Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

cinema

Dilema do ensino remoto é tema do curta Conexão Restabelecida

Conexão Restabelecida é o segundo e último curta rodado pelos acadêmicos da disciplina de Cinema II do curso de Jornalismo (@jornalismoufn) da Universidade Franciscana (UFN – @universidade_franciscana). As gravações foram realizadas em duas diárias, na última sexta-feira (04) e sábado

Fazendo cinema de casa

No último dia do Fórum da Comunicação realizado pela Universidade Franciscana, os alunos e professores contaram com a participação de Luiz Alberto Cassol, diretor cinematográfico e Cineclubista, que falou sobre a experiência de gravar de forma remota

Uma resistência nacional chamada Cinema (parte II)

Posição dos órgãos públicos Em Santa Maria, existe a Lei de Incentivo à Cultura (LIC) que por meio de Poder Público Municipal apoia a cultura na cidade e tem como objetivo estimular o financiamento de projetos

Uma resistência nacional chamada Cinema

O cinema, que durante o atual governo  se envolveu com polêmicas como as mudanças na Ancine e o corte de verbas para produções com temáticas LGBT+, esteve presente no tema da redação do Exame Nacional do

Produções audiovisuais são exibidas na UFN durante a 7ª MIPA

Na última sexta-feira, 13, no Salão de Atos no Conjunto III da Universidade Franciscana (UFN), ocorreu a 7ª Mostra Integrada de Produções Audiovisuais (MIPA), que reuniu as produções audiovisuais realizadas durante o semestre nos cursos de Jornalismo,

Além do filme

O Joaquin Phoenix me pegou desprevenida. Fazem uns dois meses que assisti o filme no qual ele estrela como o Coringa, numa noite, num cinema quase vazio. Não havia mais do que vinte pessoas. Não tinha expectativa

O curta tem lançamento previsto para 16 de julho. Imagem: divulgação.

Conexão Restabelecida é o segundo e último curta rodado pelos acadêmicos da disciplina de Cinema II do curso de Jornalismo (@jornalismoufn) da Universidade Franciscana (UFN – @universidade_franciscana). As gravações foram realizadas em duas diárias, na última sexta-feira (04) e sábado (05). O filme aborda as diferentes realidades vivenciadas no meio educacional durante a pandemia, evidenciando as desigualdades sociais ressaltadas pelo ensino remoto. Conexão Restabelecida apresenta a insegurança da professora Jordana, interpretada por Renata Teixeira, que precisa lidar com um dilema em meio a nova realidade que se impõe. Ela conta com a ajuda de Helena, também professora, interpretada por Camila Borges. No elenco ainda está Antonya Garcia.

Para produzir o curta, a equipe de 10 alunos se organizou em grupos de até 5 integrantes que fizeram escala nos diferentes turnos de cada set para que a atividade pudesse ser realizada com a máxima segurança em função dos protocolos relacionados à covid-19.

O período de pré-produção ocorreu remotamente durante o mês de maio. O curta tem roteiro de Nathália Arantes, direção de Allysson Marafiga, produção de Gianmarco de Vargas e Pablo Milani, direção de arte sob responsabilidade de Gabriela de Flores, André Marques, Barbara Canha e Joedison Dornelles, produção de elenco por Wellerson Leal e assessoria de comunicação com Ana Luiza Deicke. A orientação é da professora Neli Mombelli e conta com o apoio técnico de Alexsandro Pedrollo na direção de fotografia, Jonathan de Souza na edição e finalização de imagem e de Alan Carrion na edição de som.

Outra equipe da turma também já rodou a primeira diária do curta Sinais. A última diária está prevista para dia 11/06, com gravações somente no modo remoto. O lançamento dos curtas está previsto para 16/07.

Texto: divulgação.

Na última semana iniciaram as gravações do curta-metragem “Sinais”. O projeto está sendo desenvolvido por estudantes da disciplina de Cinema II do curso de Jornalismo da UFN. 

Durante o mês de maio, o grupo se reuniu e desenvolveu remotamente o curta-metragem, para exercitar os conteúdos aprendidos em aula. As gravações estão sendo realizadas em formato híbrido, com três atores em set de filmagens, montados na UFN, e o restante da equipe presente por videochamada. A equipe é composta por dez integrantes, e está sendo dividida em pequenos grupos para acompanhar cada set, intercalando os horários e seguindo os protocolos de segurança. 

 O curta tem roteiro de Lavignea Witt, com direção de Denzel Valiente. Na produção estão Matheus Andrade, Laura Gomes e Ariel Portes, na direção de arte Kauan Costa, Caroline Miranda, Luana Giacomelli e Felipe Monteiro, e Emanuely Guterres na assessoria de comunicação. A produção tem orientação da professora Neli Mombelli e conta com o apoio técnico de Alexsandro Pedrollo na direção de fotografia, Jonathan de Souza na edição e finalização de imagem e Alan Carrion na edição de som. Fazem parte do elenco, Vithoria Trentin, Carla Torres, Eduarda Rodrigues, Eduardo de Prá, Walquíria Lerina e Lucas Pereira. 

 “É uma experiência grandiosa, tendo em vista todos os processos até as gravações. Estar fisicamente presente neste projeto possibilita muito conhecimento, ainda mais vivendo em períodos de distanciamento como esse. Acredito que, como eu, meus colegas também curtiram muito a atividade, com certeza sairemos da disciplina com muito mais gosto pela área do cinema e pelo que ele promove”, comenta Emanuely. 

  “Sinais” retrata uma cena corriqueira da pandemia – as aulas da graduação síncronas no formato online. Contudo, o isolamento, além de modificar rotinas, também expôs algumas pessoas a certos tipos de violência, sobretudo, as domiciliares. O curta alerta que os detalhes de comportamentos podem revelar pedidos de ajuda, que são ainda mais silenciados pelo distanciamento social.

  “A ideia  do tema “violência contra a mulher” surgiu depois que vi um vídeo publicitário em uma rede social sobre o assunto. O vídeo também foi produzido durante a pandemia, só que a mulher conseguiu ajuda de uma amiga quando começou a sofrer violência, e eu quis retratar a versão contrária, que é quando a mulher é violentada e a situação passa despercebida pelas outras pessoas, sem que ela receba nenhuma ajuda e suporte”, relata Lavignea Witt.   “Escrevi o roteiro com a ideia de trazer a realidade dura que é a violência contra a mulher. Muitas mulheres que sofrem com isso não têm assistência nenhuma, e eu acredito que seja por isso que ainda haja altos índices de feminicídio no país. Então eu queria que esse curta servisse de alerta para as pessoas, que se atentem aos sinais dessas mulheres para que elas possam ser ajudadas”, acrescenta a acadêmica de jornalismo e roteirista do curta. 

  A data de lançamento de Sinais está prevista para o dia 16 de Julho. Nesta semana, outra equipe irá rodar o curta-metragem Conexão Restabelecida

Já é tradicional no curso de Jornalismo da UFN a produção de curtas-metragens. E mesmo com a pandemia, a disciplina de Cinema continua com suas atividades, dessa vez de modo remoto. Na última semana foram apresentadas 19 propostas, compostas por argumentos e roteiros,  para avaliação e definição sobre quais serão os curtas do semestre.

Alunos, banca e professora se reuniram virtualmente para a seleção. Imagem Neli Mombelli.

A banca contou com Christian Ludtke, produtor executivo e fundador da produtora Finish, que tem uma trajetória de 30 anos no audiovisual, atuando, além do campo publicitário, na produção independente e nas funções de diretor e direção de fotografia, além de já ter sido professor da ESPM de Porto Alegre; Alexsandro Pedrollo, diretor de fotografia com experiência de 25 anos, com atividades desenvolvidas na TV OVO, no mercado publicitário de Santa Maria e há cerca de 15 anos como técnico audiovisual dos cursos de Comunicação da UFN; e Neli Mombelli, professora da disciplina. Os roteiros escolhidos foram Conexão restabelecida, de Nathália Arantes, que aborda a educação na pandemia e as diferenças sociais, e Sinais, de Lavignea Witt, que traz como tema a violência contra a mulher e o feminicídio. Ambas produções deverão ser produzidas de forma remota.
Além disso, um terceiro roteiro foi escolhido para ser rodado pelo LabSeis, Laboratório de Produção Audiovisual dos cursos de Comunicação da Universidade Franciscana, quando for possível reunir uma equipe em um set. É a história de Passado presente, escrita por Denzel Valiente, que traz um drama familiar entre dois irmãos separados há muitos anos, o luto e os conflitos causados pelas diferenças de pensamentos dentro de uma mesma família.

Abaixo você pode conferir links com notícias sobre outros curtas produzidos pelo curso:

Jornalismo lança Curtas-metragens

Acadêmicos do curso de Jornalismo da UFN lançam curta-metragem Paradoxo

Curta-metragem Post It será lançado durante a I Semana do Jornalismo

Curtas-metragens de acadêmicos do curso de Jornalismo serão lançados na 4ª Mipa

Estudantes de Jornalismo da UFN lançam curta-metragem

Notícias sobre os curtas produzidos na Central Sul Agência de Notícias

“POST-IT”. Alunos do curso de jornalismo da UFN produzem curta-metragem. Estreia dia 17 de julho

No último dia do Fórum da Comunicação realizado pela Universidade Franciscana, os alunos e professores contaram com a participação de Luiz Alberto Cassol, diretor cinematográfico e Cineclubista, que falou sobre a experiência de gravar de forma remota e os desafios dessa nova proposta.

Cassol falou sobre a produção de seu trabalho, totalmente produzido de forma remota.

Cassol explicou como foi sua experiência ao gravar a obra “Deborah! O Ato da Casa” documentário baseado na vida da atriz e diretora Deborah Finocchiario, com participação da própria. Ele diz que a ideia era gravar um longa de uma forma totalmente isolada para ser lançado ainda na pandemia. Com poucos recursos e um número limitado de pessoas, Cassol assumiu o desafio de se tornar multifuncional, assumindo várias postos dentro do documentário, como direção, roteiro e produção. Ele explica que, como diretor, um dos principais aspectos a considerar em suas obras é a leitura nas expressões faciais de cada entrevistado e que, por vias remotas, isso é muito difícil identificar. No entanto, ele reconhece que sente mais liberdade para fazer perguntas do que de maneira convencional. O longa de Cassol foi selecionado para o 48º Festival de Cinema em Gramado.
Ao final da transmissão, Cassol abriu espaço para perguntas dos alunos e professores e também contou um pouco de sua história de vida e as etapas para chegar ao posto que ocupa hoje. Ele explicou que observa uma queda no ramo tradicional de cinema no Brasil, devido aos cortes no ramo artístico pelo Governo Federal. Todavia, ele afirma que esses acontecimentos servirão para fazer crescer e dar notoriedade ao cinema independente. Ele concluiu que esses acontecimentos são uma forma de “enxergar a arte no caos”.

Matéria de autoria de Rubens Francisco Miola Filho, produzida na disciplina de Produção da Notícia do curso de Jornalismo.

Posição dos órgãos públicos

Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria foi instituída em 1996. Foto de Prefeitura Municipal de Santa Maria

Em Santa Maria, existe a Lei de Incentivo à Cultura (LIC) que por meio de Poder Público Municipal apoia a cultura na cidade e tem como objetivo estimular o financiamento de projetos culturais. A responsável pela LIC/SM, Marcia Rocha, relata que vários projetos vêm sendo beneficiados nos últimos anos, como por exemplo: “Por onde passa a memória da cidade”, “Narrativas em movimento”, “Olhares da comunidade” e o “Festival Internacional de Cinema Estudantil – CINEST”.          Segundo a Secretaria de Município da Cultura, Esporte e Lazer, o papel que os órgãos públicos tem feito é de estimular o desenvolvimento cultural e apoiar as manifestações culturais que acontecem na cidade, em especial, nas áreas de cinema, fotografia e audiovisual.

Entretanto, para a crítica de cinema, Bianca de França Zasso,  jornalista formada pela Universidade Franciscana e que, desde 2012, trabalha profissionalmente como crítica de cinema em Santa Maria, “esse apoio municipal  não é suficiente”. Bianca tem uma ligação intensa com o cinema nacional, tendo interesse desde a graduação,  no jornalismo cultural. A crítica conta que seu papel na área é ser uma mediadora entre o público e o espetáculo cinematográfico. Os filmes trazem questões que, muitas vezes, não são vistas numa única sessão, então o crítico serve para alertar sobre alguns pontos e trazer ao telespectador alguma informação que compõe com a experiência cinematográfica.

Bianca apresentando o quadro “Bia na Toca”. Foto: arquivo pessoal

A jornalista se dedicou ao cinema ainda na graduação, participando do CineClubeUnifra, onde escrevia e discutia sobre filmes e assuntos relacionados. Atualmente, ela é editora do site Formiga Elétrica, que tem sede em São Paulo, colunista no site do Claudemir Pereira, compõe o Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, integra a Associação de Críticos do RS e a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), além de colaborar com diversos outros sites.

Bianca não trabalha diretamente com a produção audiovisual na cidade, mas percebe que, com o tempo, houve uma certa diminuição de produções. Para ela, a necessidade de um posicionamento do Estado faz muita falta e não se refere a simples apoio,mas sim de novos editais serem abertos para valorizar a produção local e regional.

Sobre o tema da redação do Enem, de 2019, refletir sobre a democratização do cinema, Bianca opina que foi “um tanto quanto arriscada”. A jornalista considera que o acesso diz respeito ao cinema em lugares afastados dos grandes centros, bem como para  pessoas que não tem condições de pagar o valor estipulado nos shoppings. Segundo ela, o jovem brasileiro, médio, assiste muito pouco cinema brasileiro e, quando assiste, quase sempre são os famosos blockbusters. “Cinema nacional deveria ser matéria dada na escola: cinema é arte, é história do nosso povo, pois os filmes retratam a sociedade de determinado  período histórico”, conclui Bianca.

Também  o diretor de cena da produtora Toca Audiovisual, Fabrício Koltermann, opina  sobre o cenário do cinema nacional  nos últimos anos. Com

Fabrício trabalhando em uma de suas produções. Foto: arquivo pessoal

início muito cedo na área cinematográfica e tendo experiências em sua própria casa, o diretor conta que sempre foi  encantado por cinema e produção. Assistiu diversos filmes que lhe deram inspiração e confiança para seguir em busca de seus objetivos, disse ele.

Buscando conhecimento, Fabrício viajava de  Restinga Seca a Santa Maria para acompanhar o SMVC. O Festival,   segundo ele, serviu de escola para o seu aperfeiçoamento. Seu primeiro produto foi “O vítima de nós”, pelo qual recebeu diversos prêmios. A partir daí suas produções foram aumentando, sempre priorizando sua cidade natal,  que é Restinga Seca.

Para o diretor, a democratização do cinema está nas atividades realizadas na rua, nos cineclubes, nas exibições itinerantes. “Atividades assim não trazem apenas o filme, mas também promovem debates entre os diretores, produtores e o público. Cinema não é apenas o que está em cartaz nas grandes cidades”, comenta Fabrício.

Segundo ele, Santa Maria tem  potencial para o audiovisual, com produções de qualidade, material e profissionais especializados. Para ele é necessários que as pessoas tenham curiosidade e saiam de suas “bolhas” e busquem inovação e novidade para abrilhantarem seus trabalhos.

Como diretor, ele considera que o trabalho exige um olhar criterioso , pois o  cinema provoca sensações para quem vê, então é necessário que exista  naturalidade e verdade. Para ele que produz, o estudo e a pesquisa são muito necessários, pois o trabalho de quem está por trás das câmeras tem que ser muito pensado para transmitir aquilo que é planejado para o público.

Cinema na universidade

O incentivo ao audiovisual também é pauta  nas instituições de ensino. A UFN oferece a cadeira de Cinema I e Cinema II para os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, além de ser aberto aos demais cursos como cadeira optativa. Na disciplina de Cinema I, ministrada por Carlos Alberto Badke, é realizado um estudo  teórico sobre a história e a produção nacional e local. As aulas servem de apoio para os alunos criarem bases dentro da área e se descobrirem no mundo do cinema.

Parte da equipe do curta A visita. Foto Alexsandro Pedrollo

Já na disciplina Cinema II, ministrada pela professora Neli Mombelli, os alunos elaboram e desenvolvem um produto audiovisual. Geralmente são produzidos dois curtas-metragens no semestre e toda produção é realizada pelos alunos. A professora conta que, em aula, são elaborados enredos e, por votação, são escolhidos quais serão produzidos. Assim, é feita uma divisão das tarefas e cada grupo é responsável pela produção.

A atividade é proposta para apresentar aos  alunos o mundo cinematográfico de modo com que realizem um pouco de cada tarefa e tenham a experiência de vivenciar uma produção. Além disso, os produtos são apoiados por empresas que os próprios alunos buscam e, assim que finalizados, são lançados e postos em concursos e festivais de cinema. Segundo a professora, não basta produzir um material audiovisual, ele deve ser exposto e circulado, para que outras pessoas possam ver.

No segundo semestre de 2019 foram produzidos dois curta-metragens, “A visita” e “¼ de memória”. Os dois curtas trazem algo em comum: ambos remetem questões atuais e pontuais que envolvem o universo feminino.

Produção do cenário de “A Visita”. Foto: Denzel Valiente/LABFEM

Atividades como estas são essenciais para que o aluno ponha “a mão na massa” e também seja inserido no processo produtivo. “Embora o aluno passe por todas as etapas em apenas um semestre, ele já pode ter noção do trabalho e do empenho que é efetuado na área do cinema “, encerra Neli.

Para saber mais sobre as produções do ano passado, confira a matéria que foi publicada na Agência Central Sul.

Foto: Ancine

O cinema, que durante o atual governo  se envolveu com polêmicas como as mudanças na Ancine e o corte de verbas para produções com temáticas LGBT+, esteve presente no tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2019, que  tratou sobre a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil” e dividiu opiniões entre os jovens que realizaram a prova. Falar sobre o acesso ao cinema no Brasil, abriu espaço para uma discussão que engloba as políticas públicas aplicadas atualmente para os setores da comunicação e da cultura, afinal, ano passado,  o audiovisual brasileiro sofreu com censuras, ameaças e o corte de verbas. Por conta disso, a proposta de discussão sobre o assunto não mostrou, apenas, a centralidade do fato, mas também sua importância no cotidiano da população brasileira.

A questão que o tema da redação abordou ultrapassa a existência de cinemas nas cidades, embora ela traduza um cenário desolador: conforme dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), em 1975 existiam no Brasil cerca de 3.156 salas de cinema, já em 1997 havia apenas 1.075 salas. Esse número teve um crescimento em 1998, chegando a 3.337 salas em 2018. Porém, o que essa pesquisa revela é o crescimento de salas de cinema concentrada em áreas de renda mais alta dos grandes centros urbanos, principalmente em shopping centers.

Desse contexto, se percebem consequências:  a queda da produção e  exibição de filmes nacionais  e a extinção da Empresa Brasileira de Filmes Sociedade Anônima, conhecida como Embrafilme, em 1990. A Embrafilme foi uma empresa de economia mista estatal brasileira produtora e distribuidora de filmes cinematográficos, vinculada ao Ministério da Educação e Cultura e como braço do Instituto Nacional do Cinema (INC). A Embrafilme funcionava com um orçamento médio anual e chegou a lançar anualmente cerca de 25 filmes, assim, ajudando a colocar no mercado mais de 200 filmes brasileiros entre 1969 e 1990. Também no final da década de 80, a campanha da oposição acusando a empresa de clientelismo, teve intuito de convencer a opinião pública de que o cinema não devia ser matéria de Estado. Assim, em 16 de março de 1990 a Embrafilme foi extinta sem a abertura de qualquer processo administrativo que pudesse orientar sua missão, pelo Programa Nacional de Desestatização (PND), do governo de Fernando Collor de Melo. Esse ambiente foi determinante para a  produção de cinema no Brasil passar por dificuldades, sem apoio ou sequer auxílio do Estado, além do fechamento dos cinemas das cidades do interior.

Esse conjunto de dados históricos sobre o cinema no País foi referência para que a redação do Enem fosse elaborada bem como a reflexão sobre o acesso de quem tem condição de frequentar uma sala de cinema atualmente. Afinal,  também as questões que envolvem os valores que são cobrados para uma pessoa assistir  um filme numa sala de cinema em um shopping center excluiu, de alguma foram, os mais desfavorecidos economicamente. A partir desses fatores, o cinema nacional tomou atitudes para não perder sua essência, dentre elas: exibições itinerantes,  projetos pensados na valorização da produção nacional e ingresso acessível, pois democratizar é  filmes brasileiros acessíveis ao grande público e prestigiados pela nação.

Em Santa Maria

Foto ilustrativa do SMVC. Foto: divulgação

Em Santa Maria, a realização de atividades que envolvem o audiovisual são frequentes, porém carentes de público. Um dos grandes precursores da iniciativa de valorizar e expor obras cinematográficas de maneira itinerante e aberta ao público foi o Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), um festival que acontece por muitos anos na cidade. Luciano do Monte Ribas e Luiz Alberto Cassol são alguns dos organizadores do SMVC e são dois profissionais  ligados ao cinema de Santa Maria e região. Eles relatam que o Festival teve sua primeira edição em 2002 e foi organizado pela Prefeitura Municipal de Santa Maria, durante a gestão do ex-prefeito Valdeci Oliveira.

O SMVC envolve mostras competitivas e não-competitivas de filmes nacionais, realiza oficinas, promove debates e demais atividades relacionadas ao cinema. Um projeto que tem como objetivo, acima de tudo, a democratização do acesso ao audiovisual, bandeira incorporada ao discurso e as ações desde a primeira edição.

O Festival, que já existe há 17 anos e realizou 13 edições, busca reconhecer e incentivar a produção brasileira de curtas-metragens, especialmente de Santa Maria e do Rio Grande do Sul. “Santa Maria é o segundo polo audiovisual do RS e um dos principais do sul do país. Produz mais de 20 curtas-metragens por ano, além de formar, exportar e oferecer mercado para dezenas de profissionais que atuam tanto em produções artísticas quanto em comerciais”, comenta Luciano.

Foto: arquivo ACS

Desse modo, eles ressaltam a necessidade do  audiovisual ser visto pelo poder público e pelos detentores do poder econômico como um caminho para ajudar no desenvolvimento da cidade e  sua promoção, como percebeu-se  nas diferentes atividades realizadas nas 13 edições do festival. Herdeiro da tradição cineclubista de Santa Maria, a partir do exemplo do CineClube Lanterninha Aurélio, da Cesma, o SMVC tem desde seus primeiros passos, a missão de defender o acesso de toda as pessoas à produção de cinema e ao audiovisual como um todo.

Em 2020, o SMVC realizará suas atividades em torno do tema “memória”, em diálogo com grupos, coletivos, instituições e pessoas da cidade e do país que se preocupam com o resgate e a preservação dos nossos patrimônios e das nossas histórias. O festival irá acontecer de 24 a 29 de novembro de 2020.

Foto: divulgação

A cidade conta, ainda, com o  Cineclube da Boca,  outro  projeto que apresenta os mesmos interesses do SMVC.  Trata-se de  um projeto de extensão universitária vinculado ao curso de Gestão de Turismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com o apoio da Pró Reitoria de Extensão, TV OVO e a Cesma. O Cineclube é voltado aos espaços de sociabilidade e de formação cultural viabilizados pela experiência cineclubista.

Tendo início em 2016, ocupando o auditório do prédio 67 do campus da UFSM, já exibiu mais de 70 sessões e mais de 200 filmes através de mostras, ciclos, festivais, nacional e local. A equipe é composta por universitários, servidores da universidade e voluntários. A organização do Cineclube da Boca permite que o publico ligado ao cinema possa participar  das sessões e na própria proposição dos conteúdos a serem exibidos.

Gilvan Veiga Dockhorn, coordenador do Cineclube, relata que há uma vasta produção de cinema e audiovisual de qualidade em vários gêneros, formatos, estilos e narrativas no país, mas que não encontra vazão na estrutura de distribuição e, sobretudo, nos mecanismos de acesso à circuitos de exibição. Sem o incentivo a criação de espaços para acesso da maioria da população, não há cinema nacional que represente adequadamente a diversa e vasta produção que surge a cada ano. Desse modo, espaços como o Cineclube da Boca se tornam representantes culturais nesse  momento  precário de apoio. O Cineclube da Boca mantêm exibições semanais, todas às quintas, 19h, de forma gratuita, mantendo o  intuito de promover momentos  igualitários e de valorização do cinema nacional.

A 7ª Mipa aconteceu no Salão de Atos do prédio 13, no Conjunto I. Fotos: Allysson Marafiga

Na última sexta-feira, 13, no Salão de Atos no Conjunto III da Universidade Franciscana (UFN), ocorreu a 7ª Mostra Integrada de Produções Audiovisuais (MIPA), que reuniu as produções audiovisuais realizadas durante o semestre nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Especialização em Cinema da UFN.

A primeira exibição foi o curta ¼ de Memória que mostrava o processo de uma vítima se “libertando” da culpa que impôs a si mesma após uma situação de assédio moral. A roteirista,  Evelin Bittencourt, comentou que o objetivo do curta foi discutir a cultura de culpa ligada à vítima. “Fazer a vítima conversar com ela mesma”, completou.

O segundo curta, A Visita, tem como personagens uma costureira e sua amiga antiga que leva a nora para encomendar um vestido de noiva. O acadêmico Pietro Athayde conta que a inspiração para a ficção foi na política atual.

Após a exibição dos filmes, os roteiristas debateram com o público presente.

Já o curta Beira Mar teve como objetivo retratar a depressão pelo ponto de vista da pessoa que está sofrendo. Pedro Pellegrini, um dos roteiristas, afirmou que a meta era retratar a personagem já no último estágio da doença.

Daiana Vieira, apresentou o documentário Um oito sete que teve como tema o valor recebido através do programa Bolsa Família. Foram questionadas pessoas não beneficiadas que não conheciam o funcionamento do programa e pessoas que recebem este valor do Bolsa Família. Daiana salientou a importância em fazer as pessoas refletirem sobre o tema e sobre dinheiro.

Por fim foram exibidos 4 videoclipes: Velhos Discos da banda Nevoero, cujo clipe retrata a história de um relacionamento abusivo. A banda Reptilia com a música Kind Lost, após Trip de Juca e, por fim, Sete Mares da banda Arteja que fizeram uma brincadeira entre os integrantes junto a uma linguagem dos “bastidores”, utilizando o Chroma key (fundo verde).

Por Gabriela de Flores Neto(texto) e Allysson Marafiga (fotos)

 

O Joaquin Phoenix me pegou desprevenida. Fazem uns dois meses que assisti o filme no qual ele estrela como o Coringa, numa noite, num cinema quase vazio. Não havia mais do que vinte pessoas. Não tinha expectativa nenhuma, pois nunca tinha assistido filme sobre essa personagem. Fui pega de surpresa com esse Coringa, pela personagem ali construída, por Joaquin Phoenix e seu Arthur Fleck. Pensei imediatamente em escrever para colocar em dia as colunas no site, mas não pude. Escrever implica se expor. Escrever implica criar, estar aberto para a criação. Precisei gestar.

Depois do tempo passado, não queria fugir do filme (ou seria da personagem?), pois ele me comoveu. A humanidade descarnada daquele sujeito, a falta de amor sufocante no entorno dele, sua mãe narcísica e enclausurada em narrativas repetitivas e profundamente nefastas. Não se trata de considerá-lo vítima, mas reconhecer nele uma humanidade frágil, distorcida, alucinada e má. Mas a maldade não se restringe a uma personagem, de certa forma é a linguagem geral do filme. A vilania é a tônica desse conjunto de personagens: os sujeitos que o ridicularizam e o espancam de forma gratuita, os playboys cruéis no metrô, o apresentador de tv e seu incansável apetite para humilhar seus interlocutores, os senhores da cidade e seu nefasto descaso pelos pobres… Não soa familiar?

Todavia, nesse profundo mergulho no lado sombrio do humano, a solução da tensão pela emergência de um assassino insensível é frágil e decepcionante! É justamente ali, naquele ponto que o filme vira quadrinhos. Daquele momento em diante a narrativa adquire outro tom, de um escracho de maldade. Arthur Fleck sucumbe à sombra do Coringa e do impositivo fim da personagem, conforme o destino desenhado nas versões anteriores do vilão. A fantasia da vingança como a redenção é uma guinada rápida e acaba perdendo o ritmo inicial daquela narrativa humanizada, os ditames do HQ se impõem. Arthur Fleck poderia ter outro fim: um sanatório, um romance, a infelicidade infinda, a morte. Mas não, o Coringa encerra a imaginação e o fim é previamente definido: Gotham City, Bruce Waine e a trajetória que se segue, precisa acontecer para se conectar com as histórias que lemos na década de 80 e 90.

Pessoalmente, creio que a genialidade da interpretação de Joaquin abre e fecha o filme, tanto que a personagem que ele cria ultrapassa o filme, é maior que o Coringa, é passível de existir e por isso perturba. Há uma característica em especial que ele explora e que se destaca e, talvez por isso, amedronte ainda mais – Arthur expõe a cultura do ‘looser’ de uma posição incômoda – a de alguém que deixa de aceitá-la e revida. Experiências aterrozizantes que a sociedade dos EUA tem vivido recorrentemente.

A ‘cultura do fracassado’, do ‘looser’, tem sido um produto de exportação do cinema enlatado americano desde os anos 80. E é essa uma ideia muito cruel porque estimula as pessoas a se colocar num lugar de comparação, num exercício que só produz frustração. Uma ação de perversidade pura, a verdadeira vilania: comparar o incomparável – a vida de cada uml!… As trajetórias individuais que dentro das distintas sociedades e tempos históricos nos quais elas se desenrolam com irrepetível unicidade! Se o selfmade-man é a narrativa do sucesso, seu avesso é o ‘looser’? Direito e avesso do capitalismo?

De fato, se há loosers somos todos nós que conseguimos manter a violência banal (material e simbólica) como uma linguagem corrente; que desmoralizamos a solidariedade e a cooperação como elementos mediadores das nossas relações. Não estaria passando da hora de colocarmos em questão a ideia de que o ‘bom sujeito’ é aquele que tem sucesso porque conjuga todos os verbos na primeira pessoa do singular?

Não nos enganemos, a mensagem da sociedade do ‘sucesso’ e que serão poucos os escolhidos em meio à multidão excluída. Um produto dileto do império da ‘escolha’ frente a um mundo que carece de comunhão. De fato, Joaquin foi incrível, porque elevou a narrativa à reflexão.. Bravo!

 

Paula Jardim Bolzan, historiadora e antropóloga, professora na UFN

Foto ilustrativa do SMVC. Foto: divulgação

O Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), evento voltado à sétima arte, terá início nesta terça-feira, 29. A abertura ocorrerá no Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com horário marcado para às 19h, ocasião em que será exibido o longa-metragem “Legalidade”, do diretor gaúcho Zeca Britto. O SMVC se estende até o dia 3 de novembro.

Esta edição, que contempla a 13º realização do SMVC, reforça a caraterística de relação com o espaço público, como já é tradicional, com exibições de filmes na Praça Saldanha Marinho. O SMVC é consolidada no calendário cinematográfico brasileiro e este ano apresenta uma programação preparada a partir do tema da edição “Cinema para todas”, que busca salientar o protagonismo feminino no cinema.

O processo para fazer com que a Praça Saldanha Marinho, que fica no coração de Santa Maria, se torne uma sala de cinema não é nada fácil. A proposta é que fique de um lado o silêncio causado pelo ambiente fechado que isola os ruídos e do outro lado, um espaço aberto exposto a todos os sons que a cidade pode emitir. O evento é uma realização do SMVC, com organização de Filmes de Junho, Padrinho Agência de Conteúdo e Ideiaação. Ainda conta com uma co-promoção da UFSM, Sinprosm, PMSM, Curso de Jornalismo da UFN, Diário de Santa Maria, e demais patrocinadores e apoiadores do evento que colaboram em conjunto para que o SMVC ocorra. Além disso, quem quiser ajudar pode fazer sua colaboração pelo site, até às 23h59min de hoje com qualquer valor.

Confira a programação:

Programação do 13º SMVC. Foto: divulgação
Denys Schmitt, Gabriel Soares, Pedro Pellegrini, Gabriele Dors, Joana Fernandes e Daiane Bedin na locação externa, na Rua do Radar. Fotos: Beatriz Mazzei

Três curtas-metragens do curso de  Especialização em Cinema da Universidade Franciscana (UFN) entram para a ilha de edição no mês de outubro e devem ganhar as telas até o final do ano.

As atrizes Gabriele Dors e Hellen Hörer Bohrer em gravação no estúdio da TV OVO. Fotos Beatriz Mazzei

Beira-Mar é uma ficção com roteiro dos estudantes Denys Schmitt e Pedro Pellegrini, este último que também assina a direção. Após ter o carro avariado no meio de uma estrada deserta, uma garota vai se deparar com três pessoas que, apesar de parecerem estranhos, podem conhecê-la melhor do que ela imagina. Embora os três tenham personalidades distintas, todos eles têm um aviso em comum: a garota precisa consertar o carro e sair dali antes que o dia termine, ou sua vida estará em risco. Estrelada por Dayfer, Beira-Mar completa o elenco com Joana Fernandes e Hellen Hörer Bohrer.

O filme foi rodado na Estrada do Radar, nas proximidades da Estrada dos Imigrantes, e possui orientação criativa de professores do projeto pedagógico do curso, incluindo Hique Montanari, diretor do longa Yonlu (2017). Produzido em parceria com a Toca Audiovisual, também contou com o apoio cultural da TV OVO, Athena Livraria e Altadomo Hotel.

Gravação na Santa Marta. Foto: José Luiz Zasso

Outro filme em fase de montagem é o documentário Um oito sete, de Daiana Schneider Vieira.  O título  faz referência ao valor médio recebido por família cadastradas no Programa Bolsa Família em 2019. A produção percorreu praças e parques da cidade entrevistando pessoas acerca do tema e também registrou a história de famílias beneficiárias do programa. O curta tem orientação de Neli Mombelli e foi produzido em parceria com a TV OVO, além de contar com o apoio técnico do curso de especialização em Cinema da UFN.  “A ideia do documentário surgiu durante o mestrado em Psicologia na UFSM, onde pesquisei as representações sociais do Programa Bolsa Família”, diz Daiana. Um piloto do documentário foi produzido em um projeto de extensão na UFSM em 2016.

Equipe Te vejo em um minuto

Te vejo em um minuto, com roteiro e direção de Lúcio Hiko, que conta a história Alex e Alice, um casal que se separa na ida ao cinema. Fantasia e realidade se misturam  na busca desenfreada de Alex por Alice. No elenco estão Felipe Dutra, Young Ju, Natália Rosso e a participação especial de Joel Cambraia. A produção do filme conta com o apoio técnico do curso de especialização em Cinema da UFN e orientação de Felix Rebolledo.

Além dos filmes da Especialização em Cinema, os acadêmicos da disciplina de Cinema II do curso de Jornalismo também estão começando a produção de dois curtas de ficção que serão rodados a partir da segunda quinzena de outubro e lançados até o final do semestre.