos, tua avaliação e tuas palavras me chamaram a atenção e me fizeram ter mais vontade de continuar.
Lucas Brum: Oficina de Mídias foi essencial demais para mim, pois me mostrou um pouco sobre cada setor do jornalismo e consegui analisar uma por uma. Algo mais que necessário para um jornalista é saber trabalhar em todas as áreas e não só na sua especialidade, e é isso que a Oficina de Mídias nos proporciona. Todos os quatro módulos foram incríveis, com aulas descontraídas e dinâmicas, professores que deixam as aulas interessantes, sempre auxiliados de ótimas ferramentas e equipamentos. Com toda a certeza, foi ótimo participar dessa experiência e aprender um pouco sobre cada parte do jornalismo.
Luciano Colleto: A Oficina de Mídias me deu uma maior noção das propostas de interatividade do jornalismo.Na cadeira de fotografia por exemplo, aprendi várias coisas que não tinha noção de como era, enquadramento, ISO, entre outras coisas. Já a cadeira de audiovisual foi a parte que mais me chamou a atenção, pelo fato de eu gostar dessa área, é nela que eu quero seguir futuramente. Rádio e mídias digitas são as outras duas matérias da cadeira, e com elas aprendi também diversas coisas. Em mídias digitas cito a interatividade com as pessoas, produção de gifs, memes, algo que me atrai muito pelo fato de ser atual e descontraído.
Luiz Paulo Favarin: A Oficina de Mídias foi algo que me mostrou mais do jornalismo do que eu esperava, abrindo minha mente para outras áreas que eram desconhecidas para mim. Ela funciona de um modo que faz com que o aluno tenha escolhido a direção certa na carreira, mostrando um pouco de cada disciplina como: fotografia, televisão, rádio e mídias digitais. Agora, com essa cadeira quase concluída, tenho em mente que escolherei fotografia e mídias digitais como foco para minha carreira. Já estando a par das matérias me aprofundei mais e aprendi coisas que não sabia fazer, como gifs e memes. Na parte das fotografias, me aprimorei muito em relação com que já sabia, tendo um olhar mais crítico e analítico nas fotos tiradas por mim.
Mateus Kunzler: As aulas de Oficina de Mídias, particularmente, foram algumas das aulas preferidas que tive nesse primeiro semestre de aula na Unifra, pois cada disciplina aplicada fez eu conhecer um pouco mais das habilidades necessárias para ser jornalista. Além disso, me senti desafiado em vários momentos como, por exemplo, nas aulas de audiovisual, quando tive que criar um vídeo e abordar um tema específico tudo por conta própria. Isto fez eu descobrir algo que me agradou muito, a produção de conteúdo visual. As aulas de rádio me conectaram a um conhecimento desconhecido, pois nunca fui muito ligado em rádios. As gravações de áudios nas aulas de rádio foram muito interessantes. As aulas de fotografias foram bem legais, pois pude aprofundar um conhecimento que há muito tempo tive interesse: a fotografia. As aulas de introdução ao digital foram diferentes pois tive uma nova noção de o que realmente é conteúdo de multimídia, principalmente da parte de memes e gifs.
Mariana Tabarelli: A cadeira de Oficina de Mídias foi um passo essencial no primeiro semestre. Apesar dos dias serem corridos e alguns trabalhos durante o dia, chegar na faculdade e perceber que escolheu o curso certo tornou tudo revigorante. Na primeira disciplina de fotografia, o desafio foi descobrir que fotografar vai além da câmera de um celular, e de um bom aplicativo editorial, necessita de técnica, visão ampla, e criativa, e exige de quem manipula uma câmera, a paixão pelo que está realizando com ela. Na disciplina de audiovisual, o desafio foi sair do comodismo, produzir um vídeo de qualidade sobre um tema atual com um tempo limitado. Isso nos moveu, nos uniu em dias fora das aulas, despertou em nós o desejo de caprichar no que ia ser produzido. Em poucas semanas iniciamos uma nova rotina, estávamos aprendendo sobre rádio, como seria a produção dos textos radiofônicos, e como seria a leitura oral deles. Na disciplina de digital foi um tanto mais dinâmica, pois comecei a usar o que aprendia não somente no ambiente da faculdade, mas no meu dia a dia, no uso da internet. Nesse período. que abrangia tantas disciplinas em uma oficina, descobri que os desafios nos preparam e nos dão experiência.
Valéria Auzani: Oficina de Mídias é uma matéria em nosso Centro Universitário Franciscano que me apresentou, como um todo, os principais meios de comunicação usados no Jornalismo: Fotografia, Audiovisual, Rádio e Digital. Com essa cadeira, nós acadêmicos, tivemos a possibilidade de fazer um breve estudo introdutório do que teremos em disciplinas futuras do curso. Os professores que nos dão essas aulas sempre tiveram o intuito de nos integrar nesses meios, com um ensino contendo temáticas criativas, e, além do mais, sempre envolvendo os equipamentos e laboratórios necessários, que a UNIFRA proporciona ao Jornalismo da melhor forma. É uma preparação momentânea para o que há de vir. Entretanto, foi o necessário para que tenhamos uma visão do que mais nos reconheceremos como jornalistas. Certamente, as introduções e práticas que tivemos em Oficina de Mídias nos influenciam a aprofundar os estudos nessas modalidades que teremos durante o curso, focando cada um de nós alunos, no que mais nos identificamos.
