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O amor novato

A vista vinha de uma criança, com cerca de seus nove anos, que acabara de ganhar o seu primeiro animal de estimação. É satisfatório pensar que ali a felicidade estava empregada na forma mais pura e

Morrostock 2018 já tem local confirmado

Para quem já está com saudade do “Morro”, ou para quem não pôde participar da edição deste ano, anunciamos, em primeira mão, que o Morrostock 2018 já tem local confirmado e data estimada. Pelo terceiro ano

Adoção é doação: um ato de amor

O esperado Davi Em uma chuvosa segunda-feira, Gláucia estava sozinha em casa, já que seu marido havia viajado para o exterior dois dias antes. O telefone tocou e a voz do outro lado da linha anunciou:

Uma campanha a favor do amor

A campanha de Dia dos Namorados do perfume “Egeo”, do Boticário, tem ganhado repercussão desde que foi ao ar, pois mostra a “diversidade do amor” em um comercial com homens e mulheres. As primeiras cenas sugerem

Alunos convidam para conversa sobre literatura e amor

Os alunos da disciplina  História do Amor, do curso de História do Centro Universitário Franciscano convidam para uma roda de conversa sobre amor e livros, nesta quinta feira, dia 11, às 19 horas  na livraria Athena. O

Santa Maria: crianças falam de amor

“Dos sentimentos é o mais nobre” – assim define-se o amor. Fala-se no amor nas mais diversas formas: amor físico, amor ágape (aquele que não deseja nada em troca), amor filantrópico, amor não correspondido, amor proibido.

De amor e de leituras

A afirmação: “um país se faz com homens e com livros” é popular no Brasil. Segundo o site leituracorporativa.com.br, 47,4% dos leitores são estudantes que leem livros indicados pela escola. Por um lado, é bom por

A vista vinha de uma criança, com cerca de seus nove anos, que acabara de ganhar o seu primeiro animal de estimação. É satisfatório pensar que ali a felicidade estava empregada na forma mais pura e bonita. O protótipo de filhote, que nas minhas mãos, lambia com o sentimento de amor novato, dormia a quase todo o momento em meu colo, ou em alguma almofada que estava por perto.

De cor preta, vira-lata, porte pequeno, exibia o charme com o seu sorriso desajeitado toda vez que eu, ou alguém da família chegava em casa, por muitas vezes, a felicidade era tanta, ao ponto dela mesma realizar suas necessidades de forma involuntária. O amor crescia a passos pequenos, cada dia mais. 

O ano era 2014, recém tinha chegado da escola, logo perto do horário do almoço, o cansaço era visível no olhar, e a única coisa que eu mais gostaria, era do mesmo sorriso desajeitado, que na porta de casa, sempre me esperava. Abri a porta e logo a visão embaralhou-se, olhei para o sofá e logo de cara enxerguei a minha mãe, carregando no colo, o amor em forma de animal de estimação.

Os olhos desceram até onde se pode fazer o foco do que estava acontecendo, a pata esquerda tinha sido fraturada e semelhante a um balanço de pneu, balançava quase que sem parar. O som ao fundo, era misturado com gritos e ganidos intensos, a única solução era o veterinário mais próximo.

O carro naquele momento assemelhava-se a um cavalo que sofre chicotadas para acelerar os passos, a cirurgia já estava marcada por telefone, ao chegar lá, era só pedir a Deus e entregar nas mãos de quem poderia consertar aquela situação. Horas mais tarde a notícia do resultado vinha por telefone, era como um soco na boca do estômago, acabara não resistindo a anestesia, sofrendo um ataque do coração, quase que de imediato. 

A tristeza estava plantada em todos que conviviam com aquele animal. A questão é, será que era para ser a hora dela? 

Há alguns dias, estive relembrando esse momento junto da família, todos superados, mas com um toque de saudade dentro de cada coração. Eu nesse dia, tive que sair para o trabalho logo após o almoço. Ao sair da garagem dentro do carro, observei de longe um animal que vinha em minha direção. Como sempre minha mãe, senhora Divânia, deixa um pote de comida e água na porta de casa, era o mais provável de acontecer quando aquele animal chegasse mais perto.

O animal caminhava cada vez mais perto, mas algo estava errado, ele mancava como se algo o tivesse machucado, aproximando-se, consegui vê-lo, e a vontade de chorar veio segundos depois. O vira-lata assemelhava-se com o meu maior presente de anos atrás, e o problema que ele tinha, era o mesmo. Não sei dizer o que senti naquele momento, mas quando ele cruzou pelo carro, um olhar melancólico me hipnotizou, como se uma parte da minha infância fosse toda relembrada em questão de segundos, e o sentimento de saudade aflorar-se da forma mais bonita, um amor novato.

Texto: Kauan Costa

Crônica produzida durante o primeiro semestre de 2019 para a disciplina de Jornalismo II sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke

Banda Dingo Bells na noite de abertura do Morrostock 2017. Foto: Vitória Proença

Para quem já está com saudade do “Morro”, ou para quem não pôde participar da edição deste ano, anunciamos, em primeira mão, que o Morrostock 2018 já tem local confirmado e data estimada. Pelo terceiro ano seguido, será em Santa Maria, e deverá ser realizado no final de semana entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro de 2018. O Morrostock é um festival independente de rock alternativo. A  edição de dez anos ocorreu entre sexta-feira (1º) e domingo (3), no Balneário Ouro Verde, em Santa Maria.

Inicialmente, a sede era Sapiranga, na região da serra gaúcha. Entre os dias 11 e 14 de outubro de 2007, aconteceu a primeira edição. Segundo a assessoria do Morrostock, o festival nasceu da vontade de criar um espaço onde as pessoas pudessem viver conectadas com a natureza, a música e a arte.

Durante os quatro dias, o Morrostock Open Air Festival 2007 recebeu, no Bar do Morro em Sapiranga, já em seu evento de estreia, bandas internacionais como Rattus (Finlândia) e See You In Hell (Rep Checa) e bandas nacionais, com destaque para os gaúchas Wander Wildner e Graforréia Xilarmônica, entre outras. Cerca de 2 mil pessoas estiveram presentes no festival.

Banner oficial de divulgação do Morrostock 2007

Até o ano de 2014, o festival continuou em Sapiranga, recebeu inúmeras bandas conhecidas no circuito do rock alternativo gaúcho e brasileiro, além de algumas bandas de Santa Maria como a Rinoceronte, Pylla e C14 e Inseto Social.

Morrostock da virada

A primeira edição fora de Sapiranga foi realizada entre os dias 30 de dezembro de 2014 e 4 de janeiro de 2015 em Marau, na região norte do Rio Grande do Sul.  O local escolhido foi a Cascata do Carrascal.  Com 28 bandas, todas regionais ou nacionais, foi um dos festivais mais festejados tanto pela localidade como pela época do ano.

Após a edição “extra” do festival, em 2015, o “Morro” voltou para a serra, na cidade de Capela de Santana. Ao total,  35 bandas se apresentaram no palco do balneário Idone, entre os dias 9 e 12 de outubro. Este festival foi marcado pela volta das atrações internacionais, com os argentinos da Imigrantes. Outros destaques foram O Terno e Jupiter Apple.

Morrostock em Santa Maria

Música, paz, amor e tinta na pele. A arte no corpo e na alma do Morrostock 2016. Foto: Maria Luísa Viana.

Em 2016, comemorando seu nono ano, o Morrostock “desembarcou” em Santa Maria. Entre os dias 2 e 4 de dezembro, o “Coração do Rio Grande” recebeu 41 bandas no Balneário Ouro Verde. Bandas internacionais como a Imigrantes (AR), Cuatro Pesos de Propina (UY), Sonido Satanas (MEX), além de nacionais e regionais, como Guantánamo Groove (SM), Cartolas (POA) e O Grande Grupo Viajante (SP), entre outros, animaram o público e os produtores do evento, fazendo de Santa Maria a primeira cidade, além da originária Sapiranga, a receber mais de uma edição do festival.

Público animado com uma das 41 bandas que participou da edição 2016. Foto: Maria Luísa Viana.

Segundo a assessoria do Morrostock, Santa Maria foi a primeira cidade a receber uma segunda edição do evento por sua posição estratégica, no centro do estado, o que facilita participação de pessoas do mais variados locais, mesmo sendo longe da capital Porto Alegre. Além da localização da cidade, os organizadores citaram a recepção e a infraestrutura do Balneário ouro Verde e sua natureza exuberante.

Wander Wildner no Morrostock 2016. Foto: Maria Luísa Viana.

A edição 2017 contou com a apresentação de 42 bandas, com destaque para Liniker e os Caramelows, Apanhador Só, Bixo da Seda, a volta das atrações internacionais Imigrantes, Cuatro Pesos de Propina e Proyecto Gomez Casa, além da atração considerada principal, confirmada após a divulgação oficial da lista de atrações, Os Mutantes.

A banda foi criada em 1966, em São Paulo, por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Participaram da banda também o baixista Liminha e o baterista Dinho Leme. Os Mutantes  são considerados uma das maiores bandas do rock brasileiro. Algumas das músicas mais conhecidas são Baby, Ando Meio Desligado e Balada do Louco. Em 2017 Os Mutantes estrearam uma nova formação que conta com Sérgio Dias – último dos integrantes originais –, Esméria Bulgari, Henrique Peters, Claudio Tchernev e Vinícius Junqueira.

Sérgio Dias, líder da d’Os Mutantes, durante o show no Morrostock 2017. Foto: Vitória Proença.

Além das bandas citadas, ainda há mais uma a se destacar. A banda Selvagens à Procura de Lei  já teve destaque na revista Rolling Stone onde a música Tarde Livre  foi eleita como a melhor de 2016 por voto popular. A banda já participou da edição 2017 do Lollapalooza e já está confirmada para a próxima edição.

Questionados sobre o sentimento de completar 10 anos de Morrostock, a assessoria respondeu – ficamos muito felizes e gratos de ver que a nossa utopia é a mesma de outras pessoas e o que o festival significa para elas. A resposta do público, que cresce ano a ano, é o nosso combustível para seguir produzindo o “elo perdido” dos grandes festivais. Mesmo em tempos de crise, entendemos que um evento que propaga paz, amor, empatia, liberdade e cuidados com a natureza é essencial para enfrentar os dias de hoje.

o processo poder ser mais ou menos longo, mas a principal marca de todo processo de adoção é o amor. Imagem: pixabay.com

O esperado Davi

Em uma chuvosa segunda-feira, Gláucia estava sozinha em casa, já que seu marido havia viajado para o exterior dois dias antes. O telefone tocou e a voz do outro lado da linha anunciou: “Teu filho nasceu, vem buscar”.

Esse foi o fim da espera de 4 anos e meio na fila de adoção e o início da família de Gláucia e Paulo. “Foi um susto quando me ligaram, eu achei que era uma piada, uma brincadeira”, conta Gláucia. Ela chorou, assustada e sozinha, já que sua família não é do estado, mas ao saber que o tão esperado filho estava à sua espera, correu para buscá-lo.

Gláucia e Paulo sempre quiseram ter filhos, mas devido a um problema de saúde que impediria a vinda de um filho biológico, escolheram o caminho da adoção. Foram até o Fórum para saber como funcionava, preencheram todos os documentos(1) e em torno de um mês estava tudo encaminhado. Feitas essas exigências e entrevistas com psicóloga e assistente social, eles entraram na fila de adoção.

Ao escolher o perfil do adotado(2) o casal pediu que fosse um bebê (de até 3 meses) e saudável. Eles abriram mão de escolher cor, etnia e sexo. “Só queríamos acompanhar desde o início”, comenta a mãe. Os quatro anos e meio de espera são descritos como angustiantes e Gláucia relata que antes de saber que seria tão demorado eles compraram quarto, móveis, enxoval já nos primeiros momentos após entrarem na fila. Foi quando menos esperavam, anos depois, que seu filho chegou sem aviso prévio.

No Fórum, onde Gláucia foi buscar o bebê, sentou-se em uma poltrona, onde a seguir entregaram-no para que ela segurasse. “Ele estava todo enroladinho numa coberta, tava frio, ele veio todo agasalhado, a primeira coisa que eu fiz foi abrir as cobertas, queria ver ele todo. Segurava suas mãozinhas e chorava”, relembra. Todas as funcionárias daquele setor estavam ali e formaram uma meia lua, e – conforme Gláucia – todas choravam. Uma delas teria dito inclusive que, mesmo trabalhando com isso e vendo sempre, não tem como não se emocionar.

Gláucia foi esclarecida de que o nome de seu filho poderia ser provisório. Mas ela estava preparada: “eu tinha dois nomes de menino e dois de menina, mas eu queria olhar pra ver o que mais combinava com a carinha. Logo que me perguntaram respondi ‘ele já tem nome, vai se chamar Davi, não tem essa de provisório’ e que ele já teria o nome dele”.

O pai, Paulo, queria voltar do exterior no mesmo dia, mas não era possível. A solução foi começar a conhecer o filho por vídeos e fotos. As encomendas de viagem do exterior mudaram de foco, e o pai trouxe uma mala cheia de roupas e brinquedos para o filho. “Quando ele chegou eram 5 horas da manhã, e a emoção tomou conta dele ao me ver com nosso filho no colo. Ele ficou parado com as malas na mão, não sabia o que fazer. A reação foi muito engraçada. Ele quis abrir a mala e mostrar tudo o que trouxe, mostrou tudo” contava Gláucia rindo com carinho da situação.

“Você não vai pegar teu filho no colo? eu dizia brincando”, complementa a mãe. Paulo quis tomar um banho, colocar pijama e então não desgrudou do filho. “O banho no bebê, que eu tinha medo, o meu marido pegou de primeira e dava banho como se tivesse dado várias vezes, mas na verdade tava aprendendo”, narra Gláucia.

A mãe biológica de Davi não quis a criança desde o início, ela assinou em juízo(3) que não queria. “Eu agradeço muito essa mãe por ela ter feito esse ato de amor. Ela poderia ter terminado a gravidez, ou negligenciado a criança, mas resolveu levar a gestação até o fim, foi acompanhada pela assistente social do Fórum e, depois de nascido o bebê, ela chegou a dar o primeiro leite, deu a alta e pronto. Não tinha intenção de ficar com a criança”, relata Gláucia.

Davi tem quase 3 anos e uma vida feliz e saudável ao lado dos pais. “Penso na consulta que tivemos com a psicóloga quando nos perguntou se pretendemos contar a ele da adoção, nós respondemos que ‘com certeza’ “, garante a mãe. Para ela, a partir do momento em que ele começar a entender melhor as coisas, querem contar. No futuro, se ele quiser conhecer a mãe biológica, ele tem todo direito. “Isso é história de vida dele, isso ninguém vai mudar, assim como também ele tem uma história conosco. A nossa parte nós vamos falar sim”, detalha a mãe.

“A palavra que define a adoção é ‘amor’. Você amar uma pessoa que não gerou, não tem seu DNA, não sabe de onde ela surgiu e amar assim desde o primeiro momento, não tem outra palavra, só pode ser amor, sabe. Essa é nossa história”, finaliza Gláucia.

 

Brum & Brum

A família Brum de Brum, que tem esse sobrenome porque o casal é formado por primos, aumentou de uma forma diferente. Lucas, o filho mais velho, foi adotado e já fazia parte do plano da família. Já Tiago, veio de surpresa oito meses e treze dias depois. A mãe dos irmãos engravidou no mesmo mês em que Lucas foi acolhido legalmente pela família desde o momento em que nasceu.

Seus pais inscreveram-se no Conselho Tutelar onde havia outros três casais interessados na fila da adoção(4). Ele foi criado sabendo da adoção e teve uma vida normal, pois desde o primeiro momento ele vive com seus pais e só saiu de casa para estudar. Em relação aos parentes biológicos, Lucas conta que conhece uma irmã via internet.

Ele destaca que a relação com sua família é incrível. “Os considero minha única família e eles são tudo para mim. Fui adotado porque minha mamãe querida desejava ter um filho. Após longo tratamento, não houve êxito. O acaso da vida fez com que ela engravidasse do meu irmão no mesmo mês em que fui adotado”, relata Lucas. O número de irmãos aumentou com uma nova adoção, dessa vez de uma menina. São três irmãos, que – independente do sangue ou de onde surgiram – formam uma família.

 

De madrinha a mãe

Já a história de Vera Zimmermann é diferente. Não houve qualquer plano, preferência, ou definição DE perfil para adoção. Tudo aconteceu quando visitava um lar onde havia 27 crianças abrigadas. No meio delas, uma menina de 6 anos encantou a mãe e mudou a vida dela e de toda a sua família.

Vera, que já tinha dois filhos biológicos de 20 e 17 anos, nunca tinha pensado em adotar. A princípio ela só queria dar aquela menina uma assistência e ser uma madrinha(5), que visita e leva para passear às vezes. “No primeiro fim de semana em que a levei a passear na minha casa, já senti que não podia mais ficar sem ela e o mesmo percebi da parte dela, foi coisa de coração”, lembra a mãe.

Primeiro, ela e sua família obtiveram a guarda provisória, e depois de cerca de 180 dias, a definitiva. “Tudo foi muito rápido porque felizmente tivemos pessoas com boa vontade e compreensão ajudando”, detalha Vera. Sobre conhecer seu passado, a filha sempre soube da situação e conhecia bem sua história de vida. Ela foi retirada da casa de seus pais com 5 anos pelo Conselho Tutelar.

Hoje, após 14 anos na família, eles estão em processo de adoção. Mesmo que a guarda definitiva ou a adoção não mudem a condição de amor e responsabilidade  da família, eles acharam justo adotar. “Até porque assim nossa filha terá nosso sobrenome, mas para nós ela sempre foi filha e recebeu o mesmo tratamento e carinho que os biológicos”, explica Vera.

 

A chegada revolucionária

“A vida deu um giro de 180 graus quando o filho adotivo chegou”. Essa é a descrição da mãe Sione Gomes  sobre como começou sua família. “A gente descobre que tem um espaço vazio de amor e que não se sabe sequer que existe, mas de repente ele é totalmente preenchido”, explica Sione.

A adoção nem sempre é um processo difícil, mas sim de espera e paciência. Sione não soube descrever como surgiu a ideia e nem em que momento, mas sabia que era uma decisão muito clara para dela. No momento em que decidiu, ela reuniu a documentação necessária e encaminhou ao Fórum. Depois dessa caminhada, aguardou quatro anos pela chegada do filho. Um telefonema(6) do Lar de Miriam mudou toda a situação. Sione imaginava que seria apenas mais uma das confirmações em função de saber se ela ainda continuava interessada em adotar, mas era o seu pequeno, Miguel, que havia chegado.

Ao ser questionada sobre o perfil da escolha da criança, Sione escolheu apenas a faixa etária, pois queria uma criança com menos de 1 ano. Para ela, é uma situação estranha, “porque a pessoa se sente numa espécie de supermercado definindo qual o melhor rótulo, o tamanho da embalagem”.

Após a adoção, a mãe continuou tendo um acompanhamento do Fórum. Dentre as três ocasiões, em duas  ela esteve presente com Miguel. Era uma reunião em conjunto tanto com a psicóloga como com a assistente social, que questionava sobre o convívio. Na terceira ocasião, Sione foi sozinha, mas essa era com relação à sondagem sobre se tinha interesse em continuar na lista de cadastramento.

Miguel ainda não sabe que é adotado, pois tem apenas 5 anos, mas Sione afirma que segue a orientação de uma psicóloga. Ela conta que foi orientada em se preocupar em responder as perguntas feitas por Miguel e não em contar algo. Segundo ela, já houve momentos em que Miguel perguntou se ele saiu da barriga e a resposta é que não, saiu do coração. “Tento ir levando com leveza, mas pretendo, sempre que possível, trabalhar com a verdade”, contou Sione. A mãe finaliza com a afirmação de que “adotar é um gesto de amor”.

 

“Sinal Divino”

No caso da mãe Leonice Dias, o processo de adoção durou 8 anos. Isso aconteceu, porque o perfil desejado pela família era bebê e menina. “Menina porque sempre foi um sonho meu ter 2 filhas bebês porque desejávamos conhecer e passar por todas as fases do desenvolvimento de uma criança”, revela a mãe.

Após 3 anos de espera os pais mudaram para até dois anos o perfil da criança. No sexto ano de espera foram chamados no Lar de Miriam para conhecer uma menina de seis meses, porém, foi uma experiência frustrante para a família: “Eu não senti nada daquilo que todas minhas amigas, que também têm filhos adotivos, disseram que eu iria sentir no primeiro encontro” explica Leonice. Segundo as amigas dela, mães adotivas no momento de conhecer o futuro filho, recebem um “sinal divino”, que somente o coração sabe identificar. “Meses depois, fui chamada pela psicóloga do Fórum para me explicar, foi bem constrangedor, mas ao final da conversa ela concordou comigo, que adotar é bem mais que levar para casa uma criança simplesmente por pena ou porque a assistente social insiste”, desabafa Leonice.

Na próxima chamada do Lar de Miriam para o casal, foi a vez da sorte. Eles iriam conhecer duas meninas e Leonice relembra que passaram a noite anterior sem dormir, remoendo de curiosidade. Quando chegaram lá, a assistente social e a psicóloga nos contaram que as meninas eram gêmeas(7), que haviam completado 3 meses no dia anterior, e que a data de nascimento era 24 de março. “Quando elas disseram a data de nascimento das crianças eu desabei num choro, pois era exatamente o dia do meu aniversário. Esse foi o meu sinal divino”, disse Leonice. Quando perguntaram se eles queriam primeiro conhecer as meninas e ter um tempo para decidir, afinal eram 2 crianças, a resposta foi “podemos levar elas para casa agora mesmo”. “Felizmente, saímos com as duas nos braços, duas mamadeiras e uma lata de leite em pó”, relembra.

A vida do casal mudou radicalmente, mas como a mãe também é gêmea, a experiência foi mais fácil. Ainda mais com o apoio e auxílio do resto da família e amigos. Leonice já está contando a origem das crianças e está sendo bem tranquilo. A experiência da adoção foi tão boa que eles querem adotar mais. “Daqui uns 3 anos, queremos adotar um menino, de preferência negro e homossexual, que são os que têm menos oportunidade nos lares”, desabafa. Ela acredita que essa próxima adoção será rápida, pois não vai ter a preferência de perfil, principalmente da idade.

 

Paixão que supera barreiras

Entre uma mecha e outra, durante o trabalho, a cabeleireira Renate Ritter de Abreu, conta sobre a vontade de ser mãe e construir uma família. Ela tinha preferência por bebê do sexo feminino, cor mista e de até 1 ano. A espera foi de 3 anos e meio, após as entrevistas realizadas pela assistente social. Segundo o relato de Renate, o Fórum foi extremamente claro ao perguntar se ela estava segura da vontade em adotar, pois temiam haver um segundo abandono da criança.

Renate não escolheu nenhuma criança, o Fórum selecionou para ela. Numa quarta-feira, ela conheceu a menina. Na outra semana, na segunda-feira, foi um dos dias mais importantes de sua vida, pois já estava em casa com a sua filha. Conforme a mãe, seu amor pela menina é tão grande, que para Renate é como se  a filha tivesse saído de seu ventre. “Eu digo que você vai se apaixonando pela criança”, define.

A menina sabe que é adotada, porém atualmente não quer conhecer os pais biológicos. Renate reconhece que talvez, quando mais madura, queira conhecer. A mãe do coração explicou que a filha foi a quinta gestação de uma mulher de 20 anos. A menina tem irmãos biológicos, mas Renate não os conhece. “Eu sei por causa da ficha”, documento que tem guardado.

Algumas pessoas fazem questionamentos com tom arrogante, pois sua filha é afro-descendente. Conforme Renate, perguntam se o pai dela é negro ou até são diretas na pergunta “ela é adotada, né?”. Com sentimento protetor, Renate responde “Não, é minha filha”. Ela explica que depende da forma que é abordada para responder sobre isso. “Se a pessoa chega simpaticamente, eu respondo, senão não respondo. O pessoal olha ela e vê que alguém da família é negro – no caso não seria eu – daí pensam que o marido é afro”.

Sobre o tempo de espera, Renate conta que achou importante, porque foi uma preparação para receber uma criança em casa, um novo contexto de vida. Ela explica que oscilava entre momentos nos quais não se achava tão preparada e outros em que estava muito decidida a adotar. Então esse processo ajudou-a a amadurecer o pensamento sobre adoção. Ao receber sua filha em casa, uma vida nova começou.

 

Palavras-chave do Processo de Adoção utilizadas nessa reportagem:

  1. Documentos:

Para adotar uma criança, você precisa visitar a Vara da Infância e da Juventude mais próxima de sua casa, levando RG e comprovante de residência. Depois, você agendará uma entrevista com o setor técnico. Para dar continuidade ao processo os documentos mais pedidos são: Cópia autenticada da certidão de casamento ou nascimento; Cópia do RG; Cópia do comprovante de renda mensal; Atestado de sanidade física e mental; Atestado de idoneidade moral assinada por 2 testemunhas, com firma reconhecida; Atestado de antecedentes criminais.

  1. Perfil do adotado:

Você poderá selecionar o tipo físico, idade e sexo da criança desejada.

  1. Assinar em Juízo

Significa assinar um documento perante o órgão do Poder Judiciário, onde o juiz ou o tribunal exercem suas atribuições e estão de prova do ocorrido.

  1. Fila da Adoção

Após sua documentação ser aprovada você ganhará o Certificado de Habilitação para Adotar, válido por dois anos em território nacional. Assim você estará no Cadastro Nacional de Adoção. Com o certificado, você entrará automaticamente na fila de adoção nacional e aguardará até aparecer uma criança com o perfil desejado. (Ou poderá usar o certificado para adotar alguém que conhece. Nesse caso, o processo é diferente: você vai precisar de um advogado para entrar com o pedido no juizado.

  1. Madrinha (apadrinhamento)

É um apoio, material ou afetivo, para crianças que estão nos abrigos mas tem poucas chances de serem adotadas. Para essas crianças existe o apadrinhamento afetivo, uma forma de voluntários ajudarem sem adotar uma criança. A melhor forma de se informar sobre isso é procurar a Vara ou um grupo de apoio para saber o que é mais necessário nos abrigos de sua cidade.

  1. Telefonema

Neste telefonema a Vara da Infância vai informar que existe uma criança no perfil desejado e perguntar se você tem o interesse em conhecê-la pessoalmente. Ao chegar na Vara da Infância, tanto a criança como a história dela serão apresentadas apenas no papel (foto e histórico de vida).

  1. Gêmeos e irmãos

De acordo com a legislação, grupos de irmãos devem ser colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternal.

* dados verificados pelos sites da Adoção Brasil e Padrinho Nota 10

 

Processo de Adoção em Santa Maria

Entenda sobre o passo a passo da adoção a partir da entrevista, na íntegra, com Marli Inês Miozzo, Juíza de Direito, do Juizado Regional da Infância e da Juventude:

1.a) Quem pode se candidatar a adotar uma criança ou adolescente?
R.: Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil. O pedido de habilitação deve ser instruído com certidão negativa criminal, comprovante de rendimento, atestado de saúde física e mental. Durante o processo de habilitação é realizada avaliação social e psicológica e os pretendentes precisam participar da preparação jurídica e psicossocial para adoção, que é organizado pelo Juizado da Infância e da Juventude, com a participação do Ministério Público.

1.b) Quem não pode adotar?
R.: Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando; quem revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado e quem não preencher os requisitos mencionados no item 1.a.

1.c) Existe uma idade em que a procura é maior?
R.: Sim. A maior parte dos pretendentes querem adotar criança de até dois anos de idade.

1.d) Atualmente quantas pessoas estão na lista de espera para adoção em Santa Maria?
R.: Hoje são 110 (cento e dez) pretendentes para adoção, número que altera quase que diariamente, tendo em vista o deferimento de novas habilitações, inabilitações de outros ou desistências porque já adotaram.

1.e) Quais os procedimentos que estão sendo realizados para que diminua (ou zere) esses números?
R.: Não desejamos que o número de pretendentes diminua, tampouco zere. É bom para o Juizado da Infância e da Juventude, bem como para os infantes, que existam pessoas interessadas em acolher crianças/adolescentes que, por algum motivo, não podem ficar com a família biológica ou extensa. O desejável é a redução de crianças/adolescentes acolhidos, o que significaria que estão tendo seus direitos garantidos junto às famílias. Mas isso não depende do Poder Judiciário. É mais uma questão cultural ou social.

1.f)  Por que muitos candidatos à adoção esperam tanto para conseguir adotar se existem tantas crianças em serviço de acolhimento?
R.: Santa Maria tem em torno de 60 crianças e adolescentes acolhidos, número que varia diariamente em razão de novos acolhimentos ou encaminhamento para adoção ou reintegração familiar. Assim, nem todos acolhidos serão encaminhados para adoção. A legislação prestigia a convivência familiar. Então, somente após esgotadas as possibilidades de reintegrar a criança/adolescente na sua família biológica ou extensa, é que a criança é encaminhada para família substituta, após o processamento da ação de destituição do poder familiar. Alguns fatores contribuem para que haja tempo maior na espera na fila da adoção: alguns pretendentes restringem muito o perfil da criança desejada. Por exemplo: desejam criança de até um ano de idade, sem doenças, de determinada etnia, de determinado sexo, sem irmãos etc. Se o perfil desejado é mais amplo, a demora é muito menor. Ainda, há o tempo do processo de acolhimento e do processo de destituição do poder familiar, devendo haver observância do procedimento previsto em lei.

A partir das entrevistas feitas para esta reportagem, reunimos a seguir algumas opiniões sobre o processo de adoção:

“A justiça no Brasil é muito lenta, demora tanto que as crianças crescem nos lares e isso torna o processo de adaptação ao novo lar muito difícil, o que faz com que muitas sejam devolvidas. Sem falar que muitos candidatos à adoção se cansam da espera e retiram o nome do cadastro” (Leonice Dias).

“Existem muitas crianças nesses lares de adoção mas pouco se sabe que a maioria não estão aptas a adoção. Muitas reportagens falam que existem mais crianças que pessoas para adotar, mas isso não é bem assim. As crianças tem um tempo de 180 dias de espera depois de nascer para ver se não vai ficar com outros familiares ou não, depois disso que será resolvido que a criança é apta a adoção. Muitas crianças não estão aptas para adoção. Elas podem estar lá pois foram tiradas da família por algum problema mas o que o governo quer é que voltem para suas famílias biológicas” (Gláucia Sertori).

“Na época a assistente social chegou aqui de surpresa para olhar onde você mora, as condições, uma série de perguntas foi feita. Depois, a psicóloga do fórum também fez uma visita. Pensei que depois da adoção viria alguém pra ver como estão as coisas, nem ligaram nem nada. Dizem que eles acompanham as adoções depois, mas no nosso caso nem ligar. Só viram o Davi algumas vezes que fomos pegar documentações. Me perguntam sobre isso, mas eles não acompanharam o nosso, talvez não tenha gente o suficiente” (Gláucia Sertori).

“Só que depois que a criança está dentro da tua casa, eles nunca mais aparecem. Tu pode maltratar a criança como é o caso daquela juíza que amarrava a criança e maltratava, o estado deveria obrigar a gente a, no primeiro ano até o segundo ano de adoção, ter um acompanhamento psicológico com o pai da criança para ver se a relação está normal. Eu podia ter maltratado minha filha ou tê-la usado como empregada e o estado o lava a mãos. Porque psicólogo pelo estado está cheio, eles poderiam me obrigar a ir numa psicóloga e de tanto em tanto tempo o psicólogo fazer um laudo e entregar para o poder público. Eu falo em cuidado pela criança. É a única queixa que eu tenho. Todo o sistema eu achei maravilhoso, não tive problema nenhum, o processo, nada” (Renate Ritter de Abreu).

“O sistema é demorado, mas como eu sabia que era pra mim foi importante que houvesse esse tempo para eu amadurecer a ideia. Tem momentos que tu quer, tem momentos que tu não quer. E até o momento em que eles te chamam pra adotar, tu pode dizer que não quer. Eu gostei dessa espera, foi meio que me estruturando para receber ela. Se eu fosse lá e recebesse ela, acho que seria um pouco traumático” (Renate Ritter de Abreu).

Outras ideias sobre o que é adoção também podem ser acompanhadas no vídeo produzido para esta reportagem.

Reportagem produzida por Leonardo Bedin Jordão e Bruna Germani para a disciplina de Jornalismo Especializado III, do Curso de Jornalismo da Unifra, durante o primeiro semestre de 2017. Edição: Professora Carla Simone Doyle Torres.

Divulgação campanha do Dia dos Namorados de O Boticário

A campanha de Dia dos Namorados do perfume “Egeo”, do Boticário, tem ganhado repercussão desde que foi ao ar, pois mostra a “diversidade do amor” em um comercial com homens e mulheres. As primeiras cenas sugerem uma formação de casais que irão trocar presentes. No entanto, na sequência, durante o encontro dos atores, o clipe mostra que os pares são outros, diferentes do que indicavam o início do vídeo.

A sacada do comercial está em mostrar para o amor além de qualquer padrão pré-estabelecido pela sociedade. O amor não aceita preconceitos. Ele não está nas diferenças. A propaganda mostra isso perfeitamente, por meio da música “Toda forma de amor”, de Lulu Santos: “E a gente vai à luta, e conhece a dor, consideramos justa toda forma de amor”.

Outras manifestações pela diversidade do amor

Pelo mundo, existem outras propagandas que, assim como a do Boticário, mostram que o amor vai muito além das aparências, como, por exemplo, o vídeo Diversity & Inclusion (diversidade e inclusão). A ideia do audiovisual é simples e apresenta o sentimento como o que há de mais belo e especial na vida, independente das diferenças. Como disse a rainha do pop, Madonna: “a razão pela qual intolerância, sexismo, racismo, homofobia existem é o medo. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido.”

Amor em suas diversas faces

O amor está presente na nossa rotina, mas o seu conceito é vago. Amor não é a mesma coisa para todo mundo, cada um o sente e o vê de uma forma. Para Thais Brondani, acadêmica de curso de Letras, o amor é um sentimento que nem qualquer outro. Enquanto existir o ódio vai existir o amor. Ela acredita ser perda de tempo as pessoas se importarem com quem as outras pessoas amam ou deixam de amar: “Sinceramente eu não queria que existisse (o ódio), queria que fosse uma ‘verdade absoluta’. Como se não houvesse opção: ou você ama ou você ama. Porém, existe o ódio, então, há de existir o amor”, declara Thais.

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Foto: Victória Martins Fotografia

A acadêmica de Jornalismo Larissa da Rosa acredita que quando se ama alguém, não existe cor, gênero ou credo que vá fazer a pessoa sentir o contrário, já que o ser humano é intenso, cheio de sentimentos e sensações. Para a estudante, ainda existem preconceitos enraizados em ações diárias, como a típica frase:  “não tenho nada contra, mas…” .

Conforme Larissa, é preciso respeitar a diversidade: “Sabe quando você está do lado de uma pessoa e se sente tão bem, que tudo que você queria é que aquele momento durasse para sempre? Eu acho que é isso que une as pessoas. É esse sentimento, essa sensação maior que permeia as relações humanas, por mais clichê que isso possa soar. É por isso que eu acredito no amor, ele está aí, dentro de todo mundo, refletido em poesias, telas, rabiscos nos cadernos, músicas, muros, e por aí vai. Não deveriam existir tantas barreiras entre o amor de duas pessoas,” reflete Larissa.

Para o estudante de Jornalismo Deivid Pazatto, o  preconceito ainda é um pouco enraizado numa cultura machista. É uma questão social e, também, de educação. Para ele, tudo que é “novo/diferente”, custa para ser aceito:

“Não precisamos apenas ser aceitos, precisamos ser respeitados. As pessoas precisam quebrar essa barreira do conservadorismo e ver que o mundo não é o mesmo de 50, 100 anos atrás. ‘Amor’ é uma palavra que abrange tanta coisa, mas nada como um amor recíproco para fazer a gente se sentir bem”, afirmou o acadêmico.

Na visão de Rodrigo Fagundes, estudante de cursinho pré-vestibular, antes de qualquer coisa temos que nos amar o suficiente para sermos capazes de amar outra pessoa. Ele acredita no amor construído ao longo do tempo, quando as pessoas vão se conhecendo e descobrindo que são certas uma pra outra.

“Cada um tem que ser feliz a sua maneira e como quiser, sempre mantendo o respeito sobre as opções diferentes, assim como quem não gosta. Não pode ter provocação de nenhum dos lados. Existe preconceito, como existem aqueles que provocam. Cada um sabe o que faz”, declara o estudante. 

Repercussão

A campanha do Boticário, por si só, gerou diferentes reações na sociedade. Algumas pessoas acharam a propaganda muito emocionante, outras foram indiferentes e algumas ficaram insatisfeitas com a quebra do tradicionalismo, e formaram uma longa onda de críticas negativas . A organização comercial rebateu todas elas com a seguinte resposta:

“O Boticário acredita na beleza das relações, presente em toda sua comunicação. A proposta da campanha ‘Casais’, que estreou em TV aberta no dia 24 de maio, é abordar, com respeito e sensibilidade, a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor – independentemente de idade, raça, gênero ou orientação sexual – representadas pelo prazer em presentear a pessoa amada no Dia dos Namorados. O Boticário reitera, ainda, que valoriza a tolerância e respeita a diversidade de escolhas e pontos de vista”.

Dia-dos-Namorados-na-Copa-do-Mundo
Fonte: Google Imagens

Neste ano o dia 12 de junho não será vermelho e rosa porque é também a data do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa. O Dia dos Namorados vai estar colorido de verde e amarelo, uma das principais apostas dos lojistas na união das duas comemorações.

Guilherme Benaduce, estudante de Jornalismo,  imagina que a escolha da data para abertura da Copa junto à comemoração do Dia dos Namorados seja uma estratégia comercial. “Penso que há uma conotação de aproveitar a folga forçada dos compromissos para fazer as pessoas irem às lojas comprar ou consumir pelo dia dos namorados”, comenta.

Porém, a data não representa somente a mudança de enfoque do comércio, mas também uma mudança de rotina na vida dos brasileiros.

Para Aline Mendonça, funcionária do Inmetro, vai ser uma boa oportunidade para ela e o namorado ficarem grande parte do tempo juntos. No dia 12, a maioria das repartições e órgãos públicos terão horário de trabalho reduzido e Aline é uma das servidoras beneficiadas, poia irá trabalhar apenas no turno da manhã. “Como será dia de jogo do Brasil, eu vou trabalhar apenas em um turno, então terei ainda mais tempo pra aproveitar com ele”, relata.

O Dia dos Namorados não é feriado nacional, então esta mudança de horários irá deixar os casais mais felizes. “Vamos unir as duas coisas, olhar o jogo e aproveitar pra passarmos a data juntos. No nosso caso, normalmente conseguimos apenas nos ver à noite em dia de semana, por que nós dois trabalhamos o dia todo. Por causa da Copa, vai ser diferente”, comemora Aline.

Apesar de neste ano ter que dividir atenção com a estreia do Brasil na Copa do Mundo, a comemoração não será prejudicada. ” Acredito que não vai influenciar muita coisa entre os casais, pois o jogo do Brasil será cedo. Então ainda dá tempo de os casais sairem à noite”, pondera.

Os alunos da disciplina  História do Amor, do curso de História do Centro Universitário Franciscano convidam para uma roda de conversa sobre amor e livros, nesta quinta feira, dia 11, às 19 horas  na livraria Athena. O evento intitulado “Vamos falar sobre amor” é uma iniciativa da professora Nikelen Witer que ministra a cadeira optativa pela primeira vez.  

Dentre as obras escolhidas para serem debatidas estão:  Amor Líquido; Antropologia do Amor; A Carne; O Leitor; O crime do Padre Amaro; História do Amor no Brasil; Um Amor Conquistado – O mito do amor materno; Comer, Rezar e Amar; O Homoerotismo feminino; O Casamento na Idade Média

As obras  foram escolhidas de acordo com o interesse pessoal de cada estudante, sem levar em conta se era novidade ou se  já haviam lido alguma vez. A ideia principal é analisar o conteúdo da obra depois de ter participado dos encontros em sala de aula que aconteciam todas as quartas-feiras. Em cada aula era discutido um texto que analisava, através de uma perspectiva histórica, a relação da sociedade com o amor e o que o envolve, o sexo, o corpo, costumes, dentre outros fatores. Como embasamento, foi estudada a mitologia grega e romana, passando por textos que retratam o amor em todas as épocas e, por fim, a disciplina foi encerrada com textos que versam sobre o amor na sociedade contemporânea.

O aluno Ivan Leão, que  escolheu a obra Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, conta que as leituras que havia feito da obra escolhida sempre mostravam um lado caótico da sociedade que sofria com as misérias e degradações de uma epidemia de cegueira. “Após as aulas vi que poderia reler o livro com outros olhos, ressaltando o amor que vincula um grupo de sobreviventes, pessoas que sobreviveram em meio ao caos devido ao amor dos mais variados tipos”, explica Leão.

 

Logo de divulgação
Logo de divulgação

 

 

Vamos falar de amor e livros :

Quando : Quinta-feira , 12/06

Onde: Athena Livraria , Rua Floriano Peixoto , 1112, CEP 97015-372

Quanto : Gratuito

 

 

 

 

Os pequenos apegam-se a brinquedos

“Dos sentimentos é o mais nobre” – assim define-se o amor. Fala-se no amor nas mais diversas formas: amor físico, amor ágape (aquele que não deseja nada em troca), amor filantrópico, amor não correspondido, amor proibido. Usa-se o sentimento para descrever variadas situações.

Ora dizemos que amamos a Deus, e também nosso pai e mãe, mas até se declara amor ao cabelo, sorvete, chocolate e carro. Um sentimento tão complexo é bem definido pelas crianças, cujos ídolos são escolhidos ainda pequenos.

A psicóloga Magda Schneider comentou que para as crianças de até 9 anos, o amor está representado nas pessoas que lhes cuidam, geralmente, os pais ou responsáveis. “Nesta idade seus ídolos estão em casa e, principalmente nos pais, os pequenos têm o seu exemplo” – comenta. Já a monitora de um projeto social, Marta Dias, diz que amor é cuidado e confirmação do sentimento através do zelo, das palavras de afirmação e da troca de carinho.

Segundo Marta, a criança precisa sentir-se segura do amor de sua família e o cuidado proporciona essa segurança. Mas o que é amar para as crianças? Quem são seus ídolos? Nada melhor do que ir até elas na escola ou na praça (além das crianças do projeto “Nações em Ação”, fomos na Praça da Vila Militar) e perguntar pessoalmente.

Amar é cuidar de uma pessoa quando ela está doente.” Liana, 7 anos

Amor é quando meu pai me dá um beijo antes de me deixar na escola.” Ryana, 7 anos.

Amor é quando meus pais vão à praça tomar mate e conversar. Eu amo minha irmã quando ajudo ela arrumar o quarto. Amor é quando o meu pai joga basquete comigo e me levanta para fazer cesta. Também é quando meus pais saem e minha mana me cuida.” Amanda, 9 anos.

O que eu mais amo é Deus. Amar e nunca maltratar os animais. Não ajudar as pessoas carentes não é amor. Bater nas pessoas não é amor. Amor é quando o meu irmão me ajuda nos temas e minha mãe me dá colo.” Samuel, 6 anos.

Amor é quando tu gosta do teu pai e da tua mãe e se tu perder eles, tu fica triste. […] Amor na minha casa é quando eu brinco e ao voltar pra casa eu tomo café. Eu sei que o meu pai me ama porque ele já morreu e foi para o céu e de lá ele me cuida. Antes de morrer ele disse que me ama e quer que eu seja militar quando crescer.” Mateus, 12 anos.

Amor é meu pai, minha mãe, meus manos e minha avó. Amor é quando meu pai faz os temas comigo.” Davi, 5 anos.

Ao perguntar para as crianças o que faz com que elas sintam-se amadas, todas responderam que amor é cuidado. É importante observar que presentes e brinquedos não testificam o amor dos pais aos filhos. As crianças sentem-se seguras quando os familiares demonstram amor por eles uns pelos outros no dia a dia. O amor deve ser demonstrado em pequenas atitudes, coisas simples que para valorizarmos devemos ter coração de criança.

 

Foto: divulgação

A afirmação: “um país se faz com homens e com livros” é popular no Brasil. Segundo o site leituracorporativa.com.br, 47,4% dos leitores são estudantes que leem livros indicados pela escola. Por um lado, é bom por estarem aprendendo novos conteúdos, por outro, é ruim por não lerem outros temas.

Contudo, a pesquisa indica um percentual de quem é apaixonado por leitura (55%), geralmente pessoas mais velhas leem livros e jornais com frequência, como percebemos nas entrevistas abaixo.

Osmar Giuliani, 66 anos, é professor de Matemática na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), e estava na Livraria da Mente no momento da nossa entrevista. Ao mesmo tempo em que folheava algumas obras, declarou que lê livros de matemática por causa da profissão, e que também adora literatura como Shakespeare, Cervantes, Machado de Assis, além de outros clássicos.

Para ele, que começou a ler com regularidade na adolescência, Santa Maria é pobre em livrarias e bibliotecas, por isso, procura livros na internet. “A livraria melhor é a CESMA”, cita Osmar. A curiosidade é um fator que influencia as pessoas a procurarem livros e a leitura ajuda a compreender o mundo: “Um bom livro não dá respostas, ele faz você buscar respostas”.

Já no Calçadão, o grupo de amigos, Jarbas Giulianis, Custódio Mota Freitas, Leonardo Schuch e seu Minussi, como é chamado, lê diversos assuntos, principalmente livros históricos.

O agropecuarista Jarbas, 77 anos, diz que lê livros, jornais e revistas como, por exemplo, a Revista Veja, que considera independente, porque fala de assuntos polêmicos com mais abertura. “Só não leio história infantil”, brinca Giulianis. Ele conta que foi influenciado pela mãe que lia constantemente e tinha pilhas de livros na cabeceira da cama: “Ela nos alfabetizou, e assim, nos influenciou”. Para Jarbas, leitura possibilita mais informação e capacidade de avaliar as situações. “Tem que ler de tudo para conhecer e saber de tudo”, avalia. Procura em livrarias de Porto Alegre por também considerar ineficiente a oferta de obras.

Por esse motivo, o médico aposentado Custódio, de 80 anos, vai procurar em sites da internet o livro “Orvilo”, que trata da Revolução de 64. “Há tempos busco nos principais estabelecimentos da cidade e não encontro”, ressalta. Apesar de gostar de vários segmentos, não lê livros policiais. Criado no campo e influenciado pelo pai que já lia Júlio Werner, conta que antigamente ia muito às bibliotecas, mas ultimamente vai mais as livrarias pela facilidade.

Na Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide, Fabrício da Silva, 29 anos, servidor público e acadêmico do 10º semestre do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), diz ler em torno de duas horas por dia. Localizada na Avenida Presidente Vargas, é para onde vai para pesquisar conteúdos técnicos da faculdade.  “Aqui na cidade é bem problemático encontrar estes livros técnicos”, relata.

Por causa da dificuldade, Renato Brunet, 68 anos, Professor aposentado de Direito Comercial, encontra suas preferências nas livrarias. “Leio umas quatro horas por dia”, declara Brunet. O pai foi quem o incentivou desde pequeno a procurar assuntos de interesse. Ele pontua que a leitura transporta o leitor para mundos diferentes do nosso, com novos cenários e personagens. “Toda leitura é proveitosa, dá formação e incentivo a criatividade. Quem não lê não escreve. Quem lê se comunica melhor.”.

A leitura está presente até nos pequenos detalhes do dia a dia. Uma simples placa, um informativo, um cardápio. Muito mais que isso, a alfabetização contribui para mais oportunidades de empregos e salários melhores. O amor à leitura deve estar na rotina dos brasileiros. Com isso, poderemos superar muitos desafios presentes no nosso país.

*Fonte: http://www.leituracorporativa.com.br/open.php?pk=321&fk=13&id_ses=4&canal=26

Por  Patrese Lehnhart Rabenschlag, jornalismo Unifra.