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fotojornalismo

Não é só algo velho que queima

Patrimônio público e valor cultural: preservação e acesso A construção da cidade de Santa Maria fomentou a formação do principal meio ferroviário no interior do Estado. Por toda a sua história, a existência da Vila Belga

Sobrevivendo nas ruas

Vendedores ambulantes sempre fizeram parte das ruas dos centros urbanos, misturados entre os pedestres e os carros pelas praças, calçadas e vias das cidades. Em Santa Maria esta realidade não é diferente. No entanto, de dois

O futuro é feminino

“The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou

O tempo pede passagem

Às vezes acho que as pessoas falam porque não gostam de ouvir o próprio silêncio. Bate, tem ruído, ecoa por dentro. E sempre que alguém fala pouco, eu penso o quanto essa pessoa escuta. É por

O Hulk brasileiro

Os profissionais que vivem dos materiais recicláveis – catadores e recicladores em especial – são, sem sombra de dúvidas, dos mais importantes para a sociedade. Além de serem profissões dignas e honestas, não se pode negar

Fotojornalismo foi a oficina da última tarde do Fórum

Descontração e mostra de produções de imagens foram os destaques da última oficina de jornalismo da tarde, 28, do 12ª Fórum de Comunicação. A apresentação de fotojornalismo foi conduzida pelo fotógrafo Luiz Eduardo Robinson Achutti. Robinson contou

 “Desde que comecei na fotografia, cenas de ruas foram as que mais fotografei. Anos atrás comecei a olhar esse acervo e vi que muitas fotos falavam entre si, tinham elementos que as conectavam.” essa foi uma das motivações de Carlos Donaduzzi para criar um livro somente com fotos da cidade de Santa Maria. A obra conta também com a colaboração da Universidade Franciscana (UFN) na apresentação e  audiodescrição do livro.

Audiodescrição é um recurso moderno que traduz as imagens em palavras. Assim, permite que pessoas com pouca visão ou cegas compreendam o conteúdo de filmes, peças de teatros, livros e outros produtos culturais. Donaduzzi comenta que pensar nesse trabalho com audiodescrição foi algo novo para ele, como também saber a importância da mesma para as pessoas. “Conversar com profissionais da área, com deficientes visuais, e entender essa transformação da imagem em texto foi algo que impactou, não só para pensar nesse trabalho, mas sobre como podemos pensar cada vez mais em tornar todas as formas de expressão mais abrangentes.” relata o artista. 

A UFN possui um papel fundamental na realização da obra. A apresentação do livro foi escrita pela jornalista e professora Neli Mombelli e  a audiodescrição contou com locução da também jornalista e professora Carla Torres, toda gravada no estúdio da Rádio UFN. Segundo o autor, é uma contribuição muito significativa para o projeto. 

Neli Mombelli comenta que a obra convida o leitor a passear pelo cotidiano da cidade de Santa Maria a partir do olhar de Carlos, fazendo o leitor pensar no Outro e no espaço que habita. Neli também destaca que, além da fotografia, fruto do talento do autor, a obra possui a “sensibilidade de trabalhar a acessibilidade a partir da produção da versão falada do livro” e complementa com a sua opinião sobre o projeto “Um lindo presente para Santa Maria.” 

Já Carla Torres relata que é a primeira vez que atua como narradora de uma audiodescrição.“A experiência com audiodescrição vem depois de um período de estudos e curiosidades sobre o processo ao longo de 2020”, comenta Carla. Ela ressalta também sobre a importância da audiodescrição em nossa sociedade, “É necessária para que caminhemos para uma sociedade que viabilize acesso a diferentes conteúdos para todas as pessoas.” Carla finaliza comentando que o livro é uma obra artística e entende que o artista usa muito bem os recursos da fotografia e capta com delicadeza a essência de Santa Maria e de seus habitantes. 

Um fotolivro pode ser considerado um álbum de fotos da atualidade, em que as imagens são impressas nas páginas e não coladas como nos álbuns. As opções de design também são bem variadas e a criatividade precisa ser buscada. Carlos Donaduzzi comenta que se interessa muito por esse estilo de livro, pela ideia de uma narrativa visual e uma história contada apenas por fotografias. “Uma das principais motivações foi tentar pensar o meu trabalho dentro dessa linha, tentar organizar o que já havia fotografado através de um tema”, conta o autor ao ser questionado sobre inspirações na realização do livro. 