Vinícius Rodrigues: Foi bastante interessante conhecer o funcionamento das principais vertentes do jornalismo que irei trabalhar futuramente. Outro fato que me chamou atenção foi no início da graduação não ficar apenas na teoria, mas também ir para as ruas de Santa Maria tirar fotos, gravar pequenos textos para rádio, filmar pequenas chamadas para televisão e aprender novas ferramentas de postagens para as redes sociais. O fato de ter poucas aulas para cada mídia pode parecer ruim, porém já cria uma grande expectativa e vontade para começar os outros semestres para ter a disciplina por completo e, assim, aprender e desenvolver cada vez mais nas mídias. Claro que é muito cedo para já escolher qual área do jornalismo irei focar, mas essas “pinceladas” já mostram qual função do jornalismo tenho mais afinidade, além de tirar alguns medos como a mídia de rádio, que antes de começar, achava que seria a mais difícil. Outra parte significante foi conhecer os trabalhos de mídias sociais dos nossos colegas de outros semestres devido ao fato de que conhecer os acertos e os erros dos outros também contribuem para a minha formação. Antecipar alguns conceitos, mesmo com poucos detalhes, que aprenderia apenas depois de muitos semestres, tais como, na área da fotografia e de televisão, fizeram com que eu quisesse ainda mais continuar o curso.
“É dia de feira, quarta-feira, sexta-feira não importa a feira”. Nesse caso, sábado é dia de Feirão Colonial, uma atividade que existe há 24 anos e faz parte do Projeto Esperança/Cooesperança, da Diocese de Santa Maria.
A comercialização de frutas, verduras, hortaliças e ainda produtos coloniais e artesanais ocorre todos os sábados, sempre das 7h ao meio-dia, no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter. À venda estão produtos oriundos de grupos de cooperativismo e de economia solidária que integram o projeto Esperança Cooesperança. Os cerca de 2 mil agricultores se transformam em comerciantes e trabalham num sistema de autogestão, ou seja, dentro da feira ninguém é empregado, todos se ajudam e trabalham no processo que começa no plantio, segue no cultivo dos alimentos (ou produção dos artigos artesanais e produtos coloniais) e vai até a comercialização. A irmã Lourdes Dill, coordenadora do projeto, explica “no feirão são todos cooperativados, são pequenos grupos da área rural e urbana que sobrevivem dessa renda”.
João Hartz está entre os feirantes mais antigos. Ele deixou a rotina agitada em Porto Alegre há mais de 25 anos pensando em melhorar a qualidade de vida dele e da família “voltei para o interior, adquiri propriedade rural em Silveira Martins, pensando em produzir muitas coisas para mim comer e para vender. Eu tenho agroindústria de produtos integrais, sem glúten, sem lactose e planto milho e feijão orgânico”. João conta que a rotina aos sábados não é fácil “levanto às 4h da manhã, saio às 5h, para chegar às 6h e montar o estande”, mas todo o esforço vale a pena, relata o produtor “me sinto satisfeito em estar trazendo saúde às pessoas e proporcionando bem estar”.
E é em busca de saúde e produtos fresquinhos que seu Jarbas Niederauer vai ao Feirão há 24 anos. Para o aposentado, a variedade é o que mais agrada. “Todas as vezes que venho à feira, percebo a diversidade e gosto da qualidade dos produtos”, comenta.
Comerciantes e visitantes satisfeitos, esse é o resultado dos feirões segundo a Jussane Turri Carvalho, que mora em Arroio Grande e vende diversos tipos de queijo. Além de fonte de renda, para ela a feira também é um espaço para se fazer amizades. “Aqui se encontra do mais simples ao mais rico, se cria uma amizade com os clientes. Todos os sábados, muitos já vem direto na minha banca”, lembra.
O otimismo dos feirantes é o mesmo da coordenadora do projeto. Para a irmã Lourdes Dill, chegar aos 24 anos de feira é sinal de que a ideia deu certo e amadureceu. “A gente semeia e cultiva e ver essa história acontecer é muito gratificante. Valeu a pena investir meu tempo, praticamente 30 anos. Hoje me traz alegria”, diz.
Por Fabielle Dornelles e Raíssa Bertazzo para o Jornal Abra
“Encontre algo que você ame, e deixe isso te matar”. Essa é uma das frases de Arlequina, o casal que mais fez sucesso este ano. Mas até onde você deve deixar o amor controlar a sua vida? Depois do lançamento do filme Esquadrão Suicida, o relacionamento de Arlequina e Coringa, os vilões em Batman, mais do que nunca se tornou alvo de romantização. Há quem insista em dizer que “apesar de complicado, é um relacionamento em que os dois se amam independente de qualquer coisa”. Porém, não há nada de romântico nesse relacionamento; na verdade, ele é abusivo.
O relacionamento abusivo existe quando uma pessoa usa a sua influência e poder sobre a outra; é o uso inadequado de persuasão, quando o abusador busca controlar as ações do parceiro, é possessivo e machuca o outro, psicológica ou fisicamente.
Arlequina era psicóloga de Coringa no hospício. Ele a manipula, faz ela se apaixonar e o ajudar a fugir. Mas quando ela captura o Batman para provar seu amor, ele a agride, física e verbalmente, dizendo que só ele poderia derrotar o Batman, achando-se melhor que ela. Esse complexo de superioridade também caracteriza um relacionamento abusivo.
No final, Arlequina até pensa em deixá-lo, mas isso só até receber uma mensagem do vilão, que a faz ter esperanças de um final feliz. Há quem diga que se Arlequina quisesse deixá-lo, já o teria feito. Mas assim como em relacionamentos reais, seu parceiro sabe exatamente como manipulá-la para mantê-la por perto.
Agressão, complexo de superioridade e manipulação. Comportamentos da ficção muito parecidos com os da vida real. Prova disso são os relatos anônimos de uma pesquisa realizada pela internet com 325 pessoas.
“De início ele fez de tudo para que todos à minha volta acreditassem na pessoa extremamente calma e gentil que ele dizia ser, os abusos demoraram a aparecer. Só percebi quem ele realmente era quando me contou rindo que uma ex tentou suicídio por causa dele e, por isso, ela era motivo de piada em toda conversa com os amigos. Por outro lado, as ex que o tinham deixado eram sempre más, loucas, pessoas que tentaram destruir a imagem dele. Comecei a quase não ver meus amigos e família, as agressões físicas/sexuais tinham como desculpa o fato de eu precisar ser punida pelos meus comportamentos errados. Eu sempre precisava estar marcada por grandes hematomas de mordidas, porque, para ele, essa era a única forma de mostrar a todos que eu namorava. Um dia colocou-me sentada entre a tela de segurança e a janela do prédio, a mais de dez andares do chão. Entrei em depressão profunda e me tornei a outra namorada que tentou se matar”.
Como você pode ver, relacionamentos abusivos são mais comuns do que se imagina. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Avon, em parceria com o Data Popular, a cada 5 jovens, 3 já sofreram algum tipo de violência nos relacionamentos. Na pesquisa feita pela internet, com 325 pessoas (284 mulheres e 41 homens) entre os dias 19 de outubro e 5 de novembro deste ano, 197 disseram que já tiveram um relacionamento abusivo.
Mas o que caracteriza um relacionamento abusivo afinal?
Diferentemente do que muitos imaginam, relacionamento abusivo não é sinônimo de agressão física. De acordo com a psicóloga Renata Krug, pós-graduada em Terapia de Casal e Família, um relacionamento é abusivo quando alguém fere os direitos do outro de pensamento e liberdade. Na sociedade atual, esses limites estão borrados e muita coisa pode ser aceita. Todavia, alguns comportamentos serão sempre abusivos, como agressão física, sexual, verbal e moral. A relação abusiva é caracterizada como o desejo de controlar o parceiro e tê-lo para si, é colocar a pessoa no lugar de “coisa”.
Definir quando um relacionamento é abusivo pode ser muito difícil, porém, os principais indicativos desse tipo de relação são: ciúme exagerado, sentimento de posse, controle sobre as decisões e ações do parceiro, vontade de mantê-lo em isolamento, violência verbal e/ou física, relações sexuais obrigadas.
De acordo com a delegada Débora Dias, titular da Delegacia Especializada de Atenção à Mulher de Santa Maria, todo tipo de violência pode ser denunciado: lesão corporal, ameaças, constrangimentos, injúria, difamação, calúnia, cárcere privado, estupro, etc. A Lei 11340/06, conhecida como Lei Maria da Penha protege todas as mulheres de agressões físicas, morais e psicológicas, incluindo mulheres lésbicas, trans e bissexuais que sofrem violência doméstica e familiar. Ela também pode ser aplicada por analogia para proteger homens, isso por não existe lei similar para os mesmos.
O maior problema dos relacionamentos abusivos é que eles são difíceis de identificar. Normalmente, as agressões são sutis. Nos relatos da pesquisa feita pela internet é possível perceber algumas atitudes aparentemente normais que passam a ser indício de relações opressoras.
“No começo achava que era ciúmes normal de início de namoro, mas depois foi se tornando algo doentio, insuportável. Ele começou a colocar defeito em tudo, na roupa que eu usava, nos amigos que eu tinha, queria me privar de fazer qualquer coisa e me ameaçava dizendo que se eu terminasse com ele iria se afundar no mundo das drogas. Teve uma vez em que ele me ligou dizendo que estava em cima duma ponte e iria se jogar, caso eu não fosse para casa em 5 minutos. Acredito que aguentei isso por acabar aceitando o que ele pedia por ter no pensamento a frase “vou fazer isso para não me incomodar” e acabava cedendo as suas chantagens. Eu temia terminar com ele por medo do que ele seria capaz de fazer comigo e com ele mesmo, e eu iria me sentir culpada”.
O abusado
A psicóloga Renata Krug explica que “muitas pessoas não conseguem se libertar de um relacionamento abusivo porque estão psicologicamente e/ou socialmente ligadas ao agressor”. Muitas vezes, depende dele, inclusive, financeiramente. Outra questão é que muitas vezes a pessoa pode ter sido criada em uma situação abusiva e, por isso, acredita que aquilo é normal. A delegada Débora Dias conta que o principal motivo das vítimas voltarem atrás e retirarem as denúncias é o medo, mas tem ainda a falta de apoio familiar, a situação econômica, os filhos, a autoestima baixa, entre outros. Ela também ressalta que é muito importante desde o início do relacionamento que se preste atenção nas cenas de ciúmes excessivo, “que não são sinais de amor, mas de posse. Jamais se deve ceder em mudar de roupa, cabelo, maquiagem ou trabalho porque o parceiro não gosta. Há milhares de pessoas no mundo, alguém vai gostar e ponto. Temos que prestar atenção e preservar nossa dignidade, respeito e amor próprio em primeiro lugar”.
O abusador
Geralmente a pessoa que passa por situações abusivas acaba reproduzindo nos outros um vínculo semelhante, mesmo que de forma inconsciente. Ela pode estar na posição de agressora por ter a sua autopercepção tão crítica que teme ser enganada, traída ou derrotada pelo outro o tempo todo. Isso é muito comum em homens que sofrem bullying ou presenciam violência em casa quando crianças. É o que mostram os dados em que 64% dos agressores já presenciaram violência contra a mãe, conforme pesquisa da Avon.
Crianças que foram criadas sem atenção e sendo mandadas por seus pais, reproduzem o mesmo pensamento com seus filhos, diz a psicóloga Renata. Segundo ela, “o acesso ao estudo, cultura, pensamento crítico e a profissionais da saúde é muito importante. Estes ajudam a problematizar a situação e pensar criticamente em outras possibilidades”.
Veja a seguir o relato de uma menina que alega ter sido a abusadora:
“Quando eu estive na posição de opressora, obviamente não percebia isso e nem conhecia a expressão relacionamento abusivo. Apenas agora vejo o que fiz, depois de muitos anos, pois sentia prazer em ter alguém submisso, não sabia os efeitos que isso teria. Quando terminamos, meu ex tentou se matar. Um ano depois voltamos e ao terminar, ele tentou de novo. Logo depois, ele começou tratamento para depressão. Eu não tinha conhecimento do extremo que a situação tinha chegado”.
Consequências do abuso
Essas experiências podem deixar algum tipo de trauma. A vítima pode ter medo de se relacionar de novo, ter problemas de ansiedade, pesadelos, retração e se torturar com perguntas como o motivo de ter escolhido uma pessoa assim, ou como não percebeu que aquilo estava acontecendo. A psicóloga Renata diz que os sintomas são inúmeros e que dependem da personalidade e da capacidade de resiliência do psicológico de cada pessoa. Na maioria das situações é necessário um tratamento multidisciplinar. Por isso é bom contar com ajuda de profissionais da saúde, como psicólogos ou assistentes sociais. É importante trabalhar a autoestima e entender o que levou a pessoa a manter um relacionamento insatisfatório.
Amigos e familiares
É possível que a vítima não se dê conta da situação em que está ou se recuse a acreditar na verdade. De acordo com Renata, a família e os amigos podem ajudar a pessoa a identificar o abuso e se livrar do que a impede de seguir. Embora essa ajuda seja necessária, ela nem sempre acontece. É complicado admitir para as pessoas próximas que você foi uma vítima e, muitas vezes, quando se dispõe a falar pode ser criticada e ouvir expressões como “eu não sabia que você era ingênua a esse ponto” ou “é gostar de ser trouxa”, “como você deixa ele fazer isso”? A questão não é deixar ou gostar, o problema está nos abusos mascarados do dia a dia, e frases como essas acabam deixando a pessoa com a autoestima ainda mais baixa. A pessoa que é abusada não é culpada pelo que sofreu. O coletivo UNAS diz que o mais importante é não estar sozinha e ter apoio de familiares e amigos é essencial. “A culpa não é de vocês! Não há palavra, ação, comportamento seu que justifique abuso por parte de qualquer pessoa. Reconhecer um relacionamento abusivo é doloroso e sair dele é mais complicado ainda, mas lembre-se que você merece o melhor, é forte e não está sozinho”. O amor não abandona, nem ameaçada, nem agride, isso é abuso.
Por Ariadne Marin, Bibiana Iop, Flora Quinhones e Mariana Olhaberriet para o Jornal Abra
Pelotas. Estádio Boca do Lobo. Quando o árbitro pelotense Geovane Luis da Silva, por volta das 16h45min apita para encerrar a partida, ele não somente decreta o final da fase classificatória da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho 2016, mas também o rebaixamento do Riograndense à terceira divisão do futebol estadual. Um pesadelo para um clube que entrou na competição com orçamento limitado esperando justamente evitar o rebaixamento. Foi um golpe duríssimo para a história do futebol santa-mariense.
Por volta do mesmo horário em Santa Maria, no Estádio Presidente Vargas, o Esporte Clube Internacional consegue na última partida a oportunidade de se salvar do mesmo destino do coirmão, cravando a ponta dos pés na Segundona Gaúcha e lá permanecendo, uma “redenção” cruel se comparada ao cenário futebolístico de 8 anos atrás na cidade coração do estado.
Dois meses mais tarde, o Inter SM estreava na Copa FGF Sub-19, esperando conseguir alguma conquista ainda este ano, com um time montado às pressas e financiado pelas famílias dos jovens atletas. Mas os gols não vieram. O time oscilou muito ao longo da competição, apesar de ter no elenco jogadores talentosos, e terminou como vice-lanterna. Uma fonte ligada ao clube afirmou “estávamos muito confiantes e focados no nosso objetivo. Erramos muito mais que acertamos e em um campeonato de base de nível alto como esse. Não era uma opção errar”.
Thiago Rizzatti, 20 anos, jogador que atuou no profissional do Riograndense e depois foi um dos destaques do Inter SM na Copa FGF Sub-19, ponderou “Santa Maria nunca foi um centro do futebol. Existem pessoas muito boas por trás do esporte aqui, mas continuam sendo preciso mais investimentos fortes”.
Uma pesquisa online realizada para esta reportagem, que ouvidas 109 pessoas, mostra que o torcedor santa-mariense concorda com Thiaguinho. Na enquete, a opção “a falta de investimento no esporte” foi selecionada 67 vezes, evidenciando assim a grave situação do desporto de Santa Maria.
De qualquer forma, a popularidade do esporte local já foi maior. Dos entrevistados, 67% acompanham futebol em nível nacional/internacional. Quando a pergunta é sobre os times de Santa Maria, o percentual cai para 33%, mostrando o desinteresse de uma porção dos apreciadores do esporte pelo futebol local.
Em 2008, contando com o constante apoio de sua torcida, o Esporte Clube Internacional de Santa Maria foi o 3º colocado no Campeonato Gaúcho Série A, e teve o direito de disputar o Campeonato Brasileiro Série C, em que foi eliminado na 1ª fase em um grupo com quatro times, estando a 1 ponto de distância do segundo colocado, o Marcílio Dias, de Santa Catarina. Foi o ápice do futebol da Cidade Coração do Rio Grande nos últimos anos, culminando com o rebaixamento do colorado a Divisão de Acesso em 2011, quando permaneceu de 2012 em diante brigando campeonato a campeonato com o Riograndense, que em 2010 havia encantado Santa Maria na mesma série B do Gauchão, fazendo bons dois primeiros turnos e sendo eliminado no terceiro após uma decaída drástica.
O professor e jornalista Gilson Piber fez sua análise dos últimos anos dos clubes. “O Inter-SM passa por uma recuperação financeira. Então, o investimento no futebol não é o ideal, ao menos por enquanto. O ano de 2016 foi ruim, mas ao menos o clube se manteve na Divisão de Acesso. Para o futuro, a tendência é pagar todas as dívidas e ter uma equipe de futebol competitiva, lutando por vaga para a Série A”. A respeito do Riograndense, Piber acrescentou: “O Riograndense teve um ano de 2016 péssimo. Foi rebaixado para a Terceirona e vai precisar lutar muito, em 2017, para voltar à Divisão de Acesso. O clube necessita, efetivamente, fazer as correções administrativas necessárias, alavancar recursos financeiros e ter um time competitivo para subir outra vez”.
Muito graças ao retrospecto recente dos clubes, existem muitas visões pessimistas sobre o futuro, mas Thiaguinho garante “Internacional e Riograndense são clubes muito conhecidos, acho que por chance não estão na elite do futebol gaúcho”. O meia, que passou junto com seu companheiro de Inter, Júlio Araújo, por um período de testes na base do Internacional de Porto Alegre em outubro frisa “Os clubes tem a tendência a crescer bastante, basta ter investidores. A falta de dinheiro nos clubes de Santa Maria é o principal agravante do desempenho”.
Quando a nova temporada para os maiores de Santa Maria recomeçar em 2017, crescerão também os sonhos de milhares de torcedores e dezenas de atletas que irão fazer parte da campanha das equipes, e voltarão determinados, após anos e anos no ostracismo, a fazer renascer um único sentimento: o orgulho do santa-mariense.
Por Leonardo Machado e Lorenzo Seixas para o Jornal Abra
O rugby está a cada dia mais presente na vida dos santa-marienses. Sendo assim, o rugby é o esporte que está em ascensão em Santa Maria. Essa modalidade surgiu no século XIX na Inglaterra. É um esporte que exige muito contato físico, semelhante ao futebol, porém, com a bola em formato oval. Vale salientar ainda que o objetivo desse esporte é marcação de pontos, já que o jogador tem a “missão” de levar a bola até a área do adversário e tocá-la no chão. Mas na cidade universitária foi por volta do ano de 2006, quando um grupo de estudantes resolveu se reunir e praticar a modalidade sem pretensão. Com o passar do tempo, eles resolveram criar o time com o nome de “Santa Maria Rugby” e participar de campeonatos estaduais. Porém, em 2008, houve uma separação no time, devido a diferenças de opiniões, mas isso não durou por muito tempo. Um ano após esse episódio, os jovens resolveram se unir novamente, formando o URSM – Universitário Rugby Santa Maria com o objetivo de conseguir mais visibilidade e apresentar o esporte à sociedade.
Foi então que o Universitário começou a ganhar espaço, chegando à vitrine em 2015, quando o time conquistou o título de campeão da segunda divisão. Em função do regulamento da Federação Gaúcha de Rugby, que diz que times com níveis técnicos de 2014 não poderiam subir de categoria, o URSM teve que, no ano seguinte, jogar novamente na segunda divisão. Mas aí o esporte ganhou força, principalmente pelo apoio dos torcedores. Os jogos passaram a ter um público médio de 600 a 700 pessoas, segundo o presidente do clube Danier Renato Reisdorfer Avello. Por consequência, os veículos de comunicação começaram a dar mais atenção ao time e às suas performances. Sendo que na segunda divisão de 2016 a regra mudou, a Federação Gaúcha de Rugby deu novo acesso para o time que fosse campeão daquela edição, uma vez que o URSM venceu invicto.
O gráfico abaixo mostra o crescente acesso do rugby nos últimos anos em Santa Maria
Os títulos ajudaram o time a conseguir mais investimento e recursos. O URSM recebeu apoio da prefeitura, principalmente na infra-estrutura das arquibancadas do Estádio Tarso Dutra, na UFSM, diz Avello, presidente do clube. Maurício Rocha Ribeiro, um dos fundadores. “Manter o clube, pagar as inscrições, viajar é sempre um custo alto para os atletas. Mas temos amenizado isso no decorrer do tempo. Hoje já não tiramos tanto do nosso bolso. Temos alguns parceiros e patrocinadores que têm colaborado. Mas ainda está longe de apenas não gastar para jogar”, comenta.
A equipe conta, hoje, com categorias de base e é um grande passo alcançado para os responsáveis do clube. Passar o ensinamento para as gerações futuras faz é um grande legado para quem viveu desde o início do esporte aqui na cidade. Por isso, para o presidente do URSM, o maior investimento deve ser na formação de futuros jogadores “investimento nas categorias de base e em projetos sociais, na qual a integridade, respeito e disciplina são pontos fundamentais”, acrescenta Avello.
Os valores aprendidos por meio do esporte vão além de “pontos”, como explica Maurício. “O rugby estabeleceu novos parâmetros de dedicação, esforço, dor, trabalho e muitas outras coisas. Hoje posso me dedicar a algo em qualquer meio, sabendo que os limites somos nós que impomos e que podemos ir muito além do que achamos. Enfrentar as dificuldades, cair e levantar sem reclamar foram grandes ensinamentos. Fora os valores que o esporte nos traz de volta, algo perdido dentro da sociedade atual e que o rugby resgata como respeito e companheirismo”, comenta.
Por João Martins Flores e Luis Ricardo Kaufmann para o Jornal Abra
Santa Maria é uma cidade universitária que, a cada ano, recebe centenas de novos moradores. São estudantes que para fazer faculdade deixam a família e os amigos e vem a Santa Maria viver uma nova experiência, longe do conforto de suas casas.
Com a crise econômica, que se agravou nos últimos dois anos, as pessoas têm mudado os hábitos alimentares. Famílias que costumavam comer fora com frequência, agora optam por fazer suas refeições em casa. Mas, para esses jovens que estão sem a família e moram sozinhos, qual a melhor opção? Qual a alternativa mais barata?
Vanessa Basso, estudante de Direito, prefere fazer a sua comida em casa. Ela gasta em torno de R$ 8,75 por dia para uma refeição básica, contando os gastos com temperos e o consumo de gás. No prato, vai arroz, feijão, carne e salada “o tempo gasto cozinhando, para mim, não é um problema, já que não moro muito perto de restaurantes”.
Já o tempo é um dos motivos que levam a estudante de psicologia Tatiane Reis a comer fora. Para ela, fazer as refeições em restaurantes é bem mais prático, pois, além de estudar, ela trabalha e não tem tempo para cozinhar. Sua refeição é basicamente a mesma da estudante de Direito (arroz, feijão, uma carne e saladas) e o valor gasto por dia é de cerca de R$ 9,40.
Analisando os valores, Vanessa gasta R$0,75 a menos; uma diferença pequena. Mas será que ao fim do mês isso impacta no custo de vida? O professor Alexandre Reis, do curso de Economia do Centro Universitário Franciscano e coordenador da Clínica de Finanças da instituição, afirma que é necessário fazer um tripé de planejamento: econômico, nutricional e de domicílio. O economista diz que fazer um teste prático é uma boa opção na hora de analisar as contas. Para ele, quem vive sozinho, deve experimentar, durante trinta dias, comer em restaurantes e, no outro mês, fazer seu alimento em casa. Só assim, será possível concluir o que foi mais caro. O especialista ainda ressalta: “devido à crise econômica, os produtos industrializados tiveram um aumento significativo de preço. E para os estudantes que vivem sem suas famílias, o ideal seria que os mercados oferecessem porções menores e individualizadas para que o alimento não vença, nem estrague. Por isso, quem opta por cozinhar deve ter um planejamento sobre os gastos muito maior, ainda mais para poupar sem deixar de lado os alimentos saudáveis que são muito importantes, como frutas, legumes e verduras, os quais também são mais caros”.
Do ponto de vista do economista, o indicado para quem mora sozinho acaba sendo comer em buffets a quilo. Apesar de algumas vezes o valor ser um pouco maior, a ideia é que, escolhendo esse caminho, a pessoa economize tempo e possa se dedicar mais aos estudos. Além disso, essa alternativa evita desperdícios e gastos com energia, gás e água (inclusive para a limpeza da louça). Mas Alexandre ressalta que essa opção é para quem mora sozinho. “No contexto familiar, comer por quilo não é favorável, principalmente quando se inclui crianças, que tendem a comer pouco e a deixar restos no prato. Então é outro tipo de planejamento”, observa.
Em casa ou na rua, o verbo é planejar e isso não é tão simples, segundo o professor. Portanto, é importante que as famílias trabalhem desde cedo, nas crianças e jovens, noções de economia doméstica, ensinando o valor do trabalho e do dinheiro que se recebe. Como finaliza Reis, “quanto mais cedo os jovens entendam isso, menos dificuldades terão para se adaptar depois”. O economista ainda brinca “assim como se organizam bem para as festas, devem se organizar financeiramente de forma correta para não gastar mais do que a renda”.
Por Ana Luiza Deicke e Bruna Bianchin para o Jornal Abra
Domingo, 8h30, e já é perceptível uma movimentação no Campo do Aliado, no bairro Km 3. É ali que mais de 50 crianças, com idades entre 7 e 16 anos, treinam no Nova Esperança Futebol Clube, um projeto coordenado por Jocimar Pereira, 33 anos, auxiliar de produção, e por Carlos Fernando Schlenner Montedo, 35 anos, dono de uma eletrônica.
O projeto começou pela carência em jogar futebol, percebida por Jocimar nos filhos e sobrinhos. “Eu via que o meu filho e os meus sobrinhos estavam carentes por jogarem futebol na rua e não terem estrutura e instrução. E então eu tive a ideia de tentar ensinar eles”, conta Jocimar, conhecido como Maninho. E a partir disso, surgiu a oportunidade de melhorar a vida de crianças da comunidade, que se não fosse pelo projeto, estariam nas ruas.
O sonho de realizar o trabalho se concretizou no dia 12 de junho de 2016, com a ajuda de Aldir Renato Vieira da Vega, 62 anos, policial militar reformado, que mora no bairro há 16 anos e cedeu o campo para que os treinos fossem possíveis. “ Acho que sempre tem que ter alguém que faça a frente para colocar essa gurizada em uma linha do bem. Enquanto os meninos estão aqui em um projeto de lazer, ao mesmo tempo eles estão aprendendo, como se comportar entre eles mesmos. Estão trabalhando para ser alguém na vida”.
E quem sabe, não serão jogadores famosos de futebol? Muitos craques saíram de “campinhos”, mas se dar bem em campo não é o maior ganho de projetos como esse. O quanto uma iniciativa dessas pode mudar a vida de uma comunidade? Crianças e jovens que provavelmente estariam nas ruas sem fazer nada ou até mesmo expostos à criminalidade hoje tem um compromisso nos domingos pela manhã.
Na escolinha é feito cadastro e inscrição, além disso o projeto conta com com a ajuda de diversas pessoas da cidade. Uma assistente social produziu um documento com os termos de responsabilidades que enfatiza a importância da criança ou adolescente estar estudando, nesse documento também contém os dados pessoais do portador, informações adicionais como endereço e telefones, além da autorização dos pais ou responsáveis.
Por outro lado, os treinadores desses meninos enfrentam várias dificuldades para manter as atividades. Uma delas é a questão financeira, porém a mais destacada durante a conversa foi a falta de tempo. É evidente a vontade dos treinadores em dedicar mais tempo para transmitir seus ensinamentos para os pequenos, que passam parte da semana sem fazer nada, além de estudar.
Apesar das dificuldades, a comunidade abraça o projeto. Os pais incentivam principalmente porque as crianças são carentes, e há uma percepção de que essa era uma iniciativa necessária no bairro. “O meu filho adora, ele acorda cedo para vir jogar, é o sonho dele ser jogador de futebol. Desde pequeno ele sempre quis ser jogador, e o projeto ajuda bastante”, relata Simone Dias da Silva, 33 anos, funcionária de uma empresa de limpeza e mãe de um dos meninos que jogam no projeto. Já Vilson Graciano da Silva, 55 anos, servente, e pai de um dos jogadores, comenta que, “O meu filho estuda e é melhor estar jogando bola do que estar nas ruas”. Existem também quem apoie mesmo de longe, é o caso de um empresário do Rio de Janeiro que fez doações de bolas, cones, entre outros equipamentos, ao projeto.
Os pequenos possuem uma disposição invejável, e chegam ao campo muito antes do início do treino, a maior vontade deles é correr e jogar. “Eu acho que é uma possibilidade, um projeto bem legal para se divertir e sair de casa, brincar com os amigos. E é muito bom para ajudar pessoas que não tem tanto dinheiro para jogar em um time de alto nível” é o relato de um aspirante a jogador de 11 anos. “Eu não fico mais brincando na rua, não fico mais empinando pipa, e me sinto melhor assim”, relata um menino de 10 anos, que faz parte do programa.
Para o futuro, Jocimar e Fernando, pretendem buscar apoio usando os recursos do Governo, pela Lei de Incentivo ao Esporte (lei 11.438/2006), que permite que empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda em projetos esportivos. O maior desejo deles é conseguir ter uma sede e fazer com que os pais e responsáveis das crianças acreditem ainda mais no projeto e ajudem a fazer acontecer, para que mais meninos se juntem ao time e impactarem mais ainda a vida dessa comunidade.
Talvez o maior ensinamento desse projeto não seja o futebol, mas sim, a chance de poder mostrar um novo caminho para essas crianças, dar um pouco de esperança de um futuro melhor. Fazê-las enxergar que é possível vencer, mesmo sendo da periferia, independentemente de classe social, cor, credo, o que importa mesmo é a determinação e o foco em perseguir os seus sonhos. Os idealizadores do programa, conseguem ver algo importante, a oportunidade de ajudar a formar o caráter desses meninos, que estão numa idade importante e que são tentados a todo o momento a entrar em um ambiente sem perspectiva. A mensagem mais bonita que esse trabalho deixa, é fazer com que essas crianças queiram ser melhores e entendam que podem fazer o mesmo por outras pessoas.
Se esse projeto chamou a sua atenção e você quer ajudar, entre em contato com Jocimar Pereira e Fernando Montedo, pelos telefones 99175-1520 ou 98402-3057.
Por Ariel Portes e Mariama Granez para o Jornal Abra
Conheça também outros projetos
O esporte adaptado em Santa Maria tem ganhado espaço cada vez mais. Alguns projetos para o público cadeirante da cidade foram criados, como o kart adaptado e a bocha adaptada.
O fundador desses projetos Denilson Souza, atleta e cadeirante, conta que via em Santa Maria a necessidade de implantar tais esportes na cidade. Mostrando o projeto para as pessoas, criando parcerias e sendo uma referência no esporte, ele conseguiu tirar o projeto do papel. No dia 10 de setembro às 18h, aconteceu o evento de bocha adaptada em carpete, na Associação Cruzeiro do Sul, uma parceria de Denilson com o presidente da associação Edemar Eilert. No dia 11 de setembro foi na Speed Pista de Kart, no bairro Camobi, onde ocorreu o evento de abertura do parakart em Santa Maria que foi das 14h às 17h.
Os projetos estão em fase de adaptação tanto com equipamentos quanto financeiramente, ainda falta um local fixo para a prática desses esportes. O carpete usado na bocha não é exclusivo para atletas com deficiência, se trata de uma regra da modalidade. Ainda não se tem um patrocinador para os projetos, os gastos para as adaptações dos aparelhos são tirados do bolso do próprio Denilson com ajuda de seu irmão.
A bocha adaptada está em análise para que em 2020 se torne uma modalidade paralímplica. Existe também um projeto Basquete em Cadeira de Rodas na Universidade Federal de Santa Maria, coordenado pela professora Luciana Palma, do Núcleo de Apoio da Educação Física Adaptada (NAEEFA). O projeto conta com cerca de 15 alunos. O time, chamado Força Sobre Rodas, espera que o número de participantes aumente com os anos.
O NAEEFA tem outros projetos para deficientes físicos, como o programa Piscina Alegre que atende pessoas com deficiência física, sensorial e múltipla. A Piscina Alegre fica no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) que faz parte do NAEEFA dentro da UFSM. O programa se organiza com os seguintes projetos: Educação e Reeducação Motora Aquática para Pessoas com Deficiência, Estimulação Essencial Motora Aquática para Bebês e Crianças com Deficiência, Atividades Lúdicas Aquáticas para Alunos com Deficiência e Natação. O objetivo do CEFD com esses projetos é a educação e reeducação motora de alunos deficientes de todas faixas etárias.
Juntamente com o basquete, existe um projeto dentro do Centro como o Handebol Adaptado que auxiliam no tratamento de pessoas com necessidades especiais. Além da Equoterapia, reabilitação de deficientes através da utilização do cavalo. Cada participante tem o auxílio de três alunos da UFSM dos cursos Educação especial, Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia.
O maior desafio dos participantes do NAEEFA, Denilson e muitos outros é lutar contra o preconceito mostrando que pessoas com algum tipo de deficiência também são capazes de praticar esporte. Este é o objetivo que esses projetos têm, em primeiro lugar, a inclusão de pessoas especiais na sociedade.
Por Gabriela Agertt e Thaís Ribeiro para o Jornal Abra
A Jornada Científica de Jornalismo é a atividade em que alunos graduandos apresentam suas propostas de TFG ao público e ao corpo docente do curso. Além disso, na segunda noite da jornada, também foi uma oportunidade dos alunos da cadeira de Jornalismo Digital I, ministrada pelo professor Mauricio Dias, trabalharem com cobertura jornalística, muitos pela primeira vez. Na primeira noite, o Laboratório de Jornalismo Multimídia (Multijor) também postou sobre a atividade no Facebook e no Instagram.
As explanações dos sete trabalhos da segunda noite começaram por volta das 18h50. Entre os presentes, 34 estudantes envolvidos com apuração de informações, entrevistas, fotografias e cobertura via mídias sociais. Na visão do acadêmico Leonardo Machado, 19 anos, responsável pela cobertura pelo Twitter, ao lado de João Martins, a experiência foi muito válida. “Foi muito legal, pois nunca tinha utilizado o Twitter. Foi uma experiência nova e desafiadora fazer a cobertura em tempo real”, contou o jovem.
A atividade, que seguiu até 20h30, contou com estudantes em busca de informações, a partir do acompanhamento do evento e de entrevistas com os graduandos e com os professores, registros fotográficos e postagens para mídias sociais. Além dos alunos de Jornalismo Digital I, a Agência CentralSul, coordenada pela professora Rosana Zucolo, e o Laboratório de Fotografia e Memória (LABFEM), coordenado pela professora Laura Fabrício, atuaram de forma integrada.
Entre os estudantes que acompanharam a cobertura, Felipe Monteiro, 23 anos, avaliou positivamente. “O trabalho deles foi impressionante. A cobertura ocorreu por todas as formas de mídia, Facebook, Twitter e Instagram. Foi realmente algo divertido ver amigos e colegas investidos em algo real”, comentou.
Também foi visto como uma experiência empolgante pelos acadêmicos Lucas Cirolini, 21, e Raíssa Eduarda, 20, que atuaram, respectivamente, nas coberturas pelo Instagram e pelo Facebook. Lucas avaliou que a cobertura foi “algo muito legal, diferente e muito interessante para nossa cadeira. Afinal precisávamos tirar fotos, usar hashtags e buscar ideias para algo novo”. Enquanto Raíssa salientou que “no começo fiquei assustada e achei que não ia dar certo. Mas depois peguei o jeito e ocorreu tudo bem”. Assim evidenciam os anseios e objetivos das futuras mentes do jornalismo brasileiro que no dia, fizeram a atividade, com sucesso.
Texto: Lorenzo Seixas e Luís Ricardo Kaufmann para a disciplina Jornalismo Digital I