Foi um projeto longo que durou 10 anos para ser feito e 5 meses para ser organizado. Com isso veremos a evolução da cidade aos olhos de Donaduzzi, que comenta que a ideia era um livro impresso e a versão e-book com audiodescrição e espera que essa versão digital alcance seu público alvo.  

No futuro, talvez poderemos ver mais projetos como esse, Carlos finaliza comentando quais são os próximos planos, “Gosto de pensar em trabalhos visuais, tenho muitas fotografias, cenas de ruas de diferentes cidades e espero que no futuro consigo misturar cidades e países dentro de um livro.” 

A previsão é que a versão e-book com audiodescrição  seja lançada no dia 17 de maio , aniversário de Santa Maria. Já a obra impressa deve circular a partir de agosto, mês em que é comemorado o Dia da Fotografia, dia 19.

Fotos: Carlos Donaduzzi.

Patrimônio público e valor cultural: preservação e acesso

Vagão de Trem histórico – incêndio aconteceu na noite de domingo (14). Para delegado, trata-se de incêndio criminoso e Polícia aguarda resultados de perícia e busca testemunhas do caso. Fotos: Julia Trombini

A construção da cidade de Santa Maria fomentou a formação do principal meio ferroviário no interior do Estado. Por toda a sua história, a existência da Vila Belga causou impacto na vida econômica e social local, devido a sua expansão, à medida que a cidade também se desenvolveu. Mas, pensar nessa questão Férrea possibilita repensar diversos movimentos que marcaram a vida socioeconômica e cultural da cidade. A Vila Belga que é esse conjunto residencial construído inicialmente para funcionários de uma empresa, ao longo dos anos sofreu acréscimos, como demais habitações próximas. Ela ainda representa o período fundamental na história de Santa Maria, considerado um monumento digno de ser preservado e reconhecido pela população. Do mesmo modo, o conjunto onde está inserida,  conhecido como a “Mancha Ferroviária de Santa Maria”, e que engloba a Estação Férrea, as construções de apoio, as oficinas, o largo da estação até a Escola Manoel Ribas, entre outros pontos.

O início da construção da Vila Belga foi em 1901 e sobre sua conclusão e inauguração há divergências quanto à data. Já na década de 1980, houve uma diminuição significativa da atividade ferroviária e o tráfego de passageiros foi praticamente extinto. Por isso, a região em torno à estação entrou em decadência, processo que só começou a ser revertido nos últimos anos, com alguns projetos públicos para o local, algumas iniciativas privadas pontuais e o tombamento do sítio ferroviário, que incluiu a Vila Belga, no ano 2000.

O que restou do vagão incendiado.

Somente em 1982, o Município estabeleceu a lei de proteção do Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Santa Maria(01) que em sequência, em 1996 ao tombamento provisório da vila(02) e ao projeto considera o complexo da Viação Férrea de Santa Maria como patrimônio histórico e cultural (03). Em 1997 é feito o tombamento municipal da Vila Belga(04) e, em setembro do mesmo ano, as casas são vendidas em leilão público pela Rede Ferroviária Federal S.A para os moradores que adquirem a maioria das casas. Em 1998, o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria entrega à prefeitura a nova regulamentação sobre a vila, especificando os atos legais e os ilegais a partir de então.

Porém, agora estamos em 2019. Essa semana todo mundo assistiu ao vídeo que mostra duas pessoas incendiando o vagão histórico, na Estação Férrea. E a Vila Belga ainda é um conjunto significativo de memória e que vai além disso, pois as transformações do espaço público revelam também a experiência urbana. Antigamente apenas ferroviários residiam no lugar devido às condições da estruturais da cidade, mas hoje é uma região que mostra essas relações mundanas sociais, pois as pessoas ainda residem na localidade. A Vila em questão trata da memória social e da preservação do patrimônio, que compõe-se de 80 unidades residenciais agrupadas duas a duas -um conjunto arquitetônico importante não apenas para a cidade, mas para a região como um todo.

É muito triste pensar que alguém (mesmo que seja um número pequeno de indivíduos) enxerga esse local apenas como um número da idade do tempo que passa, ou como um sinônimo de abandono (das pessoas, do interesse, do poder público) em si, e que deixa essa possibilidade de prioridade dos usos cotidianos e públicos dos espaços de patrimônio da cidade jogado, esquecendo que são justamente nesses espaços há uma conscientização de preservação, de valorização e de troca de conhecimentos e atrações culturais, e da democratização de acesso de todos os indivíduos que aqui residem, ou, então, daqueles que podem ocupar estes lugares.

(01) Lei Municipal nº 2.255 de 25 de maio de 1982. Dispõe sobre a proteção do Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Santa Maria.

(02) PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. 1996. Processo de Tombamento da Vila Belga. Santa Maria.

(03) Lei Municipal nº 4.009 de novembro de 1996. Considera Patrimônio Histórico e Cultural Municipal o complexo da Viação Férrea de Santa Maria.

(04) Decreto Executivo nº 161 de 8 de agosto de 1997. Tombamento Municipal da Vila Belga.

Julia Trombini é jornalista escorpiana egressa da UFN. Fez parte da equipe do LabFem (Laboratório de Fotografia e Memória) como repórter fotográfica. Trabalhou também com diagramação, assessoria de imprensa e produção de conteúdo. Tem interesse em fotografia, audiovisual e temas de resistência política.

Cotidiano registrado na Praça Libertadores de América, em Arequipa (2019). Foto: Julia Trombini

Na América Latina, são os peruanos que lideram o índice da leitura de jornais, cerca de 71% da população, conforme estudo do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (CERLALC). Não que seja uma competição ou comparação, mas os números dizem muito sobre o lugar e como as pessoas buscam informações ou praticam o hábito da leitura. De acordo com a pesquisa, os argentinos são os que leem mais livros, seguidos pelos chilenos e brasileiros, que ficam em terceiro lugar – o que indica 4,96 livros por ano. Vale frisar que essa análise considera como leitor uma pessoa que leu alguma obra nos últimos 12 meses. E por isso conclui que 56% dos brasileiros são leitores. Mas e os outros 46%?

 

Julia Trombini é jornalista escorpiana egressa da UFN. Fez parte da equipe do LabFem (Laboratório de Fotografia e Memória) como repórter fotográfica. Trabalhou também com diagramação, assessoria de imprensa e produção de conteúdo. Tem interesse em fotografia, audiovisual e temas de resistência política.

 

Inácio Ferraz, 75 anos “Trabalho como engraxate deste guri. Nunca fiz ou consegui fazer outra coisa na vida…minha filha, pra ser doutor tem que ter estudo. E esse, eu nunca vi.”

Vendedores ambulantes sempre fizeram parte das ruas dos centros urbanos, misturados entre os pedestres e os carros pelas praças, calçadas e vias das cidades. Em Santa Maria esta realidade não é diferente. No entanto, de dois a três anos para cá, o número de pessoas que trabalham com o comércio informal tem aumentado consideravelmente. Esta situação se dá, principalmente, pelos altos índices de desemprego em todo o país, restando aqueles que foram demitidos ou que nunca foram absorvidos pelos trabalhos formais a sobrevivência por conta própria.

Alda Martins, 58 anos.
“Ahhh, eu trabalho como vendedora de doces nas ruas há mais de 40 anos. Sempre batalhei meu sustento dessa forma, minha irmã e eu. Mas o que se pode fazer, né? Eu preciso fazer o que faço. E quando vejo os fiscais da Prefeitura, mudo de calçada, vou pro outro lado, mas não dou chance de me tirarem minha mercadoria porque este é o meu sustento”.

Mas como é sobreviver sem um emprego com salário garantido no final do mês? Quais são as condições de trabalho para aqueles que vivem da venda ambulante ou de uma atividade rentável nas ruas da nossa cidade? Ao fotografar e entrevistar alguns trabalhadores de rua pode-se perceber que esta vida não é nada fácil. E como seria,
considerando as condições de trabalho destas pessoas?
Além das intempéries do tempo, da incerteza do lucro cotidiano e mensal, das pressões das responsabilidades e demandas familiares, das enfermidades do corpo, da impossibilidade de gerar lucro suficiente para um futuro que se torna incerto, há também a fiscalização da Prefeitura Municipal de Santa Maria sob todos estes trabalhadores da informalidade. E sobre esta questão em específico, o discurso dos profissionais informais foi unânime: “Não nos deixam trabalhar em paz nas ruas. Não nos deixam sobreviver onde queremos e achamos melhor para o nosso comércio e produtos!”.

Juliano Marafiga Cardoso, 38 anos “Olha moça, eu passei a minha vida inteira na rua. Fiz de tudo, sabe? Nós erámos em 16 irmãos e não tinha nem o que comer. Comi muito lixo pra me manter vivo. Até que consegui trabalhar na Prefeitura Municipal de Santa Maria, no governo do Schirmer e mudei um pouco o meu destino. Então melhorei de uns dezessete anos pra cá. Agora, quando mudou o prefeito, eu sai de lá e voltei pras ruas. Não é fácil, sabe? Mas tento viver dignamente. Só que preciso estar na rua. Não trancado no shopping popular, alí. Meu público não vai até lá comprar os meus panos de prato”.

João Rodrigues, 51 anos.
“Eu trabalho com venda de Cd´s e DVD´s há 15 anos. Não é uma vida muito fácil, não. Mas prefiro ser meu patrão”.

Diante de todas as dificuldades pelas quais passam estes trabalhadores, mas principalmente pelo cerceamento das condições de atuarem fora do Shopping Popular, localizado na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade, não há como não se colocar no lugar destes sujeitos e termos empatia por suas vidas sofridas. São pessoas que nunca
tiveram as mesmas chances que alguns têm para uma vida menos difícil ou melhor. São sujeitos que fazem o que podem para garantir sua dignidade. São seres humanos que tentam tão somente sobreviver nas ruas.

Rodrigo Pedroso da Silva, 42 anos.
“Eu quero apenas o suficiente pra minha vida”.

 

 

 

Texto e foto de Laura Fabrício, jornalista, fotógrafa e professora no curso de Jornalismo da UFN

Texto e foto de Mariana Olhaberriet/LABFEM

The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou sua namorada vestindo a camiseta para um projeto e desde então o slogan passou a ser usado por feministas. Atualmente, ele faz parte de um contexto muito maior, representa a luta diária das mulheres para ocupar espaços sociais e políticos. Marielle Franco era socióloga e foi vereadora da Câmara do Rio de Janeiro, pelo PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, e presidente da Comissão da Mulher do mesmo município. A representatividade feminina na política brasileira é bastante inexpressiva, por isso Marielle queria mudar esse quadro e entendia que a presença feminina em espaços como esses é importante para reduzir desigualdades. Marielle foi assassinada em março de 2018, deixando marcas e herdeiras.

Foram mulheres que organizaram e reuniram o maior número de pessoas em manifestações pelo Brasil durante o período eleitoral, desde os protestos de setembro de 2016. O registro fotográfico feito durante o ato “Justiça para Marielle”, no dia 14 de março passado, representa como vejo o futuro: uma sociedade com mulheres inspiradoras, que apoiam umas às outras, lutam por seus objetivos e, principalmente, não se calam diante aos erros que são tratados como banalidades, apenas por estarem enraizados na nossa sociedade e cultura. O futuro é feminino porque a luta de Marielle e tantas outras brasileiras é também a minha luta, enquanto mulher, na busca pela igualdade de direitos.

O tempo pede passagem – Foto: Julia Trombini

Às vezes acho que as pessoas falam porque não gostam de ouvir o próprio silêncio. Bate, tem ruído, ecoa por dentro. E sempre que alguém fala pouco, eu penso o quanto essa pessoa escuta. É por isso que eu sempre gostei de ler os jornais. A gente lê em silêncio, mas, pensando bem, até que se escuta. No fundo tem uma voz que se ouve. A gente diz que não vê, mas enxerga tanta coisa. A gente diz que não quer, mas até sente medo de ter. A gente também nega, até o fundo, que não aguenta mais e só quer gritar. A gente diz tudo bem, sem estar. Às vezes a gente fala sem se escutar. A gente diz mais, mas isso não é ficar. A gente fica mesmo por se importar. A gente ama, sem falar. E quando fala não consegue mais ficar em silêncio.

Julia Trombini é jornalista escorpiana egressa da UFN. Fez parte da equipe do LabFem (Laboratório de Fotografia e Memória) como repórter fotográfica. Trabalhou também com diagramação, assessoria de imprensa e produção de conteúdo. Tem interesse em fotografia, audiovisual e temas de resistência política.

Hulk Brasileiro – Foto: Laura Fabrício

Os profissionais que vivem dos materiais recicláveis – catadores e recicladores em especial – são, sem sombra de dúvidas, dos mais importantes para a sociedade. Além de serem profissões dignas e honestas, não se pode negar que batalhadas também é uma característica que lhes precedem. E como poderíamos deixar de constatar este fato ou seremos indiferentes a isso em se sabendo as condições deste tipo de trabalho, do pouco ou nenhum apoio governamental e a vida daqueles que são os seus profissionais? Ignorar suas origens e situações socioeconômicas de pobreza ou miséria total? Muitas vezes sem acesso à escolaridade – não fossem as Cooperativas e ONG’s formadas pelos próprios profissionais destas áreas – também não teriam condições de qualificar-se para o desenvolvimento destas atividades.

Este fragmento fotojornalístico de rua demostra exatamente a luta diária dos brasileiros e profissionais iguais ao sujeito da imagem. A partir do conteúdo do instante fotográfico e seus detalhes, vê-se um homem humilde e de resistência. Segurando uma enorme e quase lotada bagagem de materiais recicláveis às costas, com o andar e a postura curvados como se estivesse fazendo muita força, e com o rosto escondido sob um boné que representa, com sua estampa de um ícone da força física das histórias em quadrinhos, filmes e desenhos infantojuvenis, sua batalha. E tal como o personagem do seu gorro, O Incrível Hulk, com sua força imbatível – emocional e física -, carrega seu fardo/trabalho pela necessidade de sobreviver.

Por Laura Fabrício, jornalista, fotógrafa e professora no curso de Jornalismo da UFN

O fotojornalismo ganhou destaque na segunda noite do 14º Fórum de Comunicação, que ocorreu dia 15 de agosto, na Universidade Franciscana. Por meio de uma palestra com Márcia Foletto, premiada repórter fotográfica, foi possível discutir os desafios e as perspectivas neste ramo do jornalismo. O espaço teve grande importância no evento, pois os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco sobre uma área do jornalismo que está em constante mudança  em busca de renovação diante da ascensão das tecnologias de informação.

Márcia Foletto, repórter fotográfica do Jornal O Globo ministrando a palestra Desafios e perspectivas no fotojornalismo no 14° Fórum de Comunicação na UFN.
Márcia Foletto, repórter fotográfica do Jornal O Globo ministrando a palestra Desafios e perspectivas no fotojornalismo no 14° Fórum de Comunicação na UFN.

A repórter do jornal O Globo, que pode ser considerada uma das mais brilhantes fotojornalistas brasileiras, deu, em pouco mais de uma hora e trinta de palestra, um grande panorama sobre o caráter e a realidade da profissão ao decorrer dos anos em que já atuou, até chegar ao cenário atual do país. Logo após o término de sua fala, Márcia, em conversa com a Agência Central Sul, garantiu que acredita ser de extrema importância esse espaço cedido para o diálogo entre a academia e os profissionais já atuantes. Acreditando existir um intercâmbio entre as ideias novas vindas das cabeças dos estudantes e a experiência profissional de uma jornalista há anos no mercado, sendo esse compartilhamento algo que se demonstra importante para ambos os lados.

Para ela, o fotojornalismo vive atualmente em um novo momento. Com o surgimento de novas tecnologias, celulares e câmeras fotográficas ao alcance de todos, o fotógrafo de imprensa deixou de ser o único cabível de registrar momentos e deixá-los documentados. Todavia, agora encara um novo desafio, de produzir imagens que fujam do óbvio e que tragam consigo um maior significado e causem uma maior reflexão e beleza.

Quando o tema político-social, a gaúcha, traz em seu acervo uma vasta gama de produções com esse viés. Considerando imensuravelmente relevante e forte o papel atribuído à sua profissão para esses registros. “A imagem te coloca em lugares onde você não está”, ao analisar sua própria afirmação, Márcia conclui que esta é a importância do fotógrafo em levar as realidades diferentes ao conhecimento do grande público. Desse modo, encerra a sua participação no Fórum com uma contribuição relevante para os alunos e alunas que almejam desenvolver por meio da fotografia imagens que sensibilizem.

Texto: Denzel Valiente e Laura Antunes Gomes

Para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A primeira etapa já foi vencida. A isenção de impostos de equipamentos fotógrafos e cinegrafistas profissionais é aprovada, na tarde de ontem, e segue para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 141/2015, referente à isenção de impostos sobre equipamentos fotográficos e cinematográficos exclusivos para os exercícios das respectivas profissões foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) na tarde de ontem. A aprovação foi apoiada pela Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos, Sindicato da Indústria da Informação e Sindicato da Indústria da Informação, todos do Distrito Federal.

O projeto do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) alega que, mesmo que a tecnologia da indústria brasileira de materiais fotográfico e cinematográfico tenha avançado, este avanço não tem sido acompanhado pela oferta do mercado brasileiro e os preços também são muitas vezes exorbitantes para esses insumos e, por vezes, os equipamentos utilizados não atendem as demandas dos profissionais. A partir daí a importância de ter um meio que facilite a importação de equipamentos de qualidade para atender as necessidades desta área profissional.

O senador Edison Lobão (PMDB-MA), que também é presidente CAS e relator do PLC 141/2015, alega que “concedemos estímulos a diversas outras profissões para que sejam exercidas de maneira acessível, como aos taxistas. Nada mais razoável do que também conceder esses incentivos a fotógrafos e cinegrafistas”.

Apesar dos benefícios aos profissionais, Maia reconhece que a medida não gera receita e avalia uma proposta que estimule e incentive as atividades profissionais de fotógrafos e cinegrafistas, uma vez que a Receita Federal já concedeu benefício fiscal a equipamentos e materiais fotográficos e cinegráficos não profissionais. Dessa forma, o projeto estenderia o benefício fiscal para os equipamentos e materiais fotográficos de uso próprio e exclusivo no exercício das atividades profissionais.

Os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS) e Paulo Paim (PT-RS) também se manifestaram a respeito. Moka lembrou que a presença dos profissionais de imagem é fundamental em qualquer cobertura jornalística, como a imagem do menino que sobreviveu ao ataque na cidade de Aleppo (Síria) que acabou tornando-se símbolo de injustiça social e Paim declarou que fotógrafos e cinegrafistas são, “no fundo, profissionais dos direitos humanos”.

Fonte: Agência Senado e Portal Comunique-se 

Fotógrafo Luiz Eduardo Robinson Achutti. Foto: Helena Moura - Laboratório Fotografia e Memória.
Fotógrafo Luiz Eduardo Robinson Achutti. Foto: Helena Moura – Laboratório Fotografia e Memória.

Descontração e mostra de produções de imagens foram os destaques da última oficina de jornalismo da tarde, 28, do 12ª Fórum de Comunicação. A apresentação de fotojornalismo foi conduzida pelo fotógrafo Luiz Eduardo Robinson Achutti.

Robinson contou porções de curiosidades, entre elas que gostava de fotografar o mundo socialista. Passou por Cuba obtendo pesquisas durante 15 dias. Conheceu a Alemanha comunista e percorreu por Berlim, onde terminou sua busca e voltou a dar aula. “Não existia fotoshop naquela época, então, os responsáveis pelas artes nos jornais usavam outras formas de arrumar as imagens. Eram colagens e junções de duas fotos para formar uma, pois, dependendo do lugar e do ângulo, a lente da câmera não daria conta de mostrar o que se passava”, recorda Achutti ao mostrar suas fotos em jornais.

Os alunos do Centro Universitário Franciscano acompanharam as fotos produzidas em quilombos do Rio Grande do Sul e dos países que o fotógrafo conheceu. “Sempre procuro buscar as cores e luzes para sair do comum”, coloca Achutti ao explicar sobre as suas produções.

No dia 4 de setembro, quinta-feira, o livro ‘Guaíba’, elaborado por Achutti, estará na exposição da URGS em Porto Alegre. O livro mostra uma série de fotos do rio Guaíba em vários ângulos